Sunday, June 30, 2024

Níveres (sic) na Paduca

Introito

Você, leitor, é humilde? Não refiro-me àqueles que reconhecem as próprias limitações e falhas, tão comuns em nós, humanos, nem a quem não deixa-se levar pela vaidade; pergunto-lhe se tem uma condição financeira confortável. Está em dúvida? Ela pode ser legítima! Mas é fácil vermos se a tem ou não: compra blusinhas/sainhas de marca desconhecida ou inferior, maquiagem e similares simples em lojas como Shein, Shopee e AliExpress? Não? Então sua situação financeira é confortável - assuma! Você está no time dos bacanas: pertence ao grupo dos 10% mais abastados do pais; pode viajar de vez em quando - uma vez por ano? - e voltar com 1000,00 dólas na mala, sem taxação. O descabeçado do nosso ministro da educação fazenda escolheu taxar os pobres em vez dos ricos, e Ali Lulá concordou.


Qualquer governo legitimamente de esquerda demoraria menos de 0,00001 segundo para fazer o contrário! Enquanto isso...


   O conglomerado não fez isso para beneficiar o consumidor, fez visando lucro - o que não é pecado, mas afigura-se mais uma tunga por cima da população. A loja coloca-se como mera intermediária em uma operação onde antes o cidadão podia fazer por sua própria iniciativa, a custos reduzidos. A prova da alta lucratividade projetada é óbvia, basta googar:


As ações simplesmente dispararam! E não sou eu quem está dizendo! Para quem ainda se fia em contadores de istórias (sic) e lorotas, estas linhas não fazem diferença; eles estão irremediavelmente perdidos para a estupidez. Para os desavisados, seria legal começarem a se tocar: qualquer bolsonésio ou salvador da pátria dizendo Deixa comigo! não será solução para coisa alguma... a menos, claro, de mais pasmaceira.

Níveres (sic) na Paduca

Estes dias tivemos dois níveres (sic) entre os Paduquentos: Fernando e Duílio. Infelizmente o primeiro esteve em semana corrida, anteriormente, e não fizemos uma extraordinária; nesta terça sentamo-nos para tirar o atraso. A churrasqueira foi operada com maestria pelo Duílio, e lançamos não de um exemplar das nossas reservas estratégicas. Recebi os confrades com um Quinta de Chocapalha 2018, o primeiro dessa safra que bebo. Já falei bastante dele. Para um vinho de 10,00€ é bem honesto e este não foge à regra: rico em frutas, algo de café/chocolate; boca equilibrada por taninos já domados, álcool integrado, corpo médio, final agradável: bem o esperado para um vinho relativamente simples. Os dois seguintes estavam acima do padrão normal da confraria - agora, passada (passada? - risos) a fase de portugueses fáceis e espanhóis adocicados - espero melhorar um pouco. As opiniões foram e voltaram, incluindo a possibilidade de sul-americanos. Sempre digo: vejam a acidez... Com uma carne quentinha passando, servi o Lopes de Heredia Viña Bosconia 2011, um Rioja corte 80% Tempranillo, 15% Garnacha e 5% de Mazuelo/Graciano. Entupiu (rs!) os narizes com muita fruta e madeira, além de mais toques. Boca muito fresca pela acidez presente - estimula a salivação, e ficou ótimo com a carne assada - e notas de frutas com o quê de novas. A exemplo do outro vinho, os bebedores disseram ser novo - ledo engano, não? Com seus 12 anos e parecendo mais jovem do que diversos outros degustados recentemente, está na categoria Reserva mas dá um caldo em muito Gran Reserva por aí. Vi confrade mastigando a boca vazia depois de engolir e alegrando-se com sua persistência. Todo mundo deveria experimentar um vinho como esse, algum dia. Infelizmente está nas mãos de uma das tubaronas do mercado; esse exemplar veio de fora. 

   O Brunello di Montalcino Poggio Rubino 2012 chegou depois de aerar - assim como o Bosconia - por umas duas horas e meia. Foi outro bom vinho, nariz menos intenso na fruta mas de maior complexidade, aportando couro/chocolate, toques terrosos e outras notas. Boca com um pouco menos de acidez - mas estava lá - com traços deliciosos de fruta e chocolate, taninos sedosos - está em ótimo momento para ser degustado - boa persistência e final. É um conjunto diferente do Bosconia - que impressionou mais os bebedores - mas igualmente agradável e complexo, embora por outras características. O pessoal deixou passar os detalhes do Brunello, mas considerando a sutileza da experiência, é difícil para eles pegarem tantos detalhes de uma só vez quando a sensação do maravilhoso proveniente de um vinho consegue embriagar seus sentidos. Valeu muito a pena, e tenho certeza: os Paduquentos estão galgando os primeiros passos para uma nova perspectiva sobre vinhos. E ainda preciso falar desse Porto '94...

Valores

O Lopes de Heredia Viña Bosconia 2011 foi trazido de fora, e talvez não esteja disponível nessa safra por aqui. Mas seu preço médio cá é de USD 90,00+, contra USD 30,00 lá fora: 3x de pura tubaronice. Nota mental (risos!): Lopes de Heredia - qualquer um - é o vinho para se trazer na mala: o bebedor nunca experimentará um vinho ruim deles. Algum tempo atrás comprei um Tondonia 2008 daquelas fontes que a Mistral usa para desovar o excedente em estoque - eufemismo para a facada nas costas de seus clientes regulares - a uns R$ 350,00. O preço regular é R$ 732,00, mas está em 'promo' a R$ 622,51. Se disser que falou com o Enochato, R$ 622,50.




O Poggio Rubino é uma incógnita interessante: não encontrei seu preço em muitas lojas mundo afora, procurando tanto na internet quanto no Wine Searcher. E seu preço lá fora está bem alto, algo como USD 50,00+. No próprio sítio do produtor é vendido a USD 75,00! Mas um Castelgiocondo do Frescobaldi parece-me - de memória, definitivamente não uma boa baliza em se tratando deste Enochato - estar notas acima dele, e por um preço inferior, média de USD 60,00, para a safra 2016:


   Tenho uma lembrança muito boa desse Castelgiocondo, pois bebi dele em sua safra 1997. Don Flavitxo não mente, a postagem está aqui, de onde tirei a imagem: 


   Ah, sim (risos!), tinha também outro Brunello, do Siro Pacenti, nessa brincadeira... mas esse tem seu preço um tanto mais alto, e não pode ser comparado. Enfim, não sei o que se passa com o preço do Poggio lá fora, mas aqui ele está a R$ 299,00(!) tanto na importadora Espaço DOC quanto na rede de supermercados paranaense Festval. A extinta Lovino.com era o braço de internet para o Brasil todo, e comprei minha garrafa de lá. O interessante estava no fato de os preços da Lovino estarem sempre um tanto mais altos dos das lojas físicas - esse Brunello custaria, hoje, uns R$ 345,00, talvez. Mas para nós, paulistas, valia a pena. Mas recuperando: não, Poggio não prece-me um Brunello de USD 50,00. Mas seu valor aqui, pelos mesmos USD 50,00, está bem razoável. Alguns dos vinhos deles eram comercializados em S. Carlos pela Casa Deliza. Esse, não me lembro de ter visto. Mas a importação de alguns rótulos pela Festval com margens humildes(!) faz dela uma boa eventual fornecedora para lojistas daqui. Falta quem se aventure.


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