Tuesday, September 23, 2025

Maluca na traição: 1

Introito

Teve uma manifestação hoje, quando começo a escrever a postagem. Não estava sabendo - a informação dessa insignificância chegou-me via Chile, na observação do Nagibin, o bom Palestino. A esquerdalha perdeu completamente os pudores e receios, tomando as ruas com a altivez dos canalhas. Isso foi pavimentado em paralelepípedos dourados pelo bolsonéscio filho fugido para os EUA, cujas medonhamente estúpidas estratégias só fazem melhorar a imagem de Nosso Amado Presidente - NAP. PTlhos sisquecem de diversos parlamentares seus votando a favor a medida, para assegurar a aprovação. Esses irrefutáveis traidores passaram ilesos ao julgamento da malta. Encerrada a votação da medida, idiotas de primeiro escalão tentaram justificar suas escolhas de diferentes maneiras. Um pretendeu mesmo voltar atrás da decisão, recorrendo a algum Supremo para alterar sua deliberação inicial. Kim Kataguiri comentou sua decisão caso fosse juiz da corte: "Indefiro, pois o impetrante alega ter sido coagido por sua própria mão a votar sim no projeto..." (risos!) Outra apareceu dizendo ter recebido telefonemas de colegas ameaçando-a(!) com retaliações caso não mudasse seu voto no segundo turno. Não sei do leitor, mas a covardia em quem eventualmente escolhi como representante (não foi o caso) é imperdoável! Quis ir lá defender uma causa? Vai defender até o fim, ou morrer tentando! A desonra e o esquecimento são o destino do covarde! E não parou em desculpas tão esfarrapadas. Veja mais aqui e cubra-se da mais pegajosa vergonha alheia.

   As recentes manifestações de PTlhos e bolsonéscios são pretendidas grandes por seus respectivos defensores. Ora, vejo-as claramente minúsculas quando comparadas às de 10 ou 12 anos atrás! Sobrou um restolho de otários cuja representatividade limita-se a grupelhos ideológicos de quinta categoria, e de maneira alguma representam o povo brasileiro. Existe pesquisa direta demonstrando isso, e foi registrado aqui: boa parte das pessoas de bem da esquerda repudiam NAP e seus sequazes, e número similar de eleitores de direita rejeitam Bolsonéscio e bolsonéscios em geral. O símbolo dessa insânia toma corpo na voz de um homem caquético que perdeu a oportunidade de (mais uma vez) calar-se. Ele saiu-se assim: A PEC da bandidagem - que é o que é - tem que receber da sociedade brasileira uma resposta socialmente saudável... uma manifestação de que grande parte da população brasileira não admite um negócio desses. Esse mesmo sujeito disse isto:


   Os bilhões da Petrobrás são nada, comparados a esse projeto... Não conheço exemplo de confissão  mais explícita sobre algum evento... Foi nesse tipo de governo em que você votou? Por longo, faço uma pausa, mas o assunto não se esgota. Terá mais.

Traições: 1

A cada troca de fotos pós-reunião da Maluca, a Luciana, em trânsito, envia reclamações iradas no grupo de Uátizzápi. Traidores! tem sido a palavra mais frequente. Se é assim 😈, façamos com gosto... 😱 Nunca é demais repetir: a Maluca é uma confraria que deu muito certo. Surpreende por serem pessoas unidas pelo mesmo interesse, participando dos eventos Vinho e Turismo organizados pelo Shot Café e pela Caminhos do Turismo, cujas afinidades foram convergindo rapidamente. Hoje a falta de algum confrade é sentida por todos... 😜 mas não deixamos de comemorar a alegria de viver quando alguém está distante! Nessa  reunião aproveitei para uma experiência; chegarei a ela. A Liu compareceu com um Champagne Brut Blanc de Blancs, o Elegance, da Peterlongo. Existe uma estória acerca da permissão por escrito que o produtor recebeu, no início do século passado, de algum consórcio francês autorizando o uso do nome Champagne em uma categoria de seus vinhos. Some-se a isso uma lembrança afetiva dela para com a marca, e por liberdade poética justificamos sua compra de um lote de produtos até sem olhar o valor; o coração não se incomoda com certos detalhes. Já este Enochato... Elegance mostra perfuminho à cítrico e ligeiras notas de pão/fermento, e pode ter bom efeito inicial, principalmente se o provador estiver vendado. À vista, as borbulhas são grossas/grosseiras; não enchem a boca à menor quantidade degustada, mas não a poupam de algum desconforto estufatório (sic! rs!). Logo na primeira prova comentei algo como "Posso dizer algo que esta Champagne não tem",  enfatizando bem o 'não', e a Liu foi a primeira a responder, na sequência do vácuo: "Acidez..." Não tinha mesmo. Nenhuma. Isso limita seu frescor e impacto, tornando o produto muito desbalanceado, rápido em boca, sem graça. As bolhas estavam lá, não há de se falar em produto passado ou algo assim. Portanto é fraco mesmo, e ao custo de R$ 230,00, segundo o Google - esgotou(!) no sítio da empresa e existem ofertas entre R$ 199,00 e R$ 280,00 na internet. Há alguns dias compramos uma Xampa de verdade (Pommery) por R$ 310,00. Pense o que quiser...

Como entrada tivemos uma 'saladinha' com camarão e mais alguns elementos diferentes preparada pela Liu: deliça! 😋 (rs! sic!). A Débora sacou seu Drouhin Mâcon-Villages 2022, vinho reba de produtor top (rs), opção, segundo este Enochato, sempre preferível ao vinho top de produtor reba... nariz com cítrico óbvio representado por frutas brancas algo discretas, sem tanta força. Melhor em boca, com acidez 'média-menos', mas ainda assim bom corpo e persistência. Sem tanta complexidade, fica fácil de beber e 'entender'; casou bem com o camarão. O preço entra em jogo com força... ofertado por notória importadora tubarona a mórbidos R$ 375,00, apareceu em liquidação nesses distribuidores de redes sociais pela bagatela de R$ 199,00. É um vinho de 20 dólas lá fora, e seu valor de 'promo' fica um pouco inferior a 2x! Existem muitas ofertas mais atraentes a R$ 375,00, mas a R$ 199,00 ele torna-se matador. Nosso mercado é complexo... Mantenho a foto do contrarrótulo se algum detrator tentar provocar sugerindo ser contrabando...

   Depois de aerar por mais de quatro horas antes de ser resfriado - essa foi a proposta -, o Korem 2015 da Argiolas chegou com tudo: parrudo, nota primária de (muita) especiaria, madeira e toques à chocolate/café com mais complexidade. Boa acidez, taninos bem presentes, álcool à 14,5% sem incomodar, apenas parte da estrutura da bebida, integrado, denunciando aos ventos um vinho em seu esplendor e com possibilidade de permanecer nesse estágio por mais uns bons anos. Mas está pronto e ótimo para beber, com esse serviço. O produtor é consagrado, nunca bebi um rebento de suas adegas que decepcionasse. Antigamente importado por alguma tubarona, chegou a custar USD 120,00, contra USD 30,00, à época. Hoje custa um pouco mais (USD 35,00), e por aqui anda a R$ 480,00 na Enoeventos, a preço cheio. Quando o proprietário escolheu não vender-me uma caixa (12 garrafas) a preço de Enoclube, à vista, fui procurar outras alternativas no mercado. Claro, as encontrei. Não parece-me inteligente perder uma venda à vista de 12 unidades com um desconto praticado para 'assinantes' que são contemplados com abatimento similar comprando uma única garrafa, mas cada empresário cuida de seu negócio como bem entende. Desde então recheei a adega com diversos Novais quando poderia ter escolhido Crus Bourgeois, Capellanes ou Barons de Ley, cujos preços eram atraentes à época. Não sei agora. Wine Searcher para preservar a saúde de sua carteira! Não podemos ter de tudo... e escolher com sabedoria, tanto vinho quando candidatos a cargos eletivos, é-nos sempre uma prática salutar. Quem a pratica, soa-me inteligente. Mas como já repetido aqui milhares de vezes, o brasileiro contenta-se com lavagem no café da manhã, porcaria no almoço e estrume à noite. Sem aparente interesse em melhorar. Saúde para quem escolhe bem!

O Drouhin Mâcon-Villages 2022


Na oferta, a R$ 199,00. Lembre-se: 20 dólas lá fora.


Lá fora. USD 'quase 17,00' + 1,7 de impostos, encosta em 20 dólas. Achou que eu estava mentindo, né carcará... Sabi di nada, inocente...


Aqui, a preço cheio, como para tirar uma dos idiotas/inocentes. Uma indecência completa.


Um brinde às amizades!

Tuesday, September 16, 2025

Uma Paducada perdida no níver do confrade Duílio

Introito

A certa idade, os próvidos se permitem alguns prazeres. Outros, apenas a idiotia.
Oenochato

Um agente da lei jurado de morte foi assassinado hoje, na Praia Grande. O delegado Ruy Ferraz tombou na luta contra o crime organizado. Você, PTlho idiota, saiba que sua residência está menos segura. O governo federal, em quem você votou, negou-lhe uma nota qualquer até as 20:30 desta terça-feira. A esta hora, um comentário já será considerado oportunismo e o silêncio soará ao descaso. Vacilos dessa monta não podem ser permitidos. Nem tolerados. Aliás, o partido que tinha um diálogo cabuloso com a mesma facção criminosa que vitimou o delegado aceita seus ministros submetendo-se às leis do tráfico, adentrando favelas onde a polícia só vai de Caveirão sob segurança mínima e sem roupas de combate(!) como colete a prova de balas ou capacete. Para mim, um Ministro é a personificação do Estado: deve proteger e fazer cumprir a Constituição, deve combater o crime (em suas diversas formas, como corrupção) e deve ser fiel para com a coisa pública. No tocante ao combate às transgressões, espera-se a luta resoluta. Ou que morra lutando - se pensar em fugir da batalha, não tem predicados morais para tornar-se Ministro; continue em vida mundana e se esqueça de servir à Pátria, que é tarefa para gente de fibra e onde dispensam-se pulhas. Voltemos ao assunto principal. A vítima normalmente usava carro blindado, mas então dia dirigia um veículo comum. E justamente nesse momento seus algozes resolvem emboscá-lo? São pelo menos duas falhas: uma de segurança, pois ele nunca poderia deixar de usar uma condução protegida. Outra, de inteligência: como é possível uma informação dessas chegar aos bandidos sem a devida interceptação? Estamos presenciando criminosos sendo soltos mesmo após 20 detenções - ou mais. Apenas para ficar nesse tipo de problema. Um governo sério já teria tomado medidas contra esse disparate. Mas o atual comando foi justamente quem patrocinou as bases legais para esse desplante ocorrer, portanto a conivência do Estado com essa situação absurda não pode mais ser ignorada. Pergunto novamente, PTlho otário: você votou na atual administração? Em 2001 eu tinha votado em outra bem diferente daquele cuja história começou em 2002 já com o escândalo do Waldomiro Diniz. Continuo sendo de esquerda, mas patetas mancomunados ao que há de pior não mudarão minha percepção ideológica, nem levarão meu voto.

Umas Paducadas por aí...

Esta vem bem atrasada. Logo quando fundamos a Paduca, o Duílio começou a se ligar com mais atenção em vinhos um pouco melhores. Tanto é que acompanhou-me na compra em ótima oferta de um Faustino I Gran Reserva 2009. O tempo passou, e em seu aniversário - junho passado - ele nos presentou com uma prova às cegas. Chegaremos lá. Em ocasiões especiais, brincadeiras especiais: levei dois espumantes às cegas, e servi primeiro o Cordon Negro da Freixenet. Tem sido nossa carne de vaca para alguns momentos um pouco mais formais, e não decepciona: fresco, leve, aquele toque de fermento no nariz e acidez combinando com o conjunto da obra. O divertido foi olhar as sobrancelhas dos confrades elevando-se em surpresa e os sorrisos se abrindo de satisfação. Carlos Andrééééé... isso é diferente..., teria dito o anfitrião. É uma Champanhe de buquê clássico: cítrico e notas de pão na frente, seguido de frutas brancas. Acidez média, ótima permanência em boca, comparada com a Cava - mas convenhamos, custa 5 ou 6 vezes mais, tem obrigação. Chegou-nos em oferta a R$ 310,00, custando no mínimo R$ 450,00 por aí. Nesse valor é uma boa compra. Por R$ 450,00, esperaria uma 'promo' da Philipponnat mais reba, a uns R$ 500,00. Tinha também um Marquês de Tomares Crianza 2014, já degustado. Entrega fruta e mais toques; não faz feio e o corpo médio ajuda a combinar com embutidos menos pegados como um lombinho, e é fácil de beber. A postagem anterior faz-lhe jus quanto à qualidade e preço. Vi hoje no Mercado Livre a R$ 116,00. Se encontrar o Chocapalha a preço similar, ainda acho mais vinho. Mas ele deu uma sumida... Então o Duílio, às cegas e fazendo cara de paisagem, serviu a primeira taça de seu campeão cuja aeração mostrou-se bastante benéfica antes de ir para o balde resfriar. Hum... como estava bom... Tirando um 2001 oferecido pelo Dr. Marcão (rs) há muito tempo, foi o melhor Faustino I que já bebi. Sabidamente longevo, está ótimo para degustação: o buquê permanece rico, frutado e com mais notas à chocolate/café/tostado (quais?), taninos domados, elegantes, boa acidez e final. Sei ter algumas garrafas dele, talvez uma da ótima safra 2005, e outra da 2009. Devem estar, nas palavras de Don Flavitxo, um mel... Estes dias apareceu uma 'promo' (não lembro a safra - '14?) a R$ 250,00. Seu preço normal, se procurar bem, começa em R$ 300,00. É um vinho dos seus USD 25,00, nos EUA. Cuidado ao sair comprando, pois pedem até R$ 400,00 por uma garrafa, tubaronice desenfreada. Ao final fiquei admirado com o coelho tirado da cartola pelo Duílio. Ele disse ter aberto pensando em deixar-me espantado. Conseguiu, com louvor.

Monday, September 15, 2025

Uma postagem de emergência

Introito: uma grave distensão social

Charlie Kirk, ativista de direita, foi assassinado nos EUA no último dia 11. Inicialmente supôs-se alguém de esquerda, e a direita brasileira foi rápida - até demais - em declarar encerrado o diálogo com ela. As suspeitas recaem agora sobre um rapaz de direta, que acusava Charlie de extrema direita (sic!). Charlie Kirk era um jovem de 31 anos, conservador e cristão. Portanto, sem nenhuma combinação comigo, nessa primeira visada. Já o vira debatendo muitos anos atrás. Vivaz, eloquente, duro e direto mas nunca desrespeitoso: o adversário que valoriza qualquer evento onde valham a troca de ideias e a honestidade intelectual. Acompanhei pouco sua trajetória, porque provavelmente alguém trazia esquerdopatas retardados para debater com ele, tornando o massacre previsível. Não é possível que a esquerda norte-americana seja tão descerebrada. Bem, a nossa não é tão melhor. Mas lá tem Ha-Ha-Harvard, e outras... voltemos ao Charlie. Seus defensores diziam-no absolutamente contrário a qualquer forma de violência - eu também, até quando sentir-me sob ameaça. É fácil tirar essa dúvida sobre ele: se alguém me enviar um vídeo do canal dele promovendo ódio, eu vou assistir e manifestar aqui. Outras fontes - possíveis edições - não serão aceitas. Charlie Kirk foi assassinado enquanto buscava o diálogo - é impossível contrariar isso, ele estava 'lá' justamento para promovê-lo! Foi um ato baixo, e é-me difícil imaginar como alguém possa descer tanto vibrando com esse fato. #soquenao. Tranqueiras humans fizeram exatamente isso. O vídeo é um pouco longo (2 minutos) mas deve ser assistido; tem por bônus, além de uma declaração nojenta, uma resposta a altura. Creio que a fonte dispense os créditos. Quem não o conhece - é um estúpido, mas não vem ao caso - , saberá dele em breve.


   Como é isso? Alguém rindo e comemorando o assassinato de quem, até o momento, nada desabona senão ter ideias dissonantes das de outros, minhas inclusive? Não é o que meus valores morais ditam. Repito: não tinha qualquer combinação com Charlie Kirk; na primeira visada tínhamos ideias opostas. Mas alguém comemorar sua morte só seria justificável - embora nunca aceitável - se o caboclo pertencesse à facção cuja missão fosse sua execução. Fora isso, trata-se de vileza em seu estado mais puro e acabado, intolerável, ato digno de mais definitiva reprovação. Registre-se: eu seguia o cidadão no Youtube há muito tempo. Seus comentários sobre Santos Dumont soaram como uma afronta à historiografia mais básica, mesmo para um alienígena na área como eu, e tive certeza de que ele mudara sua alimentação para bosta, com os devidos efeitos deletérios em sua percepção. Decididamente, não estava errado em abandoná-lo. Por comentário final, vai uma para os bolsonéscios-raízes. Os mais próximos a mim nada disseram a respeito da monstruosidade. Não surpreende: estúpidos defensores de personalidades teriam de ficar alheios a esse fato, pois eles não discutem ideias. É clichê, mas é o que tenho por encerramento: vamos de mal a pior.

PS: perdi o crédito da imagem de abertura. Sei que o autor me perdoará.

A Paduca correndo por fora

Nesse meio tempo a Paduca realizou várias reuniões. Venho iniciando meus discípulos em branquinhos nojentos, e eles estão apreciando as experiências. Essa não foi a primeira, preciso até recuperar a anterior. E dá uma ideia de como as postagens estão atrasadas: Deux Roches Saint-Véran 2023 foi degustado inclusive com as Malucas, e volto nesse ponto ao longo do texto. Saint-Verán é uma região simples na Borgonha: sequer tem algum vinhedo Premier Cru. Seus vinhos são frescos, frutados e invariavelmente chegam prontos para serem desfrutados. E este 2023 não é exceção: pense em um vinho simples mas sem arestas. Por branco, cítrico esperado - estava lá! -, em boca mineralidade discreta como um bônus, gracioso com a ausência da madeira (ela não comprometa a graça, efetivamente), com notas de frutas brancas, acidez combinando com a estrutura até algo modesta, complementando-a bem. Esse é o retrato de Deux Roches, um vinho descompromissado mas alegre como diria o Akira, bom para uma entrada com queijos leves. Não tem grande final ou permanência - mas queria o quê, para um borgoinha que deve valer uns USD 12,00, algo assim? Comprei a R$ 130,00; o leitor tem alternativa de Borgonha para me indicar, nesse valor? Vi outro dia uma 'promo' de Saint-Véran a R$ 180,00, na safra 2018. Para mim está passada - são vinhos de consumo rápido! Enviei a oferta de Deux Roches para as Malucas, explicando o que se podia esperar de um Saint-Véran. Acostumadas com Chablis, elas passaram, de nariz empinado. Experimentamos em algum momento e perguntaram-me se eu tinha alguma garrafa sobrando. Como é? Nuts!


   Carcarás! Depois que me f#d! pra pagar? Agora é meu! 😆 Já não estou seguro se na segunda compra ofereci novamente a oportunidade para as  Malucas... mas suspeito não deixaram passar não senhor. Ah, bom... Aprenderam? 😒

   O tinto foi uma armadilha artimanhosamente (rs) preparada para os Paduquentos. Fez parte de uns vinhos menos ruins (Meandro do Vale Meão e Braccale) ofertados em kit especial a R$ 499,00, e os convenci a comprar. Na primeira taça, ergueram as sobrancelhas em espanto e regozijo. Na segunda, olharam em direção ao firmamento - mesmo com dois pisos de concreto sobre suas cabeças. Na terceira, miraram ostensivamente este Enochato a vos escrever, e visivelmente seguraram imprecações. Essa foi a trajetória do blend Alma Negra 2022 em suas bocas: para mim enjoativo em primeiro momento, a eles agradou na primeira abordagem mas não foi muito longe; eles logo enjoaram e se enojaram com a sua composição: dulçor excessivo sem a devida acidez para compensar, baunilha escorrendo pelas bordas da taça e sobrepujando outras notas. Boca num doce desequilibrado comprometendo toda a estrutura, facilmente perceptível para quem está um pouco acostumado com vinho, mas possivelmente na crista da onda para tudo quanto é boca torta, tudo o que é nego torto, errantes, cegos, retirantes... se me entendem... Essa porcaria de produto é como descrevo, jornalisticamente, Alma Negra. Algum picareta deu-lhe 93 pontos quando não deveria ter ido além de 39, e os Paduquentos perceberam isso rapidinho; não se fizeram de rogados em socar-lhe as devidas críticas sob a recomendação de eu nunca mais pegar qualquer oferta onde ele entrasse. Com desconto, saiu a uns R$ 166,00 - o Capiroto quase vibrou (faltaram outros 500 - risos!), batendo nervoso na mesa ao notar o fracasso em captar para seus domínios almas honestas de bom coração como os Paduquentos. Mesmo com preço majorado, encontra-se o bom Chocapalha a uns R$ 125,00 e para quem está jogando fora R$ 150,00, o Ferraton Cotês Du Rhone Villages Plan de Dieu está aí por R$ 180,00, basta Googar. Detalhe: o preço cheio dessa ofensa engarrafada chega aos escorchantes R$ 215,19 - se levar uma versão impressa desta resenha na loja garanto que deixam por R$ 215,00. Azazel - o do Asimov - em meu ombro sugere que sairia de graça. Quem leu alguns dos contos do Grande Mestre sabe que a estória pode acabar bem mal...


   Se for para comprar no preço cheio, Googa "Ferraton Crozes Hermitage", e encontre o La Matinière por R$ 260,00, mas se prestar atenção em algum Empório tem a R$ 199,00. Não dá! Alma Negra é ótimo produto para bolsonéscios e PTlhos mais abonados, pois se soubessem escolher alguma coisa - vinho, no caso - acabariam em ofertas melhores e deixariam-me na berlinda sem muitas opções. Também vai uma provocação aos detratores do blog - por onde andarão? Não que façam falta... mas ficam aí a defender o preço cheio das importadoras tubaronas com argumentos obtusos, enquanto, na porta dos fundos, a mercadoria é desovada com 30% de desconto. Fazendo a conta, significa que vem de 3x para 2x... Não podem sugerir contrabando - como tiveram o desplante de fazê-lo um dia. Mais cuidadoso, agora registro a procedência e provoco: como é mesmo que tentam justificar tanta diferença entre o preço 'lá' e o preço 'cá'? Uma parte está em seus bolsos(néscios) de alguma maneira, diretamente como grana em caixa ou indiretamente com descontos mais generosos ainda. Espero que seja como desconto, e em vinhos como este.


Sunday, September 14, 2025

Reunião no 7 de Setembro, e mais

Introito

Nosso Amado Presidente - NAP - é tido por seus detratores como o maior bandido deste país, e o maior corrupto do mundo em todos os tempos. Em alguma realidade paralela eu não sei se eles estão errados na primeira parte, e quanto a quem foi o maior gatuno da história, se pegar os desfalques do Círculo Interno de Hitler (Himmler, Goebbels e Göring) e atualizar o montante para hoje, há uma ligeira chance de fazerem sombra a qualquer um. Note: uma ligeira change. Seja por desvios para fins pessoais ou suborno de altos oficiais  nazistas (olhalá as raízes da compra de votos de partidários), rolou muita grana por fora. O documentário da imagem ao lado não aborda a malversação do dinheiro do contribuinte alemão, mas dá uma ideia de quem foram os atores das malandragens. Hoje e aqui, o 7 de Setembro, data quando eu menino aprendia sobre cidadania como a promoção de valores cívicos, vem-se tornando mais e mais uma manifestação política. O civismo nos foi roubado por pulhas em camisetas de diversas cores, acusando-se mutuamente de traidores da Pátria. Se encontramos alguma diferença entre eles, consiste no fato de Bolsonéscio sê-lo há menos tempo, mas convenhamos: inexiste qualquer mérito nisso. O ex-Presidente tirou-nos de uma fase de regozijo - corruptos presos, julgamentos em curso e investigações tirando o sono da raposas do sistema - para uma sequência de patifarias institucionais incluindo o desmonte da Lava-Jato e aprovação de leis para tornar mais complexas quaisquer operações contra fraudes e estripulias para com o erário. O que começou com júbilo terminou em sua melancólica condenação no dia 11 de Setembro último. Por mais mambembe que tenha sido o teatro de sua condenação segundo seus defensores, o resultado líquido é positivo: Bolsonéscio atrás das grades estará onde merece, pagando agora pelos crimes até ser julgado novamente por um tribunal algo isento (como se isso fosse uma solução possível; claramente falamos de um delírio criativo). Não é o melhor exemplo de democracia, mas é a democracia possível tem tempos tão conturbados. O fato de na reunião termos abordado um pouco de política e nada sobre a Pátria reflete o quanto estamos contaminados pelo entorno polarizado de parte da sociedade. Uma pena.

As Malucas no 7 de Setembro

Alijados da companhia da Luciana, as Mulacas reuniram-se em minha humilde choupana e a Liu chegou com seu branquinho da Alsácia, o Wolfberger Riesling 2022, delicado, agradavelmente floral, alguém falou em mineralidade, e tinha. Por conhecer a assinatura da Riesling na Alsácia, fui procurar, e estava lá: para mim vem à óleo Singer. Não qualquer óleo, mas aquele de máquina de costura que nossas mães usavam nos anos sessenta, setenta: Singer. As meninas refletiram e saiu um Agora que você falou... e um Mas não é óleo Singer, é aquele de isqueiro... 🤨 para mim era o Singer, e pronto... a boca também refletia um pouco de fruta branca, a acidez estava elegante, pronunciada, marcando as papilas por um bom tempo. Um vinho bastante honesto, e uma pesquisa rápida indica estar disponível ao custo de R$ 150,00. Importado pela Domazzi, que muitas vezes tem grupos supermercadistas como vendedores finais, possivelmente tenha margens um pouco mais apertadas. Na faixa proposta, é bastante digno. 

O tinto para acompanhar a pizza foi o Donna Maria Cabernet Sauvignon 2016, servido inicialmente às cegas. Foi divertido, o pessoal ficou inicialmente perdido, refugiando-se no perigoso argumento de O Carlos não serviria isso... Foi apreciado por todos os confrades, e não fez feio na harmonização com pizza. Buquê com fruta misturada a toques de especiaria, e na boca repetia o olfato do pimentão típico de vários chilenos, mas sem desarmonizar. Alguém comentou compota também; a madeira estava lá, discreta, e tinha mais detalhes, mas a dificuldade geral foi fazer a conexão. Agradou e as meninas perguntaram onde tinha, desejosas de eventualmente adquirir alguma garrafa. Antes fácil de encontrar no Chile, não vi outras garrafas nos últimos anos. Também não é encontrado em nosso mercado com facilidade, mas aparece em alguma busca do Google, embora sem mostrar o preço. Se mudou de importador, há chance de estar a preço mais razoável; anteriormente estava em uma grande tubarona e Don Flavitxo reclamava de ser muito caro. Acima de R$ 150,00 o bebedor pode encontrar algum Noval Syrah sobrando por aí por alguns reais a mais, e a competição fica desproporcional a ponto de não valer o investimento. Volta e meia existem opções de espanhóis, como o Ramón Bilbao Edicíon Limitada a R$ 170,00, ou o australiano Peter Lehmann The Barossan Syraz 2021 a R$ 180,00, e a competição fica difícil para o que se pedi por chilenos na maior parte das vezes. Se encontrar por R$ 90,00, vá com fé (só não acredito se será o caso).

Novamente a Maluca

Mesmo com baixo quórum a Maluca reuniu-se novamente no dia 12. Com a Liu e o Mário, e o restaurante Barone como fundo, resolvi realinhar meu quociente de vinhobão no sangue então perigosamente baixo. Enquanto o Ramón Bilbao Edición Limitada 2020 do Mário era servido em quantidade mínima para início dos trabalhos, o meu vinho resfriava um pouco mais. Com a temperatura mais equilibrada, pudemos aproveitar melhor deles. A segunda rodada do Ramón Bilbao chegou pleno de frutas - achei que vermelhas - e uma picada de especiaria. 100% Tempranillo, acho que esse detalhe é proveniente da madeira, presente mas não agressiva. Boca com taninos pegados: talvez amaciem em 3-5 anos, sugerindo potencial de guarda maior. Acidez média com boca redonda, bom equilíbrio entre álcool, madeira, tanino e açúcar revelam um bom vinho. O valor mais baixo na Espanha, via Wine Searcher, é USD 13,00, e nos EUA a USD 21,00. Pagar R$ 170,00 por ele aqui é uma boa aquisição, não resta dúvida. É um produtor 'médio' de Rioja, embora seu Mirto destaque-se; bebi dele uma vez, por obra e graça de Don Flavitxo, em evento não postado. O Fontodi Chianti Classico 2010 chegou fechadão - malditos italianos - mesmo sendo 2010. Denorou para abrir, e inicialmente estava tímido. A cereja eu já esperava em um Toscano, e a certo momento apareceu chocolate ao leite. Ao leite: identificável assim mesmo, como cabe a um bom vinho. Durante boa parte do tempo ficou equilibrado por baixo, sem nenhuma exuberância. Ela começou a chegar no final da noite - acho que os confrades já não estavam bebendo dele, eu fui quem insistiu em uma taça, e explodiu no dia seguinte, ontem. O olfato encontrou o paladar, ambos ricos, boa acidez, taninos domados, madeira discreta, enchendo a boca e com ótimo final, marcando bem as papilas. É vendido aqui por importadora tubarona a mórbidos R$ 624,15 - é um bom vinho, mas existem ótimas compras nesse valor, como o Brise Cailloux, Cornas do Domaine du Coulet postado recentemente.

   Com duas postagens em uma, não admira o texto estar grande. Vinhos começando a R$ 150,00 e estendendo-se a R$ 624,00, com predominância na faixa de R$ 200,00 mostram algumas opções para leitores dispostos a investir um pouco mais. Um Fontodi, a USD 40,00 lá fora, ainda vale ser trazido na mala. E viva a tubaronice.

PS: para quem me acha um mentiroso quando recobro fatos passados, fica um tira-teima: estão aí este Enochato e o Mirto.


Saturday, September 6, 2025

Nos finalmentes do Niver do Ghidelli

Terminando o níver do Ghidelli


Trocando uma ideia com Flavito, peguei a conversa do último vinho já adiantada: a Elvira comentava algo sobre Cabernet Sauvignon e vinhos franceses. Argumentei - como já fiz aqui várias vezes - sobre a delicadeza da expressão da CS em Bordeaux em geral e principalmente em exemplares mais especiais, e como sua expressão é diferente daquela que os bebedores dos chilenos amadeirados do início do século estão acostumados. Àquela hora meu nariz estava meio pifado, e quando um nariz meio-pifa (rs) a tendência do cérebro é confundir a fruta com Maizena, o chocolate com chicória e o herbáceo com abobrinha. Até pensei em falar sobre uma ligeira picância de meio de boca ser referência à Cabernet Franc, mas deixei passar. A boca estava identificável, com boa acidez e taninos, mas para mim - e só para mim - estava um pouco impenetrável. Os confrades acharam muito rico de nariz e boca, elegante. Não duvido. O Château Gloria 2015 é um Saint Julien - as principais cepas são a Cabernet Sauvignon e Merlot, complementadas por Cabernet Franc, Petit Verdot, e ocasionalmente Malbec e Carmenère. Segundo o sítio do produtor, nessa safra o corte foi 60% Cabernet Sauvignon, 27% Merlot, 6% Cabernet Franc e 7% Petit Verdot; veja o sítio aqui; uma descrição histórica do vinhedo está aqui. O proprietário nunca o inscreveu para ser reconhecido como Cru Bourgeois, demonstrando sua confiança no produto; Gloria tem a fama de ser um bom vinho per se, dispensando outras formas de impulsionamento. Seu valor de mercado na safra 2015 começa em USD 60,00 nos EUA, enquanto o Chateau Cantemerle, um Quinto Vinhedo na Classificação de 1855 está cotado em USD 40,00. Curiosamente comecei a falar do Cantemerle. Ele e Gloria podem ser encontrados na mesma importadora (não são exclusivos, parece), e Cantemerle custa um tanto mais caro: na boa safra de 2008 está R$ 1.020,00, enquanto Glória na ótima safra de 2019 está R$ 990,00... Parece-nos uma revelação: por aqui - terra de tatus, bolsonéscios e PTlhos idiotas (soa redundante, mas eles dividem-se principalmente entre idiotas e gatunos) - valoriza-se alguma rotulação do vinho antes de sua qualidade intrínseca. Lá fora a categoria parece vir primeiro, pois Gloria custa mais em todos os lugares onde olhei. E a diferença entre as safas disponíveis aqui é gritante... 

Por sobremesa - e falando apenas dos vinhos - tivemos um Taylor Fladgate 20 anos, garrafa já apreciada pela confraria mas talvez não postada. Portos 20 anos são sempre um prazer, pois nessa idade as frutas secas dão o tom principal, com outras notas bem presentes - mas já estava faltando cheirador.  Boca agradável, equilibrada, acompanhando o nariz, acidez presente, bom final, persistente. Foi mais fácil de apreciar se comparado com o Gloria; a boca pareceu ressuscitar... E mudou de vez com o Vin de Constance 2020, um sul-africano típico de sobremesa 100% Muscat de Frontignan (já ouviu falar?) botritizada, com buquê muito pegado à flores - a Elvira constatou com uma exclamação de satisfação plena -, mel e mais complexidade. Bastante doce em boca, mas a acidez igualmente alta deu-lhe um equilíbrio espetacular, apresentando fruta branca e damasco: inesquecível. Esse exemplar veio na mala da Cínthia, filha da D. Neusa que precisou visitar o país por conta de algum compromisso profissional e foi instada a encher uma mala para a confraria (risos!). Esse estilo de vinificação é muito antigo: conta a lenda que Napoleão teria pedido uma taça dele em seu leito de morte. Os Pais da Nação (EUA) também o apreciavam muito, e eu estava curioso por degustá-lo. Valeu até a última gota, e espero ter outra oportunidade antes de comparecer à próxima gestão do Senhor...

   Walew, Ghidelli! Wallew, Don Flavitxo! Walew, Confraria!

Tirando a prova


Château Gloria e Cantemerle, pela mesma importadora tubarona. Custando mais lá fora, Gloria aparece aqui por preço menor. Ainda assim está cerca de 3x... melhor trazer de fora.



   
Gloria lá fora... os dados não mentem...


Friday, September 5, 2025

O Níver do Ghidelli

Introito: VTNC

Não é culpa de quem nasceu sem oportunidades ser ignorante.
Mas quem estudou e continua ignorante é plenamente culpado - de tudo.
Oenochato

As convicções são inimigas mais perigosas da verdade 
do que as mentiras.
Nietzsche, mas bem poderia ser 
qualquer brasileiro sensato
dos dias de hoje.


Notícias metafísicas alertam que o Espírito Santo está ausente; dirigiu-se a uma dimensão paralela corrigir o equívoco onde Nosso Amado Presidente (NAP) foi acusado injustamente de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em ação penal envolvendo um triplex em Manhattan, defronte ao Central Park. Por aqui, a capa da revista Crusoé de umas poucas edições atrás retrata NAP como apresentador de circo, clara referência a um programa dominical onde Sílvio Santos oferecia dinheiro aos participantes de suas competições valendo-se do bordão Quem quer dinheiro? A reportagem comenta como NAP supostamente prepara um auxílio de 30 bilhões entre linhas de financiamento e redução de impostos para alguns empresários valendo-se de critérios não muito claros na escolha dos beneficiados. A ajuda aos amigos do Rei é uma prática milenar, uma tradição por assim dizer, e ante a força do hábito não há muito do que reclamar, se o leitor não morar em um país moderno e civilizado. Crescer e ganhar o mercado internacional é uma opção do empresário. Mas é uma opção de risco, e o empreendedor deve estar ciente das ondulações inerentes a esse tipo de operação: bloqueio por parte das superpotências, pirataria, tempestades, fechamento de rotas por outros motivos. Na dificuldade de exportar, o excedente pode ser desovado no mercado interno e adjacências, a preços mínimos e em benefício da população local - seria até um reforço a relações de amizade, indispensáveis para com países fronteiriços. Um governo verdadeiramente de esquerda abriria mão de parte dos impostos - cobrados diretamente do consumidor - em vez de abrir linhas de crédito a quem já tem muito, favorecendo quem vem primeiro em seu discurso, o excelentíssimo povo. E se alguma parte da cadeia não fizer sua parte, ora, nesse momento a tão odiada Medida Provisória, com validade entre 60 e 120 dias, mostra-nos sua face honesta, digna e útil enquanto ferramenta legal para o próprio governo enfrentar tempos difíceis e promover justas punições a quem tenta ganhar mais tem tempos de crise. Assim, ouvir a ideia de NAP financiar tal dificuldade como vem propondo obriga-me a reagir com asco e veemência, recomendando-lhe um sonoro VTNC! NAP, aproveite-se da ausência do Espírito Santo causando uma  Vacância Trinitária na Natureza Celeste e, como a alma mais honesta deste Universo em todos tempos, ocupe seu lugar à esquerda do Pai - posição claramente mais elevada do que a direita (rs!). Até aponto o lado porque se deixar és capaz de dirigir-se para a direção errada, senil que estás. É isso: Lula, VTNC, dá até adesivo de carro! Diga aí, PTlho de plantão: foi nesse projeto de país perdulário em que você votou? Deveria NAP mandar 30 bi para empresários abastados ou reduzir os impostos dos cidadãos comuns?

O Níver do Ghidelli

Aniversariando com cada vez mais empenho e dedicação, o Ghidelli comemorou seu sexagésimo sétimo aniversário em grande estilo e prometendo ser apenas o primeiro de vários skenta para o septuagésimo. A ver. 

O início dos trabalhos transcorreu sob uma Xampa, a Barbier-Louvet Cuvée D'Ensemble Grande Cru, engarrafada em 2020 e entregando muito frescor e equilíbrio, tudo bem balanceado e sem arestas. Não sou conhecedor de Xampas, mas comprá-la a uns R$ 252,00 na pandemia foi grata oferta. Quisera perdurasse... Atualmente a Enoeventos pede R$ 397,60 pela Premier Cru - paguei 231,00. O dóla valia R$ 5,40, não muito diferente de hoje. Uma pena ela ter descambado para a tubaronice. Mas se procurar com cuidado sobram algumas garrafas a bom preço lá. Wine Searcher, nunca sisqueça! O camarão com Mascarpone - já tradicional em nossas reuniões de gala - acompanhou um Tondônia Reserva 2012 Branco. É sempre um prazer abrir um Lopez de Heredia, e se for da linha reserva a felicidade só aumenta. Nariz cítrico com mais notas a desvendar e toque herbáceo, boca com aquele oxidado, marca registrada, boa acidez, persistente, deixa saudades quando a taça chega ao final. É ótima pedida para acompanhar camarões. Seu preço por aqui é proibitivo - a menos que o leitor encontre um desses vendedores de redes sociais que desovam algumas garrafas da importadora-tubarona, mais não é muito comum achar o branco. Esse foi trazido de fora.

Aqui começam uma das bolas divididas do encontro. Se entendi bem, Masdache 2023 é produzido pela Puro Rofe, uma vinícola fundada em 2017 nas proximidades de Lanzarote, Ilhas Canalhas (sic! rs!). Devido aos ventos fortes as vinhas são conduzidas rente ao solo e amparadas por providenciais muretas de pedra. O sítio está em construção, mas aqui tem outras belas fotos do local. Composição de vinhas centenárias, Masdache é um corte não linear (sic rs!) de Malvasía, Diego, Listán Blanco, Listán Negro, Negramoll... tirando a primeira cepa, já ouviu falar de alguma outra? O toque mineral está lá - veja a cor do solo! - cítrico, acidez muito (muito mesmo) presente - safra nova? - ótima boca, no sentido de persistente, e bom equilíbrio, com 13% de álcool e madeira discreta. Se não lesse na ficha técnica não diria ter... Um vinho surpreendente; merece ser degustado. Não é barato (50 dólas), mas está numa faixa que pode ser posto na mala e trazido para compartilhar com confrades incautos... porque pelas cepas do corte um bebedor mais conservador passaria longe. Walew, Ghidelli! Ah, sim: o aniversariante declara as Ilhas Canárias como terra de seus ancestrais, de algumas gerações atrás. Ele curtiu muito quando falei das Ilhas Canalhas, apresentando uma paronomásia em forma de trocadilho.

As ofensas se escalaram com os tintos. Nojento, Don Flavitxo trouxe seu vinho embrulhado. A mulherada sugeriu um Pinot(!); passei longe da cepa, tendo chutado espanhol amparado numa vaga lembrança do Mas Borràs (Pinot!), mas sem fazer a devida conexão. A expressão da Pinot à qual estou acostumado não é aquela; o palpite foi pelo estilo, e não pela uva! E para piorar tudo, era mesmo um Pinot... Incursão da prestigiada Maison Drouhin no Óregon nos EUA iniciada em 1987, imagino que o Vale do Willamette tenha sido escolhido após alguma pesquisa em diversos estados cuja característica comum seja a latitude, bem similar à da Borgonha (Oregon, Washington, Idaho, Michigan, Vermont e Nova York gozam dessa característica). Para mim, a questão se resume assim: o (bom) produtor sabe, e ponto. Se os Drouhin escolheram o Oregon como ponto para suas prospecções, a este idólatra de Baco resta provar e aprovar a oportunidade que veio pelas mãos generosas de Don Flavitxo. Vou abrir um parênteses.
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   Até beber um Borgonha legal, a Pinot nunca me convencera; a postagem Meu Primeiro Valisére (2013) mudou minha percepção sobre ela em definitivo. Antes disso, eu havia trazido do Chile o Leyda Lot 21. Pagara no mercado regular uns USD 40,00, valor próximo aos ícones Don Melchor e Don Maximiano no frixópi de saída do Chile (USD 50,00), sob o comentário do vendedor dele ser o melhor Pinot do Chile. Abri algum tempo depois com o confrade Cesar Matemático (rs), rapá de boa índole tanto quanto bom gosto, e nos olhamos com certa decepção: Esperava mais - dissera um. Eu também, retrucara o outro. A amizade até continuou (risos!), apesar do abalo - ele também nutria boas expectativas para com o Lot 21. O tempo passou e reposicionou o blefe: presentemente paga-se USD 25,00 por ele no Chile (mas se procurar, encontra por USD 15,00). O preço não apenas não se sustentou, ele caiu, passados uns 20 anos, a inflação pela qual atravessou o país e a (super)valorização dos vinhos chilenos em geral. Corta a cena, vamos para o Oregon, um produtor de primeiro nível viaja literalmente meio mundo, se estabelece em um lugar alienígena, abraça a tarefa de produzir um vinho e suas versões mais recentes de Dundee Hills  estão à venda por... USD 35,00-USD 40,00! Tem qualidade muito superior ao que se produz do lado debaixo do Equador, sem dúvida, mesmo não alcançando a similaridade com a Borgonha. Talvez o tempo comprove a proposta do produtor - serão décadas(!); o próprio enólogo da Catena, Alejando Vigil, admite isso -, e nenhum leitor estará aqui para conferir, mas pouco importa; produzir vinho é um projeto de gerações, digno somente dos maiores sonhadores. Drouhin é mais honesto em sua proposta do que 105% de todos os produtores da América do Sul. E Dundee Hills sequer figura entre os vinhos mais caros da região. Aqui, a métrica é diferente: querem cobrar-nos o valor de um vinho acabado pulando toda a etapa da evolução de cinquenta anos ou mais necessárias para um projeto de monta decolar. Estão certos, afinal este é um país de estúpidos onde as exorbitâncias não são reconhecidas.
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   Para felicidade geral o Imperial Gran Reserva 2017 chegou para resignificar (rs) a palavra elegância: muita fruta madura, café ou chocolate (qual?) com mais notas e madeira com presença. Os taninos amaciaram, a expressão geral é de corpo médio amparado em boa acidez, permanência acima da média recheado de frutas e mais toques. Custa uns 70 dólas na Espanha, e R$ 990,00 por aqui, na Grand Cru (R$ 850,00 para assinantes). Dá um pouco mais de 2.6x, um tanto acima do razoável; existem muitas opções melhores. Apenas por curiosidade, a Gran Cru também traz o Lot 21, a R$ 530,00 para meros mortais e R$ 450,00 para assinantes. No Chile, como dito, acha por até USD 15,00, o que dá R$ 82,00 e aí a proporção (preço cheio) salta para 6.46x(!). Isso sim é tubaronice! Tal discrepância sugere registro, mais abaixo.

   A postagem está demasiado grande - e excessivamente atrasada. Termino na próxima.

O que se pede pelo Lot 21 aqui...


Leyda Lot 21 Pinot Noir, preços no Chile e no Brasil. Varia bastante por lá, entre 16.000 e 28.000 Pesos, o que dá entre 16 e 28 dólas. Aqui, R$ 530,00.