Sunday, October 7, 2012

Reynolds, 1865 e The night of bloody bastards

Quem tem mais de 40 anos poderá lembrar-se do antigo seriado de faroeste e ficção científica James West, que passava na tv durante os anos 70.... não, eu já escrevi isso. As duas primeiras frases que ilustram "A noite dos(as)..." e que resolvi repetir, estão aqui. Desta vez aparecem os "canalhas sanguinolentos", se bem que nem tão sanguinolentos, ou sequer tão canalhas, mas ficam registrados e carco e o agradecimento. O carco: os canalhas marcaram, desmarcaram, outros canalhas fizeram pouco e sobramos o Marcão (e esposa) e este que escreve, na última sexta-feira, no restaurante Gula e Cia, regido sob a batuta do chef Ítalo Dassoler. O agradecimento: se você não entendeu direito o título, entenderá agora: Carlos Reynolds Colheita 2009 e 1865 Syrah Single Vineyard  2007 foram os vinhos que apenas nosso pequeno grupo degustou na última sexta-feira, 5 de outubro, motivação pelo agradecimento aos que faltaram.
1865 Syrah Single Vineyard 2007, Syrah da San Pedro: 14,5 °C. Carlos Reynolds Colheita 2009, Aragonez (40%), Trincadeira (40%) e Alicante Bouschet (20%), Gloria Reynolds: 13,5 °C: duas boas pedidas, de comparação não recomendada.

A Vinha San Pedro é uma tradicional vinícola chilena fundada, justamente, em 1865, no Vale de Curicó, a 200 km ao sul de Santiago. Seu vinho mais simples é o Gato Negro, linha varietal da qual se produz um vinho branco, um rosé e seis tintos. Produz também o 35° South, nome de batismo tirado... exatamente, da latitude que corta a vinícola. São varietais de uma linha reserva, dois brancos e quatro tintos. Um patamar acima, aparecem os Castillo de Molina, com cinco brancos e cinco tintos, uma linha já bastante redonda, que descansa um ano em barricas francesas. Encontrei há algum tempo por algo como R$ 35,00, e nessa faixa é um vinhão (pelo menos o Cabernet e o Syrah). A linha 1865 está na faixa "gran reserva", e no Chile compete em qualidade (e preço...) aos conhecidos Etiqueta Negra, da Tarapacá, e Finis Terrae, da Cousino Macul. Aqui no Brasil pode ser encontrado por uns R$ 80,00 conta R$ 100,00 dos dois citados, o que faz dele um excelente custo-benefício, seguramente em função do maior tempo de exposição dessas marcas no país (vamos dar um tempo para os importadores, mas a faca continua nos dentes...). O ícone da San Pedro é o Cabo de Hornos, que descansa em barricas francesas novas por 18 meses e tem uma das melhores relações custo/benefício entre os grandes produtores chilenos, desde que a maioria deles enlouqueceu, em 2009. Voltando ao 1865, creio que o exemplar estava em um bom momento para sua degustação. É um vinho sul-americano por excelência: pegado, e embora os taninos estivessem bem presentes, o tempo cuidou de amaciá-los adequadamente. De cor bastante escura, este vinho apresenta nariz com frutas (negras?), tabaco e algo de baunilha, além de madeira. Na boca, macio, envolvente, com final longo, nada amargo. Realmente elegante. No Brasil, é comercializado pela World Wine e, pelo preço sugerido no sítio (R$ 75,00), é uma boa compra.

A Gloria Reynolds é uma vinícola portuguesa do Alentejo. Segundo o sítio do produtor, foi a família Reynolds quem introduziu a variedade Alicante Bouschet, de origem francesa, em Portugal, há mais de 150 anos. Essa variedade veio do Languedoc (província Francesa) e foi criada a partir do cruzamento da Grenache com a Petit Bouschet. Os vinhos são batizados em homenagem aos antepassados que trabalharam na vinícola, e Carlos Reynolds é um corte de Aragonez (40%), Trincadeira (40%) e Alicante Bouschet (20%), onde cada vinho é produzido independentemente, descansando em cubas de 15.000 litros por oito meses, quando é feita a mistura nas quantidades mencionadas e o produto final descansa em garrafa por mais três meses. É um vinho português típico, a começar pela cor, menos intensa do que o 1865, e, claro, muito menos encorpado. Por outro lado, alegremente floral e frutado, fruta vermelha típica, na boca bem redondo, taninos leves e macios, com bom final. Sendo outro tipo de vinho, não pode jamais ser comparado a um sul-americano, mas suas qualidades defenderam-no bem frente ao concorrente, não, companheiro de mesa. E, na verdade, foi mais agradável para acompanhar meu pene com queijo do que o 1865. O vinho foi importado pela Wine e pelos R$ 60,00 que custa é um pouco caro. Acostumados que estamos aos escorchantes preços cobrados pelos vinhos no país, este, por não fugir à regra, pode ser apreciado pelos amantes do vinho, e nada mais.

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