Sunday, October 11, 2020

Vinhos: repetir ou não?

Introito

   Usualmente não fico repetindo vinhos. O enófilo, o amante do vinho, aquele que gosta de experimentar sensações diferentes sempre que pode, e não de seguir produtores chegados a modismos, não repete vinho. Como tudo no universo vitivinícola, afirmações sobre 'normas' não são precisas. Enófilo de verdade não repete vinho...(sim, esta mesma...) Na Borgonha, as cepas brancas são Chardonnay e Aligoté... (aí lá no cantinho - Saint-Bris - alguém planta Sauvignon Blanc...). De qualquer maneira, a repetição pode encontrar justificativas diversas: 1) O gosto do consumidor - para o bem ou para o mal. Eu também, claro, sou suscetível a isso - o que faz-me hoje pensar em repetir algumas garrafas ao longo da vida, jamais a mesma semana após semana! 2) O combalido bolso do consumidor - não adianta querer variar se muitos sofrem sofrem um sobrecusto excessivamente alto nas mãos de uns poucos tubarões. Daí que, encontrando uma boa oferta, fica justo comprar várias garrafas para dispor de um bom produto a preço razoável. 3) Para quem gosta de vinho e conhece um pouco o mercado, torna-se uma missão, quase uma profissão de fé (sic! rs), ter algumas garrafas a mais de certos vinhos para mostrá-lo aos amigos e confrades em algum churrasco, degustação, aniversário, encontro, farra ou orgia. 4) A falta de discussão sobre o tema, enquanto os consumidores, ligados no automático, fecham-se para a possibilidade, escolhendo e defendendo um vinho como defendem seu clube de futebol. Caro leitor torcedor, caia na real. Seja fiel a seu time, não a seu vinho...

Faustino I Gran Reserva 2005

Conheci Faustino I Gran Reserva pela mão e graça do Doutor Marcão. Anda meio sumido, desde antes da pandemia. Ou eu quem sumiu, vai saber... Foi uma garrafa da excepcional safra 2001, degustada ali por 2010, 2011, que encantou a todos na mesa. As Bodegas Faustino localizam-se em Rioja, cultivando Tempranillo, Graciano, Mazuelo e Viura. É parte de um conglomerado, conforme pode ser visto na página do produtor. Este 2005 parece ser um corte 86% Tempranillo, 5% Mazuelo e 9% Graciano. Em nariz com fruta vermelha bem presente, algum chocolate (café?), madeira muito discreta e mais notas, refletindo como é um bom vinho. Na boca, acidez média, taninos discretos, final algo ligeiro. Nada é perfeito... Tem um ligeiro dulçor, lembrando fruta vermelha. Mais elegância do que potência. É um vinho longevo. Não sei quanto poderá mudar com os anos, ou para que direção mudará. Rolam por aí safras dos anos 70, 80, 90... Na safra 2005, é um vinho de cerca de 30 dóla nos EUA. Aqui, é importado por uma cadeia de supermercados (o site de vendas é o Lovino) e está com desconto, saindo de R$ 305,00 por R$ 240,00. Incrivelmente, paguei R$ 120,00 na mesma rede, há alguns anos, também em 'promo'. Por isso comprei algumas garrafas, em vez de uma ou duas. Esta é a segunda que bebo. Pelo preço pago, pela qualidade, é felicidade engarrafa. É um vinho que gostaria de mostrar a algumas pessoas. Tem bom preço - ainda que seja necessário aguardar as épocas de 'promo' que a loja sempre faz -, é um vinho que encanta até bebedor boca-torta de sul-americanos em geral - e na faixa de vários sul-americanos de qualidade bem inferior...

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