Friday, March 28, 2025

Cara de paisagem

Intoito: ainda NAP e o ovo

   Volte na postagem passada e reveja o vídeo de abertura. Nosso Amado Presidente (NAP) está querendo descobrir aonde é (sic) que tem um ladrão. Não surpreenderia se achasse-o no próprio bolso. Mas toquemos. Ele gosta de ovos. Eu se cumê dois ovos por dia, eu adoro um ovinho só com arroz... às vezes eu prefiro isso do que comer qualquer comida boa (sic!), e veja, o povo... o povo come ovo. Tá! Volte lá na conta que fiz: 260 ovos/ano x 211 milhões de brasileiros (OK, bebês não comem ovos, é só uma aproximação) dá... 54.86 bilhões de ovos! E o consumo per capta é de apenas 260 ovos/ano... já pensou 2 ovos por dia por habitante (desconte os recém-nascidos) durante o ano todo?! Ora, esse estrumela fez um estudo e não percebeu que os brasileiros maiores de cinco anos não têm à sua disposição dois ovos por dia! (a fonte da pirâmide etária abaixo é esta). Os menores de 5 anos são cerca de 7 milhões, o que dá uma população comedora de ovos de 204 milhões, a dois ovos por dia demandariam um consumo de 74.46 bilhões de ovos/ano, contra a produção de 59 bilhões de ovos/ano!



   Então não conseguimos comer dois ovos por dia, se nos guiarmos pela produção interna. O Brasil importa ovos? NAP não falou nisso - até disse que exportamos 0,8% da nossa produção! - Mas espere...


   A nossa classe media ostenta, e mais do que a classe média europeia (cujo rendimento médio anual, vamos deixar barato, é cerca de R$ 170.000,00). 


   Nosso rendimento médio é (tentemos não passar vergonha, então peguemos o rendimento da classe 'C1', seja o que for) R$ 48.000,00. O trabalhador europeu ganha em média 3.6X a mais do que o brasileiro - parece margem de importadora tubarona!). A fonte é esta, e não sei bem de onde tiraram uma média de 4 milão/mês, porcada (sic! rs!). Se fizer a conta na C2 dá uns 7x - aí faz sentido! Deixemos como está.


   E assim ficamos: ostentamos porque uma tevê só não basta, precisamos de uma em cada sala. E o governo - a mola motora da economia de qualquer país - não propicia um mercado que nos garanta a produção de dois ovos por dia. Dá para começar a entender porque o povo passa fome, não é mesmo? Dentre outros motivos, é porque mesmo o preço velho (sic) do ovo na verdade já era caro demais. Percebeu?!

Mais um ótimo final de semana...

Estávamos tentando marcar há algum tempo, e desta vez rolou. Reunidos da Ghidelândia em 22 último, recepcionados pelo casal comandado pela Márcia, estávamos Don Flavitxo e este narrador felizes da vida. Havíamos comprado a bom preço dois vinhões. Encarregado do serviço, abri um deles às 17:30, para receber uma mensagem irada de Don Flavitxo: Po##@, não era meia hora antes? 🙄 Tenho minhas fontes, tá sabendo? 😒, e alguns depoimentos no CellarTracker eram enfáticos sugerindo pelo menos algumas horas de aeração. Como não tenho taças superpoderosas, que aeram o vinho em segundos (rs!), fiei-me nos palpites de lá. O resultado? Vamos por partes...

Um branquelo, para abrir os serviços...

Don Flavitxo chegou com ele debaixo do braço, empacotado e pronto para ser servido às cegas. Abriu, tirou - o líquido, para nossas taças - e cheiramos. Oh Lord, have mercy... que aroma! Quantas fragrâncias! Não consegui distingui-las(!), mas estavam lá, potentes. Abundante em frutas brancas a inundarem meu nariz e confundir outras notas, mostrou boca com excelente acidez, toque mineral, muito frescor e uma permanência de causar desconforto(!). Há tempos não bebia um branco com tamanho equilíbrio e complexidade. Don Flavitxo pediu indicações de procedência. Particularmente não aprecio chutar por chutar; se não consigo sequer imaginar a procedência, prefiro o silêncio. Foi assim quando o mesmo Don Flavitxo apresentou-me a Savagnin pela primeira (e segunda!) vez. Pressionado - sob pressão até pato bota ovo - o Ghidelli sacou um 'Português' não sei de onde, e acertou. Já experimentei alguns  bons brancos portugueses. O Private Selection do Esporão agrada, mas não lhe faria sombra. O Tapada do Chaves Vinhas Velhas é ótimo, mas não tão misterioso. Bem mais simples, o Falcoaria Vinhas Velhas delicia as papilas, mas está notas abaixo, em termos financeiros e qualitativos. Antonio Madeira Branco 2019 é um corte estranhíssimo (rs) composto por Síria, Bical, Arinto e Cerceal, e surpreende muito gratamente. É um vinho do Dão, região de onde conhecia mais os exemplares tintos. Estou começando a ficar fã dos brancos, também... A entrada, figo roxo com geleia de figo, Jamon e Roquefort é ótima por si. Com Antonio Madeira, ficou ainda melhor.

Cara de paisagem

Causador de tanto desconforto espiritual para Don Flavitxo porque o abri um tanto mais cedo, Galiardi Terra di Lavoro 2010 aerou por umas 4 horas e chegou com buquê explosivo. Ghidelli olhou para mim e fez uma careta de satisfação, enquanto o elogiava. Don Flavitxo fez cara de paisagem... Já tive o prazer de experimentar algumas vezes dele. O produtor vinifica apenas esse vinho, um corte não linear (rs!) de Aglianico e Piedirosso rico, com muita fruta misturada à toques de piche, petróleo... cinzas, disse alguém. Tudo a ver com a região de solo vulcânico, bastante bem expressa ali. Tinha ainda notas algo como chocolate/tabaco, como sempre confundo, e mais. A boca mostrou-se pegada, ótimos taninos, acidez média, herbáceo, com permanência longa, muito corpo, aquele vinho tipo 'paulada'. Tão seco que pode lembrar... um uísque sendo degustado! É quando o bebedor precisa ser esperto (rs) e fazer um movimento de mastigação para salivar e perceber como ele permanece em boca! Para um prato principal composto de costelinha de porco assada no forno com vinho branco, temperada ao alho, alecrim, pimenta preta, e escoltado com batatas cozidas, combinou 120%! Como os taninos misturavam-se com a gordura! Combinação inesquecível. Na outra ponta do espectro estava Il Bosco Syrah 2006, um Toscano produzido em Cortona muito elegante: ainda com fruta de sobra - Flávio e Ghidelli sugeriram trufas e gás de cozinha(!) - boca com chocolate amargo, café e mais notas, chama atenção de como o chocolate é mesmo amargo, e não ao leite! Taninos macios, grande equilíbrio, e se recupero agora o comentário de Il Bosco estar na outra ponta do espectro é pela elegância, ao contrário da discrição quase troglodítica (rs!) do Terra di Lavoro. Mesmo apreciando vinhos mais encorpados, Il Bosco é de fazer balançar a preferência pela simples potência... potência elegante (sem me faço compreender) é outra estória. Difícil mesmo é encontrar vinhos com essa qualidade! Só posso dizer que este março tem sido maravilhoso... Sem fôlego para falar da sobremesa...

Thursday, March 20, 2025

Surpresa na Paduca e a Confraria do Dardo

Introito

Alguém está sacaneando as galinhas
Nosso Amado Presidente (NAP)

Alguém está sacaneando o povo brasileiro
Oenochato

   NAP fez um estudo e descobriu que em janeiro de 20?3 (inaudível. 2013? Acho que '23) 30 dúzias de ovos custavam R$ 144,15. Em janeiro de 2024, o valor era R$ 143,09. Em janeiro de 2025, R$ 144,15, o mesmo que custava em janeiro de 20?3 (13?). E em fevereiro de 2025, absurdos R$ 210,00! 😱  Por partes. Analfabetos confessos não fazem um estudo...* 

[Abre parênteses


   Não pode haver dúvida, o pateta proclama-se um analfabeto. Ser analfabeto não é demérito, e ser um analfabeto bem sucedido é extrema virtude, e da mesma maneira não vejo o menor problema em um analfabeto ser presidente da República. O problema é quando esse analfabeto - de pai e mãe - sisquece dos anseios da população que o elegeu, deixa de lado suas promessas e senta-se - literalmente! - no colo dos poderosos. Comentado com dados aqui.
Fecha parênteses]

   Voltando a mais enganos: presidente competente não gasta tempo fazendo estudo... Ele chama o responsável pela pasta relativa àquele assunto e pergunta. Se competente, o sujeito terá os dados na ponta da língua. Por que não perguntou ao Andrada o motivo da alta? Antes, até - um ministro supostamente é um sujeito ocupado - poderia simplesmente ter perguntado para o Google!


   Como vemos, o problema não é ser analfabeto! O problema é ser pra lá de burro! (com o devido perdão ao animal pela ofensa comparativa, mas o equino nessa incômoda posição é tido como tal pela sabedoria popular). O festival não para nisso. Segundo NAP, o consumo médio do brasileiro é de 260 ovos/ano, com uma projeção estimada para 2025 de 59 bilhões de ovos. Para quem não é burro, 260 ovos/ano x 211 milhões de brasileiros (OK, bebês não comem ovos, é só uma aproximação) dá... 54.86 bilhões de ovos! O excedente não dá 10%! E o caboclo diz que o brasileiro nem come tanto ovo assim, não dá um por dia! Mal produzimos o suficiente para prover o brasileiro de um ovo diário! Alguém parou para calcular o risco alimentar que corremos, falando apenas em ovos? E vem no final... vocês podem ter certeza que vocês vão voltar a comer picanha outra vez (rindo!), diz. Tem gente mais burra do que NAP por aí. Aos milhões...

Surpresa na Paduca

A Paduca reuniu-se completa depois de algum tempo, com o Fernando conseguindo um sossego com suas crianças. Ter pais nonagenários(!) - e lúcidos - é uma bênção. Amiga confrade também tem a mãe, e todos da confra sentem-se orgulhosos por ela. Por isso, sabemos tratar-se, quase, de crianças... requerem o cuidado constante dos rebentos (rs), sempre concedidos com grande generosidade e carinho. Tradições não são ruins, às vezes... Mas bem, Paduca completa, vinho do Paulão e deste Enochato a postos, O Quinta de Chocapalha 2019 servido primeiro. Creio ser o primeiro exemplar dessa safra degustado por nós. Tinha sim um pouco do dulçor algo típico dos portugueses, mas encontrei algo diferente. O buquê, logo de cara, tinha algo que ligo com aromatizantes artificiais. Não estou dizendo que Chopalha os tenha - ou que os tenha agora - mas tive a impressão. E, afinal, vinho é impressão, correto? Então tem mesmo, que não sou de ficar com meias palavras à menor suspeita de algo! É uma pegada com doce diferente, e isso às vezes pode ser perigoso...  que se liga, sabe...


   Voltando, na boca continua ser o nosso conhecido Chocapalha, razoável para seu preço e bom se bem comprado aqui, pelos R$ 100,00, +/-. Muito mais, é tubaronice. Ofereci às cegas um Zuccardi Q Malbec 2018, que causou furor e confusão entre os confrades. Bom corpo, bem frutado, agradou muito na primeira impressão. Opiniões diziam ser superior ao Chopacalha, mas ninguém palpitou num primeiro instante. Duílio deu uma sugestão errada, Paulão oscilou para lá e para cá, e foi o Fernando quem matou a charada, indo direto: Um Malbec argentino. Sim, ótimo palpite! Um vinho com boa fruta, acidez discreta mas presente, não sei como ele pegou logo de primeira. Só um problema: sorvendo doses pequenas e alternando entre um e outro - eu estava no serviço, garantindo (rs) doses modestas e contínuas para todos - na terceira taça já não conseguia bebê-lo com o mesmo gosto: apresentava-se com um doce demasiado enjoativo, e sinceramente não descia! Não é má vontade, foi apenas a percepção daquele momento. Quando voltei ao Chocapalha, o doce não se pronunciava tanto. Comentei com os confrades, eles não perceberam. Não bebi mais dele, enquanto os colegas sorveram-no de bom grado. Achei tudo muito... curioso... Seu valor aqui oscila bastante, entre R$ 250,00 em importador de reputação estabelecida e R$ 120,00 em outra loja que encontrei ao acaso em pesquisa rápida na Internet. Isso sugeriu uma busca no país vizinho, e o resultado de uma única consulta qualquer retornou o valor de R$ 80,00. Cadê a estória de Mercosul? Sim, aqui temos impostos totais mais altos... mas estamos mais próximos, e enquanto Chocapalha, vindo de lugar bem mais distante, mantém-se numa média de 2x, Q insiste em apresentar-se com um preço 3x com relação ao seu valor no país de origem... Para isso NAP não está nem aí... Decididamente, ele não governa para mim, enquanto cidadão. Governa para uma parcela menor de brasileiros. Governa para os tolos. Dizê-lo melhor do que Bolsonéscio, por isso ou por aquilo, apenas confirma a tontice do crente.

A Confraria do Dardo

Marco (esq.) nos chama à sua casa. Havíamos nos encontrado na humilde adega antes do Carnaval, e o Márcio (dir.) estava indócil por mais uma reunião. Enquanto o último não chegava, o anfitrião confidenciou-me uma lacuna na formação afetiva de sua mocidade. Afirmou, antes de dizer qual era, ser tempo de saná-la de uma vez por todas, e a providência fora tomada naquela semana, estando a caminho: comprara o jogo War, do qual jamais jogara quando jovem. Lembre-me - e contei-lhe - de episódios dos meus tempos de república: quando os republicanos estavam voltando a se falar, silêncio mútuo causado pelas desavenças da última rodada desse jogo, alguém surgia com uma brilhante ideia: - Ei, que tal uma partida de War para comprovamos que somos adultos e não vamos mais brigar? E começava tudo novamente...Quem conhece, sabe: War jogado em 3 é um pouco chato. Talvez chamemos alguns membros de outras confrarias para degustar ótimos vinhos e lançar os dados em busca da sorte...

Quem bate os olhos nas garrafas pode ter um insight: o Marco é assinante do Clube do Vinho da Mercearia 3M. Representantes do produtor argentino Familia Cassone, com linha de produtos relativamente grande, seus vinhos volta e meia aparecem nas seleções mensais. Deixarei como exercício para o leitor procurar no Wine Searcher - ou mesmo no Google - o valor desses vinhos no país vizinho e aqui - quem aposta na média de 3x? Ambos são vinhos fáceis de beber, bem frutados, sem o enjoativo travo do Q. Obra Prima Reserva Malbec 2019 pareceu melhor acabado, um pouco mais encorpado, e já amaciado; tem seu equilíbrio - relativo, falta acidez - e pode agradar o público na faixa de preço, talvez uns R$ 100,00. Achei um degrau acima do Cassone Malbec Reserva 2022. Mas o que seria da comparação com um exemplar um pouco mais envelhecido? Para mim, Quinta de Chocapalha 2020, mesmo com a sugestão de batizado por algum aromatizante, ganha pela acidez e melhor conjunto, e não por pouco. Não é tanto interesse dos confrades - ao menos neste momento - fazer comparações mais profundas. E mesmo Chocapalha está ficando fora do meu horizonte de vinhos; se tenho algumas garrafas elas servem para mostrar a bebedores de sul-americanos, como os confrades do Dardo. Estes dias até peguei uma e outra garra em qualidade similar, de outros países, para poder apresentar-lhes algumas opções diferentes. Depois de termos acertado uns 30 dardos na parede, o Marco ainda aparece com um Tarapacá Cosecha Cabernet Sauvignon 2022 que abria no dia anterior. Esse é o vinho de entrada do produtor que mais consumi em minha vida. Infelizmente não tantos Etiquetas Negras, mas pelo menos diversos Reservas comuns. Saudades dessa época.. era boca torta e não sabia... mas pelo não gastava tanto com vinho... Voltando, um vinho mais simples, já aberto, até surpreendeu por sustentar um pouco de fruta e serviu para terminar a noite. Sempre digo e repito: não compro mais sul-americanos, mas provo deles com muito gosto. Afinal, só se pode critica o que se conhece.



*(o crédito do corte é pertence ao Poder360, que por sua vez o pegou em fontes oficiais, canal.gov. É importante demais para ser perdido, razão pela qual duplico aqui. Ainda, está em canal aberto do Youtube).

Sunday, March 16, 2025

Um final de semana magnífico

Introito

Quantas vezes olharemos o céu
Antes de saber enxergar?
Quantos ouvidos terá o poder
Para ouvir o povo chorar?
Quantas mais mortes o crime fará
Antes de se satisfazer?...
...
Quantas cabeças viraram assim
Fingindo não poderem ver?
O Vento Vai Responder
Versão de Zé Ramalho para 
Blowin' In The Wind, de Bob Dylan




   A resiliência humana é admirável, tanto quanto sua insensatez. Quando o caboclo se agarra a uma crença - sejam bruxas, fantasmas, Saci-Pererê, Mula Sem Cabeça, um projeto redentor vindo da esquerda ou um planejamento infalível vindo da direita -, destaca-se sua aptidão para virar o rosto à realidade, abraçar as trevas e embalar-se no obscurantismo. Prefere descartar verdades evidentes a render-se aos fatos. A farsa atingiu tal ponto que seus protagonistas já nem se preocupam em respeitar a (pouca) inteligência da população: perdem-se em discursos autoindulgentes e esquecem-se de que cometeram os mesmos pecados que atribuem (somente) aos adversários. O vídeo acima apenas recupera um desses momentos: Flávio Bolsonéscio, ao tentar rebaixar Nosso Amado Presidente (NAP), acaba sujando-se na mesma lama da qual o acusa. Corria o nem tão distante novembro de '21, a famíglia filiava-se ao partido do Mensaleiro condenado Costa Neto, e o filhote do Capiroto, ao acusar NAP de ter roubado o povo brasileiro, convenientemente ignorava que o anfitrião da cerimônia já fora desabonado pela Justiça por exatamente o mesmo motivo. Desde antes, a sina de Bolsonéscios tem sido a mesma: não sabem como esconder as incongruências dos discursos de seu líder, mas de maneira estúpida continuam a defender o indefensável. O outro lado não sai-se melhor: precisa acreditar que a presidAnta foi deposta por meio de golpe, que NAP foi condenado injustamente, e que seu julgamento foi político. Bem, nisso preciso concordar, foi político sim. Como é possível o maior dignatário de um país, pego com a boca na botija, ser condenado a pena outra senão a máxima por um delito vergonhoso? Se ele não o for, quem o seria, então? Em outro país, um país ideal, todos os juízes envolvidos seriam chicoteados. E não até ficarem machucados... Em tempo: o vídeo acima é propriedade do canal de Youtube TV Afiada, e está aqui. Ela é detentora do direito autoral do vídeo reproduzido aqui para manter o sentido do texto caso o original se perca. Ainda, o original está aberto na plataforma, como todos os vídeos eventualmente veiculados neste espaço.

Regra do Enochato: nunca misture eventos

Este Enochato tem uma máxima: nunca misturar eventos. A pobrezinha da Débora passara por duas semanas de retiro médico-espiritual (sic! rs!) e ansiava por uma oportunidade para quebrar o jejum realizando uma cerimônia pagã devotada a Baco. Como o leitor pode suspeitar, este Enochato rapidamente disponibilizou-se para conduzir um culto consonante aos mais rigorosos preceitos do hedonismo civilizado e na presença de testemunhas fidedignas, garantindo que cada taça fosse vertida sob os auspícios da nossa deidade predileta e com a devida reverência ao terroir. Assim, este bem-aventurado guiou a Débora e demais confrades por uma jornada sensorial que começou com um brinde tímido e terminou com todas as convivas tecendo vivas e loas a cada nova taça degustada. Mas vamos com calma...

Comprei, há um mês, uma caixa (6) dividida em três brancos e três tintos do Château de Melin 2023, um Chardonnay classificado como Hautes Côtes de Beaune. Essa denominação de origem designa vinhos produzidos nas colinas mais altas a oeste da prestigiada Côte de Beaune, mais frescos e rústicos do que os da Côte de Beaune propriamente dita, devido à altitude e ao clima mais fresco. Embora menos prestigiados, os vinhos rotulados como "Hautes" podem oferecer ótima relação qualidade-preço, e como o mar não está para peixe, numa oferta abaixo de R$ 200,00 por garrafa, mandei ver. Tinha um nariz com toques cítricos e de fruta branca. Sugeri alguma que não lembro(!), mas as confrades acompanharam e disseram outras. A memória vem pregando peças... foi antes de ontem! São sugestões discretas, nada a ponto de abalar a estrutura do cérebro (rs) e tornar a apreciação inesquecível... mas é bem decente para um Borgonha nesse valor, principalmente em boca: aporta boa acidez, tem um conjunto alegre, fácil de beber, com permanência não tão longa nem retrogosto marcado, mas razoáveis a ponto de agradar por exatos R$ 169,00. Comprei do tinto também - mesma safra - mas estes esperarei um pouco mais. Para espantar a uruca (risos!) e fazer valer a noite, saquei da Prateleira Celestial um Beaune Les Cras Vieilles Vignes do Château de Chorey 2009. Há tempos bebi um exemplar de 2005 desse mesmo vinho, e estava ótimo. Este não fugiu à regra: parece aquele Borgonha despretensioso pela cor um pouco clara, pálida até, adiantando taninos mais delicados, discretos. A surpresa vem pela acidez vibrante, ótima, e causou um estranhamento na Débora e na Liu. Notei como não estavam entendendo bem o vinho... nariz com frutas, boca com sugestão herbácea, mineral... boa estrutura, sutil, realmente gracioso. Em contraposição existem Borgonhas bem tânicos, e para quem tem pouca experiência na prática (rs) essa versão mais leve surpreende. Mas as bebedoras perceberam o que tinham em taça. D. Neusa, mais acostumada, apenas curtiu (risos!), mas não deixou de aclamar Les Cras a cada nova taça. Ele não tem representante no país, então podemos livrar nossas gloriosas importadoras do vexame de comprar preços. Por sobremesa, tivemos um Tiramisu regado a um Château Guiraud 2005, mas ele acabou não saindo na foto... 

D. Neusa terá compromissos outros na sequência, e achamos por bem programar uma despedida para o dia seguinte. Afinal, diz a máxima, nunca misture eventos. A Liu não poderia participar, e as demais ficaram felizes com a ideia de outro encontro, deixando este Enochato à vontade para escolher os vinhos e sugerindo que eu não poderia fazer algo melhor, dada a felicidade alcançada com a degustação do Les Cras. Tolinhas... apenas sugeri um bifão verdadeiramente vexaminoso (sic! rs!) para acompanhar um tinto mais pegado, e fiquei na minha.

Às 9:00 da manhã seguinte desci para a adega e abri um Barolo Sori Ginestra 2004 do Conterno Fantino. Tirei uma lasquinha e deixei-o aerando em garrafa. Quando elas chegaram, às 21:00, foram recebidas com alguns embutidos para acompanhar o Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2015, ótimo Douro do qual não bebia há muitos anos. Há uma razão: o produtor - que é também o importador aqui no Brasil - começou a subir sua margem nos idos de 2011, algo assim. Em algum momento achei não mais ser compensador, e deixei de lado. Recentemente, um particular começou a vender sua adega - promessa, e não por problemas de saúde, felizmente! - e sua lista caiu em minhas mãos. Conexões no mundo do vinho... Voltando: é um bom vinho, mas anda contrariando outra máxima, a de não pagar caro por vinhos. Ele já andou batendo os ridículos R$ 600,00+ por aqui, enquanto pode ser encontrado a USD 36,00 em Portugal. Esse exemplar da boa safra de 2015 está pronto para ser degustado, com muita fruta - uma mistura rica em tons negros e vermelhos e madeira bem presente. Os taninos são pegados, uma característica bem marcante desse vinho, bom nível de álcool e acidez, e em seus 9 anos encontra-se algo jovial. Com mais idade, os taninos vão amadurecer e ele melhorará. Tem persistência, enche a boca e combinou com o presunto tipo alemão, sem no entanto prover uma harmonização grandiosa. Depois de preparar um tornedor de filé mignon com bacon, fomos para o Barolo. É outro comprimento de onda - no nariz, na boca e no bolso. Mesmo aos 20 anos mantém cor escura a lembrar alguns Syrah de Hermitage, o nariz cheio de frutas, chocolate e mais notas que perduraram até o dia de hoje, quando bebi da última taça. D. Neusa mencionou mentol também... Boca com taninos já macios mas com ótimo corpo, bela acidez, um conjunto grandioso com ótima persistência. O melhor vinho deste excelente final de semana, em minha opinião. Embora goste muito de Borgonhas, este Barolo esteve realmente completo e complexo, quase ao nível do Gran Bussia do Aldo Conterno degustado há alguns meses. Bons Barolos precisam ser guardados com paciência, e esta espera compensou o esforço. Se puder beber mais três ou quatro garrafas com essa qualidade durante o ano, seguramente manterei ótimas recordações deste 2025 que ainda vai pelo começo. Por sobremesa, a Débora trouxe um doce à base de chocolate. Não sabia quão doce era, e por acaso fui feliz na escolha do Moscatel de Setubal 2011 da Bacalhôa, aberto desde outubro do ano passado e mantido em geladeira. Impressionante: fresco,  ótima acidez, um pequeno gole bastava para amansar (rs) o doce muito pronunciado da sobremesa. Sem querer, deu certo...

Como se precisasse...

Saturday, March 8, 2025

Beberagem de Carnaval - atrasada!

Introito: é assim que o Brasil vai pra frente!

Compre vinhos caros, se puder, porque eles valem a pena.
Mas não pague caro por vinhos, pois isso 
é bem diferente de comprar vinhos caros...
Oenochato

 
Existe uma defensora dos direitos LGBTQIA+ cuja trajetória é marcada pela assistência às pessoas trans e negras, e especialmente ao combate à transfobia e ao racismo estrutural. Ela também enfatiza a importância da aceitação da própria imagem, desafiando padrões normativos e promovendo o orgulho trans. Eleita deputada federal, tornou-se um símbolo da resistência e da representatividade de toda uma classe social na política. Desfilou por alguma escola de samba neste Carnaval de 2025, e comenta-se que ar-ra-sou(!) na Avenida (não sei qual). As fontes das fotos acima estão aqui e aqui. Noto como ela estima a valorização da própria imagem e de sua cor, e lembro-me do Michael Jackson, perguntando-me: a deputada teria vitiligo? É uma questão acadêmica, claro; como bem sabemos a cor de uma pessoa não é importante. Seu caráter o é - sempre. Importante mesmo é registrar a transformação pela qual vem passando a festa mais popular do país, deixando de lado - e definitivamente, espero - marchinhas toscas e idiotas tipo Olha a cabeleira do Zezé... e tantas outras, para assumir sua posição de vanguarda na luta pelos direitos sociais das minorias. A sociedade brasileira em peso seguramente apoia essa mudança de rumo; eu mesmo, sem prestar atenção ao evento nos últimos 20 anos, pelo menos, posso dizer de peito estufado: Agora sim! No próximo ano prestigiarei o acontecimento ao vivo, na Avenida (não sei qual). Ao contrário do bordão dos anos 1970, originado em programas humorísticos de televisão e repercutido desde então por toda a sociedade, podemos afirmar que é assim que o Brasil vai pra frente!

As Malucas durante o Carnaval

Durante o Carnaval as Malucas reuniram-se na humilde choupana deste Enochato para a celebração dessa festa pagã. Sem a Débora adoentada, 😥, ficamos todos extremamente infelizes ao ter de verter para dentro de nossas gargantas sua parte nos vinhos. O Chablis Vielles Vignes 2022 do Domaine de la Motte tem sido consumido a torto e a esquerda (sic!) pelas confrarias. Comprado a bom preço (R$ 179,00, se não me engano), talvez estejamos queimando as garrafas ainda um pouco jovens. Pode sim ser degustado, mas segurarei duas minhas um pouco mais. Essa foi trazida pela Liu, e mostrou um nariz cítrico bastante evidente e alguns toques de frutas brancas também (percepção da Liu?). A mineralidade, igualmente, apresentou-se conforme esperada: bem característica, como já encontrada nas outras garrafas, junto de boa acidez, perfazendo uma boca potente e persistente, com frescor e agradável. Esgotou-se a R$ 399,00 (um assalto!), enquanto lá fora é avaliado em 20,40€/USD 24,00. A menos de R$ 200,00, teve boa (sic)... O anfitrião aportou o Château Chantemerle 2016, Cru Bourgeois cujo significado foi comentado rapidamente aqui. A Luciana tocou o terror - não o terroir! 🤣 - registrando um bodum a bota, chulé, pé mal lavado 😣... suspeito estivesse enfatizando couro, presente, e um pouco de Brettanomyces - Brett - um fungo que de fato contribui com a percepção de algum mal cheiro às vezes até mais desagradável - estábulo mesmo. Não notei, mas deve ser atribuído à minha deficiência antes de qualquer outra coisa. Acidez presente sem marcar tanto, taninos suavizados, final médio, alguma persistência perfazem um vinho razoável, decente, pronto para beber sem muito compromisso. Por sobremesa, um morango com chocolate trazidos pela Liu, e acompanhados com algumas sobras do meu níver (outubro!) ainda remanescente: Tokaj (Oremus), Moscatel de Setúbal (Bacalhoa 2011) e Sauternes (Guiraud). Ninguém reclamou... 
 
   Voltando ao Chantemerle, pelo que custam os vinhos por aqui, adequado e acima da qualidade média, ao preço de R$ 200,00, à época. Está esgotado na importadora (Enoeventos), mas eles possuem outros Cru Bourgeois em estoque - apenas fique esperto e confira no Wine Searcher se não está pagando caro demais, pois ela não tem mantido a política de preços de antigamente. Com a crise dos últimos anos as tubaronas começaram a abrir o bico, algumas mais cedo, outras apenas recentemente. Desde então acumulei estoque significativo de Quinta do Noval, desde Cedros degustados com alguma frequência, Quinta do Noval em diversas cepas (Touriga Nacional, Syrah, Petit Verdot) e mesmo o Reserva (safras '16 e '18), comprados - pasme - às vezes até a R$ 200,00, constituindo-se em compra sem igual naquele momento. E se procurar de repente ainda encontra a R$ 260,00. Não deixa de ser uma boa aquisição, pois é um vinho de seus 45,00€ em Portugal. Em suma: procure, pesquise. Compre vinhos caros quando puder, pois eles são bons e valem a pena. Só não pague caro por vinhos, porque isso é bem diferente de comprar vinhos caros...
 
   Como recordação e registro, as Malucas: Liu na foto, Luciana, Mário e este Enochato.
 
 
   Também para registro, o valor de 'mercado' do Chablis (esgotado) a R$ 400,00, e seu preço segundo o Vivino e o Wine Searcher, em Euros e Dólas, respectivamente.
 

Friday, March 7, 2025

Esses dias, na #émuitovinho

Introito: Yes, o Óscar é nosso!

Regozijai-vos, PTlhos idiotas, enquanto diretopatas roem-se se inveja. O Óscar é nosso! E mais: o filme foi patrocinado pelo próprio diretor, sem aporte de renúncia fiscal - em última instância, dinheiro suado do povo brasileiro. Uólter é o terceiro diretor mais rico do mundo, atrás de Spielberg e Lucas. Estes produziram, ao longo da vida, aproximadamente 95 blockbusters cada - suaram! -, para acumularem patrimônios de 9.83 e 8.34 bi/dólas, respectivamente, contra algo como 40 bi/reais de Uólter. Quantos blockbusters você já assistiu do Uólter? Não, não. Quantos blockbusters o Uólter produziu na vida? (você não precisa tê-los assistido). Se disse zero, acertou. A fortuna de Uólter advém de escorchar o povo brasileiro à média de 352% ao ano no rotativo do cartão. Não vai duvidar, vai?


   Então tá, chupa! O dado é oficial. Bom, até o mais estúpido dos leitores percebe: esse filme foi, de qualquer maneira, produzido com o suor e o sacrifício do povo brasileiro à custa da falta de um mínimo de conhecimento financeiro, que certa vaca em algum lugar disse não ser necessário na educação do brasileiro! Só faltava o rapá ter ido atrás de  Lei Rouanet! Mas não fica só nisso. NAP, Nosso Amado Presidente, parabenizou o sujeito! A fonte é de quinta, mas foi a primeira que encontrei; o conteúdo da conversa foi veiculado por diversos programas mais sérios. 


   Então o fuckin Óscar lavou a alma do povo brasileiro.... Tá. E a tal da Pátria Educadora, (quem está lembrado?!)? O leitor pensa que perguntarei gerou quantos Nobel? Que Nobel, onde! Sonho de uma noite de verão! Nossos programas de ensino geraram quantos... quantos... quantos Prêmios Kalinga? O Kalinga é um importante prêmio para a popularização da ciência, concedido pela UNESCO. O Brasil - pasme! - foi galardoado 5 vezes(!), e o último a recebê-lo foi o professor Bertoletti, biólogo e museólogo, cujo trabalho iniciou-se nos anos 1960 e estendeu-se até 2007, quando aposentou-se. Claro está, portanto, que todo seu trabalho aconteceu antes dos PTlhos chegarem ao governo - e eventualmente financiarem-no. E desde então? Passamos 16 dos últimos 25 anos sob a batuta esquerdopata, e não amealhamos uma única condecoração, em área onde éramos relativamente assíduos: o Prêmio foi estabelecido em 1952, e o ganhamos em 1974, 1982, 1998, 2000(!) e 2005(!!). Nos últimos 20 anos, zero prêmios. É a nota (in)digna dessa turma que acredita-se de alma lavada. Parabéns. E ó (sic): a Argentina ganhou seu primeiro prêmio em 2015. O Milei já pensa em fazer um muro para separar seu país do nosso. Estamos tão bem na fita que até los hermanos pensam em não permitir que nos bandeemos para aqueles lados. Se a Argentina não nos aceita, quem mais nos quererá? 


Vinhões na #émuitovinho

Faz tempo que não embelezo (rs!) o blog com uma foto, contentem-se com esta. Em noite animada, começamos os trabalhos com um Côtes du Rhône Réserve, da Família Perrin. Eles são conhecidos pela propriedade mais importante, o Château de Beaucastel,  cujos Xatefênis - branco e tinto - são reconhecidos como dois dos grandes vinhos da França. Aqui falamos principalmente do branco Vinhas Velhas e do tinto Hommage à Jacques Perrin, produzido apenas em colheitas especiais. Mas seu irmão menor, o Chateau de Beaucastel Chateauneuf-du-Pape não fica muito atrás - dizem; só provei deste último. Voltando ao Côtes du Rhône, é um corte - claro...- Grenache, Syrah e Mourvèdre (o tal do GSM, típico dessa AoC), tinha nariz muito rico, principalmente calcado em fruta com mais notas - o Ghidelli apontou algo, mas não anotei - e o fato de estar muito novo parece não ter permitido às notas definirem-se tão bem... ou pelo menos não a ponto desde Enochato poder distingui-las melhor. Os taninos estavam presentes, não tão potentes, mas claramente verdes, jovens, precisando de mais tempo para amaciarem e aportarem uma boca mais equilibrada. Não é que falte-lhe estabilidade, é um vinho redondo, bem feito, acidez presente, não tão alta', com boa permanência... ele apenas não estava completamente pronto. Côtes du Rhône '21 regulares provavelmente estariam  mais adequados para ser degustados. O problema foi termos em mãos um exemplar da Família Perrin... O segundo vinho não teve muito erro: O Viña Tondonia Reserva 2011 é produzido pela López de Heredia, em Haro, Rioja. Uma das características do produtor é distribuir seus vinhos envelhecidos, praticamente prontos para consumo. Como todo ótimo vinho, seus toques são mais facilmente perceptíveis até para um deficiente nasal como este Enochato: a fruta era vermelha, o carvalho estava lá, firme mas sem excesso, o chocolate era amargo - não ao leite, amargo! -, e não se confundia com café. Ainda, tinha couro, estábulo... taninos bem firmes, boa permanência, ficava mesmo em boca... Não conheço tanto os bons Riojas, embora tenha bebido diversos - existem muitos! -, mas na faixa de USD 40.00 deve ser uma das melhores compras da região. Acompanhou muito bem o preparado (rs) da D. Neusa, carne que se não é bifim o nome invariavelmente me escapa... 🤣. Por sobremesa, um mero Icewine Riesling 2021 Pond View agradou a todos (risos). Icewines são raros por estas terras, e degustá-los é sempre um prazer. Cítrico na frente de tudo e outras notas à damasco ou pêssego, boca com toques minerais, dulçor contrabalanceado pela acidez - como deve ser em vinhos de sobremesa bem feitos - bom  e com ótima persistência. Fechou bem a noite. E não foi muito vinho...


Sobre o Côtes du Rhône Réserve

Tubaronice à mão cheia, o Côtes du Rhône Réserve é um vinho de uns 13 dólas lá fora. Preo médio, encontra-se por menos em vários lugares. Isso dá uns módicos R$ 75,00. Aqui, a R$ 250,00, ficamos com mórbidos 3.33x. NAP deveria parabenizar o importador também. Dá quase os 352% do rotativo do cartão. Viva NAP! Lembre-se: em seu primeiro ano de governo (Lula 1) ele destinou 1 bi e pouco para programas sociais, e 96 bi para os bancos. Dá pra fazer uns 96 blockbusters - em um ano! - com essa quantia... às vezes as contas têm um fechamento perverso...