Monday, July 2, 2012

Degustação da Zahil pela Mercearia 3M - Parte II

   Continuando a falar da degustação da Zahil, quando comentei dos argentinos esqueci de mencionar a linha Finca El Portillo, da Salentein. Com diversas cepas (Malbec, Merlot e Cabernet Sauvignon), é um vinho para o dia-a-dia muito "acertado", redondo, e que não decepciona quem está acostumado com um Tarapacá, apenas para ficar nesta comparação. O custo normal de R$ 33,00 já está bom comparado a outros na faixa de preço, mas um pouco caro em geral. Está difícil encontrar um vinhozinho legal a preço razoável neste país... Agora, com a promoção em voga, leve três e pague dois, o preço cai a R$ 22,00 e ele transforma-se em uma excelente opção.
   Havia comentado na postagem anterior quem pagaria um centavo por um vinho libanês sem conhecê-lo. E quem teve oportunidade de participar do evento encontrou dois, o Coteaux de Botrys Cuvée L'Ange, corte GSM (Grenache, Syrah e Mourvédre), a exemplo de alguns australianos, e o Château Kefraya (Cabernet Sauvignon, Mourvèdre, Carignan e Grenache). Os produtores libaneses seguem a escola francesa (sem dúvida herdada da época em que a França tinha forte ascendência sobre a região, no começo do século XX), produzindo vinhos de corpo médio a encorpado, mas sem chegar à potência dos sul americanos. São produtos bem mais caros, com preço um pouco superior a R$ 100,00, e na minha opinião deveriam receber mais atenção. O Coteaux de Botrys abriu bem logo de início, e melhorou depois, o que infelizmente não aconteceu com o Kefraya, que é um bom vinho mas precisa de uma hora de decantação para mostrar suas qualidades. Como foi apresentado, da garrafa direto para as taças, sem a devida decantação, pode ter afugentado quem não conhece.
   A Austrália foi representada pela vinícola d'Arenberg, com dois títulos: The Stump Jump, corte GSM, e The Footbolt, 100% Syrah. Ambos prontos para beber, leves, agradáveis e com bom retrogosto. Pela faixa de preço (R$ 70,00 a R$ 90,00) não são para qualquer bolso, mas em se tratando de australianos dificilmente existem opções melhores. Mas se o desejo do momento é um vinho Syrah, uma boa opção é o Aquitânia Syrah Reserva, bom no nariz - mais pegado, ao estilo do Chile - bons taninos e bom preço (na faixa de R$ 50,00).
The Footbolt 2008, 100% Syrah, 14,5% de álcool, bastante redondo.


   O evento contou também com uma degustação fechada, paga à parte, com quatro vinhos de melhor qualidade e maior preço. A lamentar que aqui não foi apresentado nenhum branco, e não por falta de opção. Claro que eram todos "vinhões", mas analisar com minúcias depois de beber durante todo o evento é uma tarefa para poucos. Pela força, o Apartado 2006 (Cabernet Sauvignon, Malbec e Syrah), da Rutini, lembrou-me o Primus Malbec, da Salentein, ambos do catálogo da Zahil, ambos disponíveis na Mercearia 3M e ambos na faixa de R$ 200,00. A lembrança foi puxada pela potência do Apartado, a despeito da maciez elegante de ambos. São vinhos frutados, taninos "pegados", ao estilo sul americano, o um duelo entre ambos seria memorável.
Apartado 2006, 50% Cabernet Sauvignon, 30% Malbec, 20% Syrah, 13% de álcool.


   O Amat, feito de Tannat pela Bodegas Carrau, eu já havia experimentado duas vezes. Frutado, muito diferente (muito mais elegante) do que a maioria dos Tannats que encontramos por aí, vale o preço na faixa de R$ 130,00. Bom nariz, muito frutado. Não evolui muito com o tempo, o que surpreende; em compensação, abre pronto para ser degustado. Não sei qual é o mistério, tanto por abrir bem como por não evoluir muito depois de aberto. Alguns (eu inclusive) acham que vinho deve evoluir... no meu caso, pelo simples motivo que é o esperado para um vinho... vale experimentar.
Amat 2005, 100% Tannat.


   O Domus Aurea 2007 é um ícone chileno. Potente, enche o nariz e a boca e deslumbra. Já havia experimentado o 1999 e o 2006, e este também não decepcionou. É muito elegante, frutado, proporciona uma experiência exuberante mesmo depois de todo o vinho consumido durante o evento. Pelo preço, R$ 230,00, é simplesmente a melhor compra de vinho chileno icônico que se pode fazer no Brasil: enquanto o Domus está na mesma faixa de preço do Don Melchor e do Don Maximiano no Chile, aqui no Brasil está à venda pela metade do preço desses vinhos! (veja aqui).
Domus Aurea 2007, 86% Cabernet Sauvignon, 7% Merlot, 7% Cabernet Franc, 14,5% de álcool.


   E finalmente, para alegria do Flávio Vinhobão Henrique Silva, veio o Brunello de Montalcino Altesino 2006. O Flávio é especialista em Brunellos, e destrinchou o vinho aqui. Principalmente depois de tudo que bebemos, da "primeira fase" aos ícones acima, receber uma taça desse Brunello e ainda notar que estávamos bebendo um vinho delicioso só faz destacar a qualidade do menino. Claro, 100% Sangiovese, com 14% de álcool adequadamente intregados, surpreendeu por estar tão bom ainda novo - sempre ouvi falar que Barolos e Brunellos devem ser bebidos com 10 anos de garrafa. Imagino que poderá evoluir ainda mais. O único senão são os R$ 280,00 necessários para levá-lo para casa e aguardar sua maturação. Talvez alguém se disponha a dar-me um de presente. Eu aceitarei (rs).


   Findas as impressões do evento, resta o último registro: os parabéns à Mercearia 3M e à Zahil pelo ótimo e acolhedor evento, e pela paciência com nossas perguntas durante a palestra dos ícones.

2 comments:

  1. Bela postagem Carlão! Divido com você as impressões sobre os vinhos, desde o bom para a luta El Portillo até o gladiador Altesino!
    E obrigado pela referência ao Vinhobão!
    Grande abraço,
    Flavio

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  2. Apareça sempre, e seja bem-vindo, Flávio. Essa postagem foi trabalhosa... se bem que, trabalhoso mesmo, foi beber tudo aquilo...
    []s,
    Carlos

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