Wednesday, August 20, 2025

Maluca enxertada

Introito




Compreender ciência & tecnologia é de suma importância para não sermos enganados por boatos. A IA de hoje em dia até pode ser A(rtificial), mas sem dúvida está longe de ser I(nteligência). A pergunta descuidada, "Qual o maior ministro da educação do brasil?" feita direto no Google recebe por resposta que Andrada é frequentemente citado como um dos mais notáveis devido... às políticas implementadas, como o Programa Universidade para Todos e o aumento do acesso à educação superior. Quem é minimamente informado sabe: o Brasil caiu nos testes internacionais do PISA nos anos subsequentes ao início de sua administração, e a sequência negativa adentrou o governo posterior pela obviedade de que os alunos já haviam ingressado no sistema de ensino e ao sair dele, na presidência seguinte, já tinham sua formação comprometida. Isso é tanto verdade que o governo de Ali Lulá gozou de uma variação positiva no primeiro teste sob sua gestão, com alunos advindos das políticas implementadas por seu predecessor. O problema, então, é que a realidade contradiz a resposta(!) da IA, pois o resultado das tais políticas mostrou-se pífio como assegura o teste internacional onde a possibilidade de fraude está absolutamente afastada. Aliás, o desempenho vergonhoso dos nossos discentes jamais foi contestado, e isso legitima o exame. Tem um caboclo com opinião diametralmente oposta à percepção da IA. Ouça, tem 25 segundos e joga luz na questão.


   O sujeito é vereador em Natal, onde nasceu e passou grande parte de sua vida. Tem propriedade para falar, pois sua comunicação direta e objetiva sugere algum estudo e a estatística do PISA está divulgada neste espaço, aqui, onde o leitor encontrará vínculos para três outras abordagens. Torna-se evidente: alguém está profundamente errado, e não me parece ser o edil. Pergunto para os PTlhos: é nesse projeto de país em que você vem votando ao longo das últimas duas décadas e meia? Eu parei de apoiá-lo, e nem foi na metade do caminho, que não sou tão estúpido assim. Qual é, mesmo, o projeto de país pretendido por essa turma? Faustino acertou na mosca, para qualquer um com mínima percepção do óbvio, que melhorar a educação pode até estar no verbo, mas não no ato da esquerda. E isso não é crime de lesa-pátria, é traição. Dizer que Bolsonéscio nada fez - basta ver o currículo e seus sucessivos sinistros - não lhe alivia a culpa. É questão para outro julgamento.

Maluca enxertada

Don Flavitxo comprara 1,5 kg de queijos da Capim Canstra, para não negar suas origens. Desesperado - eram queijos artesanais e deveriam ser consumidos rapidamente - sugeriu uma reunião com as Malucas, e talvez incluir algum reforço. Imaginamos que Don Ghidellito e sua digníssima esposa não se furtariam ao desafio. Bingo. E o mineiro ainda ofereceu um vinho branco, pedindo-me a escolha a partir de um rol com cinco possibilidades. Preferi a abstenção: eram vinhões, tinha até um Capellanía na lista. Esse espanholeto valorizou-se muito de alguns anos para cá, e disparou mais recentemente. O encontro prometia... Acertado o dia, os confrades posaram sorridentes para a foto. Flavitxo trouxe seu escolhido às cegas e serviu um dedo a título de abertura dos trabalhos, esperando participação dos demais na avaliação. Na hora tive o déjà vu amparado - não apenas! - na lembrança do Antonio Madeira branco, provado há não muito tempo. As Malucas - Mário incluído - não arriscaram um palpite mais firme, baseados em suas memórias olfativa/gustativa. Mas perceberam estar diante de um bom vinho. Márcia, Ghidelli e eu fomos direto em português. A Márcia, inclusive, disse lembrar um Cartuxa branco provado em certa situação. Danadinha...

Mais que danadinha...

O branquinho nojento de Don Flavitxo era um Pêra-Manca 2019, produzido pela Fundação Eugênio Almeida, casa do igualmente muito conhecido... Cartuxa! Marcinha foi direto ao ponto... Mário perguntou se tinha um pouco de mineralidade. Tinha, concordou o Flávio. Corte Antão Vaz e Arinto, creio ter vindo daí minha percepção para a procedência: os Tapada do Chaves também levam boas quantidades de ambas, e tive a felicidade de degustar algumas garrafas do Reserva e do Vinhas Velhas. Pêra-Manca tinha nariz com toques bem cítricos e mais complexidade, boca com acidez média e limão repetindo a sugestão do olfato. Tem muito mais sabores para serem desvendados no palato; faltou melhor apreciador. Ótimo volume de boca, boa persistência, não consegui sentir se teria potencial para envelhecer uma década, algo que sobra a um Tapada Vinhas Velhas - aliás, produzido pela mesma Fundação Eugênio Almeida... O preço de ambos é similar, e algo proibitivo: estão na faixa de R$ 1.000,00, embora apareçam aqui e ali ofertas na casa dos R$ 750,00. É um vinho dos seus USD 70,00 em Portugal, então o valor da 'promo' não está ruim.

   Abrindo os tintos, apresentei o Amarone Corte Brá 2008, da casa Sartori di Verona. Produzido com as tradicionais cepas Corvina, Rondinella e Molinara, mostrou buquê rico, mas a maior surpresa ficou para o final, enquanto a Márcia mantinha um tantinho de cada vinho em suas taças - usou até a de sobremesa, para desespero da anfitriã Luciana. Muita fruta madura, especiaria e chocolate/café, este último dueto curiosamente estava expressando muita força na taça dela ao final do encontro. Boca rica, também volumosa, harmonizou bem com um dos queijos - um mais pegado, não lembro-me exatamente qual. Seu preço médio lá fora está em uns USD 50,00, e a versão 'colheita' parece ter dado lugar à Riserva de alguns anos para cá. Se procurar, encontra o 'colheira' por R$ 350,00, o que pode ser classificado ótima compra. O Viña Tondonia Reserva 2010 chegou arrancando suspiros com seu nariz pegado, generosamente frutado - põe fruta nisso... - e algo tostado; boca com bela acidez e volume, um toquinho doce e álcool bem discreto, com pouca madeira, um conjunto muito harmônico que casou muito bem com o Jámon Serrano oferecido pela Luciana. Já provei diversos vinhos do produtor, e nenhum decepciona, pelo contrário: é sempre uma caixinha de surpresas, principalmente pela elegância nunca sobrepujada pela potência e que às vezes contrasta com outros Riojas mais encorpados. A importadora tubarona oficial vende-o a R$ 830,00 - custa uns USD 50,00 lá fora - mas às vezes aparece em mídias sociais por R$ 400,00, e aí fica bom. Esse exemplar foi comprado nessa condição, e o destaque em amarelo no contrarrótulo aponta a casa comercial. Onde estão aqueles canalhas que defendem o preço cheio praticado por elas? Puxa-sacos de plantão, seguramente desfrutam desses generosos descontos desde sempre ao custo de portarem-se como vendilhões do templo de Baco, propagandeando como arautos do capiroto a política rapineira de seus patrões. O leitor não localiza essas páginas nas mídias? Algumas vão e voltam, precisa ficar atento. E cuidado com o descaminho, que (sic) tem muito. Estou fora, sempre pergunto para o vendedor quem é o importador do produto. Havendo, compro.

   O Pintas Character 2021 chegou nervoso. Fruta meio dura, álcool um pouco aparente, taninos pegados, algo herbáceo... acidez média, preenche a boca mas o conjunto não agradou tanto. Foi o que mais sobrou dentre todos - o Amarone secou - e no dia seguinte, depois de dormir na geladeira e ser retirado meia hora antes do consumo, estava explodindo em frutas; o buquê encontrou o paladar e formaram uma aliança sublime, completa, esbanjando graça. Definitivamente, como está (safra 2021) precisa de (muita) aeração para mostrar ao que vem. Recordo-me de outro vinho assim, o Numanthia: não adianta deixá-lo envelhecer e achar que tudo se resolve com uma decantação de poucas horas; é um vinho para o dia seguinte. E meras 12 horas não bastam, são necessárias 24. Nagibin, que provou de uma garrafa com 20 anos e aerada por apenas 12 horas, não me deixará mentir sozinho (risos!). Veja o vínculo e comprove. Por sobremesa tivemos um Porto, mas... ninguém fotografou! Sei que teve bão... era o quê, mesmo? Um Dona Antónia 10 anos? 😋 Espero que tenha outra prova, em algum momento... Luciana?

2 comments:

  1. CA noite repleta de glamour preparada pela anfitriã , uma junção de queijos deliciosos, ficaram perfeitos com as geleias e embutidos espanhóis, regalias da mesa “farta” com frutas e balsâmico 20 anos, ualll! A altura dos excelentes vinhos e mesa cheia de boas companhias! “TV Bão”

    ReplyDelete
    Replies
    1. Olá... obrigado pela leitura. Sim, o 'aceto balsamico' estava maravilhoso, faltou falar dele também... No mais, uma ótima confraternização com pessoas maravilhosas.
      Até a próxima

      Delete