Introito
A tragédia do Sul já foi propalada aos 14 ventos - quatro conhecidos e 10 podendo ser imaginários, secundários ou ainda não catalogados. Portanto não é novidade. Novidade talvez - e apenas talvez - seja esta abordagem. Compare-a com o que venderam-lhe até agora. O cidadão continua desinformado, por comodidade ou preguiça, tanto faz. Estamos na Era da Informação - ou achamos que estamos. É tolo quem não se adaptou a ela; 99% das pessoas, a bem da verdade. Eu mesmo não muito, mas tento correr atrás e tapar buracos, cobrir brechas, ser crítico... e o leitor? Continua acompanhando os dois ou três veículos nos quais acredita serem onestos (sic) a ponto de se posicionarem contra ou a favor deste regime ou do último da maneira mais descarada possível? Ah, tá... Preste atenção, então: o jornalismo é isento, ou não é jornalismo. Os mais apressados dirão Se for assim não existe jornalismo! Bingo. Se o quati-leitor só percebeu isso agora ele quem sabe tenha salvação. Voltando à inundação: A égua Caramelo (sic) foi resgatada em operação que comoveu o país. É isso mesmo: o enfrentamento às tragédias se faz em todas as frentes. A prioridade são as pessoas, claro. Mas porco, galinha, cachorro, papagaio, gato, égua, etc., toda essa gente (sic), é muito melhor que nossos governantes desde sempre e também merece nossa atenção. É quando cada voluntário dá o seu melhor, exerce sua função com desapego e nos enche de orgulho em estarmos alinhados com eles. Sempre idônea, intelectualmente honesta, desinteressada, sexy, linda e leve, nossa Presidente de Fato Primeira Dama emocionou a todos com seu próprio desempenho:
Marina Silvia, ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, aquela que julgou-se apta a concorrer à presidência quando tínhamos recursos bem superiores - Dilma, Andrada, o próprio NAP - pretende-se vítima, acusando o último boçal no trono cargo de presidente de inoperância quanto às questões climáticas. Concordo, ele entregou a pátria combalida, sem recursos - mas para gastar 94 bilhões pagando precatórios em operação no mínimo suspeita, teve cascalho, né? - então os ministérios estão à míngua. Ela seguramente encaminhou ao Congresso projetos para recuperar os estragos, e sua execução aguarda a disponibilidade de recursos. Legal, né? Mostrem-me, então, canalhas!
Assim estamos: animais em perigo, pessoas desabrigadas, vítimas fatais e alguns se portando como autênticas éguas. Vejam por exemplo - mas não só! - o número crescente de roubos à mão armada não de comida - o que já seria insustentável - mas dos poucos bens que sobraram às vítimas. O governo, seguramente, vai dar um jeito nisso. Está no Diário Oficial. Será na próxima gestão do Senhor. Você doou, tenho certeza. Tive o imenso prazer de ver - em relatório eletrônico apresentado pela entidade que ajudei - gente sendo assistida em restaurantes improvisados cuja projeção é prover 4.000 refeições por dia. Um relatório está aqui. Começa no minuto 2:35. Risível e triste no meio de tudo isso é o apelo de oportunistas para comprarmos vinhos do Sul. Ao preço que praticam? Sou extremamente solidário aos sofredores de tamanho infortúnio, mas se depender dessa ação, lamento: os gaúchos ficarão boiando no Guaíba.
Vinhos e mais vinhos
Estou muito atrasado com as postagens. Nariz não tem funcionado como esperado, e a memória menos ainda. Em alguns momentos reproduzirei a impressão dos confrades - todos eles melhores do que eu, na verdade - ou a postagem fica pela mera divulgação dos vinhos. Claro, usar o Wine Searcher e não dar mole para importadoras tubaronas é uma questão de cidadania. Ainda quando, imersos na tragédia, podemos economizar algum reais e enviá-los para quem está precisando. Não compre nenhum vinho acima de 2x em comparação com o custo lá. Tem muita oferta de bons vinhos por aí e dá pra economizar.Em um encontro com a confraria - agora batizada #é.muito.vinho (adivinhe por quem...) - assolei os colegas com uma daquelas comparações programadas e às cegas antes de provarmos um Brunellinho. O primeiro foi um Tarapacá Gran Reserva Etiqueta Azul 2021, conseguido no Chile em 'promo' por uns R$ 100,00 (aqui, R$ 250,00-350,00). Foi como carne de vaca, todo mundo reconheceu sua chilenidade (sic! rs!). A Elvira disse estar um pouco novo, o Ghidelli disse ser Cabernet Sauvignon. É um corte, 78% CS, 13% Petit Verdot, 4% Malbec e 1% Cabernet Franc. Estava sim rico em frutas e tinha mais notas. O problema é sempre a boca: acidez baixa não esconde a falta de estrutura e torna o vinho algo decepcionante. Comparado ao Quinta do Noval Syrah 2016, definido por todos como mais pronto para beber, também com muita fruta e melhor acidez, destacou-se sem esforço. Não há dúvida, sua permanência em boca é muito mais larga e ao final é mais completo e complexo. Quem já leu sobre ele ele sabe: anda em ofertas em vários lugares, na faixa de R$ 160,00-180,00, e comparado com o preço mínimo do concorrente, ganha de lavada. O Brunello di Montalcino Pianrosso 2010 - ótima safra - foi comprada em 'promo' quando o Shot Café ainda pertencia à franquia Vinho e Ponto, grande tubarona do Mercado. Com desconto de 50%, entrou na faixa 2x(!) e aí levamos. Tal valor deixou alguma margem para o Jairo, e mais recentemente perguntei-lhe: prefere ganhar 10% em uma semana ou 50% em cinco anos? Ele está revendo seus conceitos... Pianrosso, mesmo aberto uma hora antes da chegada dos convivas e servido depois dos primeiros exemplares secarem, ainda estava fechado(!), um erro de serviço deste Enochato, mas condizente com alguns comentário no Cellartracker. Encheu a boca, com ótima estrutura, grande acidez, mas o nariz permaneceu fechado para começar a revelar-se na última rodada, conforme observou D. Neusa: ficou realmente rico, esbanjando fruta e aqueles toques na direção de couro/estábulo, chocolate/café e mais. Uma pena não tê-lo aberto uma horinha mais cedo, que fosse...
Uns dias depois abri para beber no final de semana um La Cave des Hautes Côtes Beaune 2014. É um borgoinha Villages que não faz feio, do qual já degustei algumas garrafas. A Enoeventos importou bem antes da sua fase tubaronesca atual, e os vendia a R$ 220,00, talvez um pouco menos em alguma queima. Eram ótimas compras, mas esgotaram-se há tempos, sem reposição. Apesar de simples - para a Borgonha - manteve acidez acima da média, ótima, agradável, com nariz acompanhando e ambos se complementando bem. Tá vendo a diferença quando o vinho tem a 'boca' mais fraca, como o Tarapacá? Ainda tenho uma garrafa do Nuits-Saint-Georges 2016... será que alguém vai me acompanhar nessa? Deixei metade para o dia seguinte, quando de estalo perguntei se D. Neusa viria para apreciar algo de surpresa. Ela não se fez de rogada, e repetimos o bifim ao molho gorgo do dia anterior. Se não harmonizou tão bem - Borgonha pede outro pato prato - não estava ruim. Aconteceu de D. Neusa trazer uma farta variedade de entradinhas, e quase acabamos com o vinho ali mesmo. Por precaução abri um Iselis Monica di Sardegna Superiore 2019, da Argiolas, comprado junto à Enoeventos. O produtor já diz tudo - nunca bebi um vinho ruim da Argiolas - mas da cepa principal - Monica - jamais ouvira falar. A bem da verdade é um corte com pequenas quantidades de Carignano e Bovale Sardo, segundo o importador. A informação ajudou? (risos!) Nariz bastante complexo, muita fruta e outras notas - D. Neusa comentou, não guardei. A boca é ótima, rica, taninos maduros, boa acidez e álcool contido, fazendo excelente conjunto. Gostei muito dele, e o melhor foi notar o quanto está pronto. Pode ser guardado por uns três anos, sem susto, e vai continuar com a persistência larga e com o ótimo final. Um excelente vinho para seus 16,00 €, mas nos seus atuais R$ 265,00 (40,00 €) crava exatos 2.5x, e está fora da minha meta. Posso estar enganado, mas peguei em 'promo' a uns R$ 170,00. Aí estaria bom. Acima disso, lamento.
Ótimos preços, hoje!
Comentei sobre a oportunidade do consumidor comprar melhor e direcionar alguma diferença da sua economia para ajudar nossos compatriotas no Sul. Veja aqui duas dicas para comprar bem e ainda fazer sobrar algum.
A Família Scopel oferece o ótimo Chocapalha a modestíssimos R$ 78,00.
https://loja.familiascopel.com.br/vinho-tinto-seco-quinta-de-chocapalha-750ml
Já resenhei o vinho diversas vezes, e regozijava-me se o comprava a R$ 100-, que fossem 90 e tantos reais. Por R$ 78,00, ficou matador. É um vinho de 11 €. Dessa loja, comprei há algum tempo algumas garrafas do também ótimo Herdade dos Grous. Cuidado com outras ofertas. Wine Searcher sempre!A Los Vinos oferece o igualmente lusitano Mob Lote 3 a R$ 119,00, e escrevi sobre ele diversas vezes. Fiz compras melhores dele - próximo a R$ 100,00 - mas continua sendo boa ocasião para adquirir um vinho de 10,00-11,00 € por menos de 2x.
https://losvinos.com.br/produto/m-o-b-lote-3-tinto/
Nunca comprei dessa loja, então o consumidor deve fazer o dever de casa e procurar a avaliação dela em sítios como Reclame Aqui ou similares. Ambos são vendidos a preços próximos a R$ 170,00(!), o que dá o sempre tubaronesco 3x. Obviamente a oferta do Chocapalha está bem melhor, mas para quem gosta da força do Dão proveniente de maceração mais prolongada de seus vinhos, tem em MOB Lote 3 uma ótima oportunidade para reencontrar - ou conhecer - essa expressão. Poupou um pouco? Já sabe...
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