Thursday, September 30, 2021

Encontro das Noivas de Baco (e Vestais...)

Introito: tudo ao contrário

Recentemente uma cambada de beócios defenderam teses de doutorado fazendo cursos online via uatizápi. Alguns claramente defenderam mais de uma tese ao mesmo tempo - são mais do que gênios, são... oxigênios! Assim, assistimos ao surgimento de idiotas defendendo o kit-Covid meses depois da comunidade científica internacional descartar esse tratamento. Hordas de paspalhos começaram a discutir a sobre notificação de casos, argumentando que os números inflavam artificialmente o número de casos. Não apenas a estória das pandemias passadas atesta o contrário como recentes fatos comprovam que muitas vezes houve sub notificação de casos! Fedelhos pretendendo explicar as recentes altas da gasolina jamais levaram em consideração a alta do dólar e a acentuada valorização do brent oil, fazendo caras e bocas de quem estava coberto da razão numa interpretação de olhar baço e distante, típica de retardados (deficentes não possuem esse olhar; ele é mesmo bem característico). Bolsonésios saíram-se com todos os argumentos possíveis para defender o mito; pasmem(!): 
   - Precisa deixar roubar para ter provas e depois ir atrás. - necessita comentário?
   - Se ele rouba, por que não é processado? - não adianta explicar que o PGR não cumpre seu dever adequadamente; sempre há uma resposta que explica a inércia de maneira completa e fechada.
   - É que quando chega lá, precisa compor com o centrão... - mas não é justamente o contrário do discurso inicial? Essa declaração (Xô, Central) está em metade da internet... Também não explica como o atual governo começou com pessoas tão qualificadas e terminou literalmente sentado no colo do tal centrão.
   Nesse meio tempo os partidos que protagonizaram as principais disputas nacionais em pleitos recentes calam-se enquanto a população passa muitas vezes cozinhando, literalmente, ossos. PT e PSDB estão, em seu vil silêncio, tripudiando na cara do cidadão na mesma proporção de bolsonésio e caterva. Não nos esqueçamos deles. Você, que não está cozinhando osso, tem um papel importante nesse contexto: abriu uma garrafa de vinho? Doe um pacote de arroz. Abriu um uísque? Doe feijão e óleo. Trocou de carro? Parabéns, mas ora... você pode... Nestes tempos, mais do que nunca, a solidariedade precisa vir à tona.

Reunião da confraria Noivas de Baco

A Vestal Luciana ofereceu sua humilde choupana para o encontro da vez. Notei que alguns dos participantes perderam-se entre os cômodos quando dobraram por algum lado em falso. Felizmente a luz nos cômodos principais serviu de guia em todos os casos, e ninguém sumiu por muio tempo...
Um branco feito de Malbec ia longe quando o Edu chegou atrasado com seu indefectível Cava. Trivento Malbec Branco Reserva 2020 apresentou buquê discreto, floral, esbanjou simplicidade em meio a acidez baixa mesmo para um branco, pouco corpo e final curto. Tem um Reserva no nome, mas não peguei madeira não... deve ser alguma... alguma... alguma... tendência... sim, só pode... Seus defensores dirão que é um bom vinho de piscina, e seus detratores opinarão que a piscina poderia passar sem essa... A cava Freixenet deve ser sido comprada por engano pelo Edu... meio-seco - ou algo assim - esbanjou dulçor graças à polpuda economia de corpo e acidez (também!). Não estou bem lembrado das características, confesso, mas perde feio do nosso arroz-de-festa Bacio Della Luna, que, convenhamos, tem apenas o grande mérito de não estragar o caminho por onde passa 🙄. Achando - como sempre - que faltaria vinho, este escriba levou para entrada um Coquelicot Pinot Noir 2019, degustado recentemente. Novamente não impressionou - sobrou meia garrafa - embora a Luciana tenha dito que estava muito agradável no dia seguinte. Será que entendi errado? 😲 A Vestal Dayane havia proposto um desafio, citando ter comprado um Ravanal Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2016 (acho), que descobri pelo rótulo ter sido condecorado com 93 pontos pelo James Sucks (sic). Já disseram que, comparado ao Sucks, o Parker se parece com uma freira. Está claramente errado; comparado a ele, Parker é um Querubim. No doubt about this! É um vinho com mais corpo e  taninos presentes. No nariz, um pimentão de entrada (e saída) levaram-me a afirmar que continha Carménere. Cheguei mesmo a escrever para a Pia Ravanal e perguntar. Solícita, ela respondeu rapidamente:
El Gran Reserva Cabernet, tiene un 100% de Cabernet (no tiene Carmenere), sin embargo debido a nuestro terroir puede tener notas vegetales.... Prueba el Gran Reseva Carmenere para que lo compares.
   Creio que o terroir a que ela se refere é marcado pela pirazina, aqui e aqui, um composto seguramente presente em alta concentração na Carménere em geral e aparentemente em parte do terroir do Vale do Colchagua, onde a vinícola está estabelecida. O desafio deixou-me curioso, e de repente poderíamos pegar outro Cabernet e o Carménere para comparar. Mesmo sendo parte do terroir neste caso, o pimentão à molho de tabasco é um traço que aprendi a entender como a assinatura típica da Carménere. Talvez esteja errado, e nada como uma prova futura para comparar.
   Baco estava adorando e o diabo espezinhava a todos com seu tridente sem sucesso quando partimos para minha resposta ao vinho chileno, o também recentemente degustado Chianti Classico Coli 2016. Com pouca aeração, a percepção inicial foi a mesma da outra vez. A Dayane achou ruim, com bret (Brettanomyces), maneira gentil de dizer que estava um cocozão 😱. Felizmente a aeração estava adiantada, e não demorou muito para que ela reformasse a opinião; já não estava tão ruim. Mais um pouco e o ar operou seu milagre: Coli passou rapidamente ao posto de vinho da noite. E combinou sobremaneira com o inhoque preparado pelo Gustavo, que embeleza a foto lá de cima (o Gustavo, não o inhoque 😣). Coli convenceu tanto os presentes que sugeriram que eu pegasse duas garrafas dele, para outro momento - em breve - e onde a aeração pudesse mostrar mais do vinho. Vale dizer ainda que foi o primeiro a acabar, sem que os bebuns percebessem! Já disse, variando a citação,
Os melhores vinhos sempre encontram as taças primeiro (aqui e aqui)
Apareceu ainda, de Castilla, o Terroirs du Monde Joven 2020, um vinho do qual, confesso não guardei as melhores características. Lembro que apresentou-se equilibrado, mas não recordo-me de mais. Para sobremesa, aguardava-nos um Moscatel da Pinord, vinho doce natural, dulcíssimo, com pegados 14,9% de álcool e uma acidez não à altura para contrabalançá-los, infelizmente. Combinou bem com a sobremesa de torta de limão - até repeti - mas não foi a clássica harmonização que doces e vinhos muitas vezes oferecem. Como mencionado recentemente, harmonização não é um conceito fácil; fugindo do clássico, flerta-se com o abismo. Não é que estivesse ruim, mas o excessivo dulçor do Pinord talvez requeresse os morangos que ficaram esquecidos em um canto da mesa. Ninguém é perfeito... os convidados - incluindo este que escreve - não deram a devida atenção à sobremesa completa. C'est la vie...

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