Introito
Sabe quando o carro está com um grilo e o usuário vai deixando? O barulho vira um Grillóideo (coletivo, tomado por base o nome da subfamília) e o usuário continua lá... só abastecendo e dirigindo para frente. Daí o veículo funde o motor, e o motorista sai gritando e pedindo socorro. Pois é, meu pisca-alerta de vinho bom já estava aceso há algum tempo. Finalmente decidi que era tempo de uma revisão geral naquilo que entrava em minha taça. Por vários motivos já vinha pensando nele. Seja por conversas com o Jairo, seja por alguma sanha qualquer, ele estava na mira e minha única dúvida era o acompanhamento. Para desespero dos detratores e felicidade geral dos público fiel, deu tudo certo.
Gratallops
Gratallops é uma cidadezinha perdida no desconhecido condado do Priorato, parte da separatista Catalunha no obscuro Reino de España. Tá, risca essa última parte. A Espanha não é desconhecida. Aliás, está ali, entre o terceiro e quarto lugares entre os melhores produtores de vinho do mundo. Com França e Itália nos dois primeiros postos desde sempre, disputar a terceira posição não é pouca coisa. Durante muito tempo o Priorato passou desapercebido tanto ao grande público quanto a outros produtores espanhóis, a despeito de eventualmente produzir vinhos surpreendentemente bons, como o Cellers de Scala Dei na safra de 1974, segundo nos conta esta página. Foi René Barbier III, descendente de vinicultores franceses quem, em 1979, fundou Clos Mogador a partir de uma plantação de antigas vinhas abandonada. Alguns anos depois, Gratallops marcava seu lugar no mapa do vinho.
Clos Mogador
Clos Mogador é um vinho classificado como DOCa - Denominação de Origem Calificada. Significa 'apenas' que pertence à elite dos vinhos espanhóis. É um corte, de Garnacha, Cabernet Sauvignon, Syrah e Carinena, e não sei se varia de ano para ano. Em sua safra 2007, recebeu 96 pontos do Parker e 88 da Wine Expectador, o que apenas demonstra que ambos deveriam estar no pelourinho. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Mas não se engane e leitor mais desatento. É um grande vinho. Logo que abri, experimentei um dedal. Lembrou a opulência do Malleolus de Sanchomartin 2004 que bebi com Don Flavitxo nos idos de '13. Opa! Devagar no andor! Não lembrou o Malleolus, que é um Ribeira. Lembrou - lembrou! - a opulência deste. Fica atrás, um tanto atrás (mas não muito!), e, lembrando de uma experiência aqui, outra ali, tipo La Rioja Alta, aponta para uma característica comum com os grandes espanhóis. Não é que eu conheça muito... é que - acho - começo a formar um padrão para reconhecer espanhóis de ponta.
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