Sunday, September 24, 2023

A Paduca, a Paduca...

Introito

Frases. Frases, no sentido de citação, dizem muito sobre quem as invoca. Ou não. 🤣😂 Esse ʻou nãoʼ parece ser tão profundo quanto popular em alguns instâncias. Estes dias tropecei em duas frases:

Tem uma lógica no assalto: eu não tenho uma coisa que eu preciso, eu fui contaminado pelo capitalismo (…). Se você vai olhar a lógica interna do processo, sabe que isso seria justo, dentro de um contexto tão injusto. (aqui)
 Marcia Tiburi 'filósofa' de esquerda
Estudo formal: PhD

Ninguém rouba para comer, e vou mais longe: ninguém é ladrão por interesse. O roubo, de todas as atividades humanas, é a mais desinteressada, a mais esportiva, a menos utilitária. Só os bobos, os parvos, atribuem a gatunos motivos econômicos.
Nelson Rodrigues, contista e dramaturgo
Estudo formal: Ginasial (sic) incompleto

   Bom, quer parecer-me assim: alguém está profundamente errado em sua visão de mundo e sobre o ser humano, pois os pensamentos são completamente antagônicos. E, para não dizerem que as palavras da Marcia estão fora de contexto, há uma defesa da lógica do assalto, em texto completo, está aqui. Também há uma entrevista dela sobre o tema, aqui. Não é necessário reproduzir o vídeo neste espaço, embora tenha feito uma cópia para registro. Ainda sobre ela: sua obra mais importante parece ser Como Conversar Com Um Fascista. Vejamos como ela conversa com um (fonte aqui):


Sei... 
   Palavras. Palavras... palavras servem para definirmos significados. Esquerda e direita, além de lados com relação ao observador, significam espectros políticos. Tem a direita, e tem os direitóides. Ainda, existe a esquerda, da qual faço parte, e tem os ysquerdistas/yesquerdopatas, composta por - mas não apenas - quadrilhas organizadas cujos principais representantes estão presos. Ou estiveram, pois tem gente do CV, ou do PCC ou P alguma coisa já presa e agora andando solta pelo país. Mas o óbvio ululante advém de pessoas boas serem eclipsadas por tranqueiras, em ambos os lados. Não me arrogo bom, mas sinto-me francamente obscurecido por uma malta sem a menor condição de discutir problemas nacionais - o que dizer de problemas humanos ou da humanidade - e disposta em cargos de comando ou influência, com título real ou honorífico de Doutor ou simplesmente com a maior cara de pau. Apesar de tudo, continuo em minha posição com força e fé, e nenhum bando de salafrários e interesseiros me fará recuar. Ainda na esteira de palavras são palavras, às vezes elas são parecidas umas com as outras. Tiburi lembra tílburi, aquela carroça puxada por um único animal. Apenas um. Um basta, quando o intento é espalhar o bodum. O que tem a ver? Nada, apenas sou obrigado por contrato a escrever um número mínimo de palavras para o blog, e aqui estão elas. 😅

A Paduca, a Paduca

A Paduca, Paulo Duílio e Carlos, turbinada com o prefeiturável Fernando, vem cumprindo o ritual quinzenal com fúria e disposição. O Dú, sem vinho, compareceu com a pizza. Fernando chegou com De Martino Reserva Ruta G-450 2020, um Sauvignon Blanc com toques bem cítricos à maracujá, boa acidez, corpo médio e alguma persistência. É acertadinho dentro de sua faixa de preço - algo como R$ 80,00 - embora não consiga competir com outras opções bem compradas. Como exemplo cito o Falcoria branco, por cerca de R$ 95,00; ele está alguns degraus acima. Claro, Falcoaria é um extremo de boa compra nessa faixa, mas vem de muito longe, não faz parte do Mercosul... como sempre, a constatação vale: os vinhos chilenos estão caros no Brasil - e em muitos casos no Chile. O Paulão compareceu com a nova versão do Carmim Reguengos, agora um 2021. Para comparação, a safra 2018 está aqui. Esta safra, também comprada em supermercado, ficou muito abaixo: doce demais, já no nariz... doce a pegar como sarna!, alguma fruta devidamente eclipsada, acidez baixa, rápido em boca. Recebeu meu comentário ponderando se o produtor não rendeu-se ao gosto brasileiro, representado por uma grande maioria de bocas-tortas. Seu vinho anterior era mais bem acabado, pelos mesmos R$ 50,00, e este não faz jus àquele. Apresentei meu já degustado Bota Velha Vinhas Antigas 2018, e sem qualquer dificuldade ele passou por cima de Reguengos. Servido por último, teve mais tempo para aerar e apresentou-se melhor quando comparado à primeira experiência dele e ao primeiro tinto da noite... ou Reguengos de fato entortou a toca de todo mundo, e minha impressão dele estar mais redondo desta vez foi um ledo engano... mas a sensação geral foi dele ser melhor, de qualquer maneira... O álcool estava mais integrado, a fruta agradável e os taninos mais redondos. Realmente atingiu sua boa expressão; o problema é seu preço: por cerca de R$ 102,00 (na promo!), em primeiro tem obrigação de superar Reguengos, pois custa o dobro. Mas não conseguiria competir com Chocapalha, Cedro (Noval) e Herdade dos Grous bem comprados - acham-se por cerca de R$ 120,00, o Cedro inclusive em S. Carlos. O preço desses três por aí é R$ 180,00 conforme sítio de tubaronas. Depois arrivistas tentam explicar custos, impostos e toda aquela conversa modorrenta... serão rebatidos, sempre.

Friday, September 22, 2023

Dois franceses, dois italianos. Nojentos.

Introito: nossa democracia, uma falácia


The next day was hangin' day, the sky was overcast and black
Big Jim lay covered up, killed by a penknife in the back
And Rosemary on the gallows, she didn't even blink
The hangin' judge was sober, he hadn't had a drink
The only person on the scene missin' was the Jack of Hearts
Música Lily, Rosemary and the Jack of Hearts
in: Blood on the Tracks, Bob Dylan, 1975


Há muito tempo apoiei Ali Lulá contra a pasmaceira e a idiotia. Quanto tempo o leitor poderia supor que eu gastaria considerando votar em um misógino truculento para ejetar da presidência um ladrão? Respondo: um microssegundo; basta termos essas duas condições na mesa, o misógino truculento e o ladrão... Mas o assunto é democracia. Lembram-se de notícia vinda da Espanha, onde o articulista considerava não mais vivermos nela? Está aqui. Recentemente (janeiro/23), o Noviorque Times ponderava - sobre o Xandão (o de Brasília, não o de Ribeirão) - Ele é o defensor da democracia no Brasil. Ele é realmente bom para a democracia? O juiz do Supremo Tribunal brasileiro foi crucial para a transferência de poder do Brasil. Mas as suas tácticas agressivas estão a suscitar debate: pode-se ir tão longe para combater a extrema direita? Agora vemos o ministro presidindo um tribunal onde ele próprio é acusador e juiz. Pode haver alguma tecnicalidade a permitir isso, mas não soa... democrático. Onde vi situação similar a essa acontecer, mesmo? Teria sido em Operação Valkíquira? É aquele filme onde a turma do bem (sic) tenta ass@ss#n@r o Adolfo e se dá mal... Depois caem no colo do Rolando (sic) Freisler, cuja maior aspiração na vida talvez fosse ser ator; não conseguindo, tornou-se apenas o responsável pela nazificação do sistema jurídico alemão. Então, vejamos... uma tentativa de tomada de poder via golpe pode envolver, principalmente mas não apenas:
   * A destituição do dirigente de governo com desmantelamento dos demais poderes constituídos.
   * Tomada de posições estratégias e consequente embarricamento defensivo.
   * A força das armas para apoiar a sublevação e posições conquistadas.
   * E, sobretudo, a presença física dos alvos da covardia, sejam o presidente, os deputados e senadores ou mesmo os membros da justiça, para serem feitos reféns ou ração para cachorro, tanto faz - sob a ótica dos golpistas, claro! 
   Então pretender os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro - um domingo! - terem sido uma tentativa de golpe, levados a cabo por meia dúzia de tontos e grande parte de idosos e crianças - todos desarmados! - , soa como argumento aceito apenas por trepanados vítimas de rituais da Idade Média. Outro detalhe surpreende: as penas para os primeiros baguás condenados. Dúvida: está clara sem a menor dúvida a hierarquia dos golpistas? E se os buchas de canhão estão recebendo penas de 17 anos, qual ajuizamento receberão os intermediários? E os financiadores? E os cabeças? Minha percepção é que as buchas de canhão não são imputáveis como golpistas, ao contrário dos demais. Eles são vândalos, apenas. De maneira alternativa, o que um apoiador do bolsonésio publicando algo como 
 - aliás em postagem apagada pelo próprio autor, embora seu registro esteja amplamente espalhado pela internet - estaria sugerindo? Seria invocar a artigo 142 da Constituição, grosso modo a Garantia da Lei e da Ordem, que supostamente permitiria os militares promoverem um golpe de estado? Todos sabem a resposta, e ignorá-la é exemplo acabado de patetice. Os julgadores são patetas? 

   Dizendo de outra maneira: o início do julgamento sem a exata hierarquia dos atores devidamente compreendida e registrada soa ao leigo como o exemplo acabado de uma Corte Canguru. O evento do dia 8 é grave - gravíssimo - e deve ser punido da maneira mais severa. Não tenho certeza quais acusações podem ser somadas à de vandalismo, se danos ao patrimônio público e danos ao patrimônio histórico representam o mesmo dano ou se podem ser tipificados diferentemente, e portanto somados. Dado o lugar onde o fato aconteceu - as sedes dos três poderes - não se espera um único segundo a menos na aplicação da pena máxima. Mas a sugestão de golpe por tais pessoas é piada. Esse é um exemplo de falácia. Confrontados com alegação da defesa, para quem os Ministros... São as pessoas mais odiadas do País (sic), Xandão retrucou: Esses extremistas que não gostam do STF são a minoria. Ora, aí ficou fácil: para mostrar para a sociedade que sua declaração é apenas e tão somente a expressão acabada da verdade, basta ao Xandão e aos excelentíssimos ministros fazerem uma aparição relâmpago na Avenida Paulista e ouvirem a população. Eu gostaria de estar presente.

Reunião da confraria ʻXʼ

   Pow, uma das confrarias não tem nome...  e é a mais antiga... depois do falecimento do Wilson e o convite feito para a Margarida e Elvira juntarem-se a nós, Akira começou a referir-se ao grupo como as meninas. Certo, usávamos o mesmo chamativo para outra turma, Dani, Carol e Regiane, mas o contexto da conversa identificava univocamente de quem falávamos; as primeiras não frequentariam o Black Bird (risos), nem as segundas tinham janela para reuniões aos domingos. Precisamos dar um jeito nessa estória de nome...

O Ghidelli chegou com uma (boa) surpresa: uma xampa Premier Cru Brut do Barbier-Louvet. Já bebemos dela quando provamos também um Gravner, vinho produzido em ânforas (aqui), e como o assunto veio à baila recentemente e mais de um grupo, aproveito e indico a postagem. Xampa com seu já comentado toque de pão/fermento, boca equilibrada, acidez vibrante, pouco álcool (12%), marca pelo frescor. Vinhos assim, bebemos e contemplamos a vida... tem boa permanência e bom final... fica mesmo na boca... Enquanto isso um Ricasoli aerava e passou para o balde. O Chianti Classico Riverva Rocca Giucciarda 2018 aportou fruta vermelha discreta, especiaria e mais notas, mas um tanto presas. Conforme verificamos tardiamente, quando melhorou muito, falhei no serviço. Do que procurei dele (CellarTracker), não apareceram sugestões de maior aeração. Ele merecia... A boca, antes discreta, transformou-se em boa riqueza de fruta e mais complexidade, embora com acidez baixa a média, corpo médio, taninos um pouco pegados - guarde mais alguns anos - e final médio. Bom, para um vinho de USD 22,00. O Laurent Ponsot Premier Cru 'Cuvee du Noyer' 2017 vem da lavra de um dos grandes produtores da Borgonha. Para quem não está ligado ele aparece no filme Sour Grapes, onde o indonésio Rudy Kurniawan vive aprontando das suas falsificações até oferecer em leilão garrafas do Domaine Ponsot Clos St. Denis em várias safras, entre 1945 e 1971... enquanto Ponsot só começou a produzir naquele Cru em 1982... foi quando o caldo começou a entornar para o rapá. Ainda, eu não sabia sobre Ponsot ter deixado o Domaine da família em 2017, conforme foi noticiado pela Wine Spectator, iniciando nova empreitada com seu filho Clément. O sítio do novo empreendimento está aqui

Voltando ao Cuvee du Noyer, ele é produzido em Baune; Ponsot combina 8 Premiers Crus para produzi-lo, e confesso nunca ter ouvido falar em corte de Borgonhas. Para mim, um Premier Cru vinha de um determinado vinhedo categorizado como tal, e pronto. Vivendo a aprendendo... Dizem que Borgonhas são apreciáveis em qualquer idade - jovens, maduros e envelhecidos -, e suas expressões são bem diferentes. Claro, é uma generalização; exemplares muito tânicos como bons Pommards ou Cortons podem precisar de uma década, e até duas não lhes fazem mal. Mas o Wine Searcher dava indicação deste Cuvee poder ser degustado mais cedo. Então ficamos entre a dúvida e a decepção: se ele precisava de mais tempo ou se ficou abaixo da expectativa. Não, não pareceu-me fechado, mas faltava-lhe; tinha fruta no nariz, boca com a boa acidez característica, mas um tanto rápido e sem marcar; borgonhesco, sem dúvida, mas não como esperava, em se tratando do mítico produtor. Estaria miada essa garrafa, ou essa é sua legítima expressão? Em sendo, há emprego melhor para cerca de USD 100,00, mesmo na Borgonha. O terceiro vinho felizmente redimiu-me. As dicas foram certeiras; abri antes de sair e ele ainda respirou todo o tempo na D. Neusa. Produzido pelo Castello di Volpaia, o Prelius Morello di Prile 2015 vem da costa Toscana, de Maremma. É um corte 40% Cabernet Sauvignon, 40% Sangiovese e 20% Merlot. A região foi elevada de IGT a DOC em 2011, e portanto as cepas bordalesas são permitidas por ali; fato é que Prelius chegou para salvar a honra deste Enochato frente aos confrades: nariz muito rico, intenso, com a cereja da Sangiovese, especiaria, madeira distinta e mais complexidade. Cada um pegou algum detalhe - é muito rico! A boca não deixou por menos: é grande, suculenta, combinou bem com a carne - picanha -, ótimos taninos, muito redondos agora, bela acidez e longa permanência, com retrogosto bem marcado. Um vinho excepcional por cerca de USD 45,00. Esses tintos atualmente não são comercializados por aqui, até onde procurei, então não faz sentido falar em comparação de preços. O Chianti, gostaria de tentar outra garrafa, se tiver oportunidade. Mas se precisar escolher entre ele e o Prelius, não teria muita dúvida não...

Friday, September 8, 2023

Bordeaux e branquinhos nojentos I

Introito

Quando se está profundamente comprometido com uma crença,
É impossível aceitar que se enganou.
A isso chamamos dissonância cognitiva.
Veja aqui.

Tenho uma incapacidade inata de entender pessoas e a sociedade em geral. Sempre acreditei no poder transformador da educação e de seu irmão gêmeo, o senso crítico. Já aceitei a existência de discos voadores e do poder da mente - telepatia, telecinesia, etc. Mandei tais crenças para os píncaros dos infernos ao atingir a metade da adolescência... foi um pouco difícil sim - estava acometido pela tal dissonância cognitiva, mas bastou refletir um pouco mais sobre as palavras de meu pai, seus extensos estudos até o quinto ano de grupo (sic) e, principalmente, suas leituras de centenas de livros. E se eu consegui superar essa neura, ora bolas, por que pessoas com igual nível escolar e de leitura - ou melhores, em muitos casos - cairiam nessa ladainha? Quando escrevia aqui no blog sobre bolsonésios e PTlhos se parecerem - a menos a diferença de sinal - sabia haver alguma explicação para isso. Mas não sendo psicólogo, tampouco tive ímpeto de procurar mais sobre o assunto. Hoje, sem querer, assisti ao vídeo acima, cujo acompanhamento recomendo com ênfase, e por isso recomendo repetindo o endereço aqui. Foi produzido pelo Léo Lins, humorista condenado a não poder deixar seu estado natal sem ter sido julgado, perseguido por um governo e judiciário que já não nos representam há muito, a despeito da crença dos assaltados por esse mal.

Branquinhos e tintinhos algo diferentes


Saí de algum lugar bradando pela falta de vinho Bom (note o B) na corrente sanguínea, e a última ocasião nem fora há tanto tempo. Estou mal-acostumado... Como Neusa e Elvira estavam tranquilas no último domingo, marcamos uma reunião. Fui logo servindo às cegas um branquinho nojento enquanto o tinto respirava; Elvira - que é Amélia - olhou torto para um lado logo na primeira cafungada; Neusa arrumou os óculos para entender melhor... Brindamos e provamos em silêncio; a Elvira soltou um Oxidado bastante surpresa. Neusa concordou, já mostrando um sorriso de satisfação. Concha y Toro Amelia 2011 é um Chardonnay feito na D.O. (sic) Casablanca. Rindo: não lembrava-me de naquela época já rotularem os vinhos com Denominação de Origem no Chile e postulo ser necessário mais respeito acerca de classificações, mas está bem. Amelia apresentou buquê penetrante a frutas secas - amêndoas? - e alguma complexidade a mais. Boca com acidez presente, traço de madeira, combinou muito bem com amêndoas e uvas passas; corpo médio, boa permanência e final, agradou bastante. Mostrou como os bons brancos chilenos podem envelhecer sem estragar. 

O segundo branquinho caiu mais próximo da normalidade. Puligny-Montrachet Sous le Puits 2008, um Premier Cru do Louis Latour do vinhedo citado (Sous le Puits), estava envelhecido mas não oxidado. Perdeu um tanto do frescor, mas sobraram notas cítricas complexas: para mim casca de limão, alguém falou algo diferente -  maçã? Se não me engano a Elvira mencionou toques florais. Vinho mineral, boa acidez, corpo médio, não notei madeira. Combinou melhor com queijos; boca complexa, boa persistência, final médio, deveria ter bebido alguns anos antes ou ter deixado mais tempo para oxidar. As meninas gostaram bastante, e sim, estava bom - a menos de ter perdido o frescor da juventude - mas teve caráter suficiente para alegrar. Ainda, elas acharam-no um pouco plano, por não ter evoluído durante a noite, ao contrário do Amelia - que não é Elvira -, e abriu pouco sugestivo, melhorando ao longo de alguns minutos e evoluindo para notas mais firmes em mais tempo. Ao fim e ao cabo, todos felizes.

O tintinho foi um Pauillac, o Réserve de la Comtesse 2009, segundo vinho do Château Pichon de Lalande, Grand Cru Classé de Bordeaux, segundo vinhedo pela classificação de 1885. Ele foi aberto junto dos brancos, e respirou em temperatura ambiente enquanto degustávamos os dois primeiros; foi para o balde de gelo uns 15 minutos antes de ser servido. Tinha notas de frutas e mais complexidade, parecendo querer situar-se entre chocolate e fumo, mas um tanto apagado. Boca com taninos presentes, álcool sem tanta expressão, acidez média, final algo curto, tudo também dando sensação de não estar como se esperava. O Wine Searcher dá como bem longevo (2012-2030); acho que às vezes o mecanismo erra ao trazer a abertura da data de beberagem (sic! rs!) um pouco próxima, mas não assusta grandes Bordeauxs (mesmo segundos vinhos) com vida longa em boas safras. E a de 2009 foi uma safrona...  Elvira foi taxativa: não valeria R$ 600,00, valor pago em 'promo'. Dona Neusa deixou escorrer uma lágrima dos olhinhos. Dá tristeza abrir um vinho de grande expectativa e ver que ele não vingou. Valeu a intenção da semente...

   Amelia custa no Chile cerca de R$ 150,00. Por aqui varia um pouco, entre R$ 265,00 e R$ 430,00. No topo, dá praticamente 3x, um roubo. Não encontrei o Montrachet  desse vinhedo e do Latour. Lembro ter pago algo como USD 70,00, e um Puligny Premier Cru por aqui está na casa dos R$ 1.000,00. Pelos USD 70,00 lá fora, outro roubo... O Réserve não se sai melhor: Cerca de 62 Libras na Inglaterra, R$ 1.200,00 por aqui. Deus nos proteja. Dos importadores, do governo e da justiça - essa última deveria ser temida apenas pelos ladrões, nunca pelo cidadão de bem. Algo vai mal, e não apenas com as tubaronas.