Saturday, August 27, 2022

Um espanhol 'borgonhesco'

Introito

A imprensa pelega - cuidado com eles! Pena não existir lei decente para seus excessos, e não falamos em censura! - vem atacando com desinformação sobre desinformação. Inclusive principalmente aqueles que apregoam fazer conferência cuidadosa dos fatos. Importante canal pago - existe isso? 🙄, canal pago importante? - um fedelho explica didaticamente que votar nulo ou branco é jogar o voto no lixo. Isso é uma desfaçatez sem tamanho, e se podemos entender a visão míope dada a tenra idade da criança vestida a cueiro, os editores do canal são culpados sem atenuantes por jornalismo marrom. Ora, se votar branco e nulo significasse jogar o voto no lixo, não precisaríamos de duas modalidades diferentes! Simplificando bastante, o voto branco significa a aceitação formal da vertente vencedora seja ela qual for, enquanto o voto nulo significa exatamente o oposto, a recusa efetiva a qualquer das orientações em disputa majoritária. É isso o que os cidadãos de bem devem fazer no segundo turno caso nele encontrem-se lulalelé e bolsonésio: cravar nulo em a menor hesitação. Creio ainda ser nossa obrigação não votar nulo no primeiro turno, para não ajudarmos involuntariamente o pleito decidir-se logo de cara. Ah, sim: a urna é confiável. Mas eu não confio nela (sic!), apesar de desconhecer os processos de segurança do sistema. Apenas reflito que sistemas eletrônicos são fraudáveis - às vezes até de maneira prosaica.

Confraria em festa

A sra. N voltou (novamente) daquele país onde a cana mais dá, o Canadá 🤣, carregando algumas garrafinhas na mala. Então nos encontramos para comemorar o retorno dela e da Elvira, recém-chegada da Argentina. Acho que a Margarida não viajou... Ghidelli, Márcia e Takeshi deram o ar da graça. Cheguei atrasado com dois Borgonhas do grupo, e o pessoal se esbaldava com o Nativ Suadens Rosso 2018, um corte igualitário de Aglianico, Piedirosso e Sciacinoso com vinhas de 200 anos - portanto sobreviventes da devastação da filoxera. Tem boa fruta no nariz, um açucarado antecipando a boca, onde a fruta também está presente sem esconder o travo de ser meio seco. O pessoal estava gostando, enquanto para mim soou enjoativo; meio secos podem ser ótimos se devidamente harmonizados, conforme já comprovei, mas não caem-me bem sem um acompanhamento bem adequado, e nossas entradas não estavam à altura. Talvez o dulçor tenha-me impressionado mal, ou mesmo congestionado a boca, e não apreciei tanto a acidez - na opinião do Ghidelli estava ótima. Registre-se, agradou a todos, de onde sugeri, galhardamente, sua degustação até a última gota já movendo-me para o espanholeto oferecido pela senhora N., um Viña Bosconia 2010. Seu produtor, Lopes de Heredia, é conhecido por lançar seus vinhos prontos para beber - e podendo evoluir por muito tempo. A safra mais recente desse vinho é a 2011, de modo que a 2010 é recém-lançada. Nota-se que está novo, embora com cerca de meia hora de aeração já mostrasse ótimas frutas - é claramente bem complexo -, alguma especiaria e café/chocolate. Boca sempre elegante, ótima acidez, taninos pegando um pouco - precisa sim de alguns anos - e lembrando os vinhos da Borgonha. Vieram então um Domaine Joannet Vosne-Romanée 2018 e um Domaine Machard de Gramont Aloxe-Corton Les Morais 2018. Nunca havia bebido de um Vosne, e uns poucos Cortons. O primeiro fica na região de Côte de Nuits, tida como a melhor produtora de tintos da Borgonha. Mostrou fruta evidente, um pouco de especiaria e a madeira estava presente. Boca com boa acidez, mas faltando uma pegada para entusiasmar. Por outro lado, não mostrou uma elegância marcante - ou ninguém pegou - que compensasse a falta de potência. Boa persistência, final médio e segundo a literatura pronto para ser bebido. Não sei se a garrafa falhou ou o serviço foi errado, mas aerou por cerca de uma hora e meia, duas horas, e depois não apresentou tanta melhora. O Aloxe-Corton, da região de Côte de Beaune, provém de uma área onde os vinhos são mais pegados, mas tânicos - talvez não como os de Pommard (também de Beaune), mas Potência pode sim ser o nome do meio. Mostrou nariz mais complexo com frutas vermelhas, madeira, chocolate/café (qual?) e algo terroso. Fruta na boca também, taninos médios aliados a ótima acidez compondo bom final e permanência. Gostamos mais deste, embora a diferença de preço seja marcante a favor do Vosne. Faltou bebedor para o Vosne?

   A confraria pagou, em promo da Chez France, R$ 620,00 pelo Vosne, e R$ 344,00 pelo Aloxe-Corton. Seu preços lá fora estão em aproximadamente USD 55,00 e USD 35,00. Fazendo uma conta geral a R$ 6,00 por dóla, daria, 'lá', R$ 330,00 e R$ 210,00. Pagamos, então, 2x'menos' em cada um deles - o Corton foi na verdade uma ótima compra - e valeu a experiência.
   O Boscônia estava nas mãos de importadora tubarona, e o preço, nas nuvens. Parece que não está sendo trazido atualmente, o que abre a oportunidade para outras casas do ramo. É um vinho de uns USD 30,00 lá fora, e se chegasse aqui na faixa de R$ 200,00 (compare com a margem da Chez France) acho que venderia a rodo. Conheço uma dúzia de pessoas que compraria uma caixa só aqui em S. Carlos. Já deu uma grosa...
   O Nativ, vendido pela Enoeventos, custa aqui R$ 250,00/R$ 208,00 (enoclube) e tem um preço médio de USD 15,00 lá fora. R$ 15,00 x R$ 6,00 = R$ 90,00... Alô, alô, Oscar, está quase 3x sem enoclube! E mesmo no clube está mais de 2x! Eu sei que vários outros vinhos dessa importadora estão com margens menores - fique à vontade para ir lá e conferir - mas o consumidor não dá descanso e exige vinho a bom preço sempre. Como é mesmo aquela máxima? O preço da liberdade é a eterna vigilância!

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