Sunday, October 21, 2012

A noite do Toro Doido, digo, Loco

Quem tem mais de 40 anos... não! Eu já escrevi isso! Clique aqui para as duas primeiras frases desta postagem, depois volte (risos!). Bem, depois da expectativa, chegou a Noite do Toro Loco, digo, Doido, não(!), Loco mesmo... Para quem não se lembra - impossível, com tanta repercussão - esse foi anunciado como "o melhor vinho do mundo" (gargalhadas) depois de em uma suposta competição bater vinhos com até dez vezes o seu preço. Essa única qualidade não faz de vinho nenhum o melhor do mundo; ademais, já comentei neste blog que provavelmente tratava-se de uma jogada de marketing.

A amiga Raquel foi a única do grupo que compareceu à degustação, trazendo consigo um vinho da Sicília, que comentarei oportunamente. Por enquanto, fiquemos com o Toro Loco. É produzido pelas Bodegas Coviñas, em Utiel-Requena, na Comunidade de Valência, Espanha. Em verdade, o Grupo Coviñas compreende 12 bodegas cooperadas que somam 40% do total plantado na D.O. Curiosamente, a garrafa traz a informação "Denominación de Origen Protegida", que este escriba desconhecia. Uma rápida "googada" levou-nos ao Ministério da Agricultura espanhol, mas não clarificou muito sobre alguma diferença com a D.O. convencional da qual todos estamos acostumados a ler. Na seção Nuestros Premios, encontra-se menção ao Decanter World Wine Awards 2011 onde o Toro Loco 2010 (e não a safra 2011 que foi importada para o Brasil) recebeu uma medalha de bronze.

É na medalha que a porca começa a torcer o rabo. Para nós, pobres mortais e ignorantes de nascença, sem direito a tratamento ou a um simples remédio, pouco conhecedores desses concursos e mais acostumados às premiações olímpicas, medalha de bronze é para aquele atleta que termina uma competição em terceiro lugar, na posição mais baixa do pódio. Lá fica ele, de sorriso amarelo, olhando de baixo para cima os outros dois vencedores. Ao que parece, nessas "competições" de vinho, não é bem assim. Junto do Toro Loco mais uns 359 devem ter ganho a mesma honraria (ou o sítio é muito ruim e enganou-me mostrando uns 360 vinhos medalhistas de bronze de todas as edições, mas que aparentemente também não foram muitas - 8).

Essa introdução toda não tem, nem de perto, a proposta de "acabar" com o vinho - já que minha primeira postagem, na base do "não bebi e não gostei", apontava para uma jogada de marketing antes de qualquer coisa. E de fato tudo indica que foi. Informações - que também podem ter sido "plantadas" - apontam para algo como 120.000 clientes comprando desse vinho junto à importadora, com fila de espera estendendo-se até dezembro. Essa estória da demora também deve ter sido outra notícia plantada para gerar marketing, já que minha parte, prevista para dezembro, chegou na segunda quinzena de outubro. Resumo da ópera: o que eu não estou gostando mesmo é da excessiva "badalação forçada" em cima do produto, cujo objetivo final é apenas o aumento das vendas. Não tenho nada contra o marketing, pelo contrário. Quero ser o primeiro a admirar uma boa propaganda e aplaudi-la de pé. Mas o presente caso não é um destaque à criatividade humana voltada para a arte da propaganda. Criatividade (pouca) voltada apenas e tão somente para gerar expectativa e aumento da venda, aí eu concordo. Assim, depois de toda essa enrolação preliminar, justificada pelo alvoroço causado pelas notícias que circularam, vamos a ele. 


Toro Loco 2011, Tempranillo que não parece Tempranillo, 12,% de álcool. Apesar do marketing abusivo, uma boa compra.

Toro Loco Tempranillo, 2011, 12,5% de álcool. Como o amigo Marcão já antecipara uma abertura um pouco insossa, tratei de abrir a garrafa com uns 20 minutos de antecedência. Chegada a Raquel, abrimos o vinho dela, que ficou respirando, e pegamos nossas taças. De fato, com 20 minutos o nariz ainda estava pouco atraente. Mas daí para frente começou a subir um tanto de baunilha, ou aquilo que eu penso ser baunilha (rs), que posso confundir às vezes com um tanto de frutas negras e vermelhas (quando misturadas). Pensei comigo que a boca não refletiria o nariz. Se o fizesse, também, e por R$ 22,00, não seria um medalha de bronze, mas de ouro... Bem, voltando: não, a boca não refletiu o nariz; é leve, com final bastante curto, embora agradável. Nenhum amargor, aliás um pouquinho doce (da fruta), conforme comentou minha esposa, que experimentou um pouquinho depois. Aliás, os 12,5% de álcool, bem integrados, já anunciavam um vinho leve. Só um detalhe: não pareceu nem um pouco a Tempranillo com a qual estamos acostumados de outros vinhos mais clássicos, como o Pata Negra, por exemplo. O resultado é: não, não bate vinhos muito mais caros - escolhidos com algum grau de conhecimento - no nosso mercado. Mas dá uma bela rasteira em vinhos na mesma faixa de preço. O meu ex-preferido na faixa, o León de Tarapacá, perde feio. O mesmo para diversos outros chilenos e argentinos nesse custo. Mas o Toro Loco também não pareceu páreo para o Clos de Torribas, principalmente quando comprei a R$ 20,00, em uma promoção. Mas a R$ 22,00 (preço para sócios da Wine, como o amigo Marcão, com quem rachamos uma caixa em três) ou R$ 25,00 para não sócios, é uma boa compra. Também não compraria uma caixa (com 12), embora sinta-me satisfeito com minha caixinha de 4 unidades. Posso comprar 12 garrafas de um vinho excepcional e que caiba em meu bolso, mas não é o caso deste; ele é apenas um bom vinho pelo seu preço. Além da quarta garrafa, guardaria meus trocados para tentar outros sabores e aromas. Para quem não experimentou, boa degustação.

4 comments:

  1. Oi Carlão,
    Ih, dá uma mexida nas letras, tem dois tamanhos... No final estão pequeninas, e como os leitores já estão descendo o morro...imagina....rsrs.
    Bem, concordo com você: O Toro é razoável pelo preço. A única coisa é que eu senti um amargor no final de boca que me incomodou. Bem, mais aqui, tem um componente genético: Algumas pessoas sentem certos amargores e outras não. Isso é bem conhecido e uma das primeiras práticas que se faz em Fisiologia!
    Mas eu não compraria outra garrafa. Prefiro comprar um Torribinha, ou por um pouquinho só a mais, um Cicônia...
    Abração,
    Flavio

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    1. Ups, foi mal...
      Sim, essa estória de amargor eu lembro bem das aulas de biologia. O 'Torribinha', se encontrado na promoção, vale muito mais a pena do que qualquer um dos citados. Fora dela, a R$ 35,00, é mais uma boa compra.
      []s,
      C.

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  2. Carlos,
    Interessante a tua descrição do vinho, a exemplo do que li no blog do Flavio.
    Ou seja, vale o preço mas não justifica a badalação.
    Se um dia eu topar com ele, quem sabe beba, mas, pelos dizeres dos amigos, não farei esforço.
    Abraço!

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  3. Alexandre, como vai? A sua frase diz tudo! Não vale o esforço de ir atrás; somente se tropeçarmos nele - ou no caso dele se atirar em súplica à nossa frente (risos!).
    []s, e obrigado,
    Carlos

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