Friday, September 30, 2022

Mea culpa, mea maxima culpa

Introito - mentira infinita



O debate de ontem mostrou quão bem os principais candidatos dominam com maestria a arte de mentir sobre si e dizer a verdade sobre os oponentes. Quem fez essa abordagem foi o músico e youtuber Nando Moura. O preço dessa idolatria será o inferno, não para os idólatras, mas para todos nós. Preciso fazer agora um mea culpa. Em nome de minha geração, peço desculpas à nação. Se o detrator pretender perguntar quem sou eu para arrogar-me nessa posição, digo que fui aquele que levantou a questão. Quase cumprindo 58 anos, considerarei o grupo entre 48 e 68 anos como a 'minha geração'. E pergunto: como permitirmos que tudo chegasse onde chegou? Gente da minha geração foi capa-pintada... e não conseguimos melhorar a face do país. Tivemos um início de século dourado, e em berço esplêndido deixamos um canalha nos conduzir, a despeito dos escândalos que pipocavam logo de saída. Marchamos para banir da Esplanada o resto boquirroto de uma quadrilha criminosa para, no pleito seguinte, permitir o surgimento de outro canalha de igual quilate superando o antecessor somente em parvoíce e desinteligência. E ninguém apresentou-se para retribuir com um impeachment quando as condições mostraram-se honestas e justas. Onde estávamos? Dirão que na pandemia? Escrevi nota agora perdida no Youtube onde afirmava preferir morrer no campo de batalha a permanecer em confinamento. Foi-se.

Ainda, se falhamos com a Pátria, pecamos também com a educação da próxima geração. Vitimados pela falta de senso crítico, boa parte da nossa descendência de jovens não consegue perceber o erro de votar em corruptos de qualquer estirpe. O que é isso, senão falta de caráter da geração precedente? Não se transmite o que não se tem... Juntamos esses desprovidos a idiotas crescidos de hoje que acreditam em uma primeira década dourada e livre de máculas com estúpidos crendo estarmos agora em um momento reluzente e puro, e estamos aqui nos perguntando (novamente) como permitimos às coisas chegarem a esse ponto. Vejam o Pisa; estamos aí, oscilando dentro da margem estatística há 20 anos, sempre abaixo da média dos países mais importantes do mundo. A fonte é esta. Falhamos. Falhamos miseravelmente. Mea culpa, mea maxima culpa.

   Encerra-se a data permitida para propaganda eleitoral. Não que este espaço tenha feito alguma; não pedi voto nenhum até agora. Já escrevi diversas vezes: sou de esquerda, e continuarei a sê-lo, a despeito da idiotia generalizada que traz-me vergonha e nojo de juntar-me a muitos e muitos de seus representantes - atualmente, todos, aliás... Nesta eleição votarei em candidatos a deputados estadual e federal do MBL, e sugiro fortemente ao leitor refletir sobre esses cidadãos. Kim Kataguiri (4433) e Cristiano Beraldo são candidatos a deputado federal; Renato Battista (44999), Guto Zacharias (44777) e Amanda Vettorazzo (44333) são candidatos a deputado estadual por São Paulo. Eles têm poucos candidatos em outros estados: Samuca Chang, 1999, federal por Santa Catarina, e João Bettega, 30123, estadual pelo Paraná. Se perguntarem-me como uma pessoa de esquerda pode votar neles, respondo tranquilamente: na absoluta e completa falta de qualquer projeto sério de país por parte dos energúmenos que nos governaram até hoje, essa trupe é de longe a mais qualificada. Vejam as ações populares propostas por Renato, Guto e Beraldo, à sombra da atuação parlamentar de Kim e Arthur do Val, o Mamãe-Falei, caracterizadas pelo combate às mamatas em todos os níveis da administração pública, para não me estender mais. Algo é fácil de verificar: nenhum deles usa fundo eleitoral. O candidato em que você pensa em votar neste momento usa-o? Pois é...
   Aos demais cargos, concederei uma banana. Nunca estivemos tão mal representados em São Paulo. Escumalha...

Quinta de Chocapalha 2016, segundo dia

O estranho amarguinho mencionado continua lá; se incomoda, por outro lado não espanta o desejo de bebê-lo. O nariz caiu um tanto, mas a fruta e algo mais continuam ali. Arrisco que chocolate. A acidez sempre segura alguma graça, e é o que vale; e não há muito mais. O blog sempre pautou-se pelo vinho antes, e outros assuntos depois. Hoje, excepcionalmente, houve uma inversão. Não é para menos. E obrigado pela paciência e generosidade da leitura.



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