Introito
A vergonha alheia para a esquerda, nesta semana, vai para o congressista Chico Mané, ou algo assim. Defendendo certa pauta em uma comissão, ele veio com essa:
O simples agravamento da pena não vai resolver essa questão de fundo, essa questão estrutural, essa questão que deriva da desigualdade social... a pauta do plenário só quer punir, punir, punir, apenar, apenar, apenar, como muitos projetos que vêm para cá.
O deputado Kim Katakoquinho não deixou barato:
Com o voto dos partidos de esquerda desta casa, recentemente houve aumento de pena para feminicídio e racismo contra mulheres e idosos. Então ou o aumento de pena não resolve em nenhuma hipótese, em nenhum caso, ou ele resolve. É necessário que seja tomada uma decisão de lógica, porque os pressupostos são os mesmos... (meu grifo visa imitar a ênfase do deputado)
É engraçado - para não dizer repugnante - o uso desse termo, estrutural. Pode cair bem para ignorância estrutural, ou decadência estrutural, advindas das altas camadas do poder. De resto, seu uso plenamente descartável por nada significar. O caboclo leva, isso sim, uma invertida estrutural (sic) perdido nos próprios conceitos tortos de democracia e nos faz passar a todos por idiotas, tendo-o como representante. O conteúdo está aqui. e acontece logo nos primeiros 40 segundos do vídeo. Poderia ser pior, poderia ser como a vergonha alheia da direta - nesta semana e em todas as outras - que fica por conta de sua mera existência. Mas se deseja um exemplo concreto, veja uma mesa-redonda onde o direitopata defensor de bolsonésio, chamado Supernanny - ou algo assim -, conseguiu fugir de todas, absolutamente todas, as perguntas que lhe foram dirigidas. O debate é longo, 3 horas, mas se quer ter uma ideia da lapada (rs), esta aqui dura um minuto e cinquenta segundos. O fato é que, nos últimos 21 anos, tivemos praticamente 16 anos de governo PTlho, e as desigualdades do país não diminuíram; um bom governo desde o início não daria a mínima chance para idiotas criarem termos dispensáveis. E não há ideologia que resista a tal exame.
Ainda meu níver...
Esta reunião aconteceu um dia depois do meu níver, quando degustamos um Barolo '96 e um Brunello '97, aqui. Aconteceu de sobrar um pouco de cada, e as garrafas caíram nas mãos das Malucas (rs!). Nagib, turbinando o encontro, provou mais um pouco deles e não me deixará mentir sozinho. Degustei um fundo de taça, e estavam ótimos naquele segundo dia! Se o leitor tem alguma dúvida, basta ver o sorriso franco da Débora e do Mário, como crianças... mantiveram o nariz rico, com boca complexa e final marcado, longo, não como sugerem pseudocríticos de vinhos sul-americanos. Grandes vinhos normalmente são assim: seguram a onda (rs) de um dia para o outro, quando não melhoram - e muitos apuram-se! O problema sempre é permitir sobrarem (rs); de qualquer maneira várias das minhas experiências, retratadas em 'Segundo dia', comprovam isso. Desnecessário esses tintos vieram depois da entrada...
A Xampa Premier Cru Brut do Barbier-Louvet, um Blanc de Blancs (só Chardonnay, portanto) foi servida com morangos. É uma combinação conhecida, e agradou. O nariz à fermento (pão) estava lá, assim como o cítrico; sua acidez combinou com a da fruta, e o casamento foi feliz. Morangos doces aliados à própria acidez pareiam bem com Xampas - ou mesmo espumantes -, experimente. Na sequência tivemos um Chablis Premier Cru da La Chablisienne que faiô (sic), e foi substituído por um Puligny-Montrachet Vieilles Vignes 2014 do Vincent Girardin. Bebi desse produtor pela primeira vez quando pegamos Don Flavitxo de surpresa em seu aniversário lá pelos idos de '14, quando levei um Corton-Charlemagne 2010, novo como ele mesmo atestou - somente no nariz e às cegas, literalmente, pois o vendamos com uma daquelas máscaras que a turma usa em avião - mas que estava bem bebível. Esse Puligny estava bom, com notas cítricas, principalmente, e ótima acidez. Quem tem deve mandar ver, está no ponto. O vinho principal - e para acompanhar meu indefectível filé ao molho gorgo - havia sido escolhido pela turma havia algum tempo.
Parece que o Pascal Lachaux era genro de um tal de Robert Arnoux (cabra macho da Borgonha, proprietário do conceituado Domaine Arnoux-Lachaux) e trabalhava ainda como pequeno négociant produzindo bons vinhos. Com o falecimento de Robert, em 2007, ele assumiu o Domaine junto de sua esposa, e focou-se na marca. Seu Bonnes Mares Grand Cru 2004 foi areado por cerca de duas horas e mostrou-se rico, equilibrado, corpo médio com ótima acidez. Não lembro-me dos detalhes, mas havia fruta e mais toques, e em boca os taninos bem redondos denunciavam seu auge. Bebi um bom Borgonha mais novo (um Henri Gouges Nuits Saint Georges Premier Cru Clos des Porrets 2017) em 2023, e os estilos são bem diferentes. Bem, Borgonhas são muito diferentes entre si conforme a região, e daí advém sua riqueza, mas meu ponto é o seguinte: beber Borgonhas mais envelhecidos é uma experiência, e bebê-los novos é completamente outra. Não advogo ser grande conhecedor, mas reputo serem aprendizados complementares. Quem já degustou de duas garrafas da mesma região, uma mais nova e outra mais velha, seguramente terá muito a dizer. Apenas chamo atenção para essa possibilidade. Você já tentou?
Duas fotos da Liu registraram bem o encontro.
O Níver da Luciana
No níver da Luciana teve sessão de fotos com os convidados e seus presentes. Como eu havia levado somente um cinto na forma de Sinto muito, Luciana, acabei me enfiando de bicão em uma delas com cara de quem não sabia o que fazia lá. Bem entendido, foi um Sinto muito, Luciana, escolhi esse Margaux para você, e quando começaram a registrar a chegada dos convidados, eu, primeirão de todos, já vira minha recordação ser guardada em sua adega. Má melhor teve mesmo a Xampa Vollereaux Réserve Brut: o pessoal divertiu-se com seus aromas - preciso começar a registrar tudo no momento... Estava rico no nariz, e a boca deixou um pouco a desejar: faltou um pouco de acidez, mas nada é perfeito... Os trabalhos mais sérios foram abertos com um tinto de Ribera, o Pipeta Tempranillo, corpo médio, cheio de vida por um pouco jovem e potencial para envelhecer mais um tanto. Também não tinha tanta acidez, mas seus 14% de álcool estavam equilibrados com o conjunto da obra e fez bom par com as entradas, principalmente embutidos. No rótulo não constava a safra, mas no sítio do importador (Chez France) a atual é a 2021. O melhor estava por vir, e... chegou!
Xavier Châteauneuf-du-Pape Cuvée Anonyme 2017 aerou por algumas horas antes de chegarmos nele. Não tanto quanto deveria, talvez, mas fiquei-me perguntando como um grande vinho, jovem, poderia exprimir tanta fruta e mais toques numa complexidade tamanha ainda tão cedo. Cuvée Anonyme é um Xatenefão, boca frutada tocada a taninos médios a encorpados, boa acidez e fruta viva, mas percebe-se que quase tudo nele está se segurando na borda da taça, um tanto contido. Estará bom para 2030, e se você tem, resista à tentação. Ao contrário do que sugeri para Borgonhas, de onde alguns grandes exemplares podem ser bebidos mais cedo, penso que o mesmo não ocorra no Rhône. Minha recente experiência com um ótimo Hermitage 2009(!) serve como base, assim como um Beaucastel 2015 degustado em 2021 cujos Fechado, Fechado ecoaram na minha cabeça por quase um mês. A Maluca (rs) é uma confraria nova e embora seus membros consumam vinho há algum tempo, a percepção da qualidade dos grandes vinhos vem sendo galgada em confraria. Com um Enochato por falador-mor em todas as reuniões, ela há de aprender... ou mudar-se de S. Carlos para Timbuktu com os ventos da próxima estação... A reunião, além das Malucas, contou com os casais Eustáquio e Miriam, e Flalrreta e Gustavo. Mais um níver onde tudo teve bão...
Meu Guru dos vinhos e amigo CA, ei de concordar com seus relatos, registrando dois maravilhosos encontros entre amigos queridos, datas de grande alegria regada a ótimos vinhos e mesas fartas!Um brinde as memórias “fotografadas ,escrita” e no coração guardados todos os sorrisos!
ReplyDelete😲 Guru? Nem de longe... apenas um Enochato! (rs)
DeleteNo final, foi assim: teve bão, e quem não foi, perdeu!
Obrigado pela leitura!