Tuesday, November 2, 2021

(Quase) Ganhei um Carmenère... 😣 Ainda bem que não... 😀

Introito 1

  Tempos difíceis. Dificílimos! Assim como José Dias em Dom Casmurro, chego nesta terça-feira com um ataque de superlativismo (sic! rs!); é com pesar amaríssimo que privei os leitores da coluna no final de semana que passou. Venho comemorando (e bebemorando, principalmente) desde a última terça-feira. O Renê ficou de terça a quinta, para descontar o atraso de não nos termos visto desde o início da pandemia. Chegou, nos abraçamos como se o gesto compensasse todo o tempo separados, sentamos e começamos a conversar. Já parecia que o último encontro ocorrera na semana anterior. Nada mais senão forte indicativo de velha amizade. Como ele ficaria nas noites de terça e quarta, a esbórnia estava declarada.

Introito 2

 - Estou indo armaaado! - Quando o Renê faz essas ameaças tão logo digo Alô ao telefone, é porque a coisa está séria. Ele foi logo comentando: - Conheci um produtor de vinhos do Chile, e peguei dois Gran Reserva para experimentarmos. 
   Chilenos? 😓Gran Reserva? 🙄 Sei... 😂🤣 Da outra vez ele trouxe um Catena Zapata Estiba Reservada, que é um grande vinho argentino. Desta vez, fiquei apreensivo. Chileno... Gran Reserva... eu sabia bem o que poderia colocar para bater de frente. Afinal, venho propalando isso há tempos, e aos quatro ventos, a troco de quê?

Deixai chilenos brilharem sozinhos... (Bíblia Enochática, Livro dos Vinhos Sul-Americanos, Vinhos Menores, capítulo 2, versículo 15)

Evangelhos não são precisos, por isso esse acima também não pretende sê-lo. Claro que chilenos podem brilhar sobre alguns concorrentes. Basta competir com vinhos brasileiros. No mais, brilham entre si, e está bom. O Renê veio com seu Santa Vita Cabernet Sauvignon Gran Reserva 2018. Sem má fé: madeira curta - curtíssima! - para um padrão Gran Reserva chileno. Nariz com alguma fruta na sensação de ter sido batizado com aromas artificiais. Boca modesta - modestíssima! - com pouco taninos e nenhuma - nenhumíssima! (sic! rs!) - acidez. O Renê ainda pagou quase R$ 70,00, embora tenho encontrado por... R$ 55,00 em dinheiro em algum lugar por aí. Veja a 'análise' do produto: Gustativo: no paladar mostra suas virtudes. Um vinho de grande equilíbrio onde a acidez é envolta por taninos macios e redondos... Bom... o que posso dizer? Alguém está usando da 'fama' do rótulo Gran Reserva para perpetrar (😨) - risos! - em nosso desavisado consumidor um produto de décima quinta quando deveríamos esperar, vai, um de décima terceira. No... no se puede... Basta dizer que o Renê bebericou duas vezes e comentou que não voltaria a repetir dele. Segundo seu comentário, deveria ter pego um Cabernet e um Carmenère. As garrafas deviam estar misturadas, porque ao pegar as garrafas na gôndola vieram dois Cabernets. Ainda bem! Já não é ruim o suficiente beber um Cabernet de baixa qualidade... imagine se tivesse sobrado um Carmenère para o dia seguinte 😫. Porque eu ia querer experimentar sim!


Da minha parte, coloquei, às cegas, os valentes Cheda Lavradores da Feitoria 2016Chianti Classico Coli 2016. O Cheda foi comprado há muito tempo, por menos de R$ 60,00 (na verdade, acho que menos de R$ 50,00). Esgotado no importador, creio que estaria hoje na faixa de R$ 75,00-80,00. É, empobrecemos. Minha última garrafa, manteve suas características básicas: alguma fruta, taninos leves, acidez baixa mas presente, bom equilíbrio geral e final um tanto curto. Corte de Touriga Franca,  Tinta Roriz e Touriga Nacional, como dito em outra postagem o 'curto' deve ser relativizado. Muito melhor do que Santa Vita, foi a prova de que Cheda 'mata'  Gran Reservas vagabundos e provavelmente compita muito bem com vários outros Gran Reservas. O Akira cafungou e falou de primeira: é português. Não chutou a região (Douro), mas convenhamos: em vinhos muito simples, é uma tarefa ingrata. No Coli, o Renê pôs no nariz e disse que poderia ser italiano. Calado, o Akira concordou. O Renê foi além: - Sangiovese? O Akira arrematou: - Toscano. Bem, esse eu tive o cuidado de abrir com umas 2 horas e meia de antecedência, e ele estava mesmo expressando bem suas características. Seu desempenho foi similar aos passados e descritos muito recentemente, sem muito o que acrescentar: nariz com fruta vermelha, algo mais que me não identifiquei bem - o Akira mencionou, mas não guardei. Algo meio torrado? Não lembro... acidez melhor que os anteriores, bom final. Um vinho bem honesto, nunca é demais repetir. O Cheda ficou um pouco de lado na foto para vermos o quanto sobrou dele, comparando-o com Santa Vita. Coli estava seco - sequíssimo! Não era para menos...

   Esta postagem - 2 de Novembro, terça-feira - foi embalada a um restinho de Agharta 2004. Ainda mantinha fruta vermelha viva, especiaria, chocolate/café e ótima boca. Falo dele quando chegar a hora...

2 comments:

  1. Carlão, mais uma prova da teoria da supremacia Bourne, que dizer, dos vinhos do velho mundo. Já tomei o Cheda, ótimo na faixa de preço. Vamos tentar mais sulas pra ver se encontramos o "the one".... Arrivederci

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    1. Pois é... a procura do melhor custo-benefício tem o prazer adicional de sempre experimentarmos algo diferente. E quando encontramos uma boa opção, podemos estagiar nela um pouco, repetindo uma garrafa aqui e ali de tempos em tempos...

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