Introito
Bem aventurados os que creem sem ver.
A Paduca quase falha
Deveria ser uma reunião regular da Paduca. Pela manhã, ânimo no grupo de uátizápi... à tarde, mal abrira um vinho para seu respiro, chega uma desistência. Às 19:35, como quatro minutos de atraso, envio o alerta (ao lado). Duílio chega às 20:00, com a pizza nas mãos. Paulão não atende ao telefone... olhamos um para o outro e fomos às taças... Caro Malbec Cabernet Sauvignon 2014, produzido pelas Bodegas Caro, é um empreendimento conjunto da argentina Catena Zapata e do francês Château Lafite-Rothschild, cujo primeiro exemplar veio à luz em 2000. Este 2014 mostrava um pouco da idade pela borda da taça ligeiramente atijolada, como o Duílio notou logo de início. Mas o buquê era rico, com fruta viva, madeira e mais notas. Um toque de couro/chocolate dava o ar da graça. Tinha um tantinho do quê tridimensional ao qual me refiro às vezes, mas numa escala não tão marcada. Mesmo assim, tal característica em um sul-americano surpreendeu. Os taninos estavam muito macios, sedosos... álcool bem integrado, baixo dulçor, e pecou pela acidez. Estava lá, mas sem tanta força a ponto de obrigar-nos a colocá-lo como um vinho de primeiro time... faltava... O final estava próximo ao conjunto da obra, bom.Um pouco mais de acidez para promovê-lo e ele seria o melhor vinho que já provei nestas paragens. OK, não bebi muitos ícones recentemente, a menos do Gran Enemigo. Sobre esse, que é apenas um bom vinho, Caro tem ampla vantagem. Pode ser considerado excelente para o padrão sul-americano, mas não levaria uma disputa preço a preço com similares europeus. Acreditava ser uma exclusividade da Mistral, cuja safra 2018 está pela bagatela de R$ 745,67 - se disser que foi indicado pelo Enochato, R$ 745,60 -, mas também é vendido pela Vivavinho, na mesma safra '18, a R$ 599,90. Enquanto isso seu preço lá na Argentina surpreende: o Carrefour, sem dó, dá uma mistralada (sic) no consumidor tirando-lhe o couro e aliviando-o em mórbidos 182 mil pesos argentinos (R$ 1.080,00!). Outras lojas oferecem-no com desconto, por 120 mil a 130 mil pesos (R$ 711,00 a R$ 770,00). Seu valor mais baixo está pelos 100 dólas. Fico pensando quantas mãos consigo encher pensando em vinhos melhores a preço similar - ou inferior. Muitas, e isso basta para encerrar a conversa assim: meu Caro vinho me perdoe por favor... mas seu preço anda arisco... Tinha aberto um Sordo Nebbiolo D'Alba 2017 para acompanhar a postagem do Caro quando experimentei os problemas com o blog pela primeira vez. Ele estava um pouco desacertado, insosso. Seu Barbaresco é bem melhor... acho que a garrafa estava miada, e não vale a pena comentar.
Esta postagem foi tocada a meia garrafa do alentejano Mouchão 2012, um corte acima de 70% Alicante Bouschet e Trindadeira, segundo o produtor. Nariz com fruta generosa, um toque herbáceo e mais complexidade pela frente, rico. Boca com taninos pegados - não arredondaram ainda - fruta, pimenta, um pouco de álcool e madeira discreta, boa acidez, final persistente. Eu acreditava que seu preço aqui tinha despirocado (rs), mas fiquei em dúvida se não foi por 'lá' também. Até algum tempo encontrava em 'promos' por R$ 400,00"menos" - paguei R$ 200,00 há algum tempo, e bebi a primeira garrafa com o Renê e o Akira, há alguns anos. Atualmente chega a R$ 800,00 aqui(!), embora encontre-se a R$ 570,00. A mesma safra 2012 em Portugal custa entre 40,00€ e 60,00€. Não sei se sempre foi um vinho caro e não tinha essa noção... fiquei pensando se Mouchão vale quanto pesa. Recentemente provei um Quinta do Noval Reserva 2018. Fechadão sim, mas com ótima estrutura escondida pela tenra idade. Custa seus 50,00€, igual a um Mouchão em safra igualmente nova. Embora seja um bom vinho, não parece-me que Mouchão leva o Noval Reserva. E o Noval ainda pode ser encontrado por aqui a cerca de R$ 250,00, um preção para a qualidade e na comparação do preço 'lá'. Aqui temos uma desproporção que não consigo explicar...
Faaala, Big Charles!
ReplyDeleteVixe, mas este Mouchão a 200 moluscos vc deve ter comprado antes, ou bem antes, da pandemia… rsrs. Os preços subiram muito, inclusive fora.
Quanto à comparação entre Mouchão e Quinta do Noval Reserva, eu acho que se equivalem, cada um, em seu estilo. Mas é opinião própria. Felizmente, pagamos o mesmo preço do exterior no Noval. Que fique assim.! Não alardeia! 🤣🤣🤣
Olá, Don Flavitxo.
DeleteLembro que comprei na internet o que tinha do Mouchão e depois de uns dias liguei na loja. O rapá que atendeu pediu para ver e dar retorno depois. Retornou de fato, dizendo que haviam reposto o estoque, mas que 'naquele preço que o senhor pagou não tem mais...'
Fiquei sem entender...
Sim, os estilos Mouchão x Noval são diferentes, e acho que sejam equivalentes. Mas para tirar a dúvida, só na taça mesmo.
Quando ao Quinta... melhor correr na loja... esse dá pra comprar...
Obrigado pela leitura!
Então, Big Charles, mas deve fazer um bom tempo, né? Hoje, pelo preço em Portugal e conversão, dá para achar por 2X o Mouchão aqui, o que acho razoável. Algumas lojas, extrapolam… 😩
DeleteSim, faz... mas estou tentando dizer que aparentemente a loja tinha posto o preço errado mesmo... 😂🤣 Eu lembrava de ter ouvido você falar sobre ele, e mandei ver...
DeleteApenas acho que o Mouchão subiu demais e - aqui, pelo menos - a concorrência está forte. Não me incomodo em repetir alguns garrafas de Noval Reserva...
Walew!