Introito
Duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana.
E eu não tenho certeza sobre o Universo.
Supostamente, Albert Einstein
Independente da autoria da frase acima, ela tem em nós idiotas brasileiros aqueles que mais se esforçam para autenticar sua completa veracidade. Particularmente, bolsonésios e PTlhos competem pela primazia de carregar o estandarte dos imbecis. Esquerdopatas - de todas as matizes - saem-se muito melhor, para minha mais completa vergonha. Não mudarei para a direita porque uma miríade de retardados insiste em fazer vista grossa para a realidade - por perigoso quanto seja o uso dessa palavra.
Dias atrás aconteceu um debate cuja repercussão estendeu-se por toda a internetosfera. Os desinformados - 90% da população - não repararam. Foi entre um baguá chamado meteorito, ou algo assim, pois esfacelou-se e foi reduzido a pó quando bateu sem cinto de segurança contra argumentos pelo menos lógicos de seu oponente, Arthur do Val, o Mamãe Falei. O que se viu por parte do meteorito foi um verdadeiro desfile de informações incorretas - para dizer o mínimo - blefes intelectuais e impostação de voz, acreditando o pobre petiz serem tais diatribes suficientes para sobrepujar o antagonista. Já ouvira o esforçado meteorito anteriormente, antes de desistir da busca por aliados de esquerda intelectualmente honestos e com boas propostas calcadas em argumentos convincentes. Passei por diversos canais - alguns foram-me indicados - e desisti de todos. O tempo provou minha completa assertividade. Quando fiquei sabendo do debate, notei os esquerdopatas festejando:
Gofiato, sujeito que precisa comer muito feijão para começar a articular pensamentos conexos, destila ofensas em vez de qualquer ideia produtiva. Vá lá escutá-lo, como eu fui. Comemorou o anúncio do debate, crente no favoritismo meteoresco sobre do Val. Luidige, não o do blog, outro, seguiu o mesmo caminho. Embora um pouco mais honesto, sua área de atuação foca em reagir a outras postagens, sem trazer uma discussão mais abrangente de pautas de esquerda ou de questões sociais e nacionais, algo imperativo nos dias de hoje e a motivação deste articulista a começar divagar sobre política neste espaço de vinho. Não podemos mais nos calar face a tantas e tamanhas demonstrações explícitas de incompetência e desonestidade, em todos os campos e níveis da República. PTlhos e bolsonésios - para começar - precisam ser escorraçados da vida pública, para longe e para sempre.
Voltando: aconteceu do pobre meteorito ser realmente massacrado. De maneira vergonhosa. Desde os primeiros cinco minutos até os últimos cinco - quando ele mesmo protagonizou uma patacoada de literalmente travar surpresos seus mais ferrenhos apoiadores:
Eu sou pobre, mas não sou fácil, em alusão a um áudio grotesco protagonizado por seu adversário. Após o espirituoso comentário de Arthur, quem não continuou travado, riu... Não confie em mim. Veja o debate. Ele está em sua íntegra
aqui. Desde já fica a advertência: cenas fortes da mais pura idiotice e mau-caratismo esquerdopático aguardam os desavisados que ousarem acompanhar as duas horas de diálogo. Há uma versão condensada, tipo melhores momentos,
aqui, e tem 35 minutos. Desta, destaco uma ofensiva do Arthur sobre seu antagonista com um desafio forte. No minuto 8:30, Arthur diz assim: -
Vou fazer um desafio, e se você superá-lo, assumo que perdi o debate e você me desmascarou. Então vamos lá... E o oponente não consegue argumentar sobre fatos que ele próprio havia reportado anteriormente! A sequência é vexatória. Ainda recomendo acompanhar o debate completo, e não os
piores (sic) e mais humilhantes momentos para a esquerda. Se alguém encontrar uma passagem honrosa do meteorito, me avise. Nos cortes dos esquerdopatas, eles seguramente existirão aos montes, apenas para comprovar a epígrafe. Na próxima postagem comentarei algo mais constrangedor - como se fosse possível: a repercussão do encontro segundo a análise esquerdopata.
A Rainha do Meio Seco
Em algum momento, comentei sobre harmonização com vinhos meio secos. Funciona bem se estiver tudo combinado (rs), mas não é fácil. Com uma ponta de acidez, o dulçor pode ser contrabalanceado e o vinho não fica enjoativo. Sem ela... Caso recente onde a acidez esteve presente foi no meio seco oferecido pela Ariane, o
Collezione Cinquanta, degustado em março último. Ela havia comprado em 'promo' sem perceber essa característica. Nos reunimos novamente, mês passado. A Liu chegou com um Pernilongo (ou algo assim) Cuvée Brut Rosé, comprado em recente excursão para o sul do país. Neófita, ela não faz distinção de cepa, país ou estilo. Está absorvendo todos. É bom, muito bom: vai formar seu
caráter vitivinícola sem preconceitos. Apenas acho que sua paciência em provar certas... coisas... está durando demais. Mas falta-me moral para reclamar: bebi chilenos achando-os os melhores vinhos do mundo por uns bons cinco ou seis anos. O espumante mostrou algum buquê, mas era bem rápido em boca, final muito curto,
acidez quase zero... aqui no blog quem uma imagem recortada do Vivino onde uma anta, em tom elogioso ao vinho, diz exatamente isso(!). Não sei onde está, o leitor terá de procurar. Por R$ 10,00, ele faria boa presença. A diferença de R$ 70,00 para seu preço real mostra o quanto precisamos
camelar se pretendemos chegar a algum lugar. Lembrando sempre (😣) a idiotice do brazileiro impedindo qualquer perspectiva de mudança do cenário.
O Errazuriz Reserva 1870 Chardonnay 2020 acabou com minha estima pelo conceituado produtor chileno. Nariz fraco, boca ligeiríssima pela acidez muito baixa - mesmo para um branco... - foi um piores exemplares de vinho seco degustado em muitos anos. Não deixou saudades. Pedimos a comida e com ela entramos no Motto Unabashed 2016, um Zinfandel californiano. Como todos devem saber, a Zinfandel é idêntica à Primitivo (de Mandúria) italiana. Já bebi alguns Zinfandéis interessantes, e estaria para dizer que Sua diferença para os exemplares da Bota é que os americanos são mais dignos, mas não... Motto também tocou tudo a perder. Desde o primeiro instante achei excessivamente doce, no estilo enjoativo. Não melhorou com a aeração - foi aberto quando chegamos - e ficou assim a noite toda. Tinha sim boa fruta - eventualmente esmiuçadas pelos presentes -, e não não recordo-me de outras (boas) qualidades. Ficava na boca pelo doce... cansado das minha reclamações (risos) o Claudio pegou a garrafa para ler o contrarrótulo e anunciou: É um meio seco... 😣 olhei meio enviesado para a Ariane... felizmente ninguém percebeu! 🤪 Que ousadia, derramar meios secos em minha honorável garganta, repetindo a dose em tão pouco tempo! Não, Motto não me fez a cabeça... não é um vinho mal feito, sua meia secura (sic!) vem da uva e não da chaptalização, e no dia seguinte não tive traço de dor de cabeça. Apenas não gostei do jeitinho dele... Felizmente sobrou algum bom senso na mesa: meu Barbaresco Fontanafredda 2015 foi recebido com ovação e palmas, pois estava ótimo 🤣. Aerado por mais de duas horas, esbanjou fruta e mais notas. Madeira presente mas discreta, bons taninos e acidez, fez melhor par para quem pediu carne. Tem boa persistência e final. Note-se, é um Barbaresco 'genérico': não é produzido a partir de um vinhedo designado, mas não estou muito certo sobre as regras dessa DOCG para comentar mais. Está pronto, podendo ser guardado por alguns anos tranquilamente. Foi a primeira de três garrafas comprada em ótima 'promo' a menos de R$ 200,00, para posteriormente esgotar-se flertando com os R$ 400,00. Mais uma vez o vinho do Enochato salvou a noite, em um claro e desinteressado compartilhamento de suas reservas estratégicas de bom vinhos comprados em regime de franco-atiradoria (sic! rs!), sem tanta margem para os tubarões do mercado. Para a Ariane, a sugestão de prestar mais atenção nas compras, ou já já ela será coroada como A Rainha do Meio Seco... A Simone seguramente vai dar muita risada disso tudo.
O Rei do Meio Seco
Havia programado uma aula para os Paduquentos: serviria dois vinhos às cegas. Infelizmente deu tudo errado logo na largada, pois acreditava ter um determinado vinho mas a última garrafa havia ido; precisei apelar para seu irmão maior. Fiz uma careta com bico, enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro e murmurava o velho ditado: Quem não tem cão... O Fernando chegou atrasado e esbaforido com um vinho às cegas debaixo do braço quando tínhamos bebericado os primeiros goles de cada um. Guardou-o na geladeira e juntou-se a nós. Um amigo trouxera-o de algum lugar do sudeste asiático, onde trabalha. Falou-nos do valor, R$ 240,00, imaginei uns USD 45.00... deveria ser um vinhão...
A lição
Estamos deixando os portugueses e entrando em espanhóis de simples a um pouco - só um pouco - mais sérios. Já degustamos alguns franceses simples, italianinhos um pouco melhores e assim tento introduzir os confrades em uma espiral ascendente aos Vinhos de Procedência - já ouvi essa bobajada em algum lugar... 😣. Decidi ser o momento para uma quebra de paradigma.
O chão afundou quando constatei não ter uma garrafa do Pagos de los Capellanes Joven - assim mesmo, com 'n'. De agora em diante, apenas do Crianza para cima. O vinho Joven tem menos barrica - talvez ela nem seja obrigatória, não tenho certeza - quando confrontado ao irmão maior, o Crianza. Este tem barrica, com menos tempo se comparado ao Reserva, que por sua vez tem menor estágio face ao Gran Reserva. A ideia era cotejar o Capellanes Joven de Ribera del Duero e o riojano Ramón Bilbao Gran Reserva (2015), mas o embate ficou a cargo do Capellanes Crianza 2017. Os confrades perceberam alguma similaridade entre eles, mas depois deixam-se enganar pelas abordagens mais emocionais:
O Carlos André não serviria isso, ou aquilo... Alguém (Paulão?) soltou um
Eu já bebi disso... enquanto outro (Duílio?) disse
Espanhol. O Fernandinho comprovou o quanto conhece de cachaça e uísque (🤣) ao sugerir um italiano e outro francês. Faz parte. Dois vinhos bem vivos, muito frutados, com o Capellanes carregado de taninos bem maduros e pegados, enquanto o Ramón os tinha mais tênues e elegantes. Similares na acidez, ambos com boa boca, o Rioja mais delicado e o Ribera mais pegado, obrigaram os bebedores a um bom exercício de reflexão enquanto provavam de uma pizza com filé mignon. O Duílio deu o xeque-mate:
Como vinho, prefiro o Ramón, mas como harmonização com carne, o Capellanes foi bem melhor. Pois é: eu queria apresentar um Joven contra um Gran Reserva, e talvez arrancasse um empate honroso para o primeiro, pois ele estaria mais leve e próximo ao Rioja. E a lição versaria sobre o vinho Joven de um produtor lançando sombra em um Gran Reserva de outro. Um pouco é
estilo, vinificação, mas outro pouco pode ser a diferença de qualidade entre ambos. Gosto, mas não conheço tanto de vinho para tentar avançar nessa comparação. No fechamento da
lição, sugeri aos bebedores pensarem nessa perspectiva. Para mim, na média os vinhos de Capellanes são melhores. Recordo como a
prova recente de um Bilbao Reserva 2016 não inspirou-me a dizer
Espanhol para aquele vinho, mais próximo a um exemplar Coca-Cola do que de um exemplar com
terroir... mesmo com todas as ressalvas que este avaliador possa sofrer em função de suas poucas habilidades...
Finalmente o Fernando vai à geladeira e traz seu vinho. Serve-o e... era um branco! Isso não se faz! Ele deveria ter parado a degustação e servido seu vinho antes... se bem que... foi melhor... Saint Clair's Marlborough Sun Gewurztraminer 2022, da Nova Zelândia, chegou com uma carga incrível de dulçor e baixa acidez, e fez alguém tossir enquanto outro praguejava. O Fernando olhou em torno e lançou um tenro
Docinho, né?, enquanto esboçava algum outro comentário. Não era um vinho de sobremesa. Tinha um doce mais enjoativo do que o Motto, e por isso asseguro estar passando por algum tipo de inferno astral. Tentamos segurar a taça nas mãos e subir um pouco a temperatura, mas não resultou. O pior ainda viria... os tintos tinham-se acabado, o branco era o que estava aberto... fui para a segunda taça e resolvi dar uma lida no contrarrótulo à guisa de mais alguma informação. Comecei a ler: Vinho Fino Branco Meio Seco... e... ei, estava em português! Confirmei antes, se o amigo trouxe o vinho de fora, o Fernando jurou de pés juntos. Olhei para ele disparando:
É da Grand Cru! - e mostrei o rótulo:
Promovemos rápida sessão para abjurar o amigo do Fernando que simplesmente pregara-lhe uma peça, dizendo ter trazido um vinho do sudeste asiático quando na verdade o havia comprado provavelmente em S. Carlos mesmo, na maior cara de pau. E pagou R$ 240,00 pelo
maledetto... Não comentarei mais sobre Marlborough Sun, ele simplesmente não merece. Custa 13 dólas neozelandeses, o que dá R$ 43,00, projetando uma tubaronice explícita de R$ 240,00 / R$ 43,00 = 6x! (😨). A tragédia não acaba nisso! Encontrei informação díspar sobre ele, apontando esse exemplar (Gewurztraminer) como... seco! Veja na imagem abaixo, onde encontrei à venda em alguma loja da Nova Zelândia: é apontado como vinho seco! Ainda: não o encontrei no sítio do produtor! Nunca deparei-me com tanta sinuca de bico acerca de um vinho... (repare o 'Dry' na parte de baixo da figura):
Dizem que o inferno é aqui? Devem estar certos... O Fernando que se emende, ou acabará com o título de Rei do Meio Seco. 🤣