Tuesday, June 6, 2017

Que vinho é esse?

Que país é este?

   O saudoso Renato Russo deixou-nos diversas pérolas do cancioneiro nacional antes de fazer as malas e zarpar para longe da mediocridade chamada Brazil. Claro que se pudesse escolher sei que ele ficaria por aqui, ajudando a fazer deste paraíso das bananas um lugar melhor. Uma de suas músicas que mais gosto é justamente a que dá título a esta introdução. O leitor pode se refestelar aqui.

   Hoje começa o julgamento do presidente Michel Temer no TSE. Este blog não trata de política, trata de vinho - mas não possui leitores, então ninguém perceberá. Ah, mas tratará de vinho, também. Tenha paciência, afinal é impossível o cidadão de bem, que aspira manifestar-se para a sociedade ainda que sobre vinho, deixar de lado a situação grotesca pela qual passamos atualmente e portar-se como se nada de mais acontecesse. Resistir é preciso. Aos picaretas do vinho também, mas principalmente aos ratos que roem os cofres públicos e, em última instância, causam um rombo que só é suportado com a criação de mais impostos!

   O senhor Michel Temer recebeu um fanfarrão, segundo o próprio Michel, na calada no noite, na residência oficial do Presidente da República, após este dar entrada na garegam da residência usando nome falso (foi isso mesmo?!). Ouviu o que ouviu, sem dar-lhe voz de prisão. Depois disso, ainda ousa dizer "Não reuniciarei". Grito alto, com as mãos em concha:
   - Saia já daí, Michel!
   Esse senhor precisa ser defenestrado do cargo a qualquer custo, e terá sido tarde. É inaceitável para uma nação ter de suportar um "Não renunciarei" em tamanha cara de pau e permanecer quieta. Temer deve ser alijado da presidência na primeira oportunidade, no mínimo como exemplo para que outros picaretas sequer pensem em repetir esse experiente no futuro. E, a repetirem, a culpa terá sido exclusivamente nossa.

   Depois de todas suas manobras verbais para explicar o inexplicável, se fosse um importador de vinhos, Michel Temer seria para mim uma mistura daquilo que mais critico e abomino. Um assemblage de "a" elevado a "b", onde "a" e "b" são duas importadoras quaisquer listadas a partir da quinta posição na tão mencionada por mim "lista comparativa da margens das importadoras",  publicada pelo sítio Enoeventos, original disponível aqui, e reproduda abaixo.
Ressalte-se que empresas privadas objetivam lucro, e não há nenhum problema nisso. Aliás, é a mola-mestra da economia. Nada contra! Mas quando a margem cobrada chega ao exorbitante, isso reflete diretamente no bolso do consumidor. No meu, no seu, no nosso. Então é minha opinião que o cidadão médio deve ser informado do quão pornográficas chegam a ser certas margens, e, sabendo disso, possa decidir de quem comprar. O imposto sobre bebidas no Brasil é de cerca de 65%. Não há porque pagarmos aqui mais do que 100% sobre o custo do mesmo produto "la fora". E olhe que "lá fora" também existe imposto sobre bebida!

Que vinho é esse?

Em matéria de hoje, UOL publica que "Aécio não achava que cassação ia até o fim no TSE". A certo ponto, em conversa reservada com o sr. Joesley Batista, a quem recebeu em seu quarto do hotel, Aécio Neves esperava Joesley com um vinho aberto, do qual o convidado prontamente se serviu ao entrar no quarto. 
   "Peguei um vinhozinho aqui, viu?", avisa o empresário.
   "OK, peguei para você, acabei de abrir, esse vinho é ruim para caralho, mas é o que tem", responde o senador, que está ao telefone. 
   "Não, tá bom demais", responde Joesley enquanto espera o interlocutor. [em itálico, trecho da reportagem original]







   O senador diz que é "ruim para c@r@#&o" - linguagem bem conveniente para um Senador da República, heim? - E o outro diz "Não, tá bom demais"!

   O inexistente leitor pode ser muita coisa, menos bobo. Sabe que dentre as especialidades de ambos não consta degustar vinho. Mas é de surpreender que o c@r@#&o de um é o bom demais de outro! No final, a pergunta que fica é:

Que vinho é esse?
Senhoras e senhores, aguardo seus palpites...

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