Introito
Essa estória foi-me contada há muito tempo. Não tenho qualquer fonte comprobatória além de quem contou-me - não vem ao caso a pessoa. Foi há tanto tempo que minha percepção acerca da variação de margem entre importadores ainda estava em formação. Sabia que algo estava errado. Sentia na água... sentia na terra... sentia no ar... muito do que havia... estava escondido.. pois nenhum dos que poderiam perceber tinha o perfeito juízo....
Era o tempo em que meu vinho preferido vinha da casa Tarapacá. Era o tempo em que um amigo perguntava, para si e para a turma, 'se um vinho de R$ 100,00 seria realmente muito melhor do que esses que bebemos', então na faixa de R$ 30,00-R$ 50,00. Em seu aniversário ele comprou um Tarapacá Etiqueta Negra, que custava R$ 100,00. Era um tempo em que o dóla valia menos de R$ 2,00... acredita? (para os mais velhos, poderia perguntar: - Lembra? 😖). Um Leon de Tarapacá, e seu próximo passo, o Tarapacá Gran Reserva custavam, mais ou menos, algo como R$ 26,00-R$ 28,00 e R$ 34,00-R$ 36,00, respectivamente. Seu importador exclusivo era (ainda é?) a Épice, empresa com larga representação entre o nordeste e o sudeste. Aconteceu do supermercado dos Irmãos Mufatto fizer uma proposta de compra - mediante comissão para o representante - para importar e distribuir o vinho no sul do país, onde sua rede é muito forte. O acordo foi feito com uma cláusula: que distribuíssem o vinho somente no sul. Acho que fizeram a compra e, com a chegada do final do mês, necessidade de fazer caixa, quiçá proximidade do abono - e estão querendo tirá-lo! roubá-lo da população - algum gerente deu uma bússola para os vendedores, e uma instrução: - Subam para São Paulo. Isso resultou no León vendido em S. Carlos a cerca de R$ 16,00, e o Gran Tarapacá a R$ 24,00. Como fez questão de ressaltar o comerciante que comprou 200 caixas de León à época, vendendo a tal preço, ele ainda tinha um lucro que julgava bastante bom...
Outra estória também diz respeito aos Irmãos Muffato. Do primeiro episódio, fiquei com excelente impressão da rede. Ora, qualquer importador que pratique margens melhores para o consumidor tem minha simpatia. Não tem a sua também, ó inexistente leitor? Bem, há alguns anos, passando por uma loja da rede Savegnago aqui em S. Carlos, encontrei - para minha completa surpresa - toda uma linha de vinhos de Bordeaux com o selo dessse importador. Fiquei animado, embora alguns exemplares atingissem R$ 500,00, à época. Quinhentão não dava, mas tinha vários a R$ 200,00-R$ 250,00, o que, em confraria, era perfeitamente factível. Fotografei a prateleira toda e fui casa conferir o preço deles 'lá'. Completa decepção... os preços oscilavam entre 3x e 3,5x. Aí não...!😖 Que tristeza! Fiquei pensando o que havia acontecido. Muffato tinha perdido a mão? O Savegnago tinha comprado os vinhos a bom preço, mas tinha virado 'bandido', praticando margens muito altas? O que fazer? Deixar na prateleira, ora... E lá eles ficaram... por eras... tipo... 2 anos, ou mais 😂. Um belo dia, voltando a nova visita, encontro os vinhos todos em promoção, por preços muito menores. Os mais caros haviam sumido, mas muitos estavam na faixa de R$ 120,00-R$ 130,00 a uma margem de cerca de 70% do preço 'lá'. Fiquei perguntando-me se os vinhos não tinham cozido lá, em pé... levei uma garrafa, chamei a caterva e... não tinham não, estavam bons! Comprei várias garrafas nessa faixa de preço. Para se ter uma ideia, o preço médio 'lá' (EUA) estava entre USD 20,00-USD 25,00, o que daria entre R$ 65,00-R$ 80,00...
Atualmente o Savgnago tem trazido muitos (mas não todos!) vinhos da rede mineira Verdemar. Vários preços estão muito convidativos... Mas tem que ficar esperto. Todas as compras são boas, mas umas são muito melhores que outras!
Os animais são todos iguais, mas uns são mais iguais que outros.
Onde foi que ouvi isso, mesmo?
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