Saturday, November 7, 2020

Bacio Della Luna 2019

Introito

   Essa vai rápida. Seu contexto esta entre divulgação e crítica. Divulgação pela iniciativa, que vale a pena; crítica porque... ora, é a alma do blog...

Bacio Della Luna

   Bacio Della Luna é um Prosecco (italiano, portanto) Extra Dry. Recebido em outubro pela Enoeventos na promoção 'compre uma caixa (6) e ganhe uma magnum', chamou atenção deste enochato pelo preço e condições. É exatamente a mesma oferta encontrei em algum lugar na Europa - não registrei onde: 6 garrafas + 1 magnum de brinde, por 32 euros (seriam 27, mas acrescente 20% de impostos. Tá pensando o quê?).

É produzido no Veneto. Esta versão, um Extra Dry 'Blanc de Blancs' indica ser produzido com apenas cepas brancas (no caso, Chardonnay e Pinot Bianco). Tem 11% de álcool, o que torna-o muito bom para 'entradinha', com um queijo tipo Gruyère. Cítrico. Achei que no nariz tivesse abacaxi, o Akira disse maçã. A ficha técnica aponta ambos... Tem acidez agradável, adstringência que dá uma boa 'limpada' na boca. Para um Extra Dry é engraçadamente docinho... As amigas Carol, Regiane e Dani que passaram 'para um bolinho' da aniversário piraram na batatinha com ele 😂. Seu preço na 'promo' é R$ 360,00, pela caixa de 6 garrafas + 1 magnum. Contas: aproximadamente 30 x R$ 6,00 = R$ 180,00. A margem de Enoeventos é 100% - 2x 'preço lá'. Uma das menores do mercado. Um parênteses: leitores perguntaram-me em off sobre minha conta usando dóla a 4,50. É assim: se você faz a conta com o dóla nesse valor e ainda assim o vinho está 2x 'preço lá', podemos afirmar tratar-se de uma verdadeira pechincha. É o vinho que você precisa levar. O valor usado agora, R$ 6,00, reflete apenas o dóla atual, e 2x é uma boa compra nessa nova realidade que estamos vivendo após empobrecermos 40% com a última desvalorização. De qualquer maneira, o preço 'por garrafa' (contando a magnum como duas garrafas) fica em... R$ 360/8 = R$ 45,00! Peguei aleatoriamente duas telas de loja online com espumantes nacionais:





   Não compro espumantes nacionais nem - já comentei aqui - vinhos chilenos ou argentinos. Não mais. Não há motivo, seja por qualidade, seja por preço. Não deixo de bebê-los com gosto, quando servidos. Mas não compro. E não os compro porque não me canso de experimentá-los em degustações justamente para notar que não melhoraram! Experimento todos (espumantes e vinhos), à exaustão. Alguns colegas chegam a perguntar por que estou bebendo 'tanta porcaria', e 'com tanta fúria' 😜. O Deonísio da Silva, meu professor de literatura na faculdade, dizia que o cardápio literário do estudante de Letras deve incluir os clássicos, mas também 'Sabrina' - uns romancezinhos água com açúcar que rolavam por aí, então. Estes serviam para realçar a excelência da obra-prima, explicava ele. É mais ou menos o mesmo caso. Experimento nacionais e sul americanos em geral para acompanhar como estão. Estão ruins. Não, incorreto. Quando melhorarem, estarão ruins. E, mais ou menos, vários espumantes nacionais estão no mesmo preço de Bacio Della Luna. Vou além. Timidamente, pergunto 'se ele não bate' o 130 da Valduga - achei que 130 fosse pelo preço, R$ 130,00, 'má quê'... Está R$ 200,00 por aí... Certo, no sítio do produtor, está R$ 120,00.


   Eu acho que não perde, ou no mínimo não perde tão feio - estou generoso hoje; acredito que perca... Mas Bacio veio 'lá de longe', e custa a metade (R$ 60,00 é o preço de uma garrafa, fora da 'promo', portanto). Seu preço na Itália deve ser 'marginal'. Basta faze a a conta da 'promo' por lá, 32 euros por 6 garrafas + 1 magnum, dá 4 euros por garrafa... É um preço marginal ou não?

   A tragédia não acaba aqui. Estes dias mesmo estava em uma degustação 'pós-pandêmica-controlada' - eram 11 pessoas. Serviu-se um espumante nacional (preço: R$ 45,00). A certo momento alguém comenta: - Acabaram as bolhinhas... Servi um final de Bacio Della Luna após dois dias, tendo usado uma tampa para espumantes apropriada. No segundo dia, estava carregado de bolhas. Pequenas, discretas. Claro, a qualidade havia decaído. Ei, quer o quê, por 4 euros? Nesse mesmo dia ainda abri outra garrafa de Bacio, para comparar com aquela aberta. Esta sim muito mais fresca. Mas sobreviveu, e bem. Tente com um espumante nacional...

   Então, é assim que ficamos: comparando 'corpo a corpo', nosso espumante é caro e ruim. Claro, vai continuar vendendo bem, enquanto nosso consumidor continuar ignorante e despreparado. Está vendo no que dá a lacuna na educação? Produto caro e sem qualidade, 'admirado' pelo bebedor sem noção. Há de mudar. Nem que na próxima gestão do Senhor.

Rata! 🐭

   Escrevi que este Bacio Della Luna seria um Prosecco. Um erro grosseiro, conforme o leitor pode conferir nos comentários. De qualquer maneira, o propósito da postagem é comentar o preço de espumantes simples 'cá' e 'lá'. A conclusão não muda: o que se cobra por um espumante nacional é um absurdo de caro.

14 comments:

  1. Então, Big Charles. Aqui acho que valem alguns pontos. eu também acho o preço do 130 exagerado. Por 200, junto um pouco mais e compro Champagne. Ou então, um Ferrari mais simples, uma Cava, um bom espumante bruto português (que muito me agradam pelo baixo açúcar residual) etc. Mas acho que ele bate fácil o Baccio della Luna, que é um espumante mais leve, simples e para bebericar. A questão das bolhas não mede muito a qualidade, apesar de serem prazeirosas. Tem espumante que tem por característica ter poucas bolhas. E espumante é para abrir e beber. Assim, esta questão acaba perdendo um pouco a relevância. Apesar de que não é legal que um espumante, que as tenha, as perca logo. Mas como disse, espumante é para abrir, beber e dar risada. Embora tenha até decanter para espumante, o que muita gente deve achar estranha e torcer o nari (eu sou uma dessas pessoas...rs). Mas espumante também muda com tempo em taça. O duro é que nunca consegui deixar por muito tempo nela para ver isso...rsrsrs.
    Eu tenho alguns espumantes brasileiros de minha preferência: Máximo Boschi, Adolfo Lona, Estrelas do Brasil e mais alguns poucos. Bebi um Perini Brut esses dias que me agradou. Paguei 60 pilas e achei justo. Mas estava em oferta e custa mais que o dobro...
    Ia te propor um dia um evento às cegas com 3 espumantes de diferentes origens. Seria legal, hein?
    Abração,
    Flavitz

    ReplyDelete
    Replies
    1. Don Flavitxo, obrigado pela extensa msg.

      Como disse em algum lugar sobre esse espumante, "Tem 11% de álcool, o que torna-o muito bom para 'entradinha', com um queijo tipo Gruyère".
      Pronto. 'Entradinha', abriu, bebeu, beliscou.
      Oras bolhas (rs), pode ser que elas não tenham muito a ver com a qualidade, mas por que diacho 'quase tudo' que é espumante nacional as perde logo de cara?

      60 'moedas' em qualquer coisa made in Brazio (sic) é muito caro. Como comentado, Bacio custa umas 4 ou 5 moedas. O professor de ensino médio do Brazio (sic) não ganha 10 vezes mais moedas do que o professor de Portugal. Nem da Espanha.

      60 moedas... tinham que estar surrando Bacio de paulada...

      Pauladas, ops, []s,
      C.

      Delete
  2. Big Charles, no site da enoventos fala que esse espumante é feito com Ribolla Gialla.

    ReplyDelete
    Replies
    1. ... e consequentemente, não pode ser um Prosecco.

      Delete
    2. "Legislação"... isso é sempre uma pedra no sapato de nós, iniciantes. Tenho quase certeza de ter visto o termo Prosecco quando estava procurando o preço. Aí (no preço) não há erro, porque sempre comparo a foto do produto com aquele que está sob resenha. Sem querer me desculpar pelo erro bisonho, o foco da postagem é a comparação de preço entre um espumante brasileiro e um italiano.

      Delete
    3. Mas não é só questão de legislação, Big Charles. Prosecco é feito com a Glera, não com outras uvas. Você citou que esse espumante é feito com Chardonnay e Pinot Bianco. No site, diz que é Ribolla Gialla. Eu fiquei em dúvida. Mas nos dois casos, não poderia ser Prosecco. É como chamar um espumante brasileiro, feito com uma uva italiana (exemplo...rs), de Champagne...

      Delete
    4. Então... sabe que - até certa altura, não sei se mudou - a Peterlongo podia chamar seu espumante de Champagne... 🙄
      Em Enoeventos, está dito que são as uvas que citei, https://www.lojaenoeventos.com.br/produto/Bacio-della-Luna-Spumante-Blanc-de-Blancs-Millesimato-Extra-Dry-2019

      Note que tem lá um extra-seco de Ribolla, mas é outro produto, https://www.lojaenoeventos.com.br/produto/Bacio-della-Luna-Spumante-Ribolla-Gialla-Extra-Dry

      []s

      Delete
    5. Poder chamar pode... O José de Abreu não se autodeclarou presidente do Brasil? rsrs. Mas como te disse, não é só uma questão de legislação. Não existe Prosecco feito com outra uva que não seja a Glera.
      []s

      Delete
    6. Não sabia do Zé, não...
      Para mim, quando algo 'deve' ser feito de 'tal', indica legislação. Talvez possa ser apenas 'tradição'. Não muda muito... e, no contexto da postagem, nada muda...

      Delete
    7. Então tá bom... Logo vão lançar um Brunello no Chile feito com a Carmenere...rsrs

      Delete