Sunday, April 19, 2020

La Vicalanda Reserva 2009

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Introito

   Bom, faltava um espanhol nas últimas degustações-solo, não é mesmo? Chegamos a um. Essa estória de isolamento por um lado estimula a volta à escrita. Por outro, é chato😞. Acho que comentei, é mais fácil postar um único vinho, ainda mais quando bebemos sozinhos. Escrever ao mesmo tempo em que apreciamos o dito é algo convidativo; narramos "on the fly", e não buscando a memória em outro momento. E em confraria seria mesmo pouco estimulante. Particularmente acho que veremos mais epidemias como essa nos próximos anos, de maneira me muitos blogs agora abandonados podem ressuscitar. Se este que estava quase finado conseguiu, o que dizer dos outros, muito melhores...

Rioja

   A vinificação em Rioja remonta ao tempo dos fenícios, que propagaram a prática da viticultura para o Mediterrâneo (Grécia, sul da Itália e Península Ibérica). Sua civilização floresceu em 1.500 a.C. e prosperou até que a última das Guerras Púnicas pôs fim à sua supremacia marítima, em 146 a.C. A Pax Romana foi 'suavemente' implementada seguindo o hábito estabelecido: os cidadãos de Cartago que não morreram terminaram escravizados e a capital foi coberta de sal, para mais nada nascesse naquele solo.
   As primeiras evidências escritas da viticultura em Rioja datam de 873, sob os cuidados adivinhe de quem? Sim, claro, dos monges. Como em várias outras partes Europa, os monges foram responsáveis pelo impulso inicial. Eles não vendiam a produção; consumiam-na... espertinhos...
  Só pelos anos 1200 a prática tornou-se comercial, e Rioja começou a exportar parte de seu vinho. O advento da Phylloxera  fez que a produção francesa caísse de 84,5 milhões de hectolitros em 1875 para 23,4 milhões de hectolitros em 1889. Antes dela chegar à Espanha, as exportações de Rioja dispararam. Isso contribuiu para o vinho espanhol, até os dias de hoje, goze de sólida reputação e boa aceitação na terra de Napoleão. Uma boa fonte de leitura sobre Rioja está aqui.
   A região produz um corte clássico baseado em Tempranillo, Graciano e Mazuela, embora também seja facilmente encontrado na forma da varietal Tempranillo. Outros cortes com Garnacha e Maturana Tinta também aparecem aqui e ali.
   Ao contrário de Portugal, cuja classificação de vinhos foi extensamente discutida anteriormente, em Rioja há uma classificação mais clara. Para os tintos, ela é assim:

  • Crianza: período de envelhecimento em barricas de carvalho e garrafas de pelo menos dois anos, com o mínimo de um ano em barril.
  • Reserva: período de envelhecimento em barricas de carvalho e garrafas de pelo menos trinta e seis meses, com o mínimo de um ano em barril.
  • Gran Reserva: período de envelhecimento em barricas de pelo menos vinte e quatro meses, seguido de envelhecimento em garrafa de pelo menos trinta e seis meses.

  Não encontrei regulamentação falando sobre descarte de uvas, ou teor alcoólico mínimo.

O grupo Codorníu

   Fundado em 1551, Cordorníu não é apenas um dos mais antigos produtores de vinho da Espanha... é uma das mais antigas empresas do país! Possui um sítio bem organizado, e comprou as  Bodegas Bilbaínas em 1997.

Bodegas Bilbaínas

   Pequena parte do grupo, as Bodegas Bilbaínas produzem La Vicalanda em suas linha Reserva e Gran Reserva. O preço da safra 2009 na Espanha é de € 24,00, e na Argentina € 36,00. Paguei € 50,00 no nosso free shop. Tá pensando o quê? É somente livre de imposto, mas não de lucro-Brasil. A safra 2009 é considerada pelo Conselho Regulador de Rioja como 'muito boa'. O problema é que todas as safras, desde 1926, são consideradas como "mediana" (8), "normal" (18), "buena" (54), "muy buena" (26) e "excelente" (14). Quer dizer, afirmam que não tem vinho ruim por lá. Tá.

La Vicalanda Reserva 2009

Como muitos vinhos espanhóis, La Vicalanda é um vinho mais "direto". Ao contrário dos italianos, conforme comentado, que às vezes precisam de aeração mesmo em exemplares simples, muitos espanhóis conseguem estar prontos para consumir tão logo estejam abertos. Claro, 15 minutos para o álcool inicial sair e vinho chegar em melhor equilíbrio é fundamental para qualquer garrafa. Não pode haver dúvida de que a aeração faz bem, mas em La Vicalanda a fruta está lá, bem presente, desde a abertura.
É 100% Tempranillo, com 14% de álcool. O leitor mais experiente nota que sempre aponto "boa fruta", saindo um pouco pela tangente quanto à cor. Mas La Vicalanda é bem explícito na fruta vermelha. O tabaco (ou chocolate) está presente. A madeira é um pouco saliente, mas não compromete. Os taninos pegam um pouco. Acidez boa e corpo médio completam o perfil quase bem equilibrado. Boa permanência, final agradável. Sim, é um vinho com arestas, mas elas estão "em bom nível", porque seus pilares, sua estrutura, são bem pronunciados. Assim: se aparadas, o vinho valeria o dobro... tá, o mesmo que podemos ver no La Vicalanda Gran Reserva ou então em um La Rioja Alta Gran Reserva 904, por exemplo... Isso faz de La Vicalanda um vinho deve ser apreciado. Tem preço mais do que justo para a faixa de preço. O La Vicalanda Gran Reserva, em sua safra 2001, bebi com o Flávio em 2012. A postagem dele está aqui. Se o internauta tiver a oportunidade de experimentar qualquer um deles, seguramente não ficará arrependido. Mas precisa de um bifão para acompanhar. Como vai sobrar um pouco para amanhã... já sei... 😈

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