Monday, August 2, 2021

Vestais na cozinha unidas pela emoção

Introito

   Unidos pela emoção é o lema das olimpíadas de Tóquio. Bonito. Ao que consta Rebeca Andrade não tinha patrocinador até a última quinta-feira, dia em que faturava sua primeira medalha. Enquanto isso bancões patrocinam um idiota metido a surfista que posta imagens de namoradas (ou meras parceiras, tanto faz!) na internet, para compartilhar suas conquistas com os 'amigos'. Parece que diversos atletas do nosso atletismo além de também não terem patrocínio precisam usar equipamentos de segunda linha, mais baratos, para poderem competir. Como é possível, depois do milagre de classificações para fases finais de suas competições - ou sem conseguir se classificar por pouco - tentarem competir com atletas bem treinados, bem alimentados, com suporte técnico, médico e dispondo do que há de melhor em equipamentos? Mas um único Neymar da vida - e uma sequência quase infinita de iguais idiotas antes dele - assinam contratos centi milionários e brindam-nos com a simulação de um choro ao perder alguma disputa para no mesmo dia promoverem o maior pagodão, churrascão ou algo que o valha. Tenho acompanhado um pouco da festa olímpica. Ela não me representa. Não enquanto nossas empresas mantiverem suas políticas toscas de só patrocinar atletas 'mais do que prontos', em sua sanha de fazer bonito frente ao consumidor - alguma semelhança com nossos importadores de vinhos? - e enquanto nossos 'ídolos' defenderem que o país precisa de estádios mais do que de hospitais - para não citar outros exemplos. O Zaneti, que literalmente caiu das argolas, representa-me. Todos os que foram lá com a cara e a coragem, tenham conquistado ou não medalhas, representam-me.
*   *   *
   Este Prelado andava algo preocupado. O que fazer neste final de semana? O que beber? O que cozinhar? (tamanho dilema para  este cozinheiro de um prato só, lembre-se...). A confraria possui um templo, e este, as vestais... pronto! Por que não chamá-las e resolver os problemas? Da mensagem para as vestais Dayane e Renata surgiu nova ideia e outra mensagem chegou para a vestal Luciana. No sábado estávamos todos reunidos para vinhos e beliscos.

Um vinho nacional

A Luciana apareceu com um um vinho espanhol, que acabou ficando para outra oportunidade, e um vinho nacional, cometido (sic) e engarrafado por Francisco Carlos dos Reis, Chácara Santo Ivo, Rua Duque de Caxias, Caldas, MG. É rotulado como um 'Produto Nacional Delícias de Minas'. Tem 11% de álcool, e clama ser um 'vinho tinto seco'. Tem um 1922 no rótulo. Duvido que seja a safra 🤣. Também tem um RESERVA escrito em letras garrafais. Se lembro-me bem, acho que o 'Caldas' é de Caldas Novas. Particularmente, acho ótimo prestigiar o vinho nacional. Até tomarmos pé do que ele é. Parênteses: o sr. Élvio (se não me engano era esse seu nome) mantinha uma loja de vinhos brasileiros em S. Carlos, lá pela primeira década do século. Comprei vários vinhos dele, para conhecer nossos produtores. Um dia, levei-o em casa e abri-lhe um Leon de Tarapacá, vinho que consumia com frequência - estava no início da minha caminhada. Naquele dia ele entendeu o que eu dizia-lhe há semanas, que os vinhos chilenos eram superiores aos brasileiros 😝. Fecha parênteses. Depois abri um Selección del Diretório (Santa Helena), e ele convenceu-se de que não, não tínhamos a mínima condição competir com os chilenos 😕😖... Aqui, repete-se o mesmo de alguns (mas não todos) dos vinhos nacionais que experimentei naquela época: falta de estrutura, buquê a... uva... gosto a... uva... que impregna a taça a ponto de comprometer a degustação do vinho seguinte. Precisei lavar nossas taças para sair o buquê, e... não lavei as taças das vestais Renata e Dayane. Baco não perdoa... espero que elas sim... 😟. A Luciana ainda pagou R$ 89,00 pela garrafa. Um Leon de Tarapacá custa USD 3,00 (três 'moedas') no Chile. Isso dá R$ 18,00... e surra de chicote o... o... o... o que quer que seja acima, que não é vinho.


Três vinhos às cegas, e um quase no final

Recebi as vestais oferecendo-lhes, a título de curiosidade, o Cedro do Noval 2015, que abrira no dia anterior. Estava bastante bom, e elas gostaram muito. Depois vieram três vinhos às cegas, que a dado momento foram revelados. Um foi o Château Peyrabon 2013, degustado há pouco, em junho. Essa garrafa nada mudou, e não há o que acrescentar à postagem recente. Mostrou-se um pouco chocho, sem muito corpo, sem impressionar. Alguma acidez, e pouco mais. Veja a postagem. O  Chateau Teyssier Grand Cru 2011 também foi degustado recentemente, em maio. Naquela ocasião foi admirado pelas outras confrades, e voltou a ser louvado em nosso encontro. Corpo bem mais presente, acidez mais equilibrada, final mais marcado do que Peyrabon. O Chateau Magence 2010 foi inédito para mim, embora tenha provado da safra 2001 em novembro de 2020. Passou um pouco despercebido pelas vestais - acho que alguém (Renata?) gostou dele. Mas a preferência geral recaiu sobre o  Noval. Bem, Magence apresentou nariz com boa fruta, especiaria, café/chocolate, boca média (taninos, acidez) e toques minerais com álcool e madeira contidos. Corte Cabernet Sauvignon/Merlot (60%/40%), mostrou ainda final agradável e alguma persistência. Teyssier foi comprado a R$ 200,00 ou pouco mais, tempos atrás. Andou a R$ 300,00, agora está R$ 250,00. Peyrabon, comprei a R$ 150,00 em 'promo', e anda a mais do dobro por aí. Por R$ 230,00, Magence é de longe a melhor compra.

Novamente, o ato falho

   Do (re)começo. A primeira ideia foi apresentar para as meninas vinhos mais ou menos da mesma região (Bordeaux) em safras distintas e muito díspares. A safra 2010 (Magence) foi excelente; a 2011 (Teyssier), boa, a 2013 (Peyrabon), medíocre: a pior dos últimos 25 anos. A segunda foi experimentar como anda o Magence. Acontece que, se na postagem da safra '01 mencionei que ele havia se esgotado, bem... o importador conseguiu mais um lote. Comprei outras duas garrafas - o preço não subiu muito: foi de R$ 210,00 há alguns anos para R$ 230,00(!) com esse dóla de hoje. Está bastante bom e vale a compra de mais algumas garrafas. Aquela estória de guardar mais um pouco e em algum tempo começar a beber uma a cada seis meses, lembra? Isso mesmo...

Preciso comentar ainda que - dada a quantidade de comida trazida pelas vestais - deixei de oferecer meio hambúrguer para cada pessoa, para acompanhar tanto uma degustação rápida de Noval e dos franceses. Foi minha falha. Os quitutes eram muitos e estavam muito bons, mas não parearam com a boca dos franceses. Desacompanhados, eles ficaram um pouco aquém do que poderiam oferecer. Ainda, Noval está mais novo, tem mais corpo e é de uma safra bastante boa. Nos últimos anos não tem-me faltado um bifão - ou mesmo um hamburginho - com vinhos desse padrão, e não me atentei em assegurar a presença de um pedaço de carne mais concentrada. O grande ato falho das meninas foi apontado por mim, mais ao final. O Peyrabon não chamou mesmo muita atenção. Vejam quanto sobrou (à direita). Teyssier, bastante elogiado, foi bem consumido (garrafa do meio). Mas o esquecido Magence (esquerda) foi o mais consumido... Recobro então minhas máximas, reescritas abaixo, com os devidos links para as postagens onde ganharam a luz pela primeira vez. Creio que a leitura dessas postagens também possa ser ilustrativa.




Rata! 🐭

   O município em Minas Gerais é de fato Caldas, e fica no sul do estado.




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