Sunday, June 27, 2021

Um comentário suplementar sobre a última postagem

Introito

   A última postagem discorreu sobre o Château Peyrabon 2013. Há algum tempo, havia degustado com a Confraria Noivas de Baco o Château Peyrabon 2015. Voltei à primeira experiência após a segunda postagem, e comparei uma com outra. Algumas impressões foram na mesma direção! Parece que uma ligeira decepção com a safra de 2013 ficou patente, mais calcada na falta de 'presença' e de certa maneira na ligeireza (sic! rs!) da safra 2013. Por isso volto ao tema. Comparar safras já é algo pouco usual. Comparar safras tão díspares torna-se, às vezes, experiência merecedora de olhar mais atento.

Qualidade de safras

   O ordenamento das safras ano após ano normalmente é apresentada em forma de tabelas, elaboradas por instituições regionais de diversos países, que normalmente comunicam a qualidade das safras locais, ou avaliadores que apresentam uma classificação mais geral. Vejamos algumas destas últimas: Decanter, Wine Enthusiast, Robert Parker, Wine Spectator. Particularmente utilizo a última, mais pela facilidade de acesso. Se o leitor comparar todas, verá que na média apresentam resultados bem parecidos. Algumas podem esmiuçar mais regiões peculiares, mas as macro-regiões estão todas representadas. Portanto, qualquer uma é boa. Principalmente para o leitor iniciante, que é, notadamente, o público alvo deste blog.

As safras de Peyrabon no Brasil

   Uma rápida pesquisa indicou as seguintes safras disponíveis ou já comercializadas no Brasil:
   2013: é a safra importada pelo Grupo Verdemar, disponível nos supermercados da rede e no Savegnago na região de S. Carlos.
   2014: encontrada na E-Vino, esgotada. Já vi na importadora Chez France também.
   2015: encontrada na Vinho e Ponto, a importadora que alega ter vinhos exclusivos (risos). Esgotada no sítio do importador, mas disponível na loja de S. Carlos.
   2016: encontrada na importadora Chez France, que ja trouxe outras safras, como mencionado.

   Vejamos a qualidade dessas safras, segundo a  Wine Spectator:
   2013: 84 😞
   2014: 93
   2015: 94
   2016: 97 😱
   Nessa classificação, devemos entender a qualidade das safras como 80-84: boa; 85-89: muito boa;  90-94: excelente. Portanto, a pior safra estava entre o limite de boa para muito boa. Apenas foi de longe a pior do século, naquela região.

   Acompanhemos o nível de álcool de cada safra, segundo o sítio dos vendedores:
   2013: 12,5% (não consta no sítio, mas é a safra que tenho e leio direto da garrafa).
   2014: 13,5%
   2015: 13%
   2016: 13%

   Vemos que de fato a safra 2013 foi prejudicada, apresentando um nível de álcool mais baixo. Dá para entender que a acidez tenha saído um tanto inferior, também. Se o internauta está considerando esse 0,5% pouca coisa... bom... certo, não tem muito a ver, (leia atentamente a matéria!) mas... cerca de 1,2% é a diferença entre o DNA de um ser humano de um chimpanzé. Muda, hem?!


   De ontem para hoje, Peyrabon 2013 apresentou leve melhora. Sugere que poderia receber mais oxigenação entre a abertura e o término da degustação. Também pode ser que ontem minha boca não estava lá grandes coisas (rs); tire uma média. Talvez a acidez tenha apresentado leve melhora, aumentando também a persistência. No mais, continuou praticamente o mesmo. Reputo que ainda assim bate sul-americanos na faixa de preço, dependendo da qualidade da compra... ou talvez até não; talvez até bata todos eles mesmo nas piores compras. Nada como experimentar... boa sorte.

As imagens dos sítios dos importadores com safras e graduação alcoólica.


















Saturday, June 26, 2021

Château Peyrabon 2013: um Cru Bourgeois quase sem-vergonha

Introito

   Já comentei da classificação Cru Bourgeois. Começou na década de '30, virou brasil, houve nova tentativa de classificação em 2003, anulada em 2007... e se arrastou até o consenso de 2020. Basicamente, é uma forma de divisão qualitativa de produtores que ficaram fora das classificações prévias da região de Bordeaux. Ordenamentos com avaliações periódicas são muito bem-vindas: asseguram ao consumidor que os vignerons estão mantendo a qualidade e exercem um papel quase policialesco - e tem idiota que acha isso ruim, inclusive na política... depois quer ser respeitado porque vira relator de CPI. Nuts... (ative a tradução legendada) - nas práticas de produção. Por mais que haja discordâncias, a tendência é que vinhos classificados sejam algo melhores do que os não-classificados. Note que não é uma segurança, é uma tendência.


Château Peyrabon

   Château Peyrabon tem uma produção respeitável: entre 60.000-100.00 garrafas por ano. Não é algo tão exclusivo... mas convenhamos: Vega Sicília e Sassicaia também não são, porque suas colheitas estão perto das 70.000 garrafas/ano. Tá, o preço os torna exclusivos, mas não valem o que se pede por eles. Tem tonto em qualquer lugar. Voltando: o sítio do produtor é muito simples; não tem qualquer ficha técnica, por exemplo. É algo do tipo 'Olá Mundo' com algumas fotos.

Château Peyrabon 2013 é produto da pior safra deste século até o momento. Para um produtor desse nível (Cru Bourgeois), não significa que o vinho seja ruim. Pode não encantar, mas se estiver em bom preço - e visto que a concorrência não está! - pode ser melhor compra do que muitos sul-americanos que infestam nosso mercado. Cortem-se os preços locais para cerca de 1/3, e teremos compras muito boas nos sul-americanos. Veja bem: isso não os tornará melhores per se; as compras é que o serão. Aberto há duas horas, mostra nariz com especiaria e fruta bem presente, com alguma sugestão de carne. Boca também com leve especiaria - a picada da Cabernet Sauvignon (60%) ao estilo de Bordaux, mas delicado. Tem ainda 40% de Merlot, o que aporta um aspecto bem redondo ao conjunto. O corpo tem algo que luta para ser médio (rs! efeito da safra ruim?), e é ajudado pela acidez também não muito alta, mas presente. Tem um travo de amargo, mas não é aquele amargor dos taninos da semente inadvertidamente esmagados na vinificação e que conferem um gosto ruim ao vinho; acho que é um amargor que mais denota a acidez desbalanceada para fechar melhor as sensações gustativas. Prejudicado pela safra ruim, Peyrabon 2013 poderia beirar um vinho sem-vergonha. Mas, sendo franco, menos... a estrutura básica está lá. Tendo a dizer que ainda bate sul-americanos, a depender dos preços envolvidos. Lembremos que a safra é realmente fraca...

Considerações sobre preço

   Existem várias safras de Peyrabon em nosso mercado. Algumas mais recentes têm o problema de talvez estarem um tanto novas. Paciência é sempre uma virtude. Esta safra 2013, paguei R$ 150,00 em 'promo' na rede Savegnago. Lá fora tem preço médio de USD 15,00 (R$ 75,00). Está bom. Arrisco dizer que ainda bate chilenos de R$ 250,00. Nada como um 'taça a taça'para conferir. Tenho um chileno nessa faixa de preço e outra garrafa de Peyrabon se algum leitor das redondezas estiver disposto a brincar. Mas tem que ser logo... 😝 embora a garrafa ainda possa ser guardada, está em bom momento para a degustação. Entre agora e seis meses, estou rifando-a.

Tinha uma Champa no meio de caminha a Pompéia

Introito

   No último domingo foi aniversário da Sra. N. Para quem lembra-se das coisas - não é o forte da maioria do eleitorado, infelizmente - Dona Neusa estreou no blog como missivista de uma desesperada correspondência à procura de orientação, no que foi imediatamente atendida. Naquela data ela faria uma confraternização muito restrita com a família, e ainda tinha em mente um evento com um muito petit comité (rs) em data específica. Acontece que Enoeventos marcara uma degustação harmonizada para o dia 23 de junho, e após experimentar a degustação anterior, ela estava deveras disposta a mais uma experiência enogastronômica. É uma daquelas ocasiões em que se juntam a sede e a vontade de comer (sic!).

Os últimos dias de Pompeia: A vinicultura aos pés do Vesúvio

   Assim foi batizada a proposta dessa pequena mas honesta importadora carioca comandada pelo gaúcho Oscar Daudt. Apresentou vinhos da região da Campania, que com seus solos vulcânicos oferecem grande mineralidade. Aliás, haja coincidência: o vinho que sugeri à Dona Neusa naquele primeiro contato - o Terra Di Lavoro - também tinha origem nessa região. Parece que não está sendo importado, e é um vinhão. Alô, alô, Oscar...
 
Combinei com o chef Gustavo uma surpresa como entrada, e levei um Champa Piper-Heidsieck Cuvée Brut (non-vintage), acompanhado de uma proposta de degustação composta por uma bruschetta de lagosta e lagostim no pão de brioche, salada coleslaw (sic), queijo brie, tomate seco, lagosta, lagostim e picles de cebola roxa com erva doce. O Champagne estava já um tanto oxidado, mas muito agradável; notas de abacaxi, com boa acidez e boa permanência. Combinou bem. Na sequência vieram o Coda di Volpe Irpina DOC 2020 da desconhecida casta Coda di Volpe, com toques bem herbáceos, abacaxi (na verdade era pera...) boca com mineralidade presente e baixa acidez, mas sem comprometer o conjunto - particularmente aprecio a acidez, e tendo a não curtir sua falta. Ele foi seguido por um Corte del Golfo Falanghina Irpinia 2020, da cepa (igualmente desconhecida para mim) Falanghina. Nariz com toques florais e bem cítricos, boca melhor - para mim - pela acidez mais presente e boa persistência. Eles foram armonizados, respectivamente, com um sorpresine bicolori (açafrão e espinafre) com manteiga de sálvia e lascas de amêndoas tostadas, e com fagottini com recheio de creme de cogumelos; molho fonduta de queijo e pangratatto de Panko e ervas. Autêntico capiau do asfalto (rs), este Enochato misturou ambas as massas no mesmo prato (😂) e foi brincando com um vinho e outro, alternando as massas. Para mim não funcionou muito bem, em comparação com experiências anteriores. Mas o melhor chegaria logo. Na sequência, experimentamos uma polenta cremosa de queijo com ragu de linguiça artesanal pareado com o Nativ Bicento Irpinia Campi Taurasini 2017, um vinho que, como diz o nome, é feito a partir de vinhas bicentenárias (😨), da cepa Aglianico di Taurasi, e que portanto sobreviveram à praga da filoxera. Buquê com um doce algo carregado, boa fruta, boca algo doce, mas com ótima combinação com a polenta. Comentei sobre a combinação de vinho de travo mais doce com comida, o que, surpreendentemente, justifica (sic) a existência até de vinhos meio secos. Algo para o que o leitor deve estar atento e não fechar-se às possibilidades. Essa harmonização funcionou muito bem. A sobremesa foi composta de cannoli di ricotta al pistacchio acompanhada do passito Baronazzo Amafi Zibbibo 2016. Um vinho 100% Zibibbo (ou Moscatel de Alexandria), notas notadamente cítricas, boa acidez a contrabalançar o dulçor, 14% de álcool que não aparece, muito equilibrado e também casou bastante bem com os cannoli. Também foi muito divertido, nota 10. A aposta da D. Neusa foi que o Nativ Bicento diminuiria o açúcar no dia seguinte. Fui agraciado com a garrafa, e provei no dia seguinte (ontem). Não, não diminui muito, continuou com aquele doce. Não é um defeito, mas acho que é um vinho para harmonização; não arriscaria abrir uma garrafa sem acompanhamento. 

A transmissão do evento via Youtube teve momentos divertidos, mas estávamos em seis pessoas inicialmente atrás de um celular perdido tentando localizá-lo via mandracarias de GPS, e em um ambiente mais festivo, de forma que o evento não foi acompanhado com muita ênfase. De qualquer maneira, Enoeventos vem produzindo encontros virtuais muito bem harmonizados e que valem a pena participarmos. Por aqui o amigo Ricardo, Noiva de Baco de primeira hora (rs!) também acompanhou a degustação e enviou-me a foto ao lado. Disse-me que esteve tudo muito bom e apreciou bastante a oportunidade. Mais uma opinião que atesta tanto a qualidade dos vinhos quanto da harmonização, e reforça o quanto essa abordagem merece nossa atenção. Fique atento. Oscar promete que vem mais por aí...

Sunday, June 20, 2021

Gato Negro? Gato Branco? Gato Louco?

Introito

   Chegamos à trágica contagem de nosso calvário: 500 mil mortos pela pandemia. Lembra quando um estúpido bradava aos quatro ventos que o Brasil não ultrapassaria o número de casos registradas pelo H1N1 na epidemia 2009-2010? (foram pouco mais de 2.000 mortes) O professor Miguel Nicolelis, um dos mais importantes cientistas nacionais de hoje, alerta que podemos chegar a 1 milhão de mortos em 2022. Enquanto isso um pateta do Amazonas recebe R$ 120 mil em verbas governamentais para... fazer alertas diários para a população duramente castigada pelo Covid? Não, para fazer apologia do idiota de plantão no Planalto. Alertado, um pobre-diabo que ainda defende o indefensável... pede-me provas! Ora bolas, o próprio pateta confirmou! Pior, sua auto-defesa demonstra como não sabe distinguir o público do privado. 
   Pela idiotia absoluta e total falta de semelhança de suas principais expressões com algum traço mínimo de verdadeiro Estadista, deixei de votar em tucanos antes da virada do século. Nunca mais. Pela desfaçatez completa já no mensalão, deixei de votar no partido dos vagabundos trabalhadores. Nunca mais. No que se seguiu, com o restante da esquerda bradando golpe, defendendo o indefensável (como isso virou hábito por aqui!), convenci-me de que votar no que agora classifico corja de safados também não vai de encontro às minhas aspirações. Dada minha idade e a idade dos atores do teatro político da esquerda, também posso dizer que nunca mais. Assim vai meu voto, literalmente de um lado para outro do espectro político, sem a menor pretensão de voltar a votar em quem erra. Em quem erra! Imagine em quem rouba! Mas notou que voto é mais ou menos como escolha de vinho? Quantas vezes o leitor já leu por aqui minhas considerações sobre repetir o vinho, não recomendando tal hábito? E, claro, aquele vinho bom o degustador repete com prazer. Por que na hora de votar haveria de ser diferente? Para definir seu voto, veja como recomendo que se faça a compra do vinho. Previna-se de ser enganado. Pesquise. Porque importador energúmeno está cheio por aí. Só não tem mais do que político oportunista... 

Côtes du Rhône

   Essa denominação bastante extensa ocupa o vale do Rhône, no leste da França. Suas principais cepas tintas originam o conhecido corte GSM, Grenache, Syrah e Mourvèdre. É uma região que pode não ser tão badalada quanto Bordeaux e Borgonha, mas ótimos exemplares podem ser comprados por menos de USD 100,00 até com alguma idade, pontos para ser bebidos, o que de maneira alguma acontece nas últimas regiões que citei. Claro, alguns vinhos do Rhône são tão bem cotados quando os Primeiros Vinhedos de Bordeaux, ou quanto vários Grand Crus da Borgonha de ótimos produtores. Mas bons vinhos do Rhône ficam abaixo de USD 100,00, quanto vinhos apenas satisfatórios das outras outras regiões começam em USD 100,00... E os Rhônes ficam prontos para beber bem mais cedo...

Éríc Texier

   Éríc Texier é um ex-engenheiro nuclear que cansou de esquentar a barriga em uma pilha atômica e resolveu esfriá-la em tonéis de vinho. Foi lá pelos idos de '95 que, após estudar e formar-se em enologia, produziu sua primeira safra. Atuando como vinicultor e négociant, oferece boa gama de vinhos ao longo do Rhône, de Côte-Rôtie a Châteauneuf-du-Pape. Seu sítio é bem organizado, mas só contém as fichas técnicas das safras mais recentes.

Chat Fou

Chat Fou 2018 precisou de alguma aeração - meia hora - para definir seu nariz bem terroso, diferente. Rico em frutas vermelhas e mais alguns toques que me escapam, mostrou boca agradável. Tem corpo médio, taninos leves, acidez um tanto básica, mas presente. Boca na direção de algum defumado e frutas, conta ainda com algum açúcar residual; álcool não aparece, final algo marcado mas ligeiro. É um corte 45% Grenache, 30% Cinsault e 15% de cepas brancas: Clairette, Grenache Blanc e Marsanne. Tratas-se do vinho mais básico do produtor, e o preço no sítio é 10 Euros. Pode dar lá seus R$ 70,00. Paguei aqui, em 'promo', R$ 160,00. Dá um pouco mais de 2x, na promo. Sem promo, R$ 270,00. Com 'promo', sim... sem 'promo'... no...  😕... fica um tanto caro, e nessa faixa existem opções melhores em outras casas. Humilde sugestão: trabalhem com o preço de 'promo'; fica bom para todos... afinal, se conseguem chegar nesse preço em algum momento, poderiam muito bem mantê-lo como preço regular, apostando na escala e a um nível bem melhor para o distinto consumidor.

Sunday, June 13, 2021

Introito: processo criativo

   Meu processo criativo varia conforme a necessidade. Literariamente - aposentado! - primeiro penso na ideia principal. Vou burilando, criando um roteiro. Consulto minhas milhares de anotações - produzidas em balcões de bares ao longo da vida - procurando situações boladas e reboladas (rs) enquanto aproveitava noitadas viajando em alguma música, na bebida, no ambiente, que possam ter ligação com a trama. Vou separando e mudando ou a trama ou a ideia das anotações à procura de harmonização. Sentando para escrever, já tenho o início e o meio da estória. Se tiver o final, ora, o leitor inteligente também terá, sem muita dificuldade... Assim, ao longo do tempo, vou escrevendo, reescrevendo, deixando repousar, voltando a reescrever, escrevendo mais um pouco e progredindo devagar para um final que se revelará em algum momento. Minha última estória, Dante Acadêmico - título provisório, inédita - consumiu-me 10 anos de labuta. O leitor já percebeu que não dá pra tocar um blog de vinhos dessa maneira... Às vezes a postagem de um encontro fica para o dia seguinte, e tem que sair, sob pena de ir me me esquecendo das características do que foi degustado. Na pandemia, vou bebendo o vinho no jantar, acompanhando alguma notícia, e depois volto-me à degustação enquanto reflito sobre ele e sobre a abordagem do introito. O que saiu é o que fica. Depois vem algum arrependimento: poderia ter melhorado a abordagem se fizesse assim, se comentasse aquiloC'est la vie...
   Ontem faltou-me uma reflexão. Fomos governados por um idiota, um ladro e uma retardada - Never again. Never! (veja a terceira citação, a partir de 1:03). Ora, por nada os PeTelhos, após o impeachment de Collor, tentavam impedir o idiota. Por nada. Tomaram uma bela carimbada nos fundilhos por causa da retardada. Gostei de ver, mas foi só em 2016. Porque o idiota achou - em sua monumental sapiência, esquecendo-se da máxima do James Carville - que poderia deixar os PeTelhos sangrarem quando estourou o mensalão, o ladro não foi impedido logo em seu primeiro mandato. A estória poderia ter mudado naquele dia. O que temos agora? Os PeTelhos calados, deixando bolsonésio sangrar porque consideram-no seu adversário ideal para o próximo pleito. E as pessoas que estão famintas? E a nação? Para todos, um belo phod@-se. É isso mesmo?! São essas criaturas - Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, seus governadores, deputados e senadores - que pensam a nação? São esses nossos estadistas? É isso o que eles têm para nos oferecer? Obrigado! Enfiem suas ideias no meio dos seus cérebros esclerosados e deixem-nos em paz! Espero que a próxima eleição enterre todos vocês. Em cova rasa. Não merecem mais do que isso.

Artadi

   A Bodegas y Viñesdos Artadi começou como uma cooperativa em 1985 na região de Rioja, e com o tempo expandiu-se para Navarra (1999) e Alicante (1999) onde cultivam a Monastrell, outro nome da Mourvèdre, cepa bem presente no Rhone pelo corte GSM (Grenache, Syrah e Mourvèdre). Sendo uma cooperativa, produz uma gama relativamente grande de vinhos, entre Cava, tintos e brancos. 

El Sequé

El Sequé é o vinhedo localizado em Alicante, e sua cepa é a Monastrell. Abriu com boa fruta e agora, à quarta hora, evoluiu relativamente pouco. Claro, está bem presente - fruta vermelha - um quê terroso e algo do que o Akira costumava referir-se como... carne. Boca com taninos não tão pegados - médios, mesmo - acidez moderada, não marca tanto mas está bem presente. O álcool (14%) não aprece e compõe um conjunto harmonioso. Não é impressionante, mas é muito bom. Sinal da idade?  Não sei interpretar a esse nível, falta litragem. Claro, é preciso colocar uma métrica em tudo isso. Por exemplo, é muito mais vinho do que o Vinha da Defesa degustado ontem. Mas talvez esteja um pouco abaixo do 4 kilos da semana passada. De repente aquele era um tanto mais vinho e estava mais novo (2009), enquanto este é um pouco inferior e mais velho (2006). A safra 2006 na Espanha não foi lá tão boa - os principais avaliadores indicam como pronto para ser bebido - no que concordo. Seu preço lá fora oscila entre 40 dóla nos EUA (safras mais antigas) e 25 dóla para safras mais novas no sítio do produtor. Lembrando, 40 dóla é o preço do 4 kilos... Jesuis Cristinho, outro vinho de 40 dóla, o que projeta um preço aqui, atualizado, a mais de R$ 800,00... no se puede... paguei R$ 153,21 por ele em 2018, ano em que a média da moeda foi R$ 3,65... mais uma prova - como se precisasse! - do quanto empobrecemos no atual (des)governo. 


Friday, June 11, 2021

Por que devemos doar comida aos necessitados, durante a pandemia?

Introito

   Repito, com muita tranquilidade, o título desta postagem: por que devemos doar comida aos necessitados, durante a pandemia? Ora, é dever do Estado promover o bem-estar social. Para que pagamos impostos em níveis comparáveis aos do norte da Europa, onde serviços como educação e saúde são commodities disponíveis para todos? Essa promoção de bem estar deveria estar na veia de nossos governantes, principalmente sendo eles de esquerda. Não duvide, eram. Nosso Guia quem disse! Somos egressos de 22 anos de governos de esquerda - votei em alguns deles. Resultado: 8 anos de um idiota, 8 anos de um ladrão e 6 anos de uma retardada, esta alijada do poder pelo bem da nação mas não por causa disso pelo congresso que a mandou pastar. Novamente: por que devemos doar comida aos necessitados, durante a pandemia? 

Quem se lembra dos 'cinco dedos' do idiota mor? Educação, segurança, agricultura, saúde e empregos... Entregou (muito mal) os dois primeiros. Sem empregos - principalmente - tudo o mais ruiu. O ladro mor recebeu um país algo ajeitado - obrigação, não mérito! - do anterior. Tanto que nada mudou na política econômica que continuou chamando de herança maldita. Surfou ótima onda. Poderia ser o maior herói da nação desde Caxias, mas escolheu irmanar-se com Judas; vendeu o voto e alma pro diabo, aliás negociou com o próprio para enfiar-nos goela abaixo - e aceitamos! - um poste, um 'zé', um zero à esquerda, um paspalho que, em eleição presidencial recente aceitou usar a máscara de seu mentor em vez de mostrar a própria face ao eleitorado que disputava! É eleitor dele e não se lembra? Então é idiota também. Ou, se puder, prove que não... porque eu provo que sim...

Depois, uma retardada que sonhava em estocar vento, impedida de continuar a governar para o bem e felicidade geral da nação, sequer conseguiu elejer-se senadora disputando uma de duas vagas para o posto, onde ficou em quarto lugar tendo toda a impresa colocá-la em primeiro durante praticamente todo o tempo. Imprensa e importadores energúmenos... tudo a ver! Canalhas, todos eles. Canalhas! Já dizia Falcão, a cara de um é o cu do outro! Todos esses tiveram 22 anos para suprir o país com boa educação, condições de emprego e saúde. Nada. Retrocedemos. E quando achávamos que nada poderia piorar, retrocedemos ao Zero, ao Vácuo, ao obscurantismo absoluto, às trevas completas. Estaríamos melhor na Idade Média: as trevas eram pesadas, mas não completas. Resumo a ópera assim: já não aceito ser governado por um idiota. O que dizer de um ladrão?! E o que dizer de uma retardada, que, segundo apontam investigações preliminares, é também uma ladra?
   Voltando ao tema: por que devemos doar comida aos necessitados, durante a pandemia? Por motivos muito, muito simples: 1) Somos melhores do que essa caterva ignara que vem nos governando desde há muito. 2) Acreditamos no que é bom e honesto (só precisamos não nos deixar levar por mentiras óbvias e engodos descarados). 3) A parte esclarecida - e também a mais humilde! - da nação é composta por gente de boa índole e boa fé. O problema parece-me estar no miolo. Por falta de educação - e tudo o que isso acarreta: falta de moral, falta de senso cívico, falta de honestidade - estamos uma nação de Gersons onde é mister levarmos vantagem em tudo. Cuidado. Isso poderá levar-nos ao fundo do poço sem fundo (sic!). Portanto está respondido porque devemos doar  comida aos necessitados, durante a pandemia. Doe. Eu doei ontem. Alguns supermercados 'organizam' uma caixa onde você deposita sua doação. O seu organiza? Se não organiza, mude! Mude como eu mudei de importadores há muito, muito tempo. E fechando: se não aceito ser governado por idiotas, nem por ladrões, o que dizer sobre ser governado por um ladrão idiota?!

   O leitor (espero) seja generoso e indulgente se grande parte do espaço não trata de vinho. Já escrevi tempos atrás: falamos apenas de vinho - ou de literatura, ou de cinema, ou de teatro, ou de... o possa nos interessar! - quanto e somente quando a sensação de bem estar está em patamar mínimo que permite-nos suspender a realidade e atentarmo-nos apenas ao que é de deleite. Não tem sido o caso, e desde antes da pandemia. Infelizmente. Repasse essa ideia. Não a postagem, que nem é boa. Mas a ideia de doar, essa é boa. Vai com fé.

Voltando às origens

   A minha passagem para os vinhos europeus começou de várias formas, e uma delas foi em conversas com o Homero, da Adega Paratodos, lá em Botucatu. Naquela época os vinhos chilenos ainda eram baratos, mas ele já avisava: - Se escolher vinhos um pouco mais caros, verá que os europeus são muito superiores aos sul-americanos. Dentre seus vinhos levei o Flor de Crasto, que gostei. Depois, quando apresentei o Homero ao Idinir, da Mercearia 3M aqui em S. Carlos, o primeiro fez a conexão do segundo com a Qualimpor, e fomos então abençoados com os produtos de Crasto e Esporão aqui no centro do estado. Um pouquinho depois apareceu o Vinha da Defesa. Em algum momento, lembro-me de ter comentado aqui que os vinhos da Qualimpor estavam ficando caros... Enoeventos comprovou isso, em suas diversas "Comparação das Importadoras" - dê uma googada nisso (sic!) e acompanhe os resultados; verá a margem do importador subindo periodicamente em dóla (sic). Parei de comprar, por muitos anos. Década. Acostumei a ver seu preço nas alturas, atualmente R$ 100,00+, e tinha opções melhores por aí. A Qualimpor - de propriedade do mesmo dono das vinícolas Crasto/Esporão, um banqueiro português (vitivinicultura é o menor dos negócios da família, portanto...) - trazia os vinhos com exclusividade - claro... claro? - Não! Às vezes vendia um container para algum supermercado aqui e ali, à socapa, dando um pinote na própria importadora que mantinha no Brasil. Vai saber; lógica portuguesa. Foi assim que comprei diversas garrafas no Carrefour, no início da década de '10 a valor bem menor do que os praticados pela importadora 'oficial'. Tipo... paguei R$ 24,00 quando o preço 'oficial' era R$ 42,00. Outros tempos. Outros dóla (sic).  Mas era um vinho do qual gostava... 

Já faz um tempo, a rede supermercadista Savegnago começou a comprar vinhos do grupo Verdemar - citei isso aqui! E eis que, diretamente do Soneto da Separação, de repente, não mais que de repente, aparece o Vinha da Defesa no rol de produtos. A um preço algo convidativo. Mas já experimentara dele; o Falcoaria estava ao lado, e eu não conhecia (R$ 99,00)... Dá-lhe, Falcoaria! Então Defesa entrou em 'promo', algo como R$ 60,00. Dá-lhe, Defesa! 😂 Ah, agora Falcoaria também está em 'promo'. Mas hoje foi dia de Vinha da Defesa 2018. Corte Touriga Nacional e Syrah, sem passagem por madeira, reavivou a memória dos velhos tempos. Ficou um pouco mais simples - mudei eu ou mudou o vinho? 🙄🤣😂 - mas a fruta está lá, bem divertida, bem vermelha, com mais algum toque que escapa à interpretação mais precisa. Boca com o travo doce dos portugueses, acidez presente, boa permanência, uma lembrança de chocolate ao leite. O final é um tanto curto, o que, pelo preço, justifica-se. Se o leitor está acostumado a sul-americanos do mesmo preço, então o final pode ser especialmente marcado e longo. Novamente: mudei eu ou mudou o vinho? Se encontrar Vinha da Defesa por R$ 70,00, saiba que nesse preço é um vinho que sobra. O álcool está bem contido, a acidez segura a persistência que pode surpreender. Esteja atento a esse detalhe. Não tem o impacto de uma Cabernet Sauvignon, mas tem a elegância do travo de quem sabe fazer vinho. 

Vinha da Defesa 'por aí'

Em Portugal, entre USD 6,00 e 9,00:

   Por aqui, a até R$ 133,90...

   O consumidor precisa estar atento. E não apenas na hora de comprar vinho...

Saturday, June 5, 2021

12 Volts, 4 kilos... o que vem depois? 40 Watts, 56 kgf?

Introito

   Rótulos e nomes de vinhos são interessantes. Os franceses são clássicos, principalmente em Borgonha e Bordeaux. Nome: Château Tal (sic). Rótulo: um castelinho modesto, algumas vezes em preto e branco, outras em sépia... e nada mais. Sequer mencionam as cepas; se é de Saint-Estèphe, o bom bebedor tem obrigação (sic) de saber a cepa principal e as coadjuvantes. Admito que na Borgonha é mais fácil... 😝

Os americanos são bem escrachados para ambos, nome e rótulo. Dá pra acreditar em um vinho chamado... Plungerhead? Sim, plunger é... desentupidor...! Desentupidor de cabeças! E olha o rótulo aí ao lado... Outros são ainda mais curiosos: Mad Housewife, Horse's Ass Wine (vinho do cú do cavalo?☹), Il Bastardo & La Bastarda, Goats Do Roam... esse sul-africano é interessante, já conhecia a estória: seu nome é uma brincadeira muito bem humorada com a região francesa que inspira a produção da Fairview, proprietária da marca: Côtes-du-Rhône... pense na pronúncia em inglês, e repita para si o nome de um e de outro... 





Tem ainda um australianinho que comprei pelo rótulo - e pelas notas de diversos avaliadores - chamado Carnival of Love.  É um rótulo realmente bonito, divertido. O vinho, gostei muito. Não agradou tanto ao Akira e a Don Flavitxo, que acharam-no um tanto doce. Sim, era. Mas sua muita extração rendeu-me sensações que, à época, com minha versão 1.0 do nariz em seus estertores, eram poucos os vinhos que davam-me algum prazer olfativo. E, como sabemos bem, se o olfato não está apurado, o palato sofre na mesma proporção. Como veremos, o vinho de hoje não fica longe dos já mencionados aqui, pelo menos no nome...



4 kilos

Já bebi um exemplar desse produtor, o 12 Volts. Às vezes fico imaginando o que vem depois... 40 Watts? 56 kgf? O leitor que visitar o sítio da vinícola no vínculo deste parágrafo vai descobrir... Este 4 kilos é o 'irmão maior' do 12 Volts. No preço é nítido: 4 kilos custa o dobro 'lá', cerca de USD 40,00 contra USD 20,00 do 12 Volts. Para o preço 'lá', 20 moedas é adequado para a voltagem oferecida (🙄); aqui é que não. Mas falemos do 4 kilos. Segundo a ficha técnica do produtor, é um corte de 60% Callet, 30% Cabernet Sauvignon, 10% Syrah. A Callet é uma cepa autóctone da ilha de Mallorca... aqui está em maior parte, dá para ter uma ideia do que é. Com nariz bem terroso - acho que teria mais a ver com o terroir do que com a cepa -, sobrepuja a Cabernet. Na boca, a picância da CS é discreta. Diria que puxa mais para a elegância de Bordeaux ou está mesmo (risos!) anestesiada pela Callet. A Syrah, se aparece, é na coloração escura que sua expressão - Chile, França, Austrália - é mais conhecida por aportar. A boca é marcada com graça e potência, graças aos taninos arredondados e à acidez no limite da média para alta. Álcool - 14% - é equilibrado, mas marca um pouquinho. São essas pequenas arestas que diminuem a nota de um vinho. Mas queria o quê, por 40 dóla? Tem ainda boa persistência e bom final. Um belo vinho, cujo rótulo é outro enigma. Se alguém entender - parece parte de uma estória em quadrinhos - me explique, por favor...

Preço...

   4 kilos está esgotado por aqui. O preço do irmão menor era - era - R$ 488,00, o que, baseado na comparação entre ambos lá fora projeta um custo final cá de... R$ 976,00 😖. No... no se puede... 


   No se puede porque em 30/3/2016 paguei por ele modestos R$ 230,00. É bom guardar as notas do que vamos comprando. No limite, sempre podemos esfregá-las no nariz amassado dos detratores que infestam o blog como ratos invadem as melhores despensas. Aqui a finalidade é mais nobre: como sempre, 'certificar' que este Enochato não aumenta nem diminui; apenas relata o que percebe aqui e acolá.

   Em tempo: notamos que 12 Volts está em 'promo' dos R$ 488,00 por R$ 268,00. É um vinho de cerca de USD 20,00. Ora, USD 20 x R$ 5,5 (o dolá está menos que isso!) = R$ 110,00. Quer dizer... 2.4x na 'promo'. Sem promo, daria 4.4x (ou mais!). Ah, tá... Enfia a 'promo' no meio da sua ideia do que seja 'promo'. Que não respeitam o meu bolso, está claro. Mas eu o respeito.