Thursday, February 22, 2024

Uma comparação inesperada

Introito

Dia de reunião com a Paduca, Paulão - o "Pa" da Paduca - avisa não poder participar. Os vinhos estavam por conta dele... 🙄 Corri para a adega e sem pensar pensei (sic) em promover mais uma daquelas provocações com as vítimas restantes. Às cegas, claro. Duílio chegou com o quibe - forno nele - e abrimos os vinhos. Mal experimentamos o primeiro, chega o Fernando. Ao longo do encontro fomos de um vinho ao outro, prestando atenção a cada nova taça, para nos perdermos em variados assuntos instantes depois. Carlos Basso Signature 2010, um corte 80% Malbec, 10% Cabernet Sauvignon e 10% Petit Verdot, mostrou nariz regado a boa mistura de frutas com alguma madeira, e impressionou o Duílio. Tinha sim mais complexidade, mas faltou bebedor para decifrar. Boca também rica, com bons taninos, 14,9% (!) de álcool bem integrados, pecou - como sempre - pela falta de acidez. Fica ali, de baixa a média, o que compromete um pouco o final: um tanto curto, bebeu, foi, escorrega pela garganta, sem muita persistência. Está bem no limite para ser bem degustado; não guarde por mais tempo. Aldeia de Irmãos Reserva 2019 já foi comentado no final de 22, aqui. Corte 60% Cabernet Sauvignon e 40% uma mescla não especificada de Alicante Bouschet e Castelão, aportou fruta generosa mas menos complexa, e boca algo mais ligeira do que Signature. Da outra vez fui mais generoso ao referir-me à acidez de Aldeia; nesta garrafa estava esforçando-se para sair de baixa e tender a média. Diria mesmo abaixo de Signature. Sim, é um vinho mais para ligeiro, sustentado pelo álcool (14,5%) que aliado aos taninos defende-se, para a faixa de preço. O Duílio gostou mais de Signature, o Fenando mais de Aldeia de Irmãos. No final, bem no final, Signature é superior. Ganha por meia cabeça. Vejamos onde o chão afunda.

Aldeia de Irmãos Reserva 2019 custa 7,50€, conforme pesquisa da época da primeira postagem.




Aqui, custava R$ 129,00, muito caro...

...mas quando ninguém espera...


Na bléqui ele cai para R$ 69,00... aí gostei... pena comprovar a tubaronice deslavada para onde anda caindo sua então importadora, a Chez France (atualmente o vinho não está mais em catálogo, nem como esgotado).

Carlos Basso Signature não tem pontos de venda apontados no Wine Searcher, embora exista uma sugestão de preço, a USD 60,00(!). Não encontrei o preço dele na Argentina, ofereço os valores daqui: de R$ 699,00, está na faixa dos R$ 430,00.
     


   Vamos lá: admiti, Carlos Basso Signature ganhou por uma cabeça de Aldeia de Irmãos. Mas a R$ 430,00 na 'promo' contra um adversário de R$ 70,00 também na 'promo'?! A diferença é de 6x... Fico repetindo, a cada postagem: vinho sul-americano está caro demais - o brasileiro inclusive, e principalmente. Ninguém me ouve... 😥

O bota fora da Mistral

   Comentei aqui, semana passada, sobre o bota fora da Mistral. Você comprou sem comparar preços, sem usar o Wine Searcher? Provavelmente foi mencionado na réxitégui #sifu. Olhei por cima, muito pouca coisa valia a pena. Os principais produtores não entraram, sequer com seus vinhos reba. Mistral preza seus vinhos, tá pensando o quê... mas pelas suas costas, numa galáxia distante...

 Bourgogne Blanc 2020 - JOSEPH DROUHIN - R$ 328,88 por R$ 259,99...

   


Mâcon-Villages 2020 - JOSEPH DROUHIN - R$ 290,19 por R$ 199,00.

   


   E veja... o preço do sítio da Mistral representa seu preço cheio: você compra de lá, o importador fica com 100% do 'lucro'. Nas 'promos', realizadas por outra loja, esta leva algum lucro. Ora, o lojista comum vai comprar da Mistral e recebe um desconto de 27% sobre o preço cheio. Duvido que esse lojista da 'promo' esteva trabalhando com menos de 20%. Quer dizer, o Mâcon está chegando ao lojista por uns R$ 150,00. Quanto ele custa para o consumidor lá fora?


   Meros 13 dólas, arredondando muito, R$ 70,00, a metade do suposto valor vendida para o lojista oferecer o produto na 'promo'! E olha, 2x = R$ 140,00. Admitindo um lucro mínimo de 20% para o lojista, vemos que sim, Mistral poderia vender esse vinho com margem menor de 2x, e beneficiar seus eventuais consumidores de maneira mais contundente. 

   Bem, eu não compro mais de Mistral - e outras tubaronas - principalmente em 'promo' - se não tiver cuidado nem é 'promo'. Compro de quem vende barato o ano inteiro. Se e quando sua política geral de preços mudar, mudarei de opinião, sem qualquer problema. Até lá trago Drouhins e Faiveleys de fora.

2 comments:

  1. CA,tenho que admitir fui salva para não comprar caro, dicas importantes a tempo, não cai na promo da “tubarona”! E o duvidoso, neste contexto de degustações interessantes, quando o anfitrião da “Paduca”, citar ter que escolher em sua “humilde” adega (sic), sem chance. ( sigla esclarecida no vínculo Aqui, tratada em edições anteriores) mas um detalhe para essa leitora totalmente “ignorante” e kids no universo dos vinhos!

    ReplyDelete
    Replies
    1. Olá, cara leitora. Pois é, muitas vamos 'na confiança' e o mercado - ah, o mercado... não perdoa e não tem piedade... - aproveita-se de nossa boa fé.
      As pessoas precisam aprender a beber e a comprar (vinho). Aprender a beber para escapar de produtos caros pelo preço - vinhos sul-americanos, de uns tempos para cá - e a comprar para escapar das tubaronas. Com algumas degustações e exercícios frequentes no Wine Searcher (risos), você logo deixará de ser neófita.
      Obrigado por mais esta leitura!

      Delete