Introito
Rótulos e nomes de vinhos são interessantes. Os franceses são clássicos, principalmente em Borgonha e Bordeaux. Nome: Château Tal (sic). Rótulo: um castelinho modesto, algumas vezes em preto e branco, outras em sépia... e nada mais. Sequer mencionam as cepas; se é de Saint-Estèphe, o bom bebedor tem obrigação (sic) de saber a cepa principal e as coadjuvantes. Admito que na Borgonha é mais fácil... 😝Os americanos são bem escrachados para ambos, nome e rótulo. Dá pra acreditar em um vinho chamado... Plungerhead? Sim, plunger é... desentupidor...! Desentupidor de cabeças! E olha o rótulo aí ao lado... Outros são ainda mais curiosos: Mad Housewife, Horse's Ass Wine (vinho do cú do cavalo?☹), Il Bastardo & La Bastarda, Goats Do Roam... esse sul-africano é interessante, já conhecia a estória: seu nome é uma brincadeira muito bem humorada com a região francesa que inspira a produção da Fairview, proprietária da marca: Côtes-du-Rhône... pense na pronúncia em inglês, e repita para si o nome de um e de outro...
Tem ainda um australianinho que comprei pelo rótulo - e pelas notas de diversos avaliadores - chamado Carnival of Love. É um rótulo realmente bonito, divertido. O vinho, gostei muito. Não agradou tanto ao Akira e a Don Flavitxo, que acharam-no um tanto doce. Sim, era. Mas sua muita extração rendeu-me sensações que, à época, com minha versão 1.0 do nariz em seus estertores, eram poucos os vinhos que davam-me algum prazer olfativo. E, como sabemos bem, se o olfato não está apurado, o palato sofre na mesma proporção. Como veremos, o vinho de hoje não fica longe dos já mencionados aqui, pelo menos no nome...
4 kilos
Já bebi um exemplar desse produtor, o 12 Volts. Às vezes fico imaginando o que vem depois... 40 Watts? 56 kgf? O leitor que visitar o sítio da vinícola no vínculo deste parágrafo vai descobrir... Este 4 kilos é o 'irmão maior' do 12 Volts. No preço é nítido: 4 kilos custa o dobro 'lá', cerca de USD 40,00 contra USD 20,00 do 12 Volts. Para o preço 'lá', 20 moedas é adequado para a voltagem oferecida (🙄); aqui é que não. Mas falemos do 4 kilos. Segundo a ficha técnica do produtor, é um corte de 60% Callet, 30% Cabernet Sauvignon, 10% Syrah. A Callet é uma cepa autóctone da ilha de Mallorca... aqui está em maior parte, dá para ter uma ideia do que é. Com nariz bem terroso - acho que teria mais a ver com o terroir do que com a cepa -, sobrepuja a Cabernet. Na boca, a picância da CS é discreta. Diria que puxa mais para a elegância de Bordeaux ou está mesmo (risos!) anestesiada pela Callet. A Syrah, se aparece, é na coloração escura que sua expressão - Chile, França, Austrália - é mais conhecida por aportar. A boca é marcada com graça e potência, graças aos taninos arredondados e à acidez no limite da média para alta. Álcool - 14% - é equilibrado, mas marca um pouquinho. São essas pequenas arestas que diminuem a nota de um vinho. Mas queria o quê, por 40 dóla? Tem ainda boa persistência e bom final. Um belo vinho, cujo rótulo é outro enigma. Se alguém entender - parece parte de uma estória em quadrinhos - me explique, por favor...
Preço...
4 kilos está esgotado por aqui. O preço do irmão menor era - era - R$ 488,00, o que, baseado na comparação entre ambos lá fora projeta um custo final cá de... R$ 976,00 😖. No... no se puede...
No se puede porque em 30/3/2016 paguei por ele modestos R$ 230,00. É bom guardar as notas do que vamos comprando. No limite, sempre podemos esfregá-las no nariz amassado dos detratores que infestam o blog como ratos invadem as melhores despensas. Aqui a finalidade é mais nobre: como sempre, 'certificar' que este Enochato não aumenta nem diminui; apenas relata o que percebe aqui e acolá.
Carlão, mais uma boa reflexão dos tempos atuais, voltagem dos nossos dias e o peso decorrente da pandemia...🥴. Rótulos são uma questão a parte dos vinhos. Mas de rótulos e seu verbo (rotular, para os menos abastados linguisticamente),, você já tem uma experiencia com os detratores (que ainda podem aparecer no blog aqui). Só queria saber se com a previsão de diminuição do câmbio até o final teremos reflexo nos preços.. porque os vinhos sem promo...tá difícil. Questão de respeito.
ReplyDeleteEntão, Luidgi... vai muito do importador - como sempre!
DeleteAcompanhei importadores cujos preços dos vinhos se mantiveram até eles se esgotarem após a alta do dóla de 40%, enquanto outros aumentaram os preços de uma hora para outra.
Em um, os produtos foram repostos com alta de apenas 20%. Depois foram repostos novamente, quando o dóla subiu mais e estava batendo em R% 6,00, com acréscimo de mais 10%. Ainda é menos que os 40% iniciais. Momentaneamente aquele aumento suplementar 'passou', já que o dóla desceu de R$ 6,00 para cerca de R$ 5,20. Mas é importadora notarmos que não repassou todo o aumento para o consumidor.
Outro importador igualmente manteve o valor dos vinhos após o aumento do dóla e até que esgotassem, quando repôs com média de 25%-30% - também abaixo das flutuações.
Parece que continua valendo a máxima: ando comprando mais pelo importador do que pelo produtor...
obrigado pela leitura
Oeno