Introito
As pessoas que são analfabetas não são analfabetas por sua responsabilidade.
As pessoas que são analfabetas ficaram analfabetas porque este país
nunca teve um governo que se preocupasse com a educação!
NAP, ao lado de Andrada, segundo alguns patetas
“O Maior Ministro da Educação de Todos os Tempos” (sic)
O pior tolo é aquele que, não o sendo, se deixa enganar.
Achei ser provérbio popular, mas não encontrei
no Google. Fica a crédito deste Enochato.
Acreditávamos que a educação extinguiria a tolice assim como a luz extingue a escuridão. Ledo engano; não basta escola ou mesmo reflexão quando o cidadão bem educado - intelectualmente falando - insiste em ser néscio; o senso crítico é descartado em favor de suas crenças e as trevas enevoam seu neocórtex. Receita certa para tornar-se um gado. Confirme por si:
Essa turma cometeu 14 anos de governo - NAP, oito - e atesta a própria incompetência na despreocupação com a educação nesse período, retratado no desempenho do brasio no PISA, onde, efetivamente, caímos ao final e após a gestão de Andrada frente ao MEC, sinal claro de como sua política educacional foi um nefanda. A interpretação do gráfico e clara: os jovens chegaram na idade de prestar o Pisa passando pela gestão de Andrada à frente da educação só para fazer esse carão no exame, ao final de anos de estudo.
Não sendo idiota - só desta vez; atacado nos brios o cidadão talvez queira partir para o ataque -, e pedindo provas, o PTlho cético pode encontrá-las na OCDE, promotora da avaliação, aqui, de onde retirei o gráfico abaixo.
As Moiras, D. Neusa e um Enochato no meio do caminho
Recebi as Moiras e D. Neusa nesta sexta-feira e, inspirado por uma curiosidade da Luciana de algum tempo, separei o L'Un Savagnin 2017, do Domaine Baud, produtor de Jura. Como atesta o rótulo, há nove gerações da família envolvidas com a viticultura, história iniciada em 1742 com a chegada do patriarca à minúscula Vernois; a última geração assumiu em 2016, na flor dos 20 anos. A consulta da Lu foi acerca de comprar ou não um vinho do Jura, cuja principal cepa é a Savagnin, e ponderei ser um estilo ame ou odeie de vinho, sugerindo-lhe outras opções. Domaine Baud L'Un Savagnin, como boa parte dos vinhos de Jura, é oxidado propositadamente para conferir-lhe caráter e qualidades únicas. São vinhos de muita personalidade, nariz com notas cítricas - casca de laranja?-, frutas secas, senti algo à querosene, bem mais proeminente do que o toque a óleo Singer notado por mim em Rieslings da Alsácia, e sutis complexidades para melhores olfatos se divertirem muito. As meninas tiveram outras percepções, mas não anotei, infelizmente. As qualidades do nariz repetem-se na boca com álcool bem discreto, a acidez maravilhosa deixa-o vivo, vibrante, com ótima persistência e final. Pela oxidação, aliada à pegada da Savagnin, não é um vinho para todos os paladares; como aprendi com Don Flavitxo, é do tipo ame ou odeie. Parte da mesa amou...
A Luciana há tempos queria abrir um Caymus trazido dos EUA. Eu relutava, dizia estar novo. Na última viagem ela trouxe outro, mais simples, o Caymus Cabernet Sauvignon 1858 Reserva 2020. Ainda achei novo, mas fui voto vencido (rs). Mostrou-se casmurro, poucas notas de fruta no nariz, taninos um pouco duros, mas com um conjunto típico dos bons vinhos; entre médio e encorpado, com boa persistência, final longo, dava pistas de ter um bom futuro. No dia seguinte estava bem melhor, mas não se soltou; apareceu chocolate, a fruta estava mais presente, vermelha, e tornou-se mais óbvio: ele será um bom vinho, daqui uns 5 ou 6 anos. Como refleti rapidamente com ela, não se pode ter pressa com vinhos de qualidade e muito novos. Às vezes vale a pena gastar um pouco mais e trazer exemplares um pouco envelhecidos. Mas isso não vale para os vinhos americanos; seus preços muitas vezes dobram em relativamente poucos anos. De qualquer maneira, um depoimento de vinho similar provado com 7 anos está aqui. Para provar meu ponto, compareci com um Merlot 2006 da Pride Mountain Vineyards, aberto junto do Caymus, ambos servidos após o Jura. Ora, um vinho de 17 anos no auge de sua maturação apenas cumpriu seu sagrado desígnio e encantou a todos mesmo sem muita aeração (cerca de uma hora e meia): nariz rico, fruta ainda sobrando, chocolate, um toque doce e mais camadas; boca com algum dulçor, sem incomodar, chocolate/couro (qual? - rs), outras camadas imersas em taninos muito redondos, boa acidez, álcool e madeira muito discretos, a despeito dos 14,8% (!), um final de encantar, quase infindável, e excelente retrogosto - D. Neusa fez algum comentário específico acerca dele, mas escapa-me... O vinho da Pride custa o dobro do Caymus, e isso pode tê-lo tornado um pouco mais apagado do que o esperado se provado sozinho, ou com um de valor semelhante e mais envelhecido. Meu intuito passou longe de provocar qualquer constrangimento; era um exemplar disponível e em ponto de se beber, ao contrário de outro a valor próximo mas, em meu julgamento, ainda não adequado para ser consumido. Um ponto curioso sobre os Merlots da Pride: eles são corte variável de Merlot (90%) e Cabernet Sauvignon (10), e a Merlot em si é outro corte - corte de Merlots! - provenientes de Sonoma e do Napa. Na safra em 2006, o corte foi de 58% Sonoma e 42% Napa. No sítio do produtor o interessado encontrará maiores informações, safra a safra.
Como todos os vinhos foram trazidos de fora e não possuem - até onde saiba - exemplares no país; não há, então, preço a ser comparado. Os canalhas - e seus detratores - escaparam-se dessa. Mas já já volto à normalidade, e, portanto, á carga. Até a próxima.
No comments:
Post a Comment