Monday, October 28, 2024

Evento Mercearia 3M e novas comparações

Introito

O demônio mora nos detalhes.
Alguém. Mas bem poderia ser este Oenochato.


   Goethe era relativamente bom. Claro, em nome da honestidade intelectual preciso dar-lhe a precedência quando a assunto são minúcias, embora ele próprio não tenha sido o autor da epígrafe (às vezes é-lhe atribuída por engano) nem o primeiro a preocupar-se do tema: Aristóteles, Léo(nardo), Buonarroti e Galileu vieram antes dele. Atual e localmente, pelo que tenho visto de estúpidos encarregados da defesa de bocós e boçais, ser o portador desta causa cabe ao Enochato a vos escrever. Recentemente, convocada por uma Comissão Parlamentar, a Sinistra do Meio Ambiente foi curralada (sic), ou algo assim, por um bando de idiotas direitosos cujo QI aparenta ser 90, no máximo. Diz pouco sobre os parlamentares, eleitos por gente de inteligência inferior às deles, mas diz muito sobre a Sinistra deixar-se enredar por essa choldra. Um trecho do debate está aqui (11 min); observe que o mérito nem de perto está na qualidade das críticas à Sinistra, mas na autodefesa esboçada pela própria, com pouca competência ou sentido. No minuto 8:30 diz-nos que mais de 80% dos 'focos de calor' estão controlados. Mas como se iniciaram?! Onde estão leis rígidas e medidas eficazes para coibir esses malfeitos, ou pelo menos para punir exemplarmente os bandidos depois de feito o estrago? Não seria um dever de Sinistro de Estado encaminhar para o Congresso propostas nesse sentido? Onde estão elas, paradas no Congresso, na gaveta da Sinistra ou sequer foram alguma vez escritas? Que Deus dê o veredito de culpada à malandra. E ao seu superior, por ainda não tê-la demitido antes, para o bem da Nação.

Paduca

Teve um encontro da Paduca, ambos os vinhos às cegas. Ninguém acertou a procedência dos atores - ou acertou?, mas valeu (risos). Paulão, nosso membro mais adepto à experimentação e novas descobertas, chegou com um Beronia Crianza 2019, riojano corte Tempranillo (83%), Garnacha (15%) e Mazuelo (2%), dizem (rs), frutadão (não é uma crítica!) e mais notas na direção de chocolate, bem agradável no nariz. Boca alegre, fácil de beber, equilibrado, taninos e madeira discretos, alguma acidez. Beronia é um bom produtor, embora às vezes possa meter os pés pelas mãos - aqui. Seus Crianza e Reserva ficam atraentes nas numerosas 'promos'  encontradas nos quatro cantos da internet, e quando isso acontece são interessantes de se provar. Usar o Wine Searcher e comparar seu valor na Espanha com o da oferta daqui é primordial. Jamais pague mais de 2x, sob pena de alimentar um mercado francamente explorador do consumidor. E, nos dias correntes, com crise e tudo, teje esperto (sic): podem aparecer pechinchas melhores. Use o Wine Searcher sempre! Na esteira veio um italiano, o IGT da I Giusti & Zanza Belcore 2019. Corte  80% Sangiovese e 20% Merlot, tem mais pegada se comparado ao Beronia: o nariz vem marcado à fruta vermelha e notas como fumo/couro, a boca é mais complexa pela melhor acidez, taninos mais pronunciados - mas já bem redondos - e maior permanência. A Merlot é uma ótima uva para ser usada em cortes, e ajuda bastante a amaciar a Sangiovese - quem já leu sobre o Brunellogate (1, 2, 3), escândalo onde os vinhos 100% Sangiovese supostamente foram cortados com justamente a Merlot - sabe muito bem. Declarado como IGT, Belcore atesta a presença da cepa francesa em seu vinho e não engana o consumidor. Ele é amplamente melhor, mas tem a obrigação de sê-lo, pelo preço: custa 50% a mais, USD 19,00 contra USD 13,00 de Beronia Crianza. Por aqui seu preço tem variado muito, entre R$ 160,00 e R$ 287,00(!), oscilante entre boa oferta e tubaronice. Mas repetindo: para o 2x de Belcore, o consumidor atento pode encontrar melhores opções.

Malucadeliu

Por ocasião de algum encontro da Maluca (rs), provoquei os confrades sobre um desafio explícito Sul-americano versus Europeu. A turma aceitou e nos reunimos alguns dias depois, para uma prova às cegas. Trouxe alguns bois de piranha em minha última viagem para o Chile, e tenho feito algumas brincadeiras, como esta na Paduca, ou esta na #Émuitovinho, onde todos identificam, sem muita dificuldade, a diferença de qualidade entre os vinhos. E nunca é o caso de se colocar vinhos díspares - pelo menos não no preço! - na mesa, pois assim torna-se claro que, para produtos do mesmo valor, a diferença de qualidade torna-se abertamente observável, para bebedores com um mínimo de traquejo. A questão, então, gira em torno da possibilidade do leitor promover com seus confrades comparações adequadas: é necessário colocar vinhos de valores similares em seus respectivos países de origem, e para isso nada como o Wine Searcher. E sempre lembro: um vinho de valor 'x' em seu país de origem pode custar no Brasil 1,8x, 2.5x, 3.2x ou 4.8x. Esteja atento! Nunca pague algo superior a 2x! Nunca! A presente brincadeira envolveu um vinho já degustado aqui, entre um ilustre representante da desconhecidíssima cepa Monica, o Iselis Monica di Sardegna Superiore 2019, da Argiolas, e um dos vinhos que já esteve entre meus prediletos, o Tarapacá Etiqueta Negra CS, safra 2020. Degustado inicialmente em maio deste ano, Iselis não teve dificuldade em amassar o Tarapacá; pelas degustações relativamente recentes (siga os vínculos), creio-me dispensado de comentar as notas de cada um deles. Como nota, de propósito deixei o Tarapacá resfriar um pouco mais para ver se empesteava com buquê à pirazina, mas não aconteceu, ao contrário do ocorrido com um Casillero recentemente degustado. Comento mais abaixo.

Mercearia 3M

A Mercearia 3M promoveu uma rapidinha estes dias. Não estava sabendo, mas o sr. Cristian Olate Rojas, representante da Calcu, ligou-me avisando. Nos conhecemos em maio de '23 quando tive a grata surpresa de provar seu ótimo branco, o Calcu Branco Gran Reserva. Conversamos mais um tanto sobre o estado do preço (sic) dos vinhos chilenos, e ele concorda que de maneira geral estão caros. Atribuiu parte do custo à evolução e cuidados dos produtores com o processo. Depois fiquei pensando, e não me convenceu que tais custos justifiquem os vinhos triplicarem de preço... ademais, as comparações com as confrarias demarcam a qualidade dos vinhos como o oceano demarca a distância entre Américas e Europa... Calcu Branco 2023 está com a acidez marcante, frescor e final marcado como da safra anterior, e cairá bastante bem com um sushi. Os tintos mais simples de Calcu agradarão os consumidores de vinhos chilenos, mas para mim faltou-lhes acidez. A Ravanal estava lá, mas não lembro-me do nome de seu representante 🙄. Os toques de pirazina revelaram-se mais discretos - como nos Calcu tintos - e a explicação foi a alteração da época da colheita para um momento onde esta pronuncia-se com menor força. Parece estar dando certo, pois não a notei como em safras provadas há uns poucos anos. Falta resolver o problema da acidez. E do preço. 


O inesperado atacou novamente na figura da Bodega Albaflor, com seus Merlot (2019) e Syrah (2020). Ambos com mais de 14% de álcool, mostraram acidez surpreendente com boa persistência - para sul-americanos, bem entendido. Gostei mais do Syrah pela expressão de fruta mais marcante e toques chocolate ao nariz, bom corpo, taninos já arredondados, pronto para beber. Se o preço for mesmo cerca de R$ 150,00, bem... sabemos como eles seriam alvos fáceis numa competição com europeus. Penso por exemplo no Quinta do Noval, cujo Syrah 2018 embalou a parte inicial desta postagem... não se compara... o mais engraçado é que havia sobrado um pouco dele, quando convidei a Débora para dar-lhe cabo. Mas achei pouco meia garrafa para dois, e acabei abrindo também um Valduero Crianza 2016, e adivinhem... sim, sobrou meio Valduero para o dia seguinte - o mesmo a embalar o final destes comentários... como o leitor percebe, postagens bem atrasadas. E não espero dar conta, esta semana a programação promete ser intensa.

Sunday, October 20, 2024

O Road Xou da Qualimpor, e mais

Introito


O posto de maior herói nacional desde Caxias está vago.
Oenochato

O posto de maior herói nacional desde Caxias está vago. E tem gente querendo ocupá-lo. Não é Ali Lulá com seus sequazes cujos primeiros 14 anos dominando os destinos do país passaram liberalmente em branco, sem resolver uma e apenas uma das grandes mazelas nacionais: o MST deveria ter sido extinto, tendo todos os trabalhadores atuantes e vindouros terra à disposição para produzir, em vez de envolver-se em confusão pelo país afora; na educação, o desempenho dos jovens no PISA já foi vastamente discutido, quando o valor investido no ensino quadruplicou e ainda assim andamos para trás(!); finalmente, o término do (des)governo de Ali Dilmá evidencia como a economia foi entregue ao sucessor. Aliás, (des)governo abreviado pelo bem da nação e da próxima geração, de maneira democrática e usando-se das entrelinhas da lei, diga-se. Vemos claramente como a tal da Nova Matriz Econômica colocou-nos na rota de um (de)crescimento seguro e irremediável. A fonte é oficial (IBGE), portanto não pode haver dúvida. Ademais, a média do crescimento destacada no gráfico (2.5%) é pífia se comparada às 500 nações que mais cresceram no período (sic!).


   Também não será bolsonésio e caterva quem colocará o país na rota do crescimento. Sua atuação como deputado em diversos mantados só não foi mais ridícula do que a própria gestão presidencial; a sequência de desmandos presenciados pelos eleitores foi a mais vexatória da história da República. Sua política econômica mesmo pré-pandemia não surtiu nenhum efeito de longo prazo simplesmente porque nada foi sequer enviado para o Congresso. Onde estão as propostas de cortes de impostos, privatizações e fechamento de estatais inúteis? Ninguém viu!

   A despeito desses grupelhos há um grupo sério com propostas intelectualmente honestas e politicamente factíveis para o país. Se você não assiste às lives do MBL, pode não saber do que eles estão falando. Mas está tudo (sendo) escrito, aqui: é a proposta de mudança acontecendo na sua frente. Cidadão honesto, acompanhe ou deixe passar para se envergonhar depois, por mim tanto faz. Só não defenda-se na própria ignorância quando for o último da fila! Leitor interessado que gostar, propague essa ideia - não a minha, nem desta página - até porque não estou interessado em gado e pulhas vindo aqui falar besteiras; não publico comentários sobre política neste espaço. Propague sim a ideia desse pessoal que, independente da orientação política - e mesmo sendo diferente da minha - é quem tem apresentado o projeto de nação mais consistente que já vi em minha vida. Lamento que não seja a esquerda a fazê-lo. Ele teve sua vez, e deixou a oportunidade escorrer por entre os dedos; prostrada, entregou o país a meia dúzia de... você sabe!

Korem na Paduca

Rolou encontro da Paduca no começo do mês. Para abrir as festividades do meu aniversário - e ainda falta muito... - resolvi preparar-lhes uma surpresa. Inicialmente servi às cegas o Chablis Vielles Vignes 2022 do Domaine de la Motte, degustado algumas vezes com outras turmas. Infelizmente o Fernando não estava, mas os confrades remanescentes não fizeram feio. Um foi direto na acidez, disse-a impressionante. Outro atentou para estilo da boca; não soube se expressar adequadamente perante a nova experiência, mas claramente pretendia chamar a atenção para a mineralidade. Quando sugiri um salgadinho na boca, disse entusiasmado: - Exatamente isso! 
Assim está indo a Paduca, pingaiados (rs) de cerveja e uísque descobrindo as lides do vinho e maravilhando-se com ela; podem carecer de experiência, mas já está se emendando na vida (rs). Era para ser uma reunião descompromissada, e o Duílio trouxe às cegas um Valpolicella Classico Bolla 2021, declarando depois nunca termos bebido juntos um vinho icônico nas prateleiras brasileiras desde há muito. É verdade, não bebia um Bolla há uns 25 anos... o nariz estava alegremente frutado, e a fruta repetia-se em boca, com uma pontinha de acidez - baixa... Corpo médio, macio, pronto para beber. Não acompanhou tão bem o bifim a molho gorgo, mas o prato foi não escolhido para acompanhá-lo. E tão logo ergui a garrafa para servir a primeira taça, o próprio Duílio olhou a cor e cantou sua derrota: - Olha a cor desse ordinário... 
   Bem, somente a cor de um vinho não entrega suas qualidades - embora em muitos casos possa conter informações interessantes. O problema é que Korem 2015 está pronto para ser bebido, continuará assim pelos próximos anos, tem a coloração de novo, o nariz elegante e a boca complexa e passou como um rolo compressor por cima do pobre Bolla. Grande parte de sua composição é Bovale, mostrando o quanto devemos desapegar quando o assunto são cepas diferentes. Uma mistura ampla de frutas e notas ao estilo couro ou chocolate, e mais. Boca com taninos amaciados, boa acidez, madeira presente, álcool contido (mesmo nos 14,5%), extraído, com boa persistência - o pessoal elogiou como ficava na boca. O bebedor mais calejado sabe como existem experiências melhores, mas para vem na espiral ascendente e encontra um Korem pela proa, a sensação é uma quebra de paradigma. Comprei Korem da Enoeventos a vários preços no começo da pandemia, e fui comprando ao longo do ano conforme entrava em 'promo'. Cheguei a pagar por três garrafas o valor de R$ 245,00 a unidade - atualmente é um vinho de uns USD 40,00 nos EUA, mas recordo-me de na época custar menos. Nas mãos da importadora anterior - excelsa tubarona cujos calhordas de plantão insistem em defender - custava a bagatela de USD 118,50 (sim, o preço de catálogo deles vem em dólas). Não direi que é a Mistral por uma questão de édica (sic! rs!). O Korem 2019 está custando R$ 480,00 na Enoeventos. Convenhamos, dá 2x, mas existem atualmente diversas ofertas de vinhos com relação lá x cá bem melhor. Estes dias comprei a xampa Taittinger Brut Réserve a R$ 360,00 e não quis pegar o Sassoaloro a R$ 270,00. A primeira custa uns USD 50,00, e o segundo, USD 35,00- USD 40,00. O mercado parece estar encolhendo...

O Road Xou da Qualimpor

Andava meio durango da vida - conforme comentei com o Sommelier Conectado Eustáquio Fragalle, o Lemão aliviou-me em quase um Barca Velha. Depois fui conferir, e o susto diminuiu: custou-me apenas um Ferreirinha Reserva Especial, a parte da cirurgia. É meu amigo por 11 anos, não vou poupar umas meras garrafas se precisar tratá-lo, não é mesmo? Mas estava indi$po$to para comparecer ao Road Xou da Qualimpor em S. Carlos quando um imprevisto da Liu fez-me ser contemplado com seu convite... claro, fui salvá-la de perder o investimento! Ela não aceitou ser ressarcida, para meu desapontamento. O portfólio da Qualimpor cresceu bastante nos últimos anos: de uma empresa cujos produtos limitavam-se às linhas de Crasto e Esporão surgiram a Quinta dos Murças, a Quinta do Ameal, a  importante produtora de vinho do Porto Taylor's, a Colinas de São Lourenço e outros mais. São todos vinhos muito bons, embora estejam um pouco caros. Chamaram atenção: Principal Tète de Cuvée Pinot Noir Rosé, e olha que torço o nariz para rosés, como todos sabem. Mas esse tinha presença, espírito - não corpo, se tem corpo não serve pra ser rosé (risos!) - nariz rico à frutas vermelhas, ótima acidez, frescor, muito chique. O preço assustou, algo como R$ 600,00. Custa caro lá fora, quase USD 70,00, mas não vejo-me comprando um rosé nesse valor. Por mais USD 30,00 dá pra pegar um Xatenêfi &#🙉@😲-de-roda pronto pra beber... é um vinho para bebedores muito mais endinheirados e refinados do que este Enochato, não há dúvida. 

Os Porto Crasto 10 e 20 anos da foto anterior também surpreenderam muito positivamente. Os preços, cerca de R$ 550,00 e R$ 900,00 é que não... mas são ricos, untuosos, o 20 anos até lembra Xerez, elegante mesmo. Mas USD 100,00 é um investimento alto para a maioria dos bebedores; no meu caso guardaria para comprar algo lá fora. O Quinta da Ameal Solo Único, indicado por Don Flavitxo a exemplo do rosé - só ele para fuçar tanto (rs) - também estava deliciosamente complexo, mas àquelas alturas não consegui guardar as notas. Lembro que impressionou. A foto do Principal Reserva (Grande Reserva?) mostra o estado deste Enochato em algum momento: saiu de foco, a despeito de toda a tecnologia disponível nos celulares... no sítio da Qualimpor está disponível o Grande Reserva da safra 2011. Já bebi outros mais antigos, tanto o Reserva quanto o Grande Reserva. São vinhos de bom corpo, acidez presente, fruta generosa e mais detalhes. Àquela hora, impactou sim: tanto pela extração em boca como pelo preço: R$ 1.400,00, algo assim... Tá, priscas eras, com dóla a uns R$ 2,50... paguei menos de R$ 250,00! O dóla pouco mais que dobrou, e o preço sextuplicou! Don Flavitxo comentou que tiveram êxito com ele, lá fora - não lembro os detalhes para tanto êxito - e Princpal Grande Reserva não está saindo por menos de USD 150,00. Lamento... é um bom vinho, mas não sei se vale. Fico lembrando-me, por exemplo, de um Remirez de Ganuza - pode ser o Reserva ou o Trasnocho -, ou de um Domaine du Pegau Cuvee Reservee, ou de um Pape Clement, ou um Comte Armand Clos des Epeneaux, borgoinha de Pommard... São vinhos mais baratos (menos o Clos des Epeneaux, um tantinho mais caro) e francamente superlativos se comparados ao Principal. Sinceramente não entendo onde os portugueses querem chegar com alguns de seus vinhos. Parecem estar incorrendo no mesmo erro de vários sul-americanos... ou não... ambos apostam em impressionar o consumidor desavisado com preços altos. Já escrevi neste espaço: que bom! Se os bebedores soubessem o valor de Xatenêfis - até de alguns Côtes-du-Rhône Villages - eles provavelmente não sobrariam na mão deste Enochato.

   Um comentário que se repete: importadores que propõem um preço ao lojista, mas no mercado acabam praticando outro valor. Não sei se a Mercearia 3M está sendo vítima disso ou se apenas está usando a tabela cheia do preço proposto pela importadora - cujo desconto é gordo - sem repassar qualquer tantinho de benefício para o consumidor. Mas por aí encontram-se ofertas melhores. O sr. Idinir deveria estar atento a isso. Ora, convenhamos(!), este Enochato não é o único que tem ou que sabe usar internet. Qualquer cidadão sabe! Vejamos o que ele encontra:

Esporão Private Selection: não, ele não está por aí a R$ 1.100,00, ou algo assim... está mais um tanto mais barato...



O Calcário3 (a R$ 300,00, até tinha desanimado a falar dele), ficou razoável,

 

   Enfim, não vou procurar os demais, o leitor - que usa a internet tão bem quanto eu! - pode fazê-lo. Sempre digo, devemos prestigiar o lojista local, pois é ele quem nos provê as degustações sempre tão importantes para conhecermos os vinhos, conversarmos com os produtores e aprendermos sobre processo e outros detalhes, mas ele também deve fazer sua parte e suprir seu consumidor com bons vinhos a preços condizentes. No presente caso, infelizmente, os vinhos são bons mas estão muito caros - lá fora e aqui também. No mercado mundial eles não se traduzem em compras são boas, basta conferir os valores do vinhos citados e procurá-los nas postagens. Quem bebe, sabe...

Finalmente, demonstro (como se precisasse...) o valor pago pelo Korem na 'promo' e o valor pelo qual era vendido pela tubarona antes de ser descartado por ela e ir para a Enoeventos.





Friday, October 18, 2024

Xatenefinhos e barolão

Introito

Sem citar a Liberdade guiando o povo (Delacroix, 1830) na Revolução de 1789, ela mesma uma musa, a França brindou-nos com Brigitte Bardot e Catherine Deneuve, para ficar por aqui. Além delas, temos Borgonhas e Champagnes a nos inspirarem sempre que os degustamos - tá, não entendo de Xampas... Seus pensadores, como Jean-Paul Sartre, Michel Foucault e Pierre Bourdieu nortearam o ideário de esquerda na segunda metade do século XX, instituindo um novo olhar sobre educação, sociologia e antropologia, e guiaram não somente o pensamento da elite intelectual brasileira como os diversos governos de esquerda franceses (François Mitterrand, Lionel Jospin e François Hollande). A esquerda canalha - quase toda ela, portanto - crucifica Macron chamando-o direitoso sisquecendo de quando ele esteve no Partido Socialista (foi Ministro da Economia do Hollande). A França é lar da  Airbus (valor de mercado: US$130 bilhões), enquanto aqui temos a valorosa Embraer (valor de mercado: US$2,8 bilhões) - a Airbus é 46 vezes mais valiosa. Desnecessário continuar as comparações, falando da indústria farmacêutica, dos serviços como o turismo (100 milhões de visitantes lá contra 6 milhões aqui, em 2023; pelo menos dá 17 vezes, e não 46) e outros pontos onde a economia francófona é vigorosa; seu PIB, de USD 3 trilhões (para 70 milhões de franceses), bate o nosso (USD 2,1 trilhões para 220 milhões de brasileiros). E não sisqueça que a área da França frente à Europa Ocidental é de uns nanicos 22%, enquanto o Brasil representa 47% da América Latina - somos 15,5 vezes maiores: ganhamos uma!, chamem a Alemanha em campo neutro, agora é nóis! À pergunta, então: sendo a influência do pensamento francês de esquerda tão forte por aqui, como os sonhos de nossos pais sobre o gigante adormecido viraram  um pesadelo tão sombrio? Como a França deu tão certo - sob nossa perspectiva, pois convenhamos, ela não é nenhum prodígio face aos PIBs americanos e chinês, USD 27,4 trilhões e USD 17,6 trilhões, respectivamente - e nós demos tão errado? A França pelo menos ousou - de maneira destrambelhada, é verdade - implementar políticas mais igualitárias, como o ISF (Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna). A exemplo da Linha Maginot, a ideia era boa; a implementação é que foi ruim. Que boas ideias tivemos aqui? Pagar a dívida externa num momento em que os juros em dólas estavam em 0,5% ao ano e a moeda estável, trocando por uma dívida em reais a 22% ao ano de usura? O plano educacional onde o aumento de 400% de investimento em ensino resultou na queda nos exames do PISA por vários biênios consecutivos? Sei que do BRICS (Brazil, Russia, India, China, South Africa) original, mais da metade já alunissou! Considero isso importante desde sempre, veja. O leitor consegue imaginar o quanto estamos longe disso? Se essa última análise não lhe dá o quão estamos distantes de um plano estratégico que nos garanta uma posição de liderança global em algum momento, aposente suas ideias de geopolítica e reconforte-se com uma Xampa pensando em Napoleão: nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário, porque perdemos! Tomei a França como exemplo das comparações um pouco porque nossos vinhos querem parecer-se com os de . Nada contra mirarmos em tão distinto produtor, mas não temos condições climáticas para tal. E o que vem a reboque dessas tentativas é mera forçação de barra (sic), assim como nossos não-projetos nacionais não nos tem levado a lugar algum. Discorda? Parte da cidade de São Paulo ficou três dias sem energia elétrica, e o comprometimento do operador era restaurá-la em... até mais três dias. Ali Lulá disse em algum lugar (lá fora) sobre a ideia de renovar a concessão à atual detentora do serviço. Em um país civilizado, algum dispositivo legal já teria permitido ao Estado colocar os representantes dessa empresa na frente de um pelotão de fuzilamento. Assim são tratados espiões, em qualquer lugar do mundo. Para os traidores da pátria, o tratamento é conhecido: a forca. Continuo dizendo: o posto de nosso maior herói desde Caxias está vago.

Vinhos e mais vinhos

Em setembro a Malucadaliu (sic!) reuniu-se descompromissadamente para dois Xatefênis rebas e a título de compensar o esforço propus um barolinho de minhas reservas estratégicas. Do começo: apresentei uma cava, a Segura Viudas Reserva Heredad Brut, ganho há algum tempo de uma moça frequentadora da Maluca. Um toque leve de abacaxi querendo indicar o início da oxidação misturado com toques de pão, boca complexa de corpo médio e boa acidez. Um ótimo espumante para acompanhar um entrada harmonizada, mas a quem não temos a devida atenção... uma pena. A brincadeira deveria girar em torno de dois Xatenefinhos, para começarmos a galgar essa região do Rhône. A Lu disse ter o CdP De Vigne en Verre 2016, do Pierre Ferraud & Fils. Havia experimentado dele há muito tempo, junto de Don Flavitxo, em uma degustação na Deliza. Então soara rápido, sem graça nem corpo, decepcionante em comparação com uns poucos que já experimentara então. Entrei de nariz meio torcido quando ela falou qual era - antes da reunião - e confesso ter saído surpreso com sua evolução como produto. Digam o que quiserem, fico preocupado quando um vinho não aparece no Wine Searcher, ou mesmo em seu país de origem em pesquisa via Google - é o caso. Dá a impressão de algo feito para ser desovado em algum lugar onde não entendam da bebida, onde bebam Reservado - reservado para os trouxas - e de preferência não perguntem quem é o produtor. Sendo franco, já provei Barolo assim, sem produtor identificado, e não estava ruim não. Mas tem um quê de suspense nessa estória... O encontro aconteceu há algum tempo, não lembro-me das notas, mas o conjunto estava digno, com alguma harmonia, riqueza e elegância, bem bebível. Aí passa a ser uma questão de preço e comparação com o que há no mercado. Competindo com ele, coloquei um Cellier des Princes 2017, praticamente da mesma idade, mais rico, com um pouco mais de corpo e melhor acidez. Quando paguei R$ 237,00, foi uma ótima compra. Atualmente esgotado no importador - Enoeventos - é encontrado por aí a R$ 440,00. Contra a 'promo' de R$ 300,00 pelo De Vigne en Verre, é de perguntar se vale 50% a mais. O comércio está em baixa, e se procurar em fontes de Instagram e outros, encontra-se ofertas de outros vinhos em melhores condições. Nos dias de hoje, pelos seus preços contra as opções disponíveis, dispensaria ambos. Mas, claro, bebi dos dois com muito gosto. É uma questão de oportunidade; a Lu ganhou um conjunto de três garrafas, então está valendo. O Brovia Ca'mia 2006, da Azienda Agriciola Brovia, fundada em 1863, permanece uma empresa familiar e possui um sítio superdinâmico (risos!) com exatamente uma página. Mas o que economizaram online supriram com generosidade na garrafa: um buquê muito delicado - eu não esperava isso! - com uma mistura de frutas e mais toques, boca sutil com acidez média, taninos amaciados, madeira e álcool discretos, mostrou-se um vinho equilibrado, onde a sutileza sobrepuja a explosão. Minha pouco experiência deu-se com exemplares mais arrebatadores, mas Brovia tinha uma aquele discreto charme da elegância dos vinhos mais refinados. D. Neusa, convidada especial na Maluca, cafungou, olhou de lado e sorriu de felicidade. Isso resumiu tudo... Claro, nem só de felicidade é feita a vida. O vinho está disponível no Brasil, por mórbidos R$ 1.705,25 no Pix. Se disser que falou com Oenochato, sai por R$ 1.705,00 rasos...

Como se precisasse... 

Cellier des Princes, conforme esgotou em Enoeventos (R$ 279,00) e o valor atual de mercado.


De Vigne en Verre: não se encontra no Wine Searcher...  mas em 'promo' a R$ 299,00.




Brovia Ca'mia: seu valor lá fora na safra 2006. Disponível aqui boa na safra 2009.



Sunday, October 13, 2024

Um vinho revolucionário?

Introito

A revolução de 32 é (ou deveria ser)
motivo de orgulho para os paulistas.
E quem desfaz dela é um canalha
sem pai nem mãe.
Oenochato


   Pessoas de bem não sisquecem das cortesias que recebem. E as de caráter igualmente não sisquecem de sem-vergonhices perpetradas por patifes, principalmente os que saíram condenados dos corredores da justiça. Nas eleições de há pouco presenciamos uma massa enorme de picaretas sendo descartadas nas câmaras municipais e prefeituras, infelizmente em diversos momentos a favor de iguais calhordas ou incompetentes dos quais não podemos apontar um ganho em eficiência ou qualidade de gestão. A esquerda que tanto prezo saiu-se mal no pleito. Não é para menos, nem injusto: suas principais pautas foram abandonadas há décadas(!) e os mandatários no comando não se esforçaram para manter um mínimo de fidelidade para acom o povo que os elegeu. Esse ente, o povo, continua em grande parte uma massa de otários - com título de doutor, honorário ou não, com PhD na Sorbonne ou com estudo nas Faculdades Santa Piriquitinha da Serra. Nossos intelectuais não mudaram a cara da nação, e aí talvez resida o maior fracasso deste país. Voltando á derrota das esquerdas: dispondo da máquina federal para liberar recursos e da figura do presidente para alavancar apoios, os PTelhos ganharam 66 novas  prefeituras com relação a 2020 (fonte aqui) - deveria ter encolhido, isso sim - enquanto candidatos da direita reacionária amealharam praticamente 600 novas prefeituras. É resultado natural de quando biltres vendem a alma e o voto pro diabo - sejam eles políticos ou eleitores. Pedro Bó, acusado por Paulo Boçal de cheirador de açúcar, admite colocar em seu plano de governo propostas do próprio detrator - as quais, não estranhamente, foram copiadas de terceiros. Demonstra a índole de ambos. Ainda há sujeira a ser varrida para baixo do tapete da história, e tanto o candidato quanto o vencido são exemplos contundentes.

Um vinho revolucionário?

Fazer vinho é um negócio relativamente simples. 
Difíceis são só os primeiros 200 anos.
Baronesa Philippine Rothschild

   A frase acima, atribuída à Baronesa Rothschild, também é citada como sendo da enóloga francesa Anne-Claude Leflaive. Ela é co-gerente do Domaine Leflaive, cuja importância na Borgonha dispensa maiores comentários. Mas ambas não contavam com a inventiva canarinha.

A vinícola Três Batalhas, estabelecida em Águas da Prata, no sopé da Serra da Mantiqueira, traz em seu nome a referência aos confrontos acontecidos na região durante a Revolução de 1932. Tem dois vinhos homônimos, um tinto (Syrah) e um branco (Sauvignon Blanc), ambos de 2023. Provamos do branco, e tinha buquê pronunciado à maracujá e boca com certa mineralidade, um salgadinho (rs) advindo do solo vulcânico da região, e alguma acidez. Mas seu final mostrou-se rápido e rasteiro, a despeito das notas oficiais dizerem excelente acidez, notas herbáceas, refrescante, retrogosto prolongado. Notas herbáceas pode ser verdade, e refrescante, se servir bem gelada, até água o é. O resto, mentira. Com um pingo de  licença poética, para bebedores de vinho suave de supermercados, a acidez talvez mostre-se excelente, e o retrogosto, prolongado. Mas duvido que harmonize com comida, pela serelepicidade (sic, rs!) em boca. Sobrou um tanto, e surpreendentemente  manteve-se algo atraente no terceiro dia, contrariando o ditado segundo o qual quem pouco tem a oferecer na abertura, menos terá depois. O buquê (cítrico, e mais o quê, rosas?) continuava lá, para completo espanto e invocando a sugestão de como fragrâncias artificiais podem estar atingindo o estado da arte em termos de estabilidade. Convenhamos: não é possível um vinho manter tanto buquê por um período onde grandes franceses teriam declinado. Invocando o conhecimento de pessoas do meio, respeitadíssimas, como a Baronesa Philippine Rothschild e Anne-Claude Leflaive, segundo quem a produção de vinhos é um aprendizado longo, assombra além da credibilidade uma vinícola aparecer com um produto assim na primeira vindima de Três Batalhas - sim, possuem experiência anterior segundo a página eletrônica, mas nada sugere ser próximo a 200 anos... Alguns dos meus leitores possuem espectrofotômetros em seus laboratórios... topariam uma análise desse vinho? O único problema é reunir coragem para desembolsar outros R$ 250,00 na aquisição de uma garrafa - seriam duas, na verdade, uma deixada para controle. Mas por R$ 180,00 tenho comprado exemplares de Chablis francamente melhores... Bem, como mostra a foto também teve meu cachorrinho, o Lemão, e um Juan Gil Etiqueta Plata 2018 em última aparição. Explico: foi minha derradeira garrafa. Está pronto para ser degustado, alegre, frutado, taninos amaciados, madeira discreta, acidez presente, bom conjunto. Aparece por menos de 10 dólas lá fora, embora seu preço mais comum na Espanha seja 13 dólas. Mas isso dá R$ 73,00, e seu valor atual, sem 'promo', a R$ 210,00, mostra a importadora flertando com a tubaronice. 

Passadouro, by Quinta do Noval

Escrevo parte da postagem embalado no segundo dia de um Passadouro Touriga Franca 2018, produzido pela Quinta do Noval. Peguei uma bela 'promo' desse e do Touriga Nacional do mesmo ano, degustado recentemente. Enquanto o TN estava mais pronto, este abriu fechado (sic! rs!) e continua fechadão até agora. Apareceu fruta vermelha que despontava singelamente ontem, e pouco mais; a boca continua densa, taninos pegados, acidez, mas não mostra outras notas. D. Flavitxo comentou serem longevos quando recomendou-me a compra tempos atrás, mas imaginava que seis anos, para vinhos simples, seriam suficientes. Necas... Encontra-se por aí a uns R$ 150,00, pouco mais, e para um vinho de 20 dólas em Portugal está cá um preção. Encontra-se o reserva em custo-benefício até melhor mas deve-se ter maior paciência com este; experimentei há algum tempo e estava bem fechado - conferindo agora, noto que não postei... E deve-se sempre ter cuidado, pois - nenhuma novidade - o mercado está repleto de pegadinhas. Por exemplo, há não muito tempo recebi a oferta do Bodegas Ponce PF (Pie Franco) de R$ 276,00 por R$ 193,00. Encontra-se por até 15 dólas (R$ 85,00), o que dá mais de 2x na 'promo'. Se comparar com a diferença no caso dos Passadouro, vemos uma franca vantagem para o honorável consumidor. Não é propaganda, é comparação. O consumidor consciente deve sempre usar o Wine Searcher e comparar o valor do vinho lá fora e aqui. Nossa realidade atual, de vendas baixas, tem domesticado a ânsia furiosa das importadoras tubaronas mas muitas delas continuam com margens altas à guisa de 'promos'. E para não falar apenas de Noval, o Quinta de Chocapalha, bastante comentado neste espaço, de uns 10 dólas lá fora, está por R$ 96,00 na Casa da Bebida.

Juan Gil






Ponce PF


Friday, October 4, 2024

Aberta a temporada de caça a vinhos razoáveis

Introito


   Houve - dia primeiro? - um debate entre o deputado federal Kim Katakokinho, ou algo assim, e um esquerdopata parece que conhecido como Janjo, ou igualmente algo assim. Topei inicialmente com um resumo do encontro editado pelo deputado Katakokinho, e fiquei espantado 😨. Não era possível tamanha má-fé; as falas de seu oponente (Janjo) só podiam ter sido editadas e coladas em ordem inversa, pois não faziam sentido nem mantinham coerência. Ademais, a insistência de Janjo em colar em Kim a pecha de tolo, ignorante, besta até - é preciso mantermos a lucidez e a honestidade intelectual, e tratar nossos adversários da direita com o respeito que merecem - se repetia ad nauseam como um mantra cujo propósito, a depender da qualidade de sua argumentação, jamais poderia ser atingido.

   Em nome dessa mesma honestidade intelectual procurei a versão completa do intercurso (sic! rs!), fornecida pela página do produtor do embate (é longo, três horas), aqui, e fui conferir. Estava tudo lá, na exata ordem como foi apresentado no resumo...(😱) Logo de início, Janjo perpetra um conjunto de ataques (sic), todos rebatido com enorme precisão pelo antagonista. A cada resposta de Kim, restava-lhe um aparte calcado em duas de três estratégias risíveis, 1. Dizendo que o outro fugia do assunto (não fugia!), 2. Alertando que naquele momento sua página em rede social subia tal documento que nada ou pouco tinha a ver com pauta, pois ele esquivava-se das perguntas obrigando Katakokinho repetir a mesma questão várias vezes, e 3. Fugindo ele próprio das querelas. Não acredita? Está lá, basta olhar. O desconhecimento de Janjo sobre os assuntos levantados por ele mesmo soava flagrante: sequer conhecia bem os projetos de lei que pretendia discutir. Um ponto vergonhoso (😣) da estória acontece já aos 10min45s quando Janjo sai-se com "Está muito claro que o capitalismo não  tem soluções para esses problemas, são mais de 120 anos de capitalismo e todos os problemas da classe trabalhadora estão aí...". Ei, sua anta de quatro costados, o capitalismo não data de meros 120 anos, mas tem 1.000.000 de anos! Sabe aquela cena do 2001, quando quando dois grupos distintos de macacos lutam por um laguinho barrento, a única fonte de água na região?


   O que significa esse combate, senão a luta pela terra? O que representa tal desejo de posse que não o princípio mais básico do capitalismo? O capitalismo está entranhado em nossos genes à custa de um milhão de anos de competição!, e só um sentimento maior, mais nobre e mais elevado há de vencê-lo. Esse sentimento só poderá ser bem compreendido quando as pessoas tiverem a ideia correta do que significa o Estado atuando em benefício da população, por exemplo coibindo excessos de quaisquer montas. Entendeu?

   Em 1h50min15s, Janjo sai-se com "Quem concorda com o programa econômico do PT é o Kim, que defende teto de gastos, que defende austeridade, que defende PPP,... nós do PCBR somos oposição ao governo de Ali Lulá porque..."(!). Bom, esses esquerdopatas - contrários a Ali Lulá aqui não é mérito, percebem? - são contra as premissas básicas para se tocar um Estado com a devida responsabilidade e sensatez. Acham que basta imprimir dinheiro e tudo se resolverá? Jura, Janjo? Em 2h05min40s, "refuto falácias que o Kim vai falar:" (sobre o comunismo) "totalitarismo, matou mais que o nazismo, não sei o quê, por aí vai..."... "...se você já ouviu essa estória, o comunismo já matou 100 milhões, o comunismo é autoritário... pegue meu livro... dê uma lida e você vai ver que isso é totalmente refutável...". Ô mané das trevas!  O comunismo é respeitado - e temido pelos molambentos dos infernos! - justamente por ter cojones de fazer o que é necessário quando é preciso, le duela a quien le duela! E me vem um moleque travestido de ixtoriador (sic) negando essas máximas sobejamente conhecidas?! É isso mesmo?! Vemos então como Janjo, um tigre de papel, fez um papelão baseado em argumentos toscos e acovardados. Uma nova vergonha para a esquerda, só superada pelo meteorito (ou algo assim... sic!) cujas travessuras foram comentadas aqui anteriormente - tenho vergonha de resgatar a postagem, lamento. Enfim, quando meus amigos de direita - não os direitopatas - abordam-me perguntando o motivo pelo qual eu, de esquerda, voto em alguns sujeitos da direita, está explicado: é pela completa falta de opção por ideias boas e honestas por parte da esquerda. O debate acima apenas confirma essa percepção. 

   Em tempo: este final de semana é dia de escolha. Já fiz minha opção, há tempos: sem candidatos decentes em minha cidade, estou na oposição. A todos.

Aberta a temporada de caça a vinhos razoáveis

Essa já faz um tempo, mas vale (rs). A Débora, esbaforida, avisa de uma 'promo' na Grand Cru. Fui olhar e encontro um Mazzei, produtor dentre outros do Castello Fonterutoli Gran Selezione 2018. A classificação grifada foi adotada em 2014, e tenta refletir o melhor produzido pela região. Um Chianti Classico Gran Selezione tecnicamente está acima de um Riserva; as uvas devem ser cultivadas pelo produtor - sem a estória de comprá-las de outros - e o envelhecimento em barrica é de 30 meses, contra os 24 obrigatórios do Riserva. A família Mazzei trabalha na região desde... 1435!... estabelecida lá há... 24 gerações! A brincadeira aconteceu há algum tempo, e não guardei as notas de degustação. É um vinho de encher a boca e manter-se nela depois de engolirmos. Rico, complexo, foi prazeroso degustá-lo. O problema é que seu preço regular aqui é R$ 900,00 e atualmente em 'promo' a R$ 575,00 para assinantes. Pagamos um tanto a menos, não lembro quanto. Lá fora custa - sítio do produtor - 45,00€. Bem, temos portugueses de valor similar em Portugal por R$ 250,00 (como o Quinta do Noval Reserva), então representam compras melhores. Sendo honesto, Fonterutoli Gran Selezione parece-me mais vinho do que Noval Reserva. Mas a diferen$$a (sic) entre eles é gritante. Se pegar uma promo, experimente Fonterutoli Gran Selezione. Mas não pague 900tão por ele. O Domaine la Bonnelière Saumur Champigny Tradition 2019 foi levado por este Enochato a título de boi de piranha, para início dos trabalhos. É um Cabernet Franc do Loire com muita fruta e fácil de beber, comprado antes da fase tubaronesca da Chez France. Não lembro quanto paguei, então é necessário ter o WineSearcher à mão e comparar o preço lá versus o preço cá. Para o veredito de compra, é fácil: se estiver mais de 2x, recuse e aguarde a oferta. Uma hora ele entra em 'promo'. Philipponnat é um produtor top de Champagne, e seu Brut Reserve (NV, non vintage) é o produto mais reba de sua linha. É o que dá pra comprar... numa 'promo' a R$ 490,00, ele passa o vareio em tudo que é Veuve Clicquot igualmente simples vendido regularmente a valor próximo ou até maior. Tem muito frescor e acidez ótima, e talvez seja ofuscado pelos nossos espumantes mais tops assim como Katakokinho foi ofuscado por Janjo (risos!), então vá lá e compre Janjo pelo valor de um Cave Geisse, ou de um Miolo Iride. Olha, quase não dá pra notar a diferença...

Teve um dia no apê da Débora com quórum mínimo - dois - da confra Malucadeliu. Por entrada, ela apresentou um Casa Perini Rosé de Noir 2022. Já faz um tempo, também, e lembro de ter anotado as notas... só não as encontro agora... Mas não tem por onde, o espumante estava rápido e rasteiro, serelepe (no sentido de agitado, ligeiro) que só ele. Baixa acidez, característica dos vinhos de nossas terras, fez o gosto da Débora quandl ela visitou a propriedade há algum tempo. É um espumante de 100 moedas, e se comparamos com similares italianos simples (lá!), de 5 moedas, notamos como os estrangeiros dão-lhe um vareio. Aí fazemos a conversão e resulta R$ 30,00. Nosso espumante de R$ 100,00 perde para um de 5,00€ que vem de longe e custa um terço na origem... Não tem conversa: os impostos são os mesmos e ainda tem o frete transmarítimo. Vergonhoso. Levei um borgoinha, La Cave des Hautes Nuits Saint Georges 2016. Tinha alguma acidez, um pouco de fruta, mas estava meio derrubado. Não estragado nem passado, mas não convenceu tanto quanto esperava. Isso até precipitou a abertura do Cave des Hautes-Côtes Morey-Saint-Denis 2015 na Paduca, dias depois, para ver seu estado. Um ano mais velho, aquele estava bem melhor, veja aqui. Bem, cada garrafa é uma garrafa... Foram-se assim todos os meus La Cave des Hautes. A bom preço compraria mais; pena ter-se esgotado.

   Há não muito tempo teve um barolinho, mas fica para outra postagem. Afinal a temporada de caça a vinhos razoáveis está apenas aberta...