Certa importadora faz-nos chegar uma oferta relâmpago. Compre logo. Compre sem pensar... porque se pensar acho que não compra... vejamos.
Montes Alpha Cabernet Sauvignon 2017
Já bebi muitas garrafas desse produtor e desse vinho, em suas diversas cepas. Gostava mais do Shiraz.
Foi ofertado de R$ 227,80 por R$ 179,90. R$ 180,00, tá? Mais frete, claro... O Dóla tá R$ 5,50, aproximadamente. No Chile, seu país de origem, onde a moeda corrente tem a casa dos milhares (de Pesos) para qualquer coxinha, pastel (lá se chama empanada) ou Coca-Cola, o preço está entre $ 9,690 e $ 12.290 Pesos. Dizemos que está mais ou menos entre 10 e 12 "Luca" (1 Luca = 1,000 Pesos).
Convertendo 10,000 Pesos para Reais, dá aproximadamente R$ 70,00:
Acompanhei nesses meses de pandemia - e de subida do Dóla - importadoras que não subiram seus preços e acabaram com seus estoques ao mesmo valor daquele praticado antes da disparada da moeda internacional. E, claro, importadoras que subiram seus preços à mesma proporção. No primeiro time, acompanhei a reposição de produtos que haviam acabado entre o final do ano passado e o início da pandemia. Notei os preços subindo cerca de 20% - contra os 40% de desvalorização do Real face ao Dóla. O que será que esses importadores fizeram? Conversaram com os produtores, tentando conseguir uma condição melhor, repassando-a para o consumidor? Diminuíram suas margens? Uma combinação qualquer de um e outro? Bem, é o que eu faria. Se eu fosse importador, um produtor que vê essa situação e não faz alguma condição melhor não seria mais o meu parceiro. Muito menos continuaria parceiro dos meus clientes!
Precisamos entender ainda que o preço de (aproximadamente) $ 10 Luca no Chile não deve ser o preço pago pelo importador. Ora, acho que o importador não compra no supermercado do Chile, compra? Deve comprar direto do produtor, concorda? Pelas minhas conexões chilenas, sei que os supermercados lá praticam margem de 25%-30%, aproximadamente. O preço do importador deve ser ainda menor: é normal que, para estimular a importação, impostos sejam retirados do produto (pelo menos os 14% cobrados internamente sobre bebidas). Assim, o custo vinho não deve chegar à metade dos $ 10 Luca. É sobre esse preço que incidem o frete (estimativa de US$D 0,50 por garrafa) e os pesados impostos brasileiros. Se refizermos as contas, só fica pior para o consumidor.
Para terminar, a pergunta que não quer calar: o chabu vai sempre para o consumidor? Naquela estória de que quando o Dóla sobre, o produto sobe, e quando o Dóla desce o produto... se descer, desce muito menos? Mané, abre o olho...
Já comentei que compro vinho pela importadora, e não mais pelo produtor? Pois é... experimente fazer assim. Seu bolso vai agradecer. E, não menos importante, sua garganta vai refestelar-se toda feliz...
Pois é, Big Charles... Como pagamos caro para tomar vinho no Brasil, né? É como você diz: Um cara na Europa ganha 5000 moedas e com 20, compra um belo vinho. Ou seja, 1/250 do salário. Aqui, para tomar esse mesmo vinho, vai pagar 300 moedas, no mínimo (às vezes mais). Ou seja, 1/16 do salário. É demais!
ReplyDeleteAbraços,
Flavitcho
E a ponto fica ainda pior: veja a qualidade do que se consome aqui - sul-americano é o vinho mais vendido por estas bandas, e digo Brasil, não São Carlos. Na Europa o cara faz um vinho no qual tem vergonha de colocar o nome, e ele bate de longe mais da metade do que se faz por aqui...
Delete😣 Mas sabe o que é ruim de verdade? Ser uma voz solitária no meio dessa mixórdia toda...
Não fica triste... Não é solitária. Só é minoria absoluta...kkkkk. A gente continua garimpando uns vinhos bons e a bom preço. E quando der, traz de fora...
DeleteAbraços,
Falaveo
Claro... trazer de fora é a melhor resposta a certos importadores que praticam margens pornográficas...
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