Wednesday, January 28, 2015

de la Croix 2 x Zahil 1

Acordando de porre

   Acordei somente nesta quarta-feira do porre pela bebedeira do último domingo. De cara, encontrei no computador uma mensagem do Flávio dizendo já ter postado sobre nosso encontro. Danadinho... nem tive tempo. Veja aqui, mas depois (rs); agora leia a minha postagem. Novamente preciso de engenho e arte (gargalhadas); se o Flávio já esmiuçou os vinhos quanto à qualidade, é necessário agora uma abordagem diferente.

O contexto

   Do começo. Já havia planejado há algum tempo essa degustação. A inspiração foi a tabela do sr. Oscar, do Enoeventos, acerca da comparação das margens das importadoras. A última edição, de agosto de 2014, está aqui. A importadora de la Croix sempre aparece em ótima posição entre as "melhores", ou de menor margem, ou de melhor custo benefício, conforme queira o inexistente leitor, nas várias pesquisas realizadas pelo sr. Oscar. Aqui em S. Carlos estamos vastamente bem servidos por vinhos da Zahil e da Qualimpor (com séria ameaça de entrada da Ravin em nosso mercado), de modo que tenho algumas garrafas das que hoje estão representadas em nossa cidade. Passando por S. Paulo, acabei procurando a de la Croix, e comprei  duas garrafas. Tudo pronto para que se perpetrasse mais uma Petralhada* contra o cidadão.

O evento

   Quem pagou o pato pela degustação às cegas foram os cidadãos Akira e o Flávio. Primeiro a chegar, o Akira mirou as taças e já previu:
   - Oba, hoje tem Borgonha!
   Estávamos nos primeiros goles quando chega o Flávio. Sentou-se e provou do vinho "1" enquanto escutava as "regras":
   - A ideia - disse eu - é adivinhar de onde são os vinhos e quanto valem em nosso mercado. Sei que a pergunta é difícil, porque o mercado cobra "qualquer preço" por "qualquer vinho" - enfatizei as palavras entre aspas - e ainda tivemos recentemente alta nos preços. Mas acho que os senhores captaram a ideia.
   - Este é Borgonha - disse o Flávio, olhando a cor e provando do buquê. - Não tem dúvida.
   - É - admiti. Agora quero ver vocês acertarem os demais.
   Os pobres rapazes se debateram o resto da noite. Após abandonar a possibilidade inicialmente aventada de um ser chileno, concordaram que eram ambos espanhóis. A revelação acabou surpreendendo a todos.

Os vinhos

   Eram três, e explica-se assim o título desta postagem:
   • Chateau Puycarpin 2008, da Zahil
   • Carignator III 2008, da de la Croix
   • Clotilde Davenne Bourgogne 2011, da de la Croix

   O Puycarpin  é um Bordeaux típico, Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. Os confrades deixararam passar...
   O Carignator é um Languedoc, 100% Carignan. É difícil encontrar um vinho monovarietal desta uva, e o que nos chega mais facilmente são cortes espanhóis (eventualmente chilenos) da Cariñena. Tá explicado a dificuldade dos meninos.
   O Clotilde Davenne foi tiro e queda; Pinot bem típico da Borgonha, muito gracioso e que agradou a todos.
   Dizem que o melhor vinho sempre acaba primeiro. A foto abaixo mostra como ficaram as garrafas ao final do envento, que estendeu-se por quatro horas.

Onde a porca torce o rabo

   Vejamos agora a questão do... bolso. Comparei os preços aqui e lá fora dos vinhos, via Wine-Searcher:
Chateau Puycarpin 2008, da Zahil.
       Preço cá: R$ 135,00. Preço "lá": R$ 25,00
Carignator III 2008, da de la Croix
       Preço cá: R$   95,00. Preço "lá": R$ 64,00(!)
Clotilde Davenne Bourgogne 2011, da de la Croix
       Preço cá: R$   97,00. Preço "lá": R$ 51,00

Para não deixar dúvida,



   A apreciação dos bebedores foi também unânime quanto ao preço estimado por eles (às cegas, antes de conhecer os vinhos):
   Chateau Puycarpin                         R$ 80,00-
   Carignator III                                 R$ 80,00-
   Clotilde Davenne Bourgogne          R$ 100,00+
Acho que estou dispensado das conclusões, embora permita-me um gracejo:
de la Croix 5 x 0 Zahil

Conclusão (risos!)

   Não se engane o leitor pensando que eu seja um preconceituoso de marca maior. Eu tento não ter preconceitos, a menos que os preconceitos atentem contra o meu bolso. Se você não é o Duda Mendonça, nem é amigo dele, sabe bem do que eu falo. Da mesma maneira, eu não tenho nada contra os vinhos da Zahil, mas tenho tudo contra a política de preços da empresa. Se você, caríssimo leitor, lembrar-se de matéria recente deste blog e achar que é perseguição, afirmo que não é. É mera coincidência. Tenho propostas semelhantes para outras degustações. O leitor que insistir em passar por aqui verá.

*Tomo por Petralhada um neologismo criado mim sobre o neologismo Petralha criado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, autor de O País dos PeTralhas, livro que reúne crônicas escritas em seu blog hospedado em veja.com e no Jornal o Globo. O neologismo mescla uma alusão ao PeTê e a metralha, referência aos Irmãos Metralha das estórias em quadrinhos do Tio Patinhas. A leitura é bem fluida e os assuntos não resumem-se apenas à política, como pode parecer à primeira vista. Boa leitura, principalmente para recordar fatos recentes da nossa história pouco republicana.