Introito
A ironia é uma arma poderosa em tempos de paz e democracia e este escriba arroga-se a dominá-la com alguma maestria. Sem muita paciência para metáforas rebuscadas ou para rimar termos cognatos, vou tecendo minhas cantilenas e abusando da indulgência do leitor mais desavisado. Não estamos mais em em momentos pacíficos, e faz tempo. Para mim começou (não) na última quinta-feira, mas n'alguma quinta-feira preguiçosa tempos atrás, quando o Estúpido pronunciou pela primeira vez "Porque eles...". Agora esse Zé Ninguém com posição de superintendente prepara, imerso em sua raiva e desejo de vingança, mais um assalto à classe média em extinção coordenado pela batuta de seu filho bastardo Zé Taxão: alguém cuja pouca capacidade obrigou-o a colar em prova de Economia e que de repente viu-se no cargo de sinistro (sic) de estado sem ter ideia nem noção da importância e responsabilidade da função. Nenhuma novidade para posto já ocupado por um cabeça de mantega (sic). Na falta de paz e democracia - e pela esquerda mundo afora estar desgovernada, para minha mais completa vergonha - algum ódio acaba por nos acometer. Minha paciência ante a desmandos e incompetências acabou-se há muito, mas a democracia manda-nos testarmos nossos limites e manter a ternura... Aconteceu dos tempos de paz e amor ficaram para trás, né Janja? Saboreemos então a dura verdade. Nada mais, mas também nada menos. O pobre Joe é outro a não se cansar em nos humilhar. Estes dias comentava, lépido e saltitante, sobre os aliados (europeus) nada dizerem acerca de sua condição, nem recomendarem-lhe repouso. Indica dois pontos: o quanto os primeiros são tolos e omissos, e quanto o pobre Joe passou do ponto e confunde o menor fio de teia de aranha por cipó onde possa agarrar-se. Ousariam os aliados europeus recomendar ao pobre Joe encher sua fralda geriátrica no aconchego do lar em vez de fazê-lo repetidas vezes em público?
#Émuitovinho
Estes dias a #Émuitovinho voltou a se reunir, celebrar a vida, as companhias, o vinho e o retorno da D. Neusa daquele país onde a cana mais dá, o Canadá. Claro, com muitas garrafas na mala. Desta vez escolhemos exemplares mais baratos em maior quantidade; os caros ficaram por conta do compadre Ghidelli, tendo-os trazidos em viagem de final de ano para sua amada Espanha. Ameaça tirar cidadania, e parece decidido... todos os rebentos estão lá; para que suportar os desmandos presenciados diariamente por estas bandas? Abusos para quem os percebe, bem entendido, porque aqueles que não os querem observá-los, simplesmente não os notam...
Com alguns vinhos mais complexos devidamente repousados por vários meses, lançamos mão de um exemplar de destaque junto a outros mais simples. O Chablis Vielles Vignes 2022 Domaine de la Motte já apareceu nestas páginas e foi um grato achado graças aos contatos de Don Flavitxo. Quem o havia degustado e esquecido (risos!) gostou novamente e aprovou a aquisição. Manteve o nariz cítrico, boca com frescor e ótima acidez, boa persistência e final, como se espera de um vinho de 17,00€. Comprado aqui a R$ 180,00, é uma oferta excelente. O Viña Cubillo 2016, também provado há pouco tempo, recebeu de D. Neusa um comentário jocoso: E pensar que é o vinho mais simples desse produtor... Cubillo é tudo isso: elegante, bom corpo, estruturado e bem balanceado, sem muitas arestas: lembra aquela bandinha bem treinada a tocar os acordes da maneira correta e sem afetação. Para um vinho de 18 dólas na Espanha, seu preço aqui de R$ 373,10 é um despropósito - e não adianta dizer ter sido indicado pelo Enochato; terá de pagar até os últimos R$ 0,10. Sei que tem no Paraguai. Considero viajar até lá e usar dos meus direitos de turista na fronteira e trazer o que puder dele, antes da meia-noite.
Junto do bifão veio o Brunello de Montalcino Fattoi Riserva 1999. A safra '99 foi notável em Montalcino. Isso não assegura a integridade de todas as garrafas - outro exemplar aberto pelo confrade literalmente miou - mas a nossa mostrou-se muito interessante. Reproduzo a impressão do Ghidelli: ...uma cor que não entregaria tudo o que se esperava de um Brunello. Mas surpreendeu com aromas primários de alguma fruta negra. Tinha muitas camadas de aromas terrosos e resina, além de creme de cogumelos e aromas de estábulo. Na boca a acidez se equilibrou com os taninos bem redondos, sem se notar a presença marcante de álcool. Boa permanência e retrogosto. Gostei da surpresa... O meu nariz estava um pouco detratado (rs); no dia seguinte uma gripe chegaria com força, mas deu para pegar notas oxidadas bem evidentes. Equilibrado, tinha ótima persistência e final, mas só consegui aproveitar além do mais óbvio. Ainda assim a diversão foi completa, e valeu. Obrigado, Ghidelli! Para completar, a sobremesa foi tocada por um Icewine Riesling 2019 da Pond View, produtor da Península do Niágara. Buquê muito rico, complexo, pouco decifrável pelo estado calamitoso do provador, ainda assim teve força para marcar-me com um tom cítrico de maneira indelével. Boca adocicada contrabalanceada pela firme acidez, mostrou-se muito equilibrado e a permanência, esplêndida. Não tenho certeza de bate o excelente Magnotta Cabernet Franc, do qual tive o prazer de desfrutar por duas vezes, mas valeu muito.
Encontrei a imagem da abertura aqui, https://br.ifunny.co/picture/meia-noite-taxarei-sua-alma-ze-do-taxao-l76DgS9aB. Não há crédito do artista, pessoa de sensibilidade e bem conectada ao momento atual, e cuja paciência claramente ainda não se esgotou.
Pois é Carlão, esse Brunello esteve bem diferente do outro exemplar que trouxe e degustado juntamente com o D. Flavitxo. Estava oxidado e não precisou de uma segunda taça para confirmar, o que confirma aquela maxima: uma garrafa pode ser diferente da anterior. Nesse caso, os 10% do acaso estava do nosso lado, sorte nossa...
ReplyDeletePois é... a diferença entre puxar 'esta' ou 'aquela' garrafa e pegamos uma boa num momento, e uma miada no outro...
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