Thursday, February 15, 2024

O privilégio de um bom vinho - comprado com nosso suor, não 'redistribuído'

Introito

   No Egito Antigo (aproximadamente 3300 AC até 300 AC), era comum os novos faraós apagarem dos obeliscos o nome de predecessores, tomando para si realizações e conquistas. Isso pode ter complicado um pouco as pesquisas históricas dessa civilização, mas ora... o que é a vida, sem algumas incertezas? Contudo há uma diferença grande entre apagar um nome e não pronunciá-lo - n'Os Dez Mandamentos  (1956) o faraó Sethi diz

Que o nome de Moisés seja riscado de todos os livros e tábuas, riscado de todos os pilares e obeliscos, riscado de todos os monumentos do Egito. Que o nome de Moisés não seja ouvido nem falado, apagado da memória dos homens para sempre.

   É sábio não pronunciar os nomes de tolos. Certo, PTlhos tentaram referir-se a Moro como o juiz, e apenas exacerbaram o despautério pelo qual já são conhecidos. Voltando: para quê dar pelota aos tolos? Sei mesmo de um mané dizendo de uns terem de ganhar o triplo dos eles, como diria Ali Lulá, numa tal de nova matriz de privilégios. Essa redistribuição viria pela paz... ou vai ser (como na) Burkina Faso... (veja na íntegra aqui)


   Burkina tem IDH de 0,45. Por comparação, o nosso é 0,75, o mesmo de 10 anos atrás, no bem-vindo final antecipado da gestão dela, e mostra como ficamos estagnados desde seu genial plano econômico. Tudo estaria bem em citar um país menos desenvolvido para pintar um futuro negro para o nosso próprio - se alguns dados contrários não soassem tão assustadores. Veja o Índice de Percepção da Corrupção 2023 da Transparência Internacional e encontre o Brasio na centésima quarta posição, perdendo para a mesma Burkina Faso, na octogésima terceira! Um alienígena recém-chegado (claro, de uma civilização ética e moralmente honesta), olhando tais dados, colocaria mais fé no futuro de qual país, no nosso ou em Burkina Faso? 
   Um grande problema da idiotia é perder a noção do conjunto, e assim comparar mal. O sujeito acometido desse mal invariavelmente tem ideias fracas e espalha a besteira por onde passa, até sem dar-se conta. Pedir uma redistribuição de privilégios significa, nada mais, nada menos, pleitear a continuação do uns melhores que outros, apenas mudando o foco dos holofotes. Ô, mané, e quem é pobre e não for agraciado por uma réstia de luz, continuará como um necessitado até quando? Se queremos uma pátria igualitária, é necessário cortar os privilégios, não deslocá-los! Temos quem fale contra regalias no Congresso, veja aqui. E não é só gogó não, anta. Veja a página da Câmara dele, constate: não faz uso de imóvel funcional; não recebe auxílio moradia. Quer mais? Não faz uso de carro oficial - dá um pouco de trabalho para encontrar, mas o ponto é o seguinte: indique alguém da sua turma que dispensou um e apenas um desses privilégios, recentemente. E não para por aí! Na câmara estadual em S. Paulo repete-se o mesmo! Veja este rapá, quantos automóveis usa, na Alesp: zero! Por outro lado, PTlhos 1 e 2, e psolesmas 3 e 4, usam não apenas um, mas dois Corollas por gabinete. Já tem o vínculo, fuce um pouco mais e veja o tamanho de cada gabinete! Pautas que deveriam ser da esquerda foram tomadas de assalto pela direita! Como é que pode?! Como já disse para outro energúmeno, pare de ser problema, e torne-se solução!

Espanholetos na Paduca

Muitas postagens foram prejudicadas por falta de disposição deste Enochato. Vale a pena narrar esta, momento de virada na Paduca: Duílio oferece a opção de bebermos um Ramón Bilbao Gran Reserva 2001 de sua adega em troca de uma reposição. Bem nessa época, encontro uma oferta do Muga Reserva 2019, da mesma região do primeiro. Compramos duas garrafas, uma para a confraria e outra para trocar com o Bilbao dele. Aerei o Muga por umas quatro horas, e deixei o mais velho para abrir enquanto servíamos o vinho de entrada. Baron Guillot Classique é um francês genérico - não lembro bem, talvez não tivesse sequer região determinada(!) - vendido nessas bacias de 10 garrafas por R$ 300,00 - ou pior. Muito básico, sem acidez, sem final, sem permanência, sem eira nem beira. Passemos. Ramón Bilbao Gran Reserva 2001 tinha boa fruta e couro, levemente oxidado, um pouco herbáceo. Boca rica, com corpo médio, ótimos taninos fazendo bom volume e acidez excelente. Os confrades, todos eles, fizeram questão de apontar como a boca salivava a cada gole. O Muga Reserva 2019 mostrou-se mais austero, muito novo. Nariz com alguns toques de frutas escuras, mas claramente fechado. Taninos pegados, com arestas, precisando de mais tempo em garrafa. Bom volume de boca, boa persistência, mas tudo claramente novo. Até havia comentado com a confraria achá-lo novo, mas a ordem foi mandar ver. Estava em 'promo' a R$ 300,00 (seu preço médio lá fora é USD 30,00), e o pessoal achou que o sacrifício seria válido a título de comparação. Valeram os comentários sobre a acidez marcada do Ramón Bilbao, e alguns muxoxos sobre como este Enochato virou a boca dos confrades a ponto deles andarem pouco satisfeitos com vinhos que antes lhes eram peculiares. 😞 Seria mais um brilhante serviço deste colunista contra o boca-tortismo que grassa por estas terras?

Sarau na Salete

A Salete realizou mais um concorridíssimo sarau em sua humilde choupana. Convidado, este Enochato levou o vinho do Mário... mas o Mário não foi... Por partes. Liu na foto, e começando pela esquerda, em "U", Edu Viagens (rs), Miriam, Eustáquio, Bete, Ângela, Salete, Ana e este Enochato. As meninas gostam de entradas mais leves, então apareceu um Brut Rosé da Casa Perini - aquela do quinto melhor espumante do mundo. Perfumadinho (rs), sem corpo nem acidez, como é típico do produtor. Mas onde está escrito que precisa (ter)? Enochatos deveriam ser fuzilados. Também tinha um Frida Kahlo Reserva Rosé 2022, linha que homenageia a conhecida artista mexicana - surrealista por surrealista, prefiro a Remedios Varo, assim como vinho por vinho prefiro os europeus... Com um pouco mais de presença quando comparado ao Perini, principalmente no buquê, fiquei procurando pela acidez. Deve ter ficado nas primeiras taças... Pior mesmo, fiquei sem entender como um Rosé produzido em inox leva Reserva no rótulo. O Edu compareceu com um Syrah, Solo Fértil 2022, produzido em... Brasília! Só encontrei duas referências ao Vinhedo Lacustre e seu produto, uma no Correio Braziliense e outra no Instagram, página do próprio produtor. E o próximo a procurar só encontrará mesmo essas referências, porque também negarei dar-lhe alguma. Já fiz comentários nessa linha: está escrito Vinho no rótulo. Mas não é. Lembra. E nada mais. Recorda-se daquela máxima, melhor comprar vinho reba de produtor top ao vinho top de produtor reba? Pois é, cheguei um um Marius by Michel Chapoutier 2022. O Maison M. Chapoutier, estabelecido nos idos em 1800 e guaraná com rolha no Rhône, tem operações de norte a sul nessa região. No Languedoc-Roussillon, produz esse exemplar simples, corte Grenache e Syrah, rico em frutas, acidez condizente - quase média - para um custo de 8 Euros, agradável, fácil de beber. O problema e seu valor normal aqui, cerca de R$ 130,00... Claro, vinho de importadora tubarona só mesmo em 'promo', e das fortes.

   O Eustáquio mostrou seu Montepulciano d'Abruzzo Riparosso, da Illuminati. Usando os óculos para dirigir - se talvez estivesse sem eles no momento, daria no mesmo... -, li errado e supus tratar-se de um Ripasso 😖, produzido em Valpolicella. Pecado imperdoável, pois já havia bebido um Illuminati, e sabia da sua localização em Controguerra, do lado de dos Apeninos (rs), de frente para o Adriático. Educadamente, o Eustáquio deixou este Enochato afundar na lama sozinho. Bem rico em frutas - não guardei mais notas - mostrou a boca um pouco doce, creio uma característica dos da região vinhos de Montepulciano. É um doce algo peculiar como os portugueses também o têm, mas algo diferente. Acidez querendo encostar em média, persistência condizente. O preço não muito, chega a R$170,00 contra 8 ou 10 dólas lá fora, e nesse ponto não fica diferente do Marius. Claro, em 'promo' poderia ser mais palatável (sic) para o bolso.

   Se eu fosse um comunistinha barato desses que tem muito por aí, falaria em redistribuir os lucros das tubaronas, ou redistribuir os vinhos na fonte, ou ainda obrigá-las a vender seus produtos a preços razoáveis. Se... sou mesmo adepto do livre mercado - apesar de esquerdoso - e prefiro atitudes de livre mercado, como sugerir às tubaronas enfiarem seus vinhos caros no meio de suas taças. Mistral estará em 'promo' neste dia 15. Cuidado. Pode ter preço bom, mas também tem vinho cujo auge já passou há muito. Ainda, Wine Searcher nela!

4 comments:

  1. Olá,
    Se o Rioja 2001 estava oxidado é indicativo de que passou o pico de consumo. A acidez que sentiram é a acidez volátil.
    Sds, Dionísio

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    1. Obrigado pela leitura e pelo comentário. Sim, parecia um pouquinho oxidado, mas estava bastante agradável. Preciso procurar sobre essa acidez volátil... grato pela dica.

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  2. Interessante, semaninha degustada com amigos e amigas, vinhos diferentes e bem comprados, “acredito “ ! Que os novos Saraus, comidinhas deliciosas, lhe motive a manter suas percepções entre um vinho e outros.

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    1. Olá! Grato pela leitura. Sim, sempre 'bem comprados'... é necessário, quando o caboclo gasta além de usa capacidade financeira em um mero capricho 😨. Mas afinal, para que serve o dinheiro?

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