Sunday, June 30, 2024

Níveres (sic) na Paduca

Introito

Você, leitor, é humilde? Não refiro-me àqueles que reconhecem as próprias limitações e falhas, tão comuns em nós, humanos, nem a quem não deixa-se levar pela vaidade; pergunto-lhe se tem uma condição financeira confortável. Está em dúvida? Ela pode ser legítima! Mas é fácil vermos se a tem ou não: compra blusinhas/sainhas de marca desconhecida ou inferior, maquiagem e similares simples em lojas como Shein, Shopee e AliExpress? Não? Então sua situação financeira é confortável - assuma! Você está no time dos bacanas: pertence ao grupo dos 10% mais abastados do pais; pode viajar de vez em quando - uma vez por ano? - e voltar com 1000,00 dólas na mala, sem taxação. O descabeçado do nosso ministro da educação fazenda escolheu taxar os pobres em vez dos ricos, e Ali Lulá concordou.


Qualquer governo legitimamente de esquerda demoraria menos de 0,00001 segundo para fazer o contrário! Enquanto isso...


   O conglomerado não fez isso para beneficiar o consumidor, fez visando lucro - o que não é pecado, mas afigura-se mais uma tunga por cima da população. A loja coloca-se como mera intermediária em uma operação onde antes o cidadão podia fazer por sua própria iniciativa, a custos reduzidos. A prova da alta lucratividade projetada é óbvia, basta googar:


As ações simplesmente dispararam! E não sou eu quem está dizendo! Para quem ainda se fia em contadores de istórias (sic) e lorotas, estas linhas não fazem diferença; eles estão irremediavelmente perdidos para a estupidez. Para os desavisados, seria legal começarem a se tocar: qualquer bolsonésio ou salvador da pátria dizendo Deixa comigo! não será solução para coisa alguma... a menos, claro, de mais pasmaceira.

Níveres (sic) na Paduca

Estes dias tivemos dois níveres (sic) entre os Paduquentos: Fernando e Duílio. Infelizmente o primeiro esteve em semana corrida, anteriormente, e não fizemos uma extraordinária; nesta terça sentamo-nos para tirar o atraso. A churrasqueira foi operada com maestria pelo Duílio, e lançamos não de um exemplar das nossas reservas estratégicas. Recebi os confrades com um Quinta de Chocapalha 2018, o primeiro dessa safra que bebo. Já falei bastante dele. Para um vinho de 10,00€ é bem honesto e este não foge à regra: rico em frutas, algo de café/chocolate; boca equilibrada por taninos já domados, álcool integrado, corpo médio, final agradável: bem o esperado para um vinho relativamente simples. Os dois seguintes estavam acima do padrão normal da confraria - agora, passada (passada? - risos) a fase de portugueses fáceis e espanhóis adocicados - espero melhorar um pouco. As opiniões foram e voltaram, incluindo a possibilidade de sul-americanos. Sempre digo: vejam a acidez... Com uma carne quentinha passando, servi o Lopes de Heredia Viña Bosconia 2011, um Rioja corte 80% Tempranillo, 15% Garnacha e 5% de Mazuelo/Graciano. Entupiu (rs!) os narizes com muita fruta e madeira, além de mais toques. Boca muito fresca pela acidez presente - estimula a salivação, e ficou ótimo com a carne assada - e notas de frutas com o quê de novas. A exemplo do outro vinho, os bebedores disseram ser novo - ledo engano, não? Com seus 12 anos e parecendo mais jovem do que diversos outros degustados recentemente, está na categoria Reserva mas dá um caldo em muito Gran Reserva por aí. Vi confrade mastigando a boca vazia depois de engolir e alegrando-se com sua persistência. Todo mundo deveria experimentar um vinho como esse, algum dia. Infelizmente está nas mãos de uma das tubaronas do mercado; esse exemplar veio de fora. 

   O Brunello di Montalcino Poggio Rubino 2012 chegou depois de aerar - assim como o Bosconia - por umas duas horas e meia. Foi outro bom vinho, nariz menos intenso na fruta mas de maior complexidade, aportando couro/chocolate, toques terrosos e outras notas. Boca com um pouco menos de acidez - mas estava lá - com traços deliciosos de fruta e chocolate, taninos sedosos - está em ótimo momento para ser degustado - boa persistência e final. É um conjunto diferente do Bosconia - que impressionou mais os bebedores - mas igualmente agradável e complexo, embora por outras características. O pessoal deixou passar os detalhes do Brunello, mas considerando a sutileza da experiência, é difícil para eles pegarem tantos detalhes de uma só vez quando a sensação do maravilhoso proveniente de um vinho consegue embriagar seus sentidos. Valeu muito a pena, e tenho certeza: os Paduquentos estão galgando os primeiros passos para uma nova perspectiva sobre vinhos. E ainda preciso falar desse Porto '94...

Valores

O Lopes de Heredia Viña Bosconia 2011 foi trazido de fora, e talvez não esteja disponível nessa safra por aqui. Mas seu preço médio cá é de USD 90,00+, contra USD 30,00 lá fora: 3x de pura tubaronice. Nota mental (risos!): Lopes de Heredia - qualquer um - é o vinho para se trazer na mala: o bebedor nunca experimentará um vinho ruim deles. Algum tempo atrás comprei um Tondonia 2008 daquelas fontes que a Mistral usa para desovar o excedente em estoque - eufemismo para a facada nas costas de seus clientes regulares - a uns R$ 350,00. O preço regular é R$ 732,00, mas está em 'promo' a R$ 622,51. Se disser que falou com o Enochato, R$ 622,50.




O Poggio Rubino é uma incógnita interessante: não encontrei seu preço em muitas lojas mundo afora, procurando tanto na internet quanto no Wine Searcher. E seu preço lá fora está bem alto, algo como USD 50,00+. No próprio sítio do produtor é vendido a USD 75,00! Mas um Castelgiocondo do Frescobaldi parece-me - de memória, definitivamente não uma boa baliza em se tratando deste Enochato - estar notas acima dele, e por um preço inferior, média de USD 60,00, para a safra 2016:


   Tenho uma lembrança muito boa desse Castelgiocondo, pois bebi dele em sua safra 1997. Don Flavitxo não mente, a postagem está aqui, de onde tirei a imagem: 


   Ah, sim (risos!), tinha também outro Brunello, do Siro Pacenti, nessa brincadeira... mas esse tem seu preço um tanto mais alto, e não pode ser comparado. Enfim, não sei o que se passa com o preço do Poggio lá fora, mas aqui ele está a R$ 299,00(!) tanto na importadora Espaço DOC quanto na rede de supermercados paranaense Festval. A extinta Lovino.com era o braço de internet para o Brasil todo, e comprei minha garrafa de lá. O interessante estava no fato de os preços da Lovino estarem sempre um tanto mais altos dos das lojas físicas - esse Brunello custaria, hoje, uns R$ 345,00, talvez. Mas para nós, paulistas, valia a pena. Mas recuperando: não, Poggio não prece-me um Brunello de USD 50,00. Mas seu valor aqui, pelos mesmos USD 50,00, está bem razoável. Alguns dos vinhos deles eram comercializados em S. Carlos pela Casa Deliza. Esse, não me lembro de ter visto. Mas a importação de alguns rótulos pela Festval com margens humildes(!) faz dela uma boa eventual fornecedora para lojistas daqui. Falta quem se aventure.


Sunday, June 23, 2024

O Giusto di Notri

Introito - Covert ops

   Oenochato também é cultura; covert ops/undercover ops (operações encobertas ou secretas) é uma tática de despistamento cujo objetivo é desviar a atenção do público ou do exército inimigo enquanto uma importante operação é levada a cabo no momento em que atenções estão voltadas para outro ponto. É a estória de subtrair debaixo dos nossos narizes. Não entendeu? Ficarei feliz em dar-lhe alguns exemplos. Imagine - apenas imagine - o corpo recém-encontrado do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, ainda esfriando às 7:00 da manhã, com a polícia ao redor e as principais tevês em cobertura ao vivo. Eu vi isso quanto acontecia em época quando acordar e ligar a televisão antes de levantar era rotina diária. Presenciei o digníssimo deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh descendo do carro e sendo abordado pelas câmeras para uma declaração. Ele foi enfático: É um crime comum, já está comprovado. Ou algo assim.


   Então continue imaginando-o como membro de uma facção criminosa cujo assassinato fora bem executado. Com sua declaração - óbvia, aliás; quem acreditaria em motivação política nesse crime hediondo? - ele desviaria a atenção da quadrilha e todos nós passaríamos a ver um caso de descalabro institucional (sic) ligado à falta de segurança. Se nem pacatos cidadãos em carros blindados estão a salvo da sanha raptacionista (sic) de bandidos, o que dizer do cidadão comum.

   Covert ops podem ser mais complexas, ao melhor estilo de filmes como Missão Impossível, contando com a participação de várias pessoas em postos-chave para disparar mais e mais falsas informações, confundindo a tudo e a todos. Nem uma inteligência artificial policialesca escaparia. Lembra-se da trágica morte de Dona Maria Letícia, ex-Primeira-Dama? Imagine - apenas imagine - que ela tenha sido assassinada com um veneno indutor de AVC hemorrágico. Ora, monóxido de carbono pode estimular tal reação, e nem é um veneno, veja aqui, e trata-se de comprovação recente - apenas tente convencer-me de que bandidos profissionais já não sabiam disso há muito mais tempo. Ademais, veneno de cobra também pode desencadear AVC. Adivinhe de qual cobra brasileira vem o mais perigoso. Exatamente, jararaca! Se tivéssemos matado todas as jararacas do país na primeira paulada, por essa tosca teoria da conspiração D. Marisa poderia estar viva até hoje. Voltando das divagações... a seguir, uma série de eventos vão prendendo a atenção do público e das autoridades: o suposto vazamento de imagens da tomografia na internet. Comentários sarcásticos. Médicos despedidos. Na esteira, órgãos respeitados como o Cremesp e a OAB são arrastados para uma discussão ética, jogando mais discussão à questão. Enquanto isso, a real causa do falecimento passa desapercebida de todos. Deu para entender? Essa seria uma covert ops bem sofisticada, pois dependeria de vários atores disparando gatilhos bem planejados ao longo de uma sucessão de acontecimentos. Acha impossível orquestrar tal sequência? Quem se lembra da Guerra das Malvinas? Os britânicos enviaram um comando para tentar destruir os mísseis Exocet argentinos - eles já haviam feito uma vítima, o HMS Sheffield; arma de mais alta tecnologia do arsenal platino, eles eram uma ameaçara real aos porta-aviões da frota de Sua Majestade. O helicóptero caiu em território argentino. Outro saiu em suposto resgate, e assim foi veiculado: uma nave de patrulha caíra e a tripulação fora resgatada. Quero lembrar-me de uma reportagem mostrando os felizes combatentes descendo do helicóptero em algum porta-aviões, mas não estou tão certo. Tudo mentira: os destroços do primeiro helicóptero foram encontrados pelos argentinos em seu solo poucos dias depois, quando a tripulação já havia cruzado a fronteira com o Chile. Quer mais? Assista a Donnie Brasco, baseado na história real do envolvimento do policial Joe Pistone com a máfia de Noviorque, no plano da polícia para desbaratar os quadrilheiros. Por onde andará o Joe Pistone brasileiro? Teremos algum herói desse tipo, algum dia? Alguns notabilizaram-se involuntariamente, recordam-se? Um deles tem nome começando com F, de Francenildo... Mas como disse, foi involuntário. Pow, acabou ficando longo, mas espero que mais leve e divertido...

O Giusto di Notri

Já pensava nele havia tempo. E tinha dúvida de quem chamar para bebê-lo. Pensava nos vaticínios de Don Flavitxo, sobre meus vinhos terem envelhecido demais, e não queria passar vergonha. Resolvi bebê-lo sozinho, oras! Por acaso mandei uma mensagem para a Liu. Ela tinha uma reunião de combinação para o próximo passeio - lá vai a safadinha novamente, lépida e ligeira, para a próxima excursão do Edu Viagens. Tonta que não é, prometeu uma passada tão logo pudesse sair do encontro.

A Azienda Agricola Tua Rita é um produtor novo (fundado em 1984) da Toscana centrado em produzir cortes bordaleses e varietais de cepas italianas ou francesas. No evento I Love Italian Wines provei seu Rosso di Notri e gostei bastante; o preço dele, contudo, não era convidativo. Na safra 2006 é um corte 50% Cabernet Sauvignon, 30% Merlot, 15% Cabernet Franc e 5% Petit Verdot. A proporção Cabernet-Merlot em primeiro, seguida por CF e PV é característica das regiões de Pauillac e Saint-Estèphe, denunciando bem a intenção do produtor. Sua cor estava um tanto deslocada para a idade mais avançada, mas a fruta estava lá. Ele já teve dias melhores sim, mas ainda mostrava-se potente no nariz. A Liu chamou atenção para as lágrimas: elas demoravam para aparecer, depois de girar a taça. Bastante fruta vermelha, café/couro/chocolate - dois dos três, pelo menos - rico, profundo. Boca com taninos bem macios, algo herbáceo, acidez bem presente, fazendo a boca salivar, e boa permanência. A Liu disse compota? Acho que sim. Segundo o Wine Searcher, estaria dentro de sua janela de beberagem - 2009-2026 - então achei sua decaída um tanto prematura. Bem, como diz Don Flavitxo, cada garrafa é uma garrafa. A despeito da cor um pouco atijolada, as características do bom vinho estavam lá: bom nariz, boca equilibrada, permanência longa, aquela sensação de algo tridimensional no olfato e no paladar. Se pudesse, experimentaria uma safra mais nova - convenhamos: é mais fácil encontrar safras novas. A safra 2006 custa USD 115,00 lá fora, pelo menos, enquanto safras recentes saem por USD 70,00-USD 80,00 - nem é tanta diferença. Seu preço cá é proibitivo: a safra disponível, 2016, custa imodestos R$ 1.578,00 no importador - se dizer que falou com o Enochato, sai por R$ 1.570,00. Lá fora custa uns USD 85,00 = R$ 461,00, o que dá 3.42x, tubaronice acabada. Ótima pedida para trazer de fora, exercendo nosso Sagrado Direito de Cidadão (sic! rs!) e mandando essas importadoras enfiarem tais preços no meio de suas taças. A Liu observou bem a cor atijolada, e disse nunca ter bebido um vinho daquela cor. Mais uma experiência para ela.

Precisa 'comprovar' os preços? Isso nunca é problema... vamos lá:





No pega pá capá (rs), deu empate

Introito - Arroz Tio Lulá?

Comentei sobre as abundantes trapaças esquerdopáticas e apenas citei o fato de direitóides não ficarem atrás. Há tempos venho dizendo, uns são outros de sinal trocado, com a imbecilidade na mesma amplitude. Veja a imagem ao lado. Não parece um recorte grosseiro do rosto do NAP - Nosso Amado Presidente - colado em um corpo engravatado? Nota como a cabeça está desproporcional ao pescoço e aos ombros? Já não se fazem detratores como antigamente.... Ademais, NAP é um homem do povo, não se vestiria dessa maneira nem com tanto mal gosto. Que camisa, afi... 🤣 Não assisto noticiários tendenciosos - ou seja, assisto quase nenhum - mas pergunto ao leitor se este assiste: sabe da estória do arroz, justificativa para colocar NAP como garoto propaganda de marca tão vil, Tio Ladrão? Foi mais ou menos assim: a ideia - uma péssima ideia! - do governo era comprar arroz lá fora (a preço superior ao praticado no país e com nossa safra já colhida e a salvo das enchentes), com um subsídio estatal baixando seu preço comparado ao de mercado. Viria com uma marca da atual administração ('Brasil União e Reconstrução'?) e assim poderia baixar o valor do produto nas prateleiras. A subvenção fluiria solta do caixa da União, dinheiro dos impostos que já pagamos! O que ninguém parece ter notado é que tal financiamento aumentaria o déficit público, pelo qual já pagamos um dos maiores juros do planeta. Ou seja: no final a operação sairia muito mais cara do que se o cidadão simplesmente pagasse por um eventual aumento do produto! Não para por aí não...


   A  maior vencedora de um pregão do Governo Federal - 147 mil toneladas de arroz - foi uma empresa de nome fantasia Queijo Minas, estabelecida em Macapá. Como sabemos, o Amapá é um importantíssimo estado produtor desse cereal. Em 2022 (dados do IBGE) ele participou com 890 toneladas, das 10.776.268 de toneladas produzidas país afora - dá 0,0083% - o que torna compreensível um imponente grupo empresarial (foto acima) desse estado vencer tal licitação. Ainda, a Queijo Minas aumentou seu capital social, para poder participar de tal pregão, de R$ 80.000,00 para algo como R$ 5 milhões apenas algumas semanas antes da licitação! E faturou um contrato de 650 milhões... O segundo maior vencedor confessou em outro processo já ter pago propina. A reportagem é da Folha:


   Será que é a causa de terem colocado a imagem de NAP em uma marca de arroz tão... tão... tão... tão pouco lisonjeira? Fecho com uma pergunta: seu telejornal predileto esmiuçou esse caso? Porque tem muito mais, a começar pela ligação dessas duas empresas com gente graúda da administração federal. Depois os inocentes dizem apenas eu ouvi falar uma estória..., enquanto a pátria continua sendo subtraída em tenebrosas transações. Onde já ouvi isso?
.

Uma boa briga...

Estes dias a reunião foi aqui em casa. Confirmaram presença - ameaçando hostilidades - Mário e Débora. Perdida no meio do tiroteio nossa fotografa oficial, a Liu, e protagonizando ausência sentida, a Luciana. Recebi a intimidação com um esgar de canto de boca e uma olhada mirando o céu, começando a escurecer no final de tarde bem fresco. Sei como tratar certas bravatas... 🤨 podia não saber o que vinha, mas sabia como me defender (rs). Perder ou ganhar - se é possível perder nessas ocasiões - é apenas parte do jogo, e para mim tanto faz se meu vinho é melhor ou não; como já sacramentado nestas páginas, experimento de tudo, sem o menor problema. Não compro certos vinhos, por qualquer de vários motivos - caros na origem, tecnicamente fracos, má relação custo-benefício, etc. Se alguém compra, ou ganha, e põe na mesa, estou bebendo com muita satisfação. E fechando o assunto, como sempre me assumo um mentiroso de primeira e a questão de ganhar ou perder nada tem a ver desde que eu ganhe. Um exemplo de como levo isso a sério está aqui! 😅😆

Recebi a turma com um branquinho nojento (rs), O Luar do Sil Godello sobre Lías 2017, da cepa autóctone espanhola Godello. Produzido pela Pago de los Capellanes, de nojento ele nada tem, além da mania deste Enochato de assim nomear brancos abaixo de Grand Cru da Borgonha 🤣. Estava bem melhor do que quando o provei da primeira vez, há não muito tempo: bastante frutado e cítrico, teve diversas opiniões distintas de notas. Lembro-me de maçã, mas não anotei outras. A boca lembrou manteiga; mineralidade e acidez compuseram bom volume e final, com 13,5% de álcool bem integrados. Comprei em alguma 'promo' da Enoeventos, por ficar atraente. Hoje vi a 15,20€ = R$ 88,50 em uma loja, embora exista ampla oscilação de preço, indo a até 22,00€. Tem bastante gente ganhando, pois o produtor vende em seu sítio pelos 22,00€... quanto o lojista pagou, para estar vendendo a 15,20€? Atualmente está R$ 240,00 a preço cheio, o que dá 2.71x. Mas ele está sendo trazido pela Grand Cru também! Nada como concorrência, não é mesmo?! 😟 Bem... não... lá está R$ 409,00 no preço cheio, 4.62x. 

A Liu chegou com seu Chateau des Espoureys 2020, um Bordeaux Superior muito frutado e tocado a 15% de álcool. Nunca havia notado um Bordeaux Superior tão alcoólico - muitos deles ficam ali pelos 13% ou 13,5%... A fruta explodia no nariz, muito marcada, sua cor escura - pouco comum para esse tipo vinho - chegava na boca com taninos médios e pecou um pouco pela acidez algo baixa. Desde a brincadeira com o Valduga Terroir Exclusivo venho pensando comigo quão extensamente os aromas artificiais estão sendo utilizados na viticultura. Acidez baixa para vinho francês não casa com nariz tão cheio e taninos mais pegados... Seu conjunto estava razoável, mas uma luzinha acendeu. Mário e Débora vieram com um Ricossa Barbaresco 2019, imediatamente aberto e posto no aerador. Meu Viña Cubillo 2016 já repousava havia meia hora. Ricossa exibiu nariz mais complexo e rico do que o predecessor, embora não tão intenso - reforça um pouco minha suposição do Bordeaux estar turbinado. Buquê com fruta vermelha, couro/café e alguma madeira aportavam sabor também frutado, taninos bem leves, 14% de álcool devidamente harmonizados, travinho doce discreto e acidez indo a média. Um pouco abaixo do Fontanafredda 2015 degustado recentemente, e ambos degraus aquém do  Castello di Neive 2006, apreciado em 2012... Não achei Ricossa novo, ele é apenas um Barbaresco que honra a procedência cumprindo o papel de um vinho bom: com conjunto onde o nariz se destaca embora a boca não fique tão atrás. Harmonioso. Vinã Cubillo Crianza é aquele vinho com total aderência à regra do Enochato, segundo a qual é melhor comprar o vinho reba do produtor top ao vinho top do produtor reba. Vinho de entrada do produtor - até onde sei - veio com nariz rico em fruta claramente vermelha, um toque de madeira e café/couro (qual?), acidez média transmitindo ótimo frescor, taninos talvez um pouco pegados e 13,5% de álcool bem comportados (rs). Deu um bom embate com o Ricossa. Na minha opinião, ganhou, embora não possa deixar de declarar aquela outra regra do Enochato: os melhores vinhos sempre encontram as taças primeiro. Ricossa secou antes de Cubillo. Por uma cabeça (rs), e até razoável, posto termos começado por ele. Mas secou antes. Parece ter havido um empate na preferência dos bebedores - mesmo forçando a amizade nessa declaração, pendendo-a a meu favor. 

   Ricossa tem custo 'lá' em torno de 21,10€ = R$ 123,00. Aqui está R$ 330,00 (2.7x), embora tenha entrado em 'promo' por cerca de R$ 180,00. Por esse preço, e para um Barbaresco - que nada nada passaria por um bom Nebbiolo - foi matador. Mas na mesma 'promo' a Grand Cru apresentou boas ofertas dos toscanos Mazzei, e entramos em algumas garrafas de Chiantis. Cubillo é um vinho de 14,84€ = R$ 87,00.  Minhas duas garrafas vieram na mala de um amigo que visitou o Paraguai e as comprou por R$ 120,00. Aqui custa (safra 2013) R$ 373,00, e na safra '16 a bagatela de R$ 483,00. As proporções são 4.3x e 5.55x.  Onde está a detratoria que tenta justificar 3x, 3.5x, para explicar 5.55x? Por fim, servi um Porto Prime's Colheita 1994, do qual venho serrando (rs) algumas taças desde o começo do ano. Falarei dele qualquer hora.

Maldições de Don Flavitxo

   Com os vaticínios de D. Flavixto, sinto-me pouco à vontade de colocar alguns vinhos mais envelhecidos para confrades conhecedores, na maior meda (sic! rs!) de que não estejam bons. Esta postagem foi tocada a um Giusto Di Notri 2006 que escapou à língua ferina do meu detrator mais companheiro. Mais detalhes na próxima postagem.

Ah, claro...

O valor dos vinhos, como se fosse necessário...

Godello.





Ricossa


Cubillo




Wednesday, June 19, 2024

O Amarone e os 10 Mandamentos

Introito

Que o nome de Moisés seja riscado de todos os livros e tábuas, 
riscado de todos os pilares e obeliscos, riscado de todos 
os monumentos do Egito. Que o nome de Moisés não seja ouvido 
nem falado, apagado da memória dos homens para sempre.
Sethi, em Os 10 Mandamentos (1956)

   Na última postagem prometi apresentar a reação dos esquerdopatas ao atropelo debate entre Arthur e o meteorito. Aviso desde já, a reflexão ficou um tanto extensa. Mas foi necessário estendê-la para demonstrar com algum rigor o baixo nível de certos artistas (sic) atuantes nas mídias sociais. Ademais, o leitor interessado apenas em vinho não está obrigado a ler o Introito, assim como não estou obrigado a comentá-lo com detratores.

   Tem uma mocinha do Sul do país cuja pauta principal - legítima - foge aos meus interesses, então não a acompanho tanto. Mas é intelectualmente honesta e inteligente. Ela disse:

Mamãe destroçou o execrável, pedante, prolixo, mentiroso e desonesto meteorito. 
Como q alguém consegue ser assim tão descarado?! O cara não admite uma.

    
Duvida? Aqui, mas reproduzo:


   Aliás, ela mesma parece ter feito (mais) um remix - engraçadíssimo! - de uma edição cômica de parte do debate. Veja aqui, mas só fará sentido para quem assistiu ao atropelo encontro completo, conforme indicado na postagem passada. 

   Gofiato é um esquerdopata já citado anteriormente. O comentário dele está aqui; suas ideias são absolutamente descartáveis. Se duvidar, confira. No minuto 1:20, ele diz, textualmente: A forma como o Álvaro se preparou para o debate foi uma forma (sic) completamente insuficiente e completamente aquém do que era realmente necessário para poder promover algum tipo de questionamento e algum tipo de vitória retórica... Como é? Ficou ...aquém do que era realmente necessário para poder promover... algum tipo de vitória retórica?! Ele admite que o rapá tomou um côro (sic) com rabo de tatu? É isso? Parece que Gofiato apagou a própria postagem de vergonha, depois - ele acompanhou e reagiu ao vivo, e... a turma do MBL gravou tudo enquanto ele transmitia 🤣. Tem mais, logo abaixo.

   Alhos com Bugalhos chamou Arthur para um debate - por escrito! A ideia era publicar em forma de livro. De repente, quando ele estava pronto, Alhos com Bugalhos inventou uma desculpa para não publicá-lo conjuntamente e o  fez por conta. Não fui atrás dos detalhes, mas a estória toda soou engraçada - e mais um episódio de vergonha para a esquerda, claro. Bem, até esse senhor disse, com todas as palavras no primeiro minuto (aos 20 segundos) de sua postagem, que A gente tem que reconhecer, sou honesto e sincero, tenho que reconhecer que o negócio foi catastrófico para o Álvaro, né...Está lá. Basta ouvir.

   O próprio Arthur fez uma postagem analisando as reações esquerdopatéticas (sic) antes e durante o debate. É cômico. Está aqui. Um tanto longa, 26 min.; aos 9:45 vemos a declaração escalafobética de meteorito: Apesar de ser pobre, eu sou difícil - risos! - em alusão aos áudios constrangedores de seu oponente. Arthur contra-ataca a na hora, desmascarando a farsa meteorítica. No quadro pequeno no alto à esquerda está a reação do Gofiato, conforme mencionei acima. Confira como ele fica constrangido. E note quanto tempo dura! São uns 30 segundos da mais pura vergonha! Aos 10:38, ele termina: Essa aí não tem o que fazer... A partir do minuto 17:50, Arthur comenta a reação de alguns outros esquerdopatas ao debate. Voltando, no minuto 5:30 há um trecho que tornou antigo e vergonhoso diálogo em peça constrangedoramente cômica (rs). Já alertei sobre a jornalista (sic) Cinérea Menezes, vide o vínculo. Pois bem, o trecho reproduz uma reflexão (rs!) dela sobre seu desejo em ver um debate entre meteorito e do Val. Segundo ela, encorajando meteorito, ...você tem ixtôfo, meteorito (rs), você tem ixtôfo, esse cara não tem ixtôfo, não tem condições, não tem preparo para debater com ninguém... e a sequência apenas compromete ainda mais o que já estava soterrado por 300 kg de estrume. 

   Acha que não pode piorar? Pode, e muito. O Istoriador (sic) é o singelo nome de um dos canais com a mais rebaixada interpretação dos fatos que já vi em toda a internet. Nem a direita ganha - ou perde, vai saber... Segundo ele, meteorito ATROPELOU(!) Arthur. O Istoriador engana quase diariamente milhares de trouxas que se fiam em suas análises. Ou então todos os demais depoimentos (inclusive este!) estão errados...


   Uma reação a esse sujeito está neste vídeo, também do Arthur. Falo do trecho em 46:35 (embora o assunto comece antes - basta recuar alguns minutos e assistir!), onde Arthur pede para ser desmascarado pelo Istoriador. Veja o conteúdo, e se desespere. Acompanhei uma análise (rs) desse poço de conhecimento, certa vez. O caboclo reclamava da falta de apoio do Congresso para o terceiro governo do NAP - Nosso Amado Presidente. Segundo ele, a bancada eleita de membros PTlhos era pequena, por falta de mais votos em candidatos PTlhos. Ora... preciso lembrar que NAP fez 50,1% dos votos somente no segundo turno, mas a composição da Câmara é feita no primeiro! A coligação de NAP tinha 10 partidos: Além dos PTlhos, estavam lá PSOL, Rede, PSB, PC do B, PV, Agir, Avante, Pros e Solidariedade! Os votos foram divididos entre esses parceiros coligados para eleger os deputados federais. O quê ele queria?! Os votos da coligação destinados apenas ao partido dele? Ah, tá... parabéns pelo raciocínio; quem tem QI de 30 deve ter acreditado. Enfim, confira o vídeo no início do parágrafo, ele já representa uma cornucópia de vergonha per se. Acha pouco?


Verdade? 

O grifo em amarelo é meu. A greve, agora, é promovida pela mídia? Não existe? Ou deve-se à falta de investimentos em educação - sabemos de cortes, aliás! Mas o foco é um governo para os mais pobres, certo?


   Notou como as duas últimas fontes são francamente governistas? Se acha que elas não o são, envie-me a cobertura delas sobre a concorrência do arroz, recentemente suspensa. Escrutinemos um pouco mais o governo a favor dos pobres:

   O aumento de salário mínimo em maio 2023 (aqui) colocou-o no patamar de R$ 1.320,00, o que dá R$ 6,00 (grosso modo, USD 1.00!) por hora, reajuste de 8,91%.
   O aumento do salário mínimo em 2024 (aqui) elevou-o a R$ 1.412,00, reajuste de 6,97%.
   O aumento para o STF sancionado em 11 de janeiro de 2023 (aqui) foi de 18%, elevando os salários dos magistrados de R$ 39.293,32 a R$ 46.366,19 a serem atingidos em fevereiro próximo. Percebe? Enquanto o mínimo saltou míseros R$ 92,00, o dos altos funcionários atingirá um aumento de R$ 7.072,87. A fonte é oficial: a Câmara Federal. Não pode haver dúvida. Vem mais:

   Os ricos - empresas envolvidas com a Lava-Jato - receberam desconto em 50% em suas multas!


   Não bastasse, outros ricos tiveram suas multas suspensas - e provavelmente jamais as pagarão. O futuro dirá.


   Dizem que o QI do brasileiro é 83. Impossível, é menor. Se as pessoas se fiam nas conversas desse Estoriador - sim, contador de estórias, no sentido de lorotas - seus QI's puxariam a  média tão para baixo a ponto de ser impossível o valor de 83.

   E ninguém me demove: é o governo quem detesta pobres, e demonstra isso taxando compras internacionais até USD 50,00. Enquanto isso...


nós, os bacanas, gostamos de viajar para fora e trazer USD 800,00 (no caso) absolutamente sem impostos. As confrarias primeiro reclamaram, depois compararam preço e regozijaram-se em poder dividir o valor as garrafas. E podemos fazer isso todo mês, sem qualquer ônus! Em qual realidade vive esse rapá ao sugerir que é a mídia, e não o governo, quem odeia pobres? O leitor pode assistir aos vídeos indicados aqui, depois compará-los com os que encontrar da esquerda, e fazer sua própria análise crítica sobre quem manipula e mente, e quem diz a verdade sem recorrer a edições desonestas. Claro que há ampla turma à direita com o mesmo ranço e apego à desinformação, e eles precisam ser brecados. Bem, eles já o estão sendo, em parte pela própria incompetência. Ademais, a direita, grosso modo, quero que se destrambelhe. Procuro dentro da esquerda quem trabalha por um projeto de país consistente e honesto. Não vendo alguém, não custa juntar-me com outra tendência ideológica que o tenha. 

Jantar na Dona Lu(ciana)

Dia 8, acho, Luciana soa o alarme para um jantar em sua casa. Lá foi a tropa: Oeno (rs), Mário, Luciana, Eduardo e Débora. A Liu não pôde ir, para completo desespero deste escriba, em estórias entrelaçadas e recheadas de coincidências. Para aquele encontro eu lavara um Papa Figos, pois justamente com ela que eu havia bebido outro Papa Figos novo (2021) bastante fechado, levado pela própria sem saber o que tinha em mãos. Mesmo no segundo dia - contou-me a Liu depois - o vinho permanecia irredutível, fechado, com muito pouca expressão. Assim, a ideia era apresentar para a Liu o vinho em seu esplendor. Eu também incorrera em erro semelhante quando, no final de '21, bebera um Papa Figos '19 e notara o quanto ele de fato não encontrava-se pronto. Está aqui. Até citei como mais dois ou três anos de guarda poderiam beneficiá-lo. Não por isso: lendo a postagem, tempos depois a safadinha (rs) da Luciana me aparece com outra garrafa de Papa Figos de presente... 😌 Senti-me como Gimli agraciado por Galadriel...


...e a garrafa do encontro era justamente aquela presenteada pela Luciana, fechando o ciclo de dois Papa Figos bebidos muito jovens...

Enquanto os confrades não chegaram começamos a degustar um Riesling Alsaciano, do  Domaine Jean Marie Haag. Infelizmente a safra ficou no contrarrótulo, mas era recente. Comprado junto à Chez France antes dela entrar na fase tubaronesca, surpreendeu por não aportar aquela nota de óleo Singer no nariz. Mas tinha um buquê bem cítrico à frutas brancas - maçã? - boca com acidez não tão alta, mas presente, e bom frescor. Para um preço 'lá' de USD 11,00, o valor sem desconto aqui é um escárnio: R$ 290,00. Dá uns 4.83x! Como tenho apontado, boa parcela da loja rotaciona os produtos na lista mensal de descontos, e no momento ele sai por R$ 188,00; ainda dá 3x! Para uma política de preços que retornava aos razoáveis 2x nas 'promos', a Chez France vem ocupando um posto de franca tubarona com cada vez mais afinco. Não compro nada deles há tempos, e vai-se tornando cada vez mais difícil voltar a comprar. O Mário chegou com um espumante brut, o Cuvée Blanche do Maison Castel. É um blanc de blancs com 11% de álcool, toques bem cítricos, um pouco rápido na boca - tinha certa graça -, com acidez presente mas não tão elevada. Como entradinha é digno, e uma opção a quem já se cansou (rs) de Cavas. Depois dele, apresentei o Papa Figos 2018. Muita fruta vermelha (e negra?, vermelha sem dúvida), boa complexidade, acidez presente, o leve dulçor português, taninos arredondados, belo conjunto. Para um vinho de uns 10 dólas, vale muito a pena. Aqui custa, no mais das vezes, R$ 180,00, ou 3x. Não tenho coragem (rs). A parte chata foi a Liu ter faltado por compromisso de última hora! Pensara tanto em compartilhar com ela uma experiência do Papa Figos mais envelhecido...

   Para terminar, apareceu um Amarone Classico Tommasi 2010, uma ótima safra e aerado por cerca de duas horas. Amarones mais comuns podem ser um tanto enjoativos, mas os bons - infelizmente provei muito poucos - são elegantes, com dulçor bem contrabalanceado pela acidez. Seu nariz veio com uma massa de frutas impressionante, chocolate (café? - rs) e mais notas, 15% de álcool pouco perceptíveis, madeira discreta, integrada, acidez média, preencheu a boca e ficou nela depois de engolido. É a diferença de um vinho dos seus USD 40,00 ou USD 50,00 em comparação a outros mais $imples; quando podemos, vale a pena investir. Aqui seu preço está nas alturas, podendo chegar a R$ 650,00. Trouxe na parada do frixópi de Amsterdam por algo como 40 Euros, e foi apenas uma garrafa; estava sem teto para mais compras. Mas valeu a pena. Para confortar a Liu, tenho outra garrafa do Tommasi, da também ótima safra de 2013.

Wednesday, June 12, 2024

Os Reis (e Rainhas) do Meio Seco

Introito

Duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana. 
E eu não tenho certeza sobre o Universo.
Supostamente, Albert Einstein

   Independente da autoria da frase acima, ela tem em nós idiotas brasileiros aqueles que mais se esforçam para autenticar sua completa veracidade. Particularmente, bolsonésios e PTlhos competem pela primazia de carregar o estandarte dos imbecis. Esquerdopatas - de todas as matizes - saem-se muito melhor, para minha mais completa vergonha. Não mudarei para a direita porque uma miríade de retardados insiste em fazer vista grossa para a realidade - por perigoso quanto seja o uso dessa palavra.

   Dias atrás aconteceu um debate cuja repercussão estendeu-se por toda a internetosfera. Os desinformados - 90% da população - não repararam. Foi entre um baguá chamado meteorito, ou algo assim, pois esfacelou-se e foi reduzido a pó quando bateu sem cinto de segurança contra argumentos pelo menos lógicos de seu oponente, Arthur do Val, o Mamãe Falei. O que se viu por parte do meteorito foi um verdadeiro desfile de informações incorretas - para dizer o mínimo - blefes intelectuais e impostação de voz, acreditando o pobre petiz serem tais diatribes suficientes para sobrepujar o antagonista. Já ouvira o esforçado meteorito anteriormente, antes de desistir da busca por aliados de esquerda intelectualmente honestos e com boas propostas calcadas em argumentos convincentes. Passei por diversos canais - alguns foram-me indicados - e desisti de todos. O tempo provou minha completa assertividade. Quando fiquei sabendo do debate, notei os esquerdopatas festejando:



   Gofiato, sujeito que precisa comer muito feijão para começar a articular pensamentos conexos, destila ofensas em vez de qualquer ideia produtiva. Vá lá escutá-lo, como eu fui. Comemorou o anúncio do debate, crente no favoritismo meteoresco sobre do Val. Luidige, não o do blog, outro, seguiu o mesmo caminho. Embora um pouco mais honesto, sua área de atuação foca em reagir a outras postagens, sem trazer uma discussão mais abrangente de pautas de esquerda ou de questões sociais e nacionais, algo imperativo nos dias de hoje e a motivação deste articulista a começar divagar sobre política neste espaço de vinho. Não podemos mais nos calar face a tantas e tamanhas demonstrações explícitas de incompetência e desonestidade, em todos os campos e níveis da República. PTlhos e bolsonésios - para começar - precisam ser escorraçados da vida pública, para longe e para sempre.


   Voltando: aconteceu do pobre meteorito ser realmente massacrado. De maneira vergonhosa. Desde os primeiros cinco minutos até os últimos cinco - quando ele mesmo protagonizou uma patacoada de literalmente travar surpresos seus mais ferrenhos apoiadores: Eu sou pobre, mas não sou fácil, em alusão a um áudio grotesco protagonizado por seu adversário. Após o espirituoso comentário de Arthur, quem não continuou travado, riu... Não confie em mim. Veja o debate. Ele está em sua íntegra aqui. Desde já fica a advertência: cenas fortes da mais pura idiotice e mau-caratismo esquerdopático aguardam os desavisados que ousarem acompanhar as duas horas de diálogo. Há uma versão condensada, tipo melhores momentos, aqui, e tem 35 minutos. Desta, destaco uma ofensiva do Arthur sobre seu antagonista com um desafio forte. No minuto 8:30, Arthur diz assim: - Vou fazer um desafio, e se você superá-lo, assumo que perdi o debate e você me desmascarou. Então vamos lá... E o oponente não consegue argumentar sobre fatos que ele próprio havia reportado anteriormente! A sequência é vexatória. Ainda recomendo acompanhar o debate completo, e não os piores (sic) e mais humilhantes momentos para a esquerda. Se alguém encontrar uma passagem honrosa do meteorito, me avise. Nos cortes dos esquerdopatas, eles seguramente existirão aos montes, apenas para comprovar a epígrafe. Na próxima postagem comentarei algo mais constrangedor - como se fosse possível: a repercussão do encontro segundo a análise esquerdopata.

A Rainha do Meio Seco

Em algum momento, comentei sobre harmonização com vinhos meio secos. Funciona bem se estiver tudo combinado (rs), mas não é fácil. Com uma ponta de acidez, o dulçor pode ser contrabalanceado e o vinho não fica enjoativo. Sem ela... Caso recente onde a acidez esteve presente foi no meio seco oferecido pela Ariane, o Collezione Cinquanta, degustado em março último. Ela havia comprado em 'promo' sem perceber essa característica. Nos reunimos novamente, mês passado. A Liu chegou com um Pernilongo (ou algo assim) Cuvée Brut Rosé, comprado em recente excursão para o sul do país. Neófita, ela não faz distinção de cepa, país ou estilo. Está absorvendo todos. É bom, muito bom: vai formar seu caráter vitivinícola sem preconceitos. Apenas acho que sua paciência em provar certas... coisas... está durando demais. Mas falta-me moral para reclamar: bebi chilenos achando-os os melhores vinhos do mundo por uns bons cinco ou seis anos. O espumante mostrou algum buquê, mas era bem rápido em boca, final muito curto, acidez quase zero... aqui no blog quem uma imagem recortada do Vivino onde uma anta, em tom elogioso ao vinho, diz exatamente isso(!). Não sei onde está, o leitor terá de procurar. Por R$ 10,00, ele faria boa presença. A diferença de R$ 70,00 para seu preço real mostra o quanto precisamos camelar se pretendemos chegar a algum lugar. Lembrando sempre (😣) a idiotice do brazileiro impedindo qualquer perspectiva de mudança do cenário.

   O Errazuriz Reserva 1870 Chardonnay 2020 acabou com minha estima pelo conceituado produtor chileno. Nariz fraco, boca ligeiríssima pela acidez muito baixa - mesmo para um branco... - foi um piores exemplares de vinho seco degustado em muitos anos. Não deixou saudades. Pedimos a comida e com ela entramos no Motto Unabashed 2016, um Zinfandel californiano. Como todos devem saber, a Zinfandel é idêntica à Primitivo (de Mandúria) italiana. Já bebi alguns Zinfandéis interessantes, e estaria para dizer que Sua diferença para os exemplares da Bota é que os americanos são mais dignos, mas não... Motto também tocou tudo a perder. Desde o primeiro instante achei excessivamente doce, no estilo enjoativo. Não melhorou com a aeração - foi aberto quando chegamos - e ficou assim a noite toda. Tinha sim boa fruta - eventualmente esmiuçadas pelos presentes -, e não não recordo-me de outras (boas) qualidades. Ficava na boca pelo doce... cansado das minha reclamações (risos) o Claudio pegou a garrafa para ler o contrarrótulo e anunciou: É um meio seco... 😣 olhei meio enviesado para a Ariane... felizmente ninguém percebeu! 🤪 Que ousadia, derramar meios secos em minha honorável garganta, repetindo a dose em tão pouco tempo! Não, Motto não me fez a cabeça... não é um vinho mal feito, sua meia secura (sic!) vem da uva e não da chaptalização, e no dia seguinte não tive traço de dor de cabeça. Apenas não gostei do jeitinho dele... Felizmente sobrou algum bom senso na mesa: meu Barbaresco Fontanafredda 2015 foi recebido com ovação e palmas, pois estava ótimo 🤣. Aerado por mais de duas horas, esbanjou fruta e mais notas. Madeira presente mas discreta, bons taninos e acidez, fez melhor par para quem pediu carne. Tem boa persistência e final. Note-se, é um Barbaresco 'genérico': não é produzido a partir de um vinhedo designado, mas não estou muito certo sobre as regras dessa DOCG para comentar mais. Está pronto, podendo ser guardado por alguns anos tranquilamente. Foi a primeira de três garrafas comprada em ótima 'promo' a menos de R$ 200,00, para posteriormente esgotar-se flertando com os R$ 400,00. Mais uma vez o vinho do Enochato salvou a noite, em um claro e desinteressado compartilhamento de suas reservas estratégicas de bom vinhos comprados em regime de franco-atiradoria (sic! rs!), sem tanta margem para os tubarões do mercado. Para a Ariane, a sugestão de prestar mais atenção nas compras, ou já já ela será coroada como A Rainha do Meio Seco... A Simone seguramente vai dar muita risada disso tudo.

O Rei do Meio Seco

Havia programado uma aula para os Paduquentos: serviria dois vinhos às cegas. Infelizmente deu tudo errado logo na largada, pois acreditava ter um determinado vinho mas a última garrafa havia ido; precisei apelar para seu irmão maior. Fiz uma careta com bico, enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro e murmurava o velho ditado: Quem não tem cão... O Fernando chegou atrasado e esbaforido com um vinho às cegas debaixo do braço quando tínhamos bebericado os primeiros goles de cada um. Guardou-o na geladeira e juntou-se a nós. Um amigo trouxera-o de algum lugar do sudeste asiático, onde trabalha. Falou-nos do valor, R$ 240,00, imaginei uns USD 45.00... deveria ser um vinhão...

A lição

Estamos deixando os portugueses e entrando em espanhóis de simples a um pouco - só um pouco - mais sérios. Já degustamos alguns franceses simples, italianinhos um pouco melhores e assim tento introduzir os confrades em uma espiral ascendente aos Vinhos de Procedência - já ouvi essa bobajada em algum lugar... 😣. Decidi ser o momento para uma quebra de paradigma.

O chão afundou quando constatei não ter uma garrafa do Pagos de los Capellanes Joven - assim mesmo, com 'n'. De agora em diante, apenas do Crianza para cima. O vinho Joven tem menos barrica - talvez ela nem seja obrigatória, não tenho certeza - quando confrontado ao irmão maior, o Crianza. Este tem barrica, com menos tempo se comparado ao Reserva, que por sua vez tem menor estágio face ao Gran Reserva. A ideia era cotejar o Capellanes Joven de Ribera del Duero e o riojano Ramón Bilbao Gran Reserva (2015), mas o embate ficou a cargo do Capellanes Crianza 2017. Os confrades perceberam alguma similaridade entre eles, mas depois deixam-se enganar pelas abordagens mais emocionais: O Carlos André não serviria isso, ou aquilo... Alguém (Paulão?) soltou um Eu já bebi disso... enquanto outro (Duílio?) disse Espanhol. O Fernandinho comprovou o quanto conhece de cachaça e uísque (🤣) ao sugerir um italiano e outro francês. Faz parte. Dois vinhos bem vivos, muito frutados, com o Capellanes carregado de taninos bem maduros e pegados, enquanto o Ramón os tinha mais tênues e elegantes. Similares na acidez, ambos com boa boca, o Rioja mais delicado e o Ribera mais pegado, obrigaram os bebedores a um bom exercício de reflexão enquanto provavam de uma pizza com filé mignon. O Duílio deu o xeque-mate: Como vinho, prefiro o Ramón, mas como harmonização com carne, o Capellanes foi bem melhor. Pois é: eu queria apresentar um Joven contra um Gran Reserva, e talvez arrancasse um empate honroso para o primeiro, pois ele estaria mais leve e próximo ao Rioja. E a lição versaria sobre o vinho Joven de um produtor lançando sombra em um Gran Reserva de outro. Um pouco é estilo, vinificação, mas outro pouco pode ser a diferença de qualidade entre ambos. Gosto, mas não conheço tanto de vinho para tentar avançar nessa comparação. No fechamento da lição, sugeri aos bebedores pensarem nessa perspectiva. Para mim, na média os vinhos de Capellanes são melhores. Recordo como a prova recente de um Bilbao Reserva 2016 não inspirou-me a dizer Espanhol para aquele vinho, mais próximo a um exemplar Coca-Cola do que de um exemplar com terroir... mesmo com todas as ressalvas que este avaliador possa sofrer em função de suas poucas habilidades...

Finalmente o Fernando vai à geladeira e traz seu vinho. Serve-o e... era um branco! Isso não se faz! Ele deveria ter parado a degustação e servido seu vinho antes... se bem que... foi melhor... Saint Clair's Marlborough Sun Gewurztraminer 2022, da Nova Zelândia, chegou com uma carga incrível de dulçor e baixa acidez, e fez alguém tossir enquanto outro praguejava. O Fernando olhou em torno e lançou um tenro Docinho, né?, enquanto esboçava algum outro comentário. Não era um vinho de sobremesa. Tinha um doce mais enjoativo do que o Motto, e por isso asseguro estar passando por algum tipo de inferno astral. Tentamos segurar a taça nas mãos e subir um pouco a temperatura, mas não resultou. O pior ainda viria... os tintos tinham-se acabado, o branco era o que estava aberto... fui para a segunda taça e resolvi dar uma lida no contrarrótulo à guisa de mais alguma informação. Comecei a ler: Vinho Fino Branco Meio Seco... e... ei, estava em português! Confirmei antes, se o amigo trouxe o vinho de fora, o Fernando jurou de pés juntos. Olhei para ele disparando: É da Grand Cru! -  e mostrei o rótulo:

Promovemos rápida sessão para abjurar o amigo do Fernando que simplesmente pregara-lhe uma peça, dizendo ter trazido um vinho do sudeste asiático quando na verdade o havia comprado provavelmente em S. Carlos mesmo, na maior cara de pau. E pagou R$ 240,00 pelo maledetto... Não comentarei mais sobre Marlborough Sun, ele simplesmente não merece. Custa 13 dólas neozelandeses, o que dá R$ 43,00, projetando uma tubaronice explícita de R$ 240,00 / R$ 43,00 = 6x! (😨).  A tragédia não acaba nisso! Encontrei informação díspar sobre ele, apontando esse exemplar (Gewurztraminer) como... seco! Veja na imagem abaixo, onde encontrei à venda em alguma loja da Nova Zelândia: é apontado como vinho seco! Ainda: não o encontrei no sítio do produtor! Nunca deparei-me com tanta sinuca de bico acerca de um vinho... (repare o 'Dry' na parte de baixo da figura):



   Dizem que o inferno é aqui? Devem estar certos... O Fernando que se emende, ou acabará com o título de Rei do Meio Seco. 🤣

Tuesday, June 4, 2024

Uma surpresa surpreendente (sic! rs!)

Introito

A taxação é para os tolos.
Oenochato

   Sobre a estória da cobrança de impostos para importações até 50 dólas, a Miss-Brasil Primeira Drama, sem qualquer vitimismo, alerta, enfática: A taxação é para as empresas e não para o consumidor. Não sei bem o significado, mas abaixo de sua postagem no Tuíter apareceu uma contestação.


   Corriam os anos dourados do dóla a R$ 1,60. Eu faturava muitos dólas... e arrisquei comprar alguns filminhos da Amazon. Seriam taxados em 50%, eu sabia. Não estava ciente - e fiquei PuTo - quando ela incidiu inclusive sobre o frete declarado no envio. Isso tem nome: desfaçatez. Alguém acha que essa regra foi deixada de lado, em algum momento? De outra maneira: imposto pode diminuir, não importa o governo? Com subsídio - sempre para os grandes, como indústria automotiva, branca, etc. -, pode. Quando começarem a subsidiar o Fiel Contribuinte me avisem... desde sempre ele é o idiota a bancar toda a farra. Só falta explicar direito um detalhe: por qual motivo o governo dos pobres taxa justamente as compras pequenas, sabidamente realizadas pelas pessoas de menor renda? As próprias empresas informam isso: trata-se de itens de consumo muito pouco sofisticados, como peças de vestuário ou maquiagem simples, sem marca conhecida. São produtos de classes C e D, mesmo - note que nossa classe B aqui seria pobre 'lá'. Enquanto isso os bacanas podem viajar para o exterior 12 vezes por ano e trazer na faixa a mórbida (sic) quantia de 1000 dólas cada vez, absolutamente isentos. Houvesse um mínimo de honestidade intelectual por parte dessa turma, e os mais abonados seriam os primeiros a entrar na faca. O caminho a tomar está dado pelos cidadãos brasileiros da mais alta capacidade, idoneidade e sensibilidade social. Não são necessários retoques, basta ouvi-los:


   Ao final de tanta conversa mole, tanta picaretice e tanta desinformação, fie-se n'Oenochato; ele não o engana: a taxação é para os tolos! Porque apenas tolos permitem governos como os últimos que vimos - desde Martim Afonso de Sousa - prosperarem.

Uma quarta-feira preguiçosa

Feriado de quinta-feira... sugere uma quarta algo preguiçosa, à noite. A confraria #émuitovinho reuniu-se com convidadas especiais, e a sentida ausência da D. Neusa. Ela mandou lembranças do Canadá, enquanto embalava Kenzo, seu mais novo netinho. Lutando cá (risos!) começamos nossa reunião com o Chablis Vielles Vignes 2022 do Domaine de la Motte. Fresco com toques cítricos evidentes, boca com acidez presente - indo a média, não impressiona muito - bem equilibrado, com um salgadinho ligeiro denunciando a mineralidade típica da região. Mesmo essa acidez não tão alta propicia boa permanência em boca, e se comprado a bom valor vale quanto pesa. O produtor vende a 17,00€, dá quase 100zão; comprá-lo aqui por R$ 180,00 mostra como dá para trazer vinhos de fora, em pleno 2024, com margem satisfatória para o importador e boa para o consumidor. Sim, a detratoria logo dirá que logo a importadora vai falir, e toda a sorte de bobagens na qual quer acreditar. Estou comprando deles desde o ano passado, e continuam firmes... Enoeventos segurou a onda por uns bons cinco ou seis anos; sua virada, creio, foi uma opção de mercado. A Chez France prosperou e ainda comprou a Sociedade da Mesa antes de começar a subir seus preços para oferecer descontos de até 70%(!). Cada um com sua escolha... eu com as minhas, comprando nas melhores ofertas. Quer um vinho decente a preço condizente nos dias de hoje? de la Motte...

Nem só de branquinhos se vive a vida...

Apresentei inicialmente dois vinhos às cegas para um doelo (sic - é entre dois...). Após alguma discussão mais solta, os confrades - Celinha, Elvira, Liu, Salete e Ghidelli - se emendaram. Palpite de francês para o primeiro - apenas pelo buquê elegante a sugerir sua procedência, disseram alguns, mesmo antes de levá-lo à boca. Depois também continuaram no palpite. Tem sim um nariz rico em frutas, principalmente, e o pessoal apontou mais algumas notas conforme opinavam. Apreciaram a boca, com bom corpo sim, e opinaram estar muito boa - e isso não entendi. O segundo foi classificado como nariz inferior, não tão pronunciado, embora com boa fruta, e a boca pareceu deixar a desejar para mais de uma pessoa. O primeiro, para surpresa surpreendente (sic! rs!) foi o Casa Valduga Terroir Exclusivo Arinarnoa 2020, com 14% de álcool até bem equilibrados, mas cuja boca não me surpreendeu. Preconceito de minha parte? Concordei imediatamente com o buquê - surpreendeu mesmo. Mas na boca não, achei ligeiro, apesar dos taninos maduros - ele tem boa extração sim, mas não vai além disso. A falta de acidez pareceu não incomodar tanto os bebedores. Por sua vez a acidez do segundo vinho, o Cedro do Noval 2016, 13,5% de álcool, tampouco fez-se sentir. Estranhei uma turma tão habituada à acidez não perceber a diferença entre os vinhos. Depois fiquei matutando comigo mesmo - 😵 - o que poderia ter acontecido. A reflexão levou-me a recordações antigas, distantes, de quanto o próprio Cosmos era uma massa amorfa...

Degustação de priscas eras

Corria ali pelo ano da Graça de Nosso Senhor de 2015, ou 2016... o blog andava às mínguas, ao contrário de minhas aventuras etílicas. De repente nos reuníamos Isabela, Bete, Akira e este Enochato para nossas experiências. Numa delas aparece a Bete com seu vinho às cegas. Serve-nos com um sorrisinho artimanhoso... Akira e eu cafungamos, olhamos um para o outro e fomos direto ao ponto: Chianti. Era o melhor buquê de Chianti que provara. Já a boca... não lembro-me se o Akira reformou a posição para acertar a procedência, eu simplesmente achei estranha, não batia. Era um vinho chileno! No contrarrótulo, enfatizava-se a presença de... toques mediterrâneos(!). Alguém já ouviu essa descrição? É rara. E em um vinho chileno? Como pode? Óbvio... aromatizantes artificiais! (o grifo na imagem abaixo é meu).


   E o leitor pensa ser um produto exclusivo? Necas! Veja um concorrente,


   As páginas estão aqui e aqui. Não consigo ver outra explicação para um buquê tão... tão... tão francês(!), perfeito demais, na garrafa de um vinho brasileiro. Milagres existem, eu acredito neles... mas não, não estava diante de um nesse caso! Ele estava perfeito demais para remeter a um vinho do Velho Mundo... lamento se parto corações ou fero susceptibilidades. Há mais um ponto importantíssimo para prestarmos atenção: como a cepa Arinarnoa, absolutamente desconhecida para nós(!) pode nos remeter com tamanha força para a lembrança de um vinho francês? Não há algo soando errado? Ai émi véri sóri...

De volta ao encontro...

Por fim, servi o Quinta do Noval Reserva 2018. Estava sim fechadão, exibindo nariz com pouca fruta, boca com taninos ainda duros e só alguma acidez fazendo-lhe as honras na taça. Comecei a servi-lo já com três para quatro horas de aeração, e ele permaneceu irredutível. Na opinião geral, deve-se aguardar mais uns cinco anos. Relatei experiência similar com outro português, o Apontador, da Quinta da Romaneira, aqui. A diferença é que desta vez tínhamos outros vinhos, e então outra máxima deste Enochato fez-se valer - mais uma vez sem os confrades notarem:

Deixado livre, o melhor vinho sempre encontra as taças primeiro!

   Sim, ninguém notou mas... ao final da noite o Noval Reserva estava bem mais seco, e adivinhe de qual vinho sobrou mais? Exatamente... do Valduga. Não é má estima deste Enochato, é apenas o depoimento de como ficaram as garrafas. Convido os confrades a ficarem atentos a esse detalhe da próxima vez... Então não entendo como ele foi considerado o melhor - ainda que apenas melhor do que o Cedro. O pessoal não é boca torta... bem, o Ghidelli é - 🤣 - mas confesso: nesse dia ele estava inspirado e foi o primeiro a sugerir francês para o Valduga. Vai saber...

Tungas!

O leitor já cansou de ler minhas reclamações acerca do preço elevado cobrado pelos vinhos sul-americanos em geral, e chilenos em particular. Tomemos esta comparação: a Vingardevalise volta e meia apresenta boas ofertas. Esta, do Dom Maximiano Founder's Reserve está boa, principalmente comparando com seu preço lá no Chile. Veja só: ele estava sendo vendido aqui por R$ 550,00, enquanto no frixópi chileno - livre de impostos, portanto - saía pela bagatela de... USD 115.00... praticamente o mesmo valor! E coincidentemente é a mesma safra!

    

   Como é, então?! Um vinho cujo custo no frixópi chileno é igual ao seu valor de venda aqui, com todos os impostos, taxas, etc.? Eles são da ordem de 60%, talvez um pouco mais. Já comprei dessa loja diversas vezes. Os pedidos sempre chegam com nota, e no contrarrótulo o importador está devidamente identificado. Não é contrabando. Não há picaretice nessa loja. Então fica a pergunta: saiu do Chile por quanto?! Bem, eu não pagaria R$ 550,00 por um vinho chileno - e o Founder's foi o vinho que mais gostei, quando comprava praticamente só chilenos. Ele custava USD 50,00, até 2007. R$ 200,00, eu pago. Seria um bom vinho nessa faixa de preço. Por R$ 500,00 já entramos em Xatenêfis, Barolos e Brunellos bem razoáveis - só para falar nesses.

   Pela bagatela de R$ 498,00 por R$ 239,90 pode-se comprar um maravilhoso Francis Coppola Diamond Collection Zinfandel.


   O Wine Searcher coloca seu preço aqui entre USD 76,00 e USD 94,00.


   Quanto ele custa nos EUA?


   A partir de 11,00 Dolas! (contei inclusive o imposto americano, pois como de hábito o WS apresenta o valor sem taxas). Então temos algo como R$ 60,00 'lá' contra R$ 498,00 (sem o desconto), uma margem de... 8,3x! Onde estão aqueles idiotas de pai e mãe, os detratores do blog, para justificar uma margem dessas? Queriam explicar com argumentos toscos as margens de 3,5x a 4x, mas agora ela está em 8,3x! Detratores, apresentem-se! Ah, sim: o vinho é importado pela Ravin.



Rata! 🙈

   O escriba deixou passar um palpite certeiro do confrade Ghidelli. Está registrado no comentário.