Monday, July 22, 2019

Comparando o preço do Dom Melchor em três países

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Introito

   Eu preciso voltar a escrever... É chato (eu acho, e ao menos para mim) só colocar o nome e a foto do vinho e as impressões sobre ele. Precisa contar alguma estória (nem que seja de mentira - risos!)... ou do vinho, ou do rótulo, ou do produtor. Ou de qualquer combinação não-linear (rs) de cada um, somando eventualmente alguma informação sobre a uva, ou sobre o terreno, etc.
   Enquanto a inspiração não vem (rs), vou destilando meu veneninho aqui e ali (gargalhadas!). Não externei para o leitor meu completo desapontamento com o que fizeram do sistema de avaliação por notas nos últimos tempos (década, ou mais 😞): tolos de metralhadora em punho, disparando notas 100 com cadência maior do que metralhadoras Talibans disparam balas reais quando desejam comemorar alguma notícia ou boato bom para eles. O exemplo maior dessa prática é um certo senhor... James Sucks, eu acho, embora outros avaliadores também não escapem de certo pernosticismo.
   Note o leitor que minha má estima não está dirigida ao sistemade notas em si: o desapontamento é "...com o que fizeram do sistema de avaliação...". Para mim, o sistema tem muitos méritos. Assim como a energia nuclear. O problema é o que pessoas sem escrúpulos fazem de um e de outro...

O preço dos vinhos chilenos em geral

   Há algum tempo comentei sobre o Parker ter dito que os vinhos chilenos estavam subprecificados (aqui). Ele disse isso em 2008, e bastou para que o preço deles dobrasse em 2009 (Don Melchor pulou de USD 60,00 para USD 120,00, naquela época), chegando atualmente a USD 150,00, no Chile. Vários outros rótulos/produtores seguiram essa toada. Algum tempo depois, os segundos vinhos também aumentaram bastante, e na sequência até os terceiros vinhos de muitos produtores tiveram seus preços majorados no mercado chileno.
   A escalada de preços vem se espalhando para garrafas cada vez mais simples, e atualmente vários vinhos chilenos estão caros quando comparados com diversos europeus de importadoras que praticam margens de lucro que favoreçam um pouco mais o consumidor final. Digo que "estão caros" porque os chilenos, face aos europeus do mesmo preço, entregam um produto visivelmente de menor qualidade. Já discuti isso na mesma postagem do parágrafo acima. Fazendo rápido uso do Wine-searcher, o leitor pode comparar o preço dos vinhos de sua preferência no país onde é produzido, no Brazil e em qualquer outro lugar (civilizado) do mundo.

O preço do Dom Melchor

   Resolvi comparar o preço do Dom Melchor depois de receber mensagem com preço promocional dele: USD 75.00 na loja Benchmark.com. Tinha de cabeça que na média ele custaria um pouco mais nos EUA, mas, curioso, fui procurar. Vejamos:
   Abaixo, tela com a propaganda oferendo o DM a 75 dólares, e seu preço em algumas lojas chilenas. Podemos arredondar o preço dele por lá a 150 dólares? Então tá, obrigado.


   Não satisfeito, procurei pelo custo do DM nos EUA, atualmente:
    Olhaí (risos): nem está tão bom assim... duas ofertas melhores do que a recebida. Um pouco mais, poderia até chamar de propaganda enganosa (😂😂😂).

   Vamos agora observar o preço dele no Brasil. Lembremos que o imposto do vinho por aqui é de uns 160% (na cabeça de alguns importadores, de alguns lojistas e de idiotas em geral), e de 65% segundo a legislação em vigor. Os preços abaixo também estão em dólares, claro. Está mais barato por aqui do que no próprio país produtor! Pagando 65% de impostos! Os impostos no Chile somam algo como 20% (para bebidas, para o restante dos produtos é cerca de 14%).


   E, novamente, a pergunta que não quer calar: para custar 75 dólares nos Estados Unidos... por quanto o vinho foi vendido?(!). Foi vendido por algum valor, pegou o navio (rs; ou será que foi de avião?), foi descarregado, distribuído e chegou na loja a USD 75.00. E aí, saiu por quanto?(!)

   A conclusão é que o Chile já tornou-se um destino sem grande atração para os enófilos mais esclarecidos. E, por que não dizer, para o turista mais esclarecido de maneira geral. Olhe só mais esta: procure jornais chilenos quando estiver em Santiago. Veja a quantidade de restaurantes oferendo descontos de até 40% para portadores de Cartão Isto, ou Cartão Aquilo (Clube de Leitores Mercúrio, Banco Falabella, etc). Duvida, né? Olhaí...

   Ou seja: o habitante local recebe o desconto, enquanto o turista fica com o preço cheio. O Chile já foi um destino mais atraente...
   Preciso ainda dizer que nada tenho contra o Chile ou os chilenos, nem contra a exploração do turismo, que é uma atividade econômica como outra qualquer. Mas explorar o turista é bem outra coisa...

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