Monday, April 29, 2024

O níver do Paulão

Introito

Remember, gentlemen,
it’s not just France we are fighting for,
it’s Champagne!
Winston Churchill

In victory, you deserve Champagne;
in defeat, you need it.
Napoleon Bonaparte

Paulão está de níver novo (rs), e para prestar seus respeitos à data encontram-se os pingaidos da Paduca, suas respectivas e um casal de amigos dele, Neto e Andreza. Por ordem, Oenochato, Paulão, Dona Claudia e Chiquinho, Duílio e Dona Eva, Dona Andreza e Neto. O Fernando saíra mais cedo, por conta das crianças: não conseguindo uma reposição para a cuidadora do turno seguinte que o deixara na mão, precisou apresentar-se às 22:00 para render a vigia em sua jornada regular e assim passou a tomar conta de seus pais octogenários. Uma pena. Artimanhosamente (sic, rs), pedi ao aniversariante para comprar nosso espumante preferido, a Cava Cordon Negro, da Freixenet. Por 80tão aqui em S. Carlos, sempre é uma boa pedida para abertura de serviços (rs) ou comemorações em geral. A bem da verdade, antes do Cordon Negro - enquanto não chegavam todos os convivas - servi um La Belle de Jour rosé, o vinho do Alceu Valença, como dizem por aí. E é isso mesmo: o proprietário da vinícola Quinta da Atela - parece ser um dos seus menores negócios - é amigo do nosso grande cantor, e quis fazer um vinho homenageando-o. Acho válido, mas minha má estima para com rosés também não foi superada com esse exemplar. Frutadinho no nariz, leve em boca, baixa acidez e uma maravilhosa cor de salmão, esse vinho é produzido com a desconhecida (para nós) Castelão. Infelizmente o rótulo não mostra a safra... Os marmanjos, pelo menos, tiveram a decência de não reclamar; o Neto experimentou uma tacinha e começou a falar de sua especialidade: cachaças. Não me agradar conta muito pouco para um rosé; as meninas adoraram. Então, para leitores que curtem, está por cerca de 60tinha no Shot Café e Vinho, ali na Quinze. A dada altura servi o Cordon Negro. É um espumante já comentado aqui diversas vezes, mas notei mais frescor nesse exemplar. Acho que a Mercearia 3M recebeu reposição de lote importado recentemente, e comprar algumas garrafas para beber nos próximos meses deixará o consumidor bastante feliz.

Na sequência servi às cegas outro espumante. Ele mostrou nariz muito mais rico e delicado, cítrico com uma mistura de frutas, pão - fermento, na verdade -, e mais notas. Boca com ótimo frescor, acidez marcante e contrabalançada por um dulçor agradável e longa permanência, daquelas que o bebedor engole, saliva e sente a continuidade do vinho na boca. O Fernando fez cara de poucos amigos e disparou: Achara ambos muito parecidos. O Neto olhou surpreso e disse que o segundo era muito superior. Paulão achou superior e o Duílio não notou tanta diferença - ou foi o contrário? Entre as garotas, o interesse pelo segundo espumante foi explícito. Elas não tinham ideia do que bebiam, mas seus sorrisos diziam tudo. O Champagne Barbier-Louvet Cuvée D'Ensemble Grande Cru surpreendeu a todos pela exclusividade - nunca haviam bebido uma Xampa Grand Cru e precisei desmembrar-me em mentiras para dar-lhes um panorama geral sobre a região, comentando rapidamente sobre terrenos Premier Cru e Grand Cru. Quanto ao Fernando, achei honesto quando externou sua impressão com sinceridade. Eu mesmo já estive em situação similar com duas taças na mão, certa vez no Consulado de Portugal, provando de um Roquette e Cazes junto de um Esporão Private Selection e não percebendo muito bem suas diferenças. Quando bebemos vinhos muitos diferentes dos que estamos acostumados, é-nos difícil entender a experiência no primeiro momento. Comigo foi assim também quando abri um Porto que deixara oxidar por mais de 20 anos. O Akira adorou, e o longo de alguns meses consumiu boa parte da garrafa em pequenas doses. Eu o acompanhava comedidamente, sem curtir muito, inicialmente. Só pelo final a ficha foi caindo, e sua degustação passou a fazer sentido. Não há demérito em desconhecer sobre vinho; desmerecimento mesmo é fechar-se e privar-se de oportunidades. 

Com o salomão (rs) preparado pela D. Cláudia chegou um Chablis Premier Cru Côte de Léchet 2016 da La Chablisienne, ótima cooperativa borgonhesa. Um dos últimos exemplares da caixa comprada em ótima 'promo' da Clarets - na época acho que ficou por volta de R$ 200,00 rasos - mostrou nariz cítrico, algo mineral - indicando que, acredito, ainda esteja no ápice - mineralidade repetida em boca na forma de um ligeiro salgadinho, ótima acidez e permanência, bom final. O problema foi o salomão (rs) com um tanto de alho, que colidiu com o vinho e não permitiu melhor harmonização. Não antecipei que D. Cláudia pudesse optar por esse preparo do peixe... mea culpa, mea maxima culpa... Finalmente, o Calcu Gran Reserva Rosé 2021, feito de Malbec, apesar de uma cor bem bonita, pouco acrescentou à minha percepção sobre rosés. A ideia do Paulão era pegar o branco, já velho conhecido nosso, mas estava em falta. Para não deixar o vácuo - o inominável vácuo - tomar conta, ele optou pelo rosé em vez de escolher outro branco. Ligeirinho que só ele (rs), não fez jus à versão Sauvignon Blanc-Semillion: 12,5% de álcool, baixa acidez, alguma graça no nariz e rápido em boca, não foi suficiente para aproximar-se do Gran Reserva branco, que recomendo. Teve sobremesa e vinho, mas já tinha alcançado meu limite...

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🐭 Rata!
Como bem observado pelo Jairo, o Shot fica na Carlos Botelho...

2 comments:

  1. CA aniversário entre amigos sempre bom com brancos, tintos e roses! Parabéns
    E a recomendação do Champagne Barbier-Louvet Cuvée D'Ensemble Grande Cru, valeu!

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    1. Oláááá... grato pela leitura... foi tudo bom, apesar (rs) dos rosés. Essa xampa estava a bom preço quando comprei, depois subiu um tanto, e agora está esgotada. Mas de repente aparece alguma outra oferta...
      Obrigado!

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