Sunday, April 20, 2025

Portuguesinho marrento

Introito: não apenas 10 anos perdidos

Confrade envia-me a ilustração ao lado, sem dizer a fonte. Para o tema em pauta não tinha importância, e também não foi difícil encontrá-la.  É sempre bom manter na página a figura ou filmagem quando ela é fundamental para a discussão. Claro que a mídia pertence ao produtor, e por isso a crédito é sempre fornecido. Ademais, estas considerações jornalísticas estão disponíveis gratuitamente e não visam lucro - esta página sequer é monetizada. O que a informação nos diz? Vamos traduzir para um país onde a média do QI é 83.38. Mas antes, um parênteses: se a média é essa, imagine a sagacidade intelectual da turma distante um sigma do lado esquerdo da gaussiana. O valor, divulgado por algumas fontes internacionais, deve ser tomado com cautela, dizem alguns. Concordo plenamente: basta conversar com algumas pessoas próximas, que você considere de boa instrução, para concluir que estão superestimados. As pessoas próximas podem ser de esquerda ou de direita; o QI não escolhe viés político. Fechemos o parênteses e comecemos a explicação adaptada ao grande público, como proposto.

Imagine uma pista em linha reta onde todos os competidores alinhem-se lado a lado. Isso, a pista tem, por exemplo, espaço para 20 carros. Não há ultrapassagem, tudo o que se precisa fazer para ganhar a corrida é acelerar e chegar na frente. Na primeira figura, a terceira coluna, "% Change", ou porcentagem de variação, mostra a potência do motor de cada automóvel. Para nossa completa vergonha, o carrinho que pilotamos é o penúltimo em potência. Só ganhamos do Japão. Aquela figura mostra ainda a riqueza dos países, por assim dizer (o PIB). Se o Japão está em uma posição vexatória quanto ao crescimento econômico, também podemos observar que é um país que gera o dobro da riqueza do que nós geramos, e eles têm apenas a metade da população, comparado ao Brasil. Os dados referem-se aos últimos 10 anos. Vemos pela potência do motor como nosso desempenho nessa corrida tem sido deplorável. A tal Nova Matriz Econômica, implementada pela Dilma - expulsa do cargo de forma legítima para o bem da nação - começou em 2011. Nosso baixo crescimento pode ser dito herança maldita dela, mas ele em raízes mais antigas. Quão antigas?

Não sei quão antigas tais raízes são, efetivamente, mas aqui tem uma ferramentinha bem legal (sic), com dados acumulados do PIB, compilados desde 1988 até 2022. Você pode colocar os países que desejar, e traçar o gráfico do crescimento de cada um em comparação com os demais. Sei que na figura ao lado pode ficar difícil distinguir quem é quem, então coloquei um pontinho vermelho à direita, para mostrar onde está o Brasil em comparação com Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, China e Índia. Não precisa ter QI muito alto para procurar o ponto na parte mais baixa do gráfico. Em conjunto, os dados apresentados abarcam toda a redemocratização e até hoje, desde FHC 1 e 2, Ali Lulá 1 e 2, Dilma 1 e 2, Temer, Bolsonéscio e Ali Lulá 3. Agora eu quero ver qual pateta conseguirá me convencer de que não estamos imersos, desde sempre, na mais completa e absoluta falta de proposta para o país. Dá até para entender a ocorrência de um ou outro voo de galinha, como se diz, breves períodos de algum crescimento econômico seguido de retrocessos. Bolsonéscio, o Breve, foi eleito deputado em 1990 - desde o início da série histórica. Ele está lá desde sempre; é parte do problema, portanto. Idiotas acreditam-no solução. Nada mais estúpido.

   À guisa de conclusão, fiquemos com o óbvio: falta-nos projeto de país (apontando com dedo a 45 graus). Eles todos já se engolfaram demais em escândalos diversos de corrupção. Se não confiamos mais na Justiça para dar-lhes a devida punição, pelo menos podemos desempregá-los, a todos eles. Comece a escolher melhor seu próximo candidato. Desde já. Na última eleição votei em pessoas com tendências nas quais jamais contava apoiar, pelo simples fato de que todos os esquerdistas - então esquerdopatas - apoiavam uma candidatura inidônea, para dizer o mínimo. Não estou vendo motivos para mudar. A esquerda perdeu-se em sua própria idiotice e pagará por isso na próxima eleição da maneira mais indigna. Com muito prazer, terei minha bota apertando sua garganta um pouco mais.

Um portuguesinho marrento

Faz tempo, mas lembro-me como se fosse hoje: a Débora comentou de uma 'promo de fechamento' 😣 da Grand Cru de S. Carlos - no final parece que não fechou, mas mudou de endereço. Pensando talvez em fazer uma mudança mais sossegada, estavam queimando parte do estoque com desconto um pouco acima daquele então ofertado pela cadeia. Chamada, a Maluca prometeu comparecer em peso. Dito e feito: encontramo-nos lá apenas eu e ela, olhando-nos e perguntando-nos o que fazer. Conjuntamente rolava uma degustação, e elas são ótimas ferramentas profiláticas para espantar de nossos bolsos tudo quanto é (sic) escorpião, medo e inibição... Maquininha na mão, fomos (ela) pesquisando alguns preços no Wine Searcher, e descobrindo alguns na média de 2x. Discretamente levei a mão ao peito, estava apertado: havia um portuguesinho marrento dando sopa...

Quinta do Mouro Touriga Nacional é o irmão menor do Quinta do Mouro Rótulo Dourado, e em sua safra 2017 estava ali quietinho na prateleira, olhar baixo, tímido, descontente com seu valor de face - pornográfico - embora algo animado com a etiqueta de desconto, mas sem que esta lhe sobrepujasse a depressão insuspeita. Fiz algumas sugestões para a Débora - ele tinha algum crédito para gastar - e optamos por rachar o Mouro no meio (sic!) quando chega atrasado o Mário. Ela e eu olhamo-nos discretamente, cúmplices no pecado, sorrisos contidos, companheiros de um futuro prazer, e deixamos o pobre confrade escolher outras garrafas sem nos preocupar em sugerir-lhe a divisão do alentejano. E na sexta passada, alguns meses depois da aquisição, resolvemos ser a hora dele. O bifim ao molho gorgo - preparado por ela - estava muito, mas muito melhor do que o meu 🙄. Agora entendo o motivo das confrarias preferirem coxinha, cachorro-quente, pizza ou simplesmente jantar na casa de outro confrade... 😣. Curso intensivo de cozinha. Projeto futuro. Para a próxima gestão do Senhor. Bem, voltando ao vinho: minha sugestão foi abertura com uma hora de antecedência, ou algo assim. O problema é que a garrafa permaneceu na geladeira... a baixa temperatura retarda a velocidade de oxidação, e a primeira prova apresentou-nos um vinho algo sem graça, poucas características perceptíveis, ligeirinho e sem força. Comentei estar muitas notas abaixo do irmão maior, degustado nos idos de '21 - que também não estava lá grande coisa embora mostrasse ótimas características e potencial, e igualmente foi serviço. Aconteceu da segunda rodada vir um tanto melhor e a terceira começou a surpreender: observamos a acidez tornando-se mais e mais presente, os taninos integrando-se e o álcool compondo-se magnificamente ao conjunto. Em algo como uma hora e pouco de ótima conversa e muitas risadas, o vinho pareceu moldar-se ao nosso humor e ao final éramos três brindando o prazer de partilhar taças e a expectativa antecipada de seu aniversário, logo à frente. Débora notou toques de framboesa e ameixa. Para mim era apenas fruta vermelha, não conseguia distinguir - sujeito ruim de nariz. Muito mais facilmente identificável, o conjunto total chegando na segunda hora com muito equilíbrio, elegância e presença marcante entre tanino e acidez, provocando as papilas com notas de chocolate e um repique herbáceo. Estava maravilho... então sim durava em boca, ótima persistência, e tinha mais complexidade ali, faltou mesmo provador para destrinchar seus componentes. A safra '17 foi ótima em Portugal, e seguramente esse exemplar tem longos anos à frente para evoluir, embora possa ser consumido agora com a devida aeração. Uma pena seu preço estar tão alto no país: entre R$ 686,00 e R$ 1.100,00, de acordo com sua importadora tubarona preferida. Mesmo entre importadoras, é muita diferença! Onde estão aqueles calhordas especialistas em defendê-las neste momento? Como explicar uma diferença desse tamanho? Mentindo muito, claro! A despeito disso, foi uma ótima experiência, e não sobrou testemunha desse encontro... 😗.


Como se fosse preciso...

Escolha sua importadora tubarona preferida, Mistral e Grand Cru...



...e compare com o preço lá fora...


Saturday, April 12, 2025

Postagem em atraso, mas deu bom...

Introito

Quando um homem mente, 
ele assassina uma parte do mundo.
Merlin, em Excalibur (1981)

Néscio: Que ou aquele que é falho de instrução, 
de conhecimento ou de inteligência; 
demente, estúpido, ignorante.
Qualquer dicionário
Neste caso, verbete do Michaelis

Sim, invoquei o significado de néscio recentemente. Estará no contexto. No mais, é bom falar besteiras de vez em quando, e já fiz o suficiente, anteriormente. Por uma vida... Às vezes chamamos a isso ironia, mas não importa tanto, pois tenho certeza: o leitor entendeu a mensagem, e o mérito a mais dele. Volto a falar de Excalibur (1981), resenhado em 2021. É um filme forte, com diálogos ricos, poderosos, aliados a uma estética visual deslumbrante - como as armaduras reluzentes em prata impressionam! Nicol Williamson literalmente rouba as cenas interpretando Merlin, e Helen Mirren no papel Morgana é a antítese perfeita da honestidade e da fidelidade representadas pelo mago, deixando o pobre Nigel Terry (Arthur) apagado em sua interpretação de um personagem às vezes beirando a inocência juvenil advinda de sua criação como filho de um nobre de menor escalão. Do muitos momentos arrepiantes, aponto três. A primeira quando Arthur, recebendo a cura ao beber do Graal, recobra a iniciativa e sai em cavalgada para combater as tropas de Mordred, ao som de O Fortuna. Acompanhamos em linda cena a própria terra recobrar-se de seus ferimentos, conforme anuncia Perceval no início, Você e a terra são um. Eis o diálogo, com um trecho que antecede a cena apontada acima:
Perceval: Você e a terra são um. Beba.
Arthur: Estou definhando. Não posso morrer. Não posso viver.
Perceval: Beba do cálice e você renascerá, e a terra com você. (Arthur bebe) 
Arthur: Perceval... Eu não sabia o quão vazia estava minha alma... até que ela foi preenchida.
Kay: Arthur...
Arthur: Prepare meus cavaleiros para a batalha. Eles cavalgarão com seu Rei mais uma vez. Deixei que outros carregassem o peso da minha vida por tempo demais. Lancelot carregou minha honra, e Guinevere, minha culpa. Mordred carregou meus pecados. Meus Cavaleiros lutaram por minhas causas. Agora, meu irmão, eu serei... Rei!
Kay: Guardas, Cavaleiros, Escudeiros! Preparem-se para a batalha!
e então a tropa sai em cavalgada.

   A segunda cena é a abertura seguida da batalha inicial, travada na calada da noite. Ela evoca um tempo de violência e brutalidade, sem ser (tão) violenta. É fácil notar que a armadura atingida pela lança está vazia, mas não faz muita diferença: a mensagem está dada. Ambas as cenas, citei naquela resenha feita quando o filme chegava ao seu quadragésimo aniversário. Acrescento a terceira: quando a corte está reunida com o Rei Arthur, e Merlin é chamado:
Arthur: Qual é a maior qualidade da cavalaria? Coragem? Compaixão? Lealdade? Humildade? O que você diz, Merlin?
Merlin: Hmm? Ah. Ah. Ah, o melhor. Uh, bem, as qualidades se misturam, como os metais que misturamos para fazer uma boa espada.
Arthur: Sem poesias. Apenas uma resposta direta. Qual é?
Merlin: Tudo bem, então. A verdade. É isso. Sim. Deve ser a verdade acima de tudo. Quando um homem mente, ele assassina uma parte do mundo. Você deveria saber disso.

   Excalibur é um filme para ser visto e revisto. Preciso revê-lo - a última vez foi em '21 - e, assim como Arthur ao beber do Graal curou suas chagas, pretendo ao assisti-lo novamente reafirmar para mim mesmo valores de honestidade, fidalguia (no sentido de nobreza dos sentimentos mais elevados), de compromisso para com a terra (minha nação). Ao contrário de Bolsonéscio, sou movido por uma integridade inegociável, por um respeito extremo ao povo cujos impostos suados com sangue - muitas vezes sem que soubessem - custearam minha educação, e para com quem estou ligado pelo mais profundo respeito e gratidão. Este é o recorte que dá suporte à reflexão de hoje. Esta imagem foi usada pelo candidato para vender-se ao eleitor:


Ele (Sérgio Moro) vai pescar (corruptos) com rede de arrastão de 500 metros...

   Esse sujeito mentiu para todos. Não foi o primeiro; NAP (Nosso Amado Presidente) também. E antes dele o idiota anterior o antecipava em iguais atos, ao deixar de lado os cinco compromisso da mão aberta para dedicar-se à própria reeleição. Todos eles receberam um e apenas um voto meu. Ninguém enganou-me pela segunda vez - se o fizesse, o idiota seria eu mesmo. Veja aí a 'comprovação' (como se necessário fosse...) de como ele tratou a corrupção.


   Dá para notar o cinismo no sorriso do sujeito? A Lava Jato começou em 2014, no governo da Dilma, e investigava fatos pretéritos! Acabar com a operação significou barrar a investigação de fatos passados que, naquele momento, até poderiam chegar ao início da própria gestão Bolsonéscia, mas davam contas de gestões anteriores. E ele acabou com tudo? Ora, a promessa foi combate à corrupção. O esperado era fazê-lo, ou morrer tentando. Ao fugir desse compromisso - dentre outros - passou a governar pelo engodo, não pela verdade - e quando um homem mente, ele assassina uma parte do mundo. Seus seguidores são inspirados pelo alarde de suas alegações, não pelo seu bom exemplo. Ele claramente servia-se do país em vez de servir ao país, e não pode haver dúvida:


   A pergunta a ser respondida é simples: quanto tempo mais bolsonéscios precisarão virar a cara para a realidade, tentando encobrir as colossais falhas de seu 'líder'? Eu sei, é difícil admitir erros. O problema é o quanto mentimos para nós próprios, para nossos vizinhos e pessoas queridas até em algum momento termos coragem de aceitar o fracasso de nossas crenças. Siga esta sugestão: quanto mais rápido, melhor...

Deu bom na Maluca

A Maluca já reuniu-se - felizmente - algumas vezes, e esta não é exatamente a última reunião... na verdade, aconteceu no dia seguinte ao encontro na Ghidelândia - faz um tempinho. Não faz mal: vale sempre a memória do encontro. Aliás, o registro é merecido, pois foi o primeiro encontro da turma em 2025, acontecido quando março já encaminhava-se para seu final. Viagens de um(a) e outro(a), compromissos, convalescência... o Universo conjuminou muitas e diversas alternativas e fusão de múltiplas realidades para manter o grupo afastado. Sim, algumas reuniões aconteceram aqui e ali com membros separados, mas a nossa primeira grande mesa de 2025 só se materializou quando as circunstâncias finalmente permitiram. E como deu bom! Rimos como se não houvesse meses de distância desde o último encontro; brindamos a Baco e a nós mesmos, e nos deixamos embalar pelos sabores acolhedores da comida e taças partilhadas. Foi mais do que um jantar: foi a celebração da amizade que resiste ao tempo e se rega, sempre, de vinhosbões (sic! rs!) e generosas doses de companheirismo. A Maluca é uma confraria que vem dando muito certo.

A Débora deve ter lido alguma postagem mais antiga do blog, tipo esta, pois chegou com um vinho embalado e uma venda para testar este Enochato. Enquanto permanecia de olhos cobertos, lembrei-me do trecho escrito em 2014 acerca da opinião de algum importador sobre degustações assim conduzidas, bem como do triunfo de Don Flavitxo ao matar, vendado e apenas no nariz, a procedência de um Borgonha branco, grande e novo. Era um Corton Charlemagne... Não tinha a menor esperança de chegar próximo, mas também não poderia ficar logo na primeira avalição, se branco ou tinto, não? Confesso: ali (imaginei todos me olhando), às cegas, de mim para mim, como me sairia? Calma, pensei comigo, enquanto evocava a famosa frase de Duna, O medo é o assassino da mente. O medo é a pequena morte que conduz à destruição total. Ah, mentira!, estava é apavorado, isso sim!  🤣 E talvez o pavor não tenha-me permitido notar o toque claramente cítrico logo na primeira cafungada. Mas na segunda ele estava lá, cristalino. Não tive dificuldade em identificá-lo como branco, mas foi o limite. E aqui vai a conclusão da brincadeira: faça isso com sua confraria, não se furte a testar-se. E faz diferença estar vendado. Chamado a opinar às cegas (mas não vendado) sobre o Le Macchiole Paleo, senti-me bastante mais à vontade para sugerir um Bordeaux fino (exatamente assim) - embora fosse italiano, é um Cabernet Franc que derrotou diversos bordaleses em degustações às cegas entre especialistas. O mundo vinho é assim: pode gerar experiências novas e diversão a cada encontro; depende do nosso desprendimento. Quanto menos o caboclo achar-se Robert Parque dos Infernos e mais espelhar-se no Goofy, mais engraçado será.

Mandolin Roussanne 2022 era o branco da conversa. Roussanne é, junto da Marsanne, uma cepa característica do Rhône presente como corte em excelentes Xatenêfis. O melhor que já bebi foi o Vinhas Velhas 2007 do Beaucastel. Nesse nível, é marcante. Mandolin, notas abaixo (claro...) era rico em frutas brancas e (não lembro de onde veio) toques de mel. Boa acidez e volume em boca, não percebi madeira - mas tem, segundo a ficha técnica do importador. Com álcool a 14% - imperceptíveis  - tem um conjunto equilibrado e agradou a todos. É produzido na AVA (Área Vitivinícola Americana) de Lodi, Vale Central. Chegam-nos poucos vinhos mais distintos dos EUA; esse é um deles. A Luciana trouxe-nos em vinho degustado em Ribeirão Preto, num evento onde a Maluca esteve presente em peso, a menos deste Enochato. Paxis 2020 mostrou-se rico em frutas no nariz, e algum melaço. Ligeiro, taninos bem leves, acidez pouco presente. Achei doce demais, e a segunda taça, bem regrada, demorou para descer. Só agora, escrevendo a postagem, noto um 'Medium Dry' no rótulo 🙄, e fico me perguntado se é um meio seco... A estrela foi mesmo o final do Il Bosco 2006 que sobrara do dia anterior e levei para casa pensando em compartilhar. Mantido simplesmente arrolhado e na geladeira, estava ótimo! Como sobreviveu bem, a despeito dos 20 anos nas costas! As Malucas curtiram... Por sobremesa, servi o Oremus e o Guiraud, mas já falei sobre eles anteriormente. 

Escolta

Depois de algum tempo tentando terminar esta postagem, e decidido a fazê-lo desta vez, descobri perdido na adega o Conde de Guião Reserva 2013, comprado há muito tempo em algum evento da Casa Deliza em parceria com a importadora Orion. Não foi servido então, mas a linha mais simples soou honesta. Este ícone estava à venda em uma caixa individual de papelão até bonita e não era muito caro; resolvi arriscar. Produto da Caves Santa Marta, uma cooperativa estabelecida no Douro com mais de 1000 associados, tem um portfólio com aguardentes, espumantes, Portos e uma gama de vinhos desde bag in box até a linha reserva onde Conde de Guião aparenta ser o mais refinado. Corte de Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca, toques de frutas secas e geleia indicando claramente aromas terciários. Algo herbáceo também. Corpo médio, taninos arredondados mas um tanto ralos, uma ponta de ácido - além da acidez - com um final de chocolate amargo. Um pouco de álcool sobrando (14,5%), perfez um vinho não tão equilibrado, embora não ruim. A safra 2013 não contribuiu muito, mas tenho dúvida se os problemas apontados dependem tanto da colheita ou se trata-se mais de processo. Tenho impressão de que custaria, hoje, um Noval TN ou Shiraz mal comprado (R$ 250,00), e não compete com ele. Não se pode ganhar todas... serviu para escoltar o final desta escrita, que arrastou-se por tempo demais. Tenho saudades de muitos vinhos, mas não sentirei nenhuma de Conde de Guião.