Tuesday, December 21, 2021

Espanholetos à vista e o fio desencapado

Introito

Período complicado, cidadanísticamente (sic!) falando. bolsonésio bate recorde no número de delegados do Prato Feito (PF; achou que invoquei o quê?) substituídos por investigações indesejadas contra pessoas próximas a si. Esse pessoal (PF) não está sabendo cozinhar o galo conforme manda o figurino... e ninguém dá um pio para apoiá-los?! Pouco mudou, na verdade: ser tolo, corrupto e processado pela justiça em todas as instâncias possíveis e existentes, e solto por mero e completo casuísmo, há vinte anos, algo assim, cancelava o visto de um jornalista estrangeiro que por aqui trabalhava. Regredimos, porque naquele momento pelo menos houve uma grita geral da imprensa, corporativa que é. Disse uma vez, o pior e o melhor da humanidade, porque é preciso muito cuidado com essa gente (jornalistas), à mesma proporção em que são necessários. Por isso não coloquei o pior em primeiro a troco de nada, que aqui no blog não tem ponta solta nem fio desencapado. Aliás, fio desencapado tem. Às vezes enfio nos fundilhos de alguém, achando-me proctologista de mão-cheia... 😣. Tolos, apresentem-se em fila indiana; não poupo energúmeno! Falemos de vinho.

Jumilla

   Comentei sobre Jumilla há priscas eras (2012), e só voltei a comprar algo da região muito recentemente. Havia experimentado um vinho de importadora que passei a frequentar pouco e sem seguida nada porque a experiência com as 6 garrafas do mesmo produto não foi tão animadora. Perdi alguma 'promo' melhor? Certamente. Mas canalizei meus suados cruzeiros para importadoras honradas que fazem meu dinheiro valer a pena e não que oferecem promos quando o vinho está no bico de corvo, além de nos proporcionarem boas ofertas de verdade. Onde está meu fio desencapado, mesmo?!

Juan Gil

   A despeito de Jumilla não ser um grande polo produtor de vinhos - o leitor sabe indicar algum excelente vinho espanhol da região? Sabe indicar algum grande produtor dentro da elite (10+, 20+), pertencente a essa procedência? - ela oferece-nos boas opções para comermos (bebermos?!) pela beirada. Ah, tem o El Nido, antes que algum safado venha falar nele. Voltemos ao ponto: o leitor anda abonado a ponto de poder comprar Vega Sicília? Ou Aalto PS? Ou Pingus? Bem, o Vega eu experimentei, é um ótimo vinho, mas não para sua faixa de preço (USD 300,00+). O Aalto também, mas comprei em uma época em que custava USD 60,00... está USD 100,00+, atualmente (safras recentes). Pingus, nem se fala. Mas as Bodegas Juan Gil oferece-nos boas opções abaixo de € 30,00 (menos o El Nido, claro...). Ele não é o único bom produtor da região, conforme vemos na imprensa internacional e sítios de avaliações coletivas, por mais que não goste do Vivino, e aqui. Experimentei há algum tempo duas garrafas de seu Etiqueta Plata, aqui e aqui.

Juan Gil Etiquetas Plata e Azul

Acompanhados principalmente de alguns queijos e salames, provamos o Etiqueta Plata com aeração mínima - uns 15 minutos. Tem aromas agradáveis de frutas (vermelhas?) e madeira, com alguma especiaria. Boca com corpo médio suportada por taninos e acidez adequados, álcool pegando um pouco (15%). É um 100% Monastrell (ou Mourvèdre), uva típica da região, e que não desaponta. Já o Etiqueta Azul, que aerou enquanto degustávamos o Etiqueta Plata, é um corte de Monastrell, Cabernet Sauvignon e Syrah (não especifica as proporções), e mostrou-se em patamar superior: tem nariz mais profundo e complexo, com muita fruta, chocolate/café (qual? 🙄; sempre fico em dúvida), especiaria e mais, mas não consegui distinguir bem. Madeira bem mais presente, mas não em excesso; tem de fato uma ótima complexidade no nariz. Os confrades se olharam surpresos. Seus 15,5% de álcool estão melhor integrados; boca muito viva, fruta, algum dulçor que é mais característica do que defeito, boa acidez, conjunto mais encorpado do que o anterior, final mais longo. É claramente melhor mesmo. Bem, lá fora custa o dobro, e a qualidade justifica o investimento. Para minha completa surpresa, com queijo que cabra a boca expressou alguma baunilha! Não percebi se estava presente antes - e acho que não estava! - e essa harmonização pegou muito bem. Dona Neusa comentou gostar muito de harmonizar esse tipo de queijo com espanhóis. Bela dica...
   Ao fim e ao cabo, ambos apresentam bons preços quando comparados a seu custo internacional. Como mencionado anteriormente, fiquei triste ao pagar algo como R$ 120,00 e notar que foi reposto a R$ 199,00. Claro, antes era uma 'promo' (acho que valia R$ 150,00), e a reposição deu-se com um dóla explodido. Mas faça assim: em vez de comprar direto da internet, ligue e pechinche; você se arrisca a ganhar um desconto (10%) comprando uma caixa, que pode ser mista (qualquer vinho, nem precisa ser do mesmo produtor), o que é uma bela vantagem. O Etiqueta Azul tem uma relação custo benefício até melhor, embora custe mais caro. Proporcionalmente, deveria custar R$ 400,00, mas estava R$ 330,00. Na confraria, compramos uma caixa (sortida) e saiu por R$ 300,00. Um preção. Infelizmente esgotou no importador, mas o senhor Oscar disse-me que está brigando por uma reposição a preço competitivo a despeito da desvalorização da nossa moeda. Eu acho que sim, temos que chamar o produtor à conversa e mostrar a situação do país. Afinal, qual é a dos gringos? Querem parceria somente nos momentos de bonança? Onde está meu fio desencapado?!

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