Introito
Andrada aprontou novamente. E se Andrada apronta, o dóla sobe. É o mantra preferido dos idiotas cuja memória não vai a além de uma semana, não por deficiência mental mas por retardados que são. A estória de quem chega a quanto primeiro é antiga:Notou? Já em 2015, primeiro ano do segundo mandato da estocadora de vento, os memes circulavam serelepes. E nem pretendo ser essa a primeira aparição desse tipo de piada. Em 2019, (logo o meu) PC do B em sua infinita sabiduría cutucava (recuso-me a fazer propaganda para vagabundo):
Por último e crentes em seu ineditismo - eles são estúpidos quanto à cronologia de eventos, mas não estão sozinhos nisso - bolsonésios acreditam inovar. Ah, tá...
E ficamos assim: projeto de país, de qualquer das partes atuantes no governo federal - agora ou antes -, é absolutamente nenhum. Ações para colocar-nos da rota do crescimento, esqueça. Preocupação com a educassão? Com a educassão, toda! Já com educação... Basta de gente covarde, sem caráter, sem inteligência e sem propostas viáveis, sejam direitóides ou esquerdopatas. Por um projeto de país - um bom! - de qualquer ideologia. Não temos mais tempo a perder com essas tolices.
Uns vinhos algo exclusivos...
Foi no dia 28 ou 29 de outubro: deveria ser uma reunião da Paduca sem o Paulão, com viajem marcada havia semanas, mas no final o Fernando também não compareceu. E perdeu. Servi às cegas para o Duílio um Quinta da Romaneira Syrah Apontador 2016. Ele ficou abismado, logo de saída, com o buquê. Perguntava-me repetindo como um manta: O que é isso?! a cada cafungada, e antes de prová-lo. Quando finalmente levou-o aos lábios precisou fechar os olhos, como se estes interferissem em sua... avaliação? Não, em sua satisfação... engoliu devagar, e piscou junto de um sorriso, maravilhado. Não lembro-me bem das notas, mas sobravam fruta e mais toques na clara constatação de um vinho amadurecido e próprio para ser degustado. A boca estava pegada - no sentido de potencializada a 14% de álcool bem integrados, acidez presente e boca complexa com final longo de verdade...Tanto um quanto outro parávamos no meio da conversa para comentar o quanto o vinho permanecia em boca depois de engolirmos e enquanto conversávamos. A foto mostra o entusiasmo do bebedor com a experiência. Apontador era vendido pela Lovino, braço eletrônico do grupo supermercadista curitibano Cia Beal de Alimentos, infelizmente descontinuado. Por indicação de Don Flavitxo paguei módicos R$ 199,00 por algumas garrafas, e pois de experimentar uma delas em modo infanticídio (rs), R$ 259,00 por outras poucas, para um vinho dos seus 45.00€-50.00€, uma ótima compra. Infelizmente ele esgotou-se e parece ter passado para a concorrência. O valor pornograficou-se, indo a R$ 750,00 - tá, entrou em 'promo' por mórbidos R$ 600,00.Para o Duílio ficou a experiência de um novo patamar em qualidade de vinhos; Apontador sem dúvida está um degrau acima (dois?) do melhor vinho português que a Paduca provou até hoje, o Chocapalha Vinha Mãe. Aos poucos os Paduquentos vão-se emendando.
Vinho véio
No dia 31 de outubro fomos para Campinas, Duílio e eu, buscar Don Nagibin, o bom palestino. Amigo dos tempos de graduação - 40 anos - Nagib veio do Chile para meu níver, o que muito enfelicitou-me (sic). Chamara Don Flavitxo, nosso contemporâneo de UFSCar, e o próprio Duílio, depois de aturar-me por quase 400 km, mereceu uma participação especial, mesmo com a reunião da Paduca marcada para um pouco mais adiante. D. Neusa havia prometido saudar-me pessoalmente no dia, e como saí cedo ela veio à noite, após uma reunião com amigas. Sortuda, chegou no melhor momento. O sorriso aberto do Duílio prenuncia ao leitor o que veio...
A Xampa Grand Cru Cuvée D'Ensemble do Barbier-Louvet foi a saudação para os convidados. Ótimo corpo, boa acidez, foi bom par com frutas secas, harmonização sugerida pelo Flávio. Novamente, pelo tempo passado não vou lembrar-me de muitos detalhes, mas o sorriso de felicidade da turma foi suficiente para convencer-me de como a proposta funcionou bem. Depois vieram os tintinhos. Comprados lá fora em oportunidades ímpares, estavam destinados à minha prova pessoal do velho aforismo: bons Barolos e Brunellos realmente envelhecem bem. Claro, nunca estamos 100% livres de um problema de percurso como uma rolha defeituosa, e guardá-los por bastante tempo envolve algum risco. Aldo Conterno Barolo Riserva GranBussia 1996 provém de excelente vinhedo da propriedade de ótimo produtor do Piemonte. E 1996 foi uma safra magnífica. Conti Costanti também é grande produtor de Montalcino, e a safra 1997 na toscana foi tão grandiosa quando a do ano anterior no norte da Itália. Abri ambos tão logo cheguei, e era um pouco tarde, por volta das 17:00. Levei as rolhas ao nariz a certeza da qualidade cristalizou-se em aromas discretos e agradáveis. Estavam ambos ótimos! Foram servidos por volta dos 21:00, depois da Xampa. O Barolo estava no padrão do Brovia, degustado com a Maluca há pouco: elegante, gracioso, fruta ainda presente, sem a menor nota de oxidação(!), taninos redondos... o Brunello não ficou atrás, igualmente arrebatador com grande equilíbrio. Não fosse suficiente, ainda evoluíram durante a degustação. D. Neusa chegou um pouco tarde, e colheu os melhores frutos. Nenhum deles tinha borra! Até onde sei, a borra é em parte o tanino precipitado, e se nenhuma havia, ele estava lá, misturado ao vinho. Domado, arredondado, tranquilo... simplesmente... um must! (risos!)
A sobremesa foi antecipada para os convivas de todas as confrarias para evitar que alguém trouxesse alguma sobremesa que não combinasse, e fez parte de uma teima nutrida por este Enochato há tempos. Já fizemos com todas as confrarias uma brincadeira sempre entre um colheita tardia (chileno, normalmente) e um Sauternes 'reba' - o DV by Doisy-Védrines, até onde sei, é o terceiro vinho do produtor. Minha ideia era oferecer aos convivas um painel de diversos vinhos de sobremesa em espiral ascendente. Se deu certo? Precisarei de uma postagem para falar só disso...
Impressões da bléqui
A bléqui deu o ar da graça este ano. Quem comprou, quase invariavelmente @sidanou. A menos, claro, que o leitor esteja nas listas dos bacanas de alguns vendedores da internet profunda, que desovam vinhos das tubaronas em condições melhores do que as da bléqui. Acredito, mesmo, em condições melhores daquelas ofertadas aos lojistas-representantes, uma verdadeira facada nas costas dos comerciantes. E tem lojista-otário defendendo a parceria com as importadoras. Estúpidos, não percebem o quanto a parceria com o cliente é de longe a mais importante. Não acredita? Veja por si...
A Zahil é representante exclusiva (até onde sei) da Viña Alberdi Reserva desde que conheci o vinho, muito bom. Agora ela não mais divulga o preço dos vinhos em seu sítio; é necessário escrever para eles. Se procurar na internet, encontra entre R$ 349,00 e R$ 510,00, passando pelos R$ 377,00 da VinhoBR, loja conhecida por conseguir boas negociações com as importadoras - um eufemismo para desovar com algum desconto, na maioria das vezes reposicionando o produto na margem de 2x. Ele é facilmente encontrado nos EUA por USD 17,00 (com taxas). Não farei conversão a R$ 6,00, mas, até para arredondar, a R$ 5,00; essa flutuação - que pode até permanecer alta - distorce muito a estatística (sic). Ora, USD 17,00 x R$ 5,00 dá R$ 85,00(!). Ainda se fosse R$ 6,00, daria R$ 102,00. O menor valor, R$ 349,00 dividido por R$ 85,00 dá... 4,1x! Ainda se fosse por R$ 102,00, ficaríamos com margem de 3,42x. Veja os dados abaixo.
E convenhamos: dá 2x se fizer a conta do dóla a R$ 6,00! Até tive cócegas de comprar, mas deixei sobrar na prateleira, optando por quem tem apresentado ofertas melhores desde sempre.
O Viña Arana Gran Reserva, da mesma importadora, varia de R$ 599,00 a R$ 939,00, passando por R$ 699,00. O primeiro valor dá USD 120,00 (ou USD 100,00), para os valores propostos do dóla. O mais caro dá USD 187,8 (ou USD 156,53), novamente para dólas a R$ 5,00 e R$ 6,00.
Nem tudo são lágrimas...
A de la Croix ofereceu o seu Domaine Charles Joguet Chinon Clos de la Dioterie a R$ 546,00. Ele custa USD 54,00 na França, o que dá R$ 270,00 (ou R$ 324,00). Não precisa ser gênio para constatar: com o dóla a R$ 5,00 (preço desejável), a margem está em 2x. Se tomarmos a R$ 6,00, ela cai a 1,68x(!). Basta comprar as margens dela com as registradas acima e aperceber-se de quem respeita o honorável consumidor.
Claro, vai aparecer algum defensor anônimo (e covarde) promovendo sua mentira preferida (ou desinformação) e achando que repetir sua fábula mil vezes transformará tal cantilena em verdade. Ledo engano, não passará.
Enfatizo: a importação no Brasil é (sempre foi) um negócio perigoso; o importador ousar descarregar toda a variação do câmbio para cima do consumidor desavisado é só mais uma mostra do quanto somos uma sociedade desprivilegiada no quesito senso crítico. Não deveríamos aceitar. Importação - em qualquer lugar - é negócio de risco. E a insegurança é para quem importa, não quem para vai comprar a posteriori. Não está satisfeito? Comece a se virar para melhorar o país, ou vá negociar esterco nas plantações de café, laranja e soja.
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