Resmungos de um deficiente nasal que sabe pouco para iniciantes que sabem menos
Sunday, January 29, 2023
Postagem atrasada, 1 de 'x'... 🙄
Sunday, January 22, 2023
Um evento enoetílico
Introito
Bueno Wines e algumas maldades
O Edu, da Caminhos do Turismo, empresa turística com vários pacotes dedicados à apreciação de vinhos, volta lentamente às atividades e tem realizado visitas a vinícolas da região, além de promover degustações em restaurantes diversos. Desta vez associou-se ao Sommelier Conectado Eustáquio Fragalle, emérito e reconhecido estudioso de vinhos, conhecedor de primeira linha, ABêSsista (sic) de primeiro momento e atual vice-presidente da ABS de São Carlos, para uma degustação de três produtos da Bueno Wines. O restaurante escolhido foi o Personal Sushi....a Bellavista Estate (sic), propriedade situada no ponto de encontro do perfeito terroir do Novo Mundo, uma região estratégica apelidada por Galvão Bueno como a Califórnia Brasileira.
Interessante, mas pergunto: por que o terroir é perfeito? Como acontece? Quais condições garantem isso? O que a região tem em comum com a Califórnia? A Campanha Gaúcha está entre as latitudes 29 e 31 Sul, com altitudes entre 100 e 360 metros; parece que a média é 180 metros. Já o Vale do Napa - reconhecidamente o centro vitivinicultor da Califórnia - está entre as latitudes 32 e 38 Norte (portanto está mais distante do Equador do que a Campanha), e a altitude da maior parte dos vinhedos está na casa dos 425 metros... Creio que tais impertinências vindas de um Enochato cuja grand trip seja estimular o debate e questionar sem receio passem desapercebidas do grande público. Mas as comparações acima, que parecem não encontrar justificativa, são o quê? Maldade ou ignorância? O leitor pode achar que estou pegando muito no pé da Bueno Wines. Em minha defesa, tenho que muitos (não todos, observe!) dos produtores nacionais conspiram - tudo a ver com a introdução! - contra o brasileiro no varejo e no atacado. Pedidos de adoção do selo para circulação de vinhos (2005) e cotas de importação (2012, que gerou a famosa Carta Aberta do Ciro Lilla) para forçar o aumento do preço do vinho importado são apenas dois exemplos. Depois, a baixa qualidade e alto preço dos produtos torna mais do que merecido um escrutínio rigoroso sobre a conversa mole dessa turma. E tal postura não é novidade nestas páginas; em 2012 isso já era feito. Então continuo: sobre a parceria da Bueno Wines com o consultor italiano Roberto Cipresso, li que
Cipresso foi eleito o “Melhor Enólogo Italiano”, durante o “Wines Oscar 2006”, e o “Homem do Ano” pela revista Men’s Health, em 2008. Além disso, o italiano produziu o Cuvée feito especialmente para o Papa João Paulo II, 2000.Encontrei essa citação em uns 50 lugares diferentes; coisa de papagaio de pirata. Mas sobre 'Wines Oscar', e suas variações, parece inexistir menção mais significativa. Apenas outra pseudo-informação que tenta prover uma aura de importância aos vinhos mas de pouca ou nenhuma ligação factual. Ou, se alguém encontrar algo sobre 'Wines Oscar', avise. Sem mais maldades (acredite se puder), aos vinhos, então.
Vinhos e comida japonesa
É sabido que a cozinha oriental - com a japonesa em particular - combina muito pouco com vinhos. Para mim uma harmonização razoável dá-se com os brancos doces do Loire. Durante a fase de publicar pouco - ou nem publicar -, estava abarrotado de exemplares do Domaine du Clos Naudin, de Vouvray, principalmente os Moelleux. Ainda tenho um Moelleux reserva e um espumante '09 guardados e provocando o tempo... mas voltemos... a proposta do espumante da Bueno é harmonizar com sushi. Assim o Espumante VIC, um Brut feito com Sauvignon Blanc, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon, acompanhou carpaccio de salmão. (Abrindo os braços para o leitor): E foi isso. Digo, acompanhou. A dado momento o Gustavo do Bistrô Graxaim, reconhecidamente meu oponente político no campo intelectual, comentou-me que balançar uma taça de espumante fazia as bolhas se dispersarem mais rapidamente. Mas eu não sentia buquê algum! Perguntei se ele sentia, e a resposta foi... pouco. Minha taça não tinha perlage quando comecei a balançá-la. A da sra. Ângela, sentada à minha frente, as tinha, quase do tamanho de grãos de feijão 😂... tá um pouco menores. Perguntei para outros confrades próximos, a Débora e o Mário, se notavam alguma acidez no espumante. Não, responderam... Pow, vamos lá, uvas brancas têm certa acidez natural, como um espumante pode ser produzido com tão pouca (nenhuma!) acidez? Passava direto pela língua a garganta, sem deixar traço ou lembrança... que lambança! E fui servido de duas garrafas diferentes. Não pode haver dúvida. Comento que o Valduga 130 (que custa R$ 199,00) é 130 vezes melhor. Quiçá, 199 vezes, e olhe que soa ridículo considerá-lo como padrão de qualidade. Perguntei para o Gustavo entre Vic Brut e o modesto (5 Euros) do Bacio della Luna; ele não vacilou: Bacio.Conclusão (precisa?)
Monday, January 9, 2023
Gostara que me fizessem acreditar... (aka O Enochato descasca)
Introito
Cinco Forais Reserva 2017
Sunday, January 1, 2023
Última postagem do ano
Introito
Essa partida ainda não tomou o lugar do jogo político tradicional, mas está em vias de assumir uma importância capital e já começou a impactar visivelmente nossa sociedade.No velho sistema, cada líder político só dispunha de instrumentos bastante limitados para segmentar seus eleitores. Ele podia enviar mensagens específicas a certas categorias de base – sindicatos, pequenos empresários e donas de casa –, mas precisava fazê-lo publicamente. Quem quisesse criar um consenso majoritário – e não só de nicho – tinha que se dirigir ao eleitor médio com mensagens moderadas, em torno das quais poderia convergir o maior número possível de pessoas.O jogo democrático tradicional tinha, portanto, uma tendência centrípeta: ganhava aquele que conseguisse ocupar o centro da arena política.O mundo dos físicos de dados funciona de maneira diferente. Aqui, para criar consenso, o fato de lançar um projeto político capaz de convencer todo mundo conta muito menos, visto que – como profetizava Michel Foucault há quatro décadas – o povo, massa compacta, foi abolido em benefício de uma reunião de indivíduos separados, cada um passível de ser seguido em seus menores detalhes.Numa situação assim, o objetivo passa a ser identificar os temas que contam para cada um, e em seguida explorá-lo através de uma campanha de comunicação individualizada. A ciência dos físicos de dados permite que campanhas contraditórias coexistam em paz, sem nunca se encontrarem, até o momento do voto. No novo mundo, portanto, a política é centrífuga. Não se trata mais de unir eleitores em torno do denominador comum, mas, ao contrário, de inflamar as paixões do maior número possível de grupelhos para, em seguida, adicioná-los – mesmo à revelia deles. As inevitáveis contradições contidas nas mensagens enviadas a uns e a outros continuarão, de qualquer forma, invisíveis aos olhos das mídias e do público geral.O raciocínio vale tanto para as comunidades mais inofensivas, os colecionadores de selos ou os amantes do kitesurf , quanto para as mais perigosas: os fanáticos religiosos e os membros da Ku-Klux-Klan. Se o movimento convergente da velha política marginalizava os extremistas, a lógica centrífuga da política dos físicos os valoriza. Ela não os põe no centro, porque o centro deixou de existir. Mas ela lhes oferece um espaço e respostas."