Sunday, January 22, 2023

Um evento enoetílico

 Introito

Problema no notebook fez-me postergar algumas postagens e muitos comentários políticos. Nesse meio tempo, entrou e saiu do noticiário (Você viu? Se não viu, talvez nem tenha sido noticiado em certos meios 🙄) a ligação de ministra de Ali Lulá com o crime organizado carioca, também conhecido como milicianos. Qual a diferença com bolsonésio? PTlhos acreditam com toda fé que sua agremiação criminosa fez real oposição a bolsonésio. Tá. Veja o tuíte; a postagem original está aqui. E note de quebra o comentário da 'Gabi do PT', confirmando crítica já realizada neste espaço ao Grande Guia. E olha que da tuiteira, do PCdoB, pode ser dita muita coisa, menos não ser uma infiltrada
   Recente lei pretende regular as piadas no país. Como se já não fôssemos o país da piada pronta. Foi votada em peso por PTlhos e bolsonésios, inclusive dudu bananhinha, aquele do pen drive durante a última copa, lembra? PTlhos e bolsonésios se parecem cada vez mais...
   Termino com as seguintes reflexões: documento chamado 'Minuta do Golpe'(!) encontrado na casa de conspirador foi rebatido assim pela defesa de bolsonésio: (o plano) '...nunca deixou a residência privada de terceiros; não foi publicado ou publicizado, a não ser pelos órgãos de investigação e; não se tem notícia de qualquer providência de transposição do mundo do rascunho de papel para o da realidade fenomênica, ou seja, nunca extravasou o plano da cogitação'. Quer dizer, gente que deveria guardar a constituição chegou a cogitar um golpe? É isso mesmo? Ah, e querem me fazer crer que O Beneficiado nada sabia nem apoiava, a despeito de todas suas declarações - e também de seus filhos - sobre um golpe?! A questão não é se, mas quando... Sisqueceu? Relembre, é grátis (sic), e passe vergonha, bolsonésio de plantão.


  Longe de defender o crime de pensamento de Orwell - até porque ele aplicava-se ao cidadão comum, não à classe dominante - constato que a mera cogitação de um golpe por tais pessoas soa tão estarrecedor quanto o próprio conceito de crime de pensamento. Ao fim, onde está bolsonésio após esse tempo todo? Escondido (sic) na Flórida, para onde foi com visto de presidente e agora permanece como turista. Menos do que isso; turistas podem ter vistos de até seis meses; a condição peculiar de bolsonésio concede-lhe no máximo 30 dias de permanência em situação regular. A fonte de recursos (cartão corporativo) está secando e já se fala em bolsonésio ministrar palestras ao módico valor de USD 10.000,00. Ninguém adianta a desmoralização: Ali Lulá palestrava por USD 200.000,00! Cheiro de michê no ar... está certo, bolsonésio é uma meretriz mesmo. Finalmente, aquela ministra idiota, ser desprezível que no passado votou contra a o uso células tronco embrionárias em pesquisas (o resultado final da votação favoreceu a ciência) por suas meras convicções religiosas - como ficou a convicção de seus eleitores?! - aparece em Davos afirmando que temos 120 milhões de pessoas passando fome. Chorume da humanidade, tranqueira da pior qualidade, rainha da desfaçatez e da iniquidade, mente sem escrúpulo nem vergonha. Aprendeu com Ali Lulá, antes seu detrator e agora seu mestre - deixei sem rima em respeito ao leitor.

Bueno Wines e algumas maldades

   O Edu, da Caminhos do Turismo, empresa turística com vários pacotes dedicados à apreciação de vinhos, volta lentamente às atividades e tem realizado visitas a vinícolas da região, além de promover degustações em restaurantes diversos. Desta vez associou-se ao Sommelier Conectado Eustáquio Fragalle, emérito e reconhecido estudioso de vinhos, conhecedor de primeira linha, ABêSsista (sic) de primeiro momento e atual vice-presidente da ABS de São Carlos, para uma degustação de três produtos da Bueno Wines. O restaurante escolhido foi o Personal Sushi.
   A Bueno Wines é uma empresa brasileira (nota-se, pelo Wines...) propriedade de Galvão Bueno, célebre ex-locutor global recentemente aposentado para tristeza de alguns e alegria incontida da imensa maioria, dizem (se a voz do povo é a voz de Deus, confira aqui). Tem um sítio simples mas objetivo, de onde tirei algumas informações: 
...a Bellavista Estate (sic), propriedade situada no ponto de encontro do perfeito terroir do Novo Mundo, uma região estratégica apelidada por Galvão Bueno como a Califórnia Brasileira.

   Interessante, mas pergunto: por que o terroir é perfeito? Como acontece? Quais condições garantem isso? O que a região tem em comum com a Califórnia? A Campanha Gaúcha está entre as latitudes 29 e 31 Sul, com altitudes entre 100 e 360 metros; parece que a média é 180 metros. Já o Vale do Napa - reconhecidamente o centro vitivinicultor da Califórnia - está entre as latitudes 32 e 38 Norte (portanto está mais distante do Equador do que a Campanha), e a altitude da maior parte dos vinhedos está na casa dos 425 metros... Creio que tais impertinências vindas de um Enochato cuja grand trip seja estimular o debate e questionar sem receio passem desapercebidas do grande público. Mas as comparações acima, que parecem não encontrar justificativa, são o quê? Maldade ou ignorância? O leitor pode achar que estou pegando muito no pé da Bueno Wines. Em minha defesa, tenho que muitos (não todos, observe!) dos produtores nacionais conspiram - tudo a ver com a introdução! - contra o brasileiro no varejo e no atacado. Pedidos de adoção do selo para circulação de vinhos (2005) e cotas de importação (2012, que gerou a famosa Carta Aberta do Ciro Lilla) para forçar o aumento do preço do vinho importado são apenas dois exemplos. Depois, a baixa qualidade e alto preço dos produtos torna mais do que merecido um escrutínio rigoroso sobre a conversa mole dessa turma. E tal postura não é novidade nestas páginas; em 2012 isso já era feito. Então continuo: sobre a parceria da Bueno Wines com o consultor italiano Roberto Cipresso, li que

Cipresso foi eleito o “Melhor Enólogo Italiano”, durante o “Wines Oscar 2006”, e o “Homem do Ano” pela revista Men’s Health, em 2008. Além disso, o italiano produziu o Cuvée feito especialmente para o Papa João Paulo II, 2000.
   Encontrei essa citação em uns 50 lugares diferentes; coisa de papagaio de pirata. Mas sobre 'Wines Oscar', e suas variações, parece inexistir menção mais significativa. Apenas outra pseudo-informação que tenta prover uma aura de importância aos vinhos mas de pouca ou nenhuma ligação factual. Ou, se alguém encontrar algo sobre 'Wines Oscar', avise. Sem mais maldades (acredite se puder), aos vinhos, então.

Vinhos e comida japonesa

   É sabido que a cozinha oriental - com a japonesa em particular - combina muito pouco com vinhos. Para mim uma harmonização razoável dá-se com os brancos doces do Loire. Durante a fase de publicar pouco - ou nem publicar -, estava abarrotado de exemplares do Domaine du Clos Naudin, de Vouvray, principalmente os Moelleux. Ainda tenho um Moelleux reserva e um espumante '09 guardados e provocando o tempo... mas voltemos... a proposta do espumante da Bueno é harmonizar com sushi. Assim o Espumante VIC, um Brut feito com Sauvignon Blanc, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon,  acompanhou carpaccio de salmão. (Abrindo os braços para o leitor): E foi isso. Digo, acompanhou. A dado momento o Gustavo do Bistrô Graxaim, reconhecidamente meu oponente político no campo intelectual, comentou-me que balançar uma taça de espumante fazia as bolhas se dispersarem mais rapidamente. Mas eu não sentia buquê algum! Perguntei se ele sentia, e a resposta foi... pouco. Minha taça não tinha perlage quando comecei a balançá-la. A da sra. Ângela, sentada à minha frente, as tinha, quase do tamanho de grãos de feijão 😂... tá um pouco menores. Perguntei para outros confrades próximos, a Débora e o Mário, se notavam alguma acidez no espumante. Não, responderam... Pow, vamos lá, uvas brancas têm certa acidez natural, como um espumante pode ser produzido com tão pouca (nenhuma!) acidez? Passava direto pela língua a garganta, sem deixar traço ou lembrança... que lambança! E fui servido de duas garrafas diferentes. Não pode haver dúvida. Comento que o Valduga 130 (que custa R$ 199,00) é 130 vezes melhor. Quiçá, 199 vezes, e olhe que soa ridículo considerá-lo como padrão de qualidade. Perguntei para o Gustavo entre Vic Brut e o modesto (5 Euros) do Bacio della Luna; ele não vacilou: Bacio.

Na sequência, o Chardonnay VIN (não notei a safra) chegou com um combo de peixe branco tendo por carro chefe o niguiri flambado com azeite trufado. Um branco sem acidez, insosso, onde a estrutura do vinho só estava representada pelo álcool, 12%. Não é que seja pouco; grandes Borgonhas do final do século passado ainda tinham seus 11,5%-12,0% de álcool e eram esplêndidos, graças à elegantérrima acidez. Confira aqui, nos comentários de Don Flavitxo Vinhobão e voltemos ao assunto: outro vinho sem qualquer diferencial que só encontrou par no Rosé Vin, acompanhado pelo combo de salmão. Vinificado com Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Pinot Noir e Sauvignon Blanc separadamente e posteriormente cortado, também não apresentou buquê significativo, acidez ou permanência, apenas colaborando com minha já conhecida má estima para com os rosés. O problema maior é que tais impressões não são somente minhas; foram amparadas pela maioria dos confrades à mesa. Valeu para conhecer? Claro que valeu. Um mané de boné como eu, que se arroga 'crítico' do vinho, deve experimentar de tudo, sem paixão; analisar pelo que sabe da teoria aliado com sua experiência prática, e contextualizar segundo sua experiência. Para quem já bebeu alguns Borgonhas, alguns Lopes de Heredia (espanhol) e uns poucos Loires, a simples existência dessa linha de vinhos desmerece a existência da ciência vitivinícola, dos céus e até do Criador. Não merecemos isso.

Conclusão (precisa?)

   Vinhos de praticamente três dígitos que não merecem ultrapassar o segundo (em reais!), é o que nos brinda a Bueno Wines. Pode ter seus amantes, mas Ali Lulá e bolsonésio também os têm. Como Putin e Hitler, apenas para citar mais dois. Assim caminha a humanidade.
   Galvão ameaça buscar o melhor vinho do Brasil, segundo entrevista que não li à revista Adega, veja aqui. Talvez por não ter lido, não entendi. Acho que vai buscá-lo onde quer seja produzido, e trazê-lo para beber em casa. Nada contra. Porque a julgar pela qualidade de seus vinhos então degustados, propor-se a produzi-los é um objetivo tão inglório quanto inalcançável. Recomendo sua prova, baseado no ensinamento de meu professor de Literatura Brasileira Deonísio da Silva: (em literatura) Temos que experimentar de tudo, do bom e do ruim. Senão, como formaremos nosso padrão de qualidade? Ou algo assim.

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