Sunday, December 27, 2020

René Barbier Mediterrenean Tinto 2014

Introito

   Já falei desse produtor. Está aqui... René Barbier tem tradição em vinicultura, e René Barbier III está aos poucos passando o bastão para a nova geração, constituída por dois filhos naturais e um adotado. Curiosamente, Wine-Searcher indica que a marca René Barbier Mediterrenean pertence ao grupo Freixenet. Não sei se vendeu parte dos negócios, ou o quê. Se alguém souber, por favor, comente... Época de Natal... estou relaxando...

René Barbier Mediterrenean Tinto 2014

René Barbier Mediterrenean Tinto 2014 é um corte 60% Tempranillo, 30% Garnacha e 10% Monastrell. Tem 13% de álcool e um rótulo simples. Indicativo de ser um vinho simples, também. O nariz e a boca comprovam. Não deixa de ter boa fruta no nariz, apesar de acidez não tão presente. Final um tanto ligeiro. Ainda mantém bom frescor, pode ser aberto e servido. Tem conjunto agradável para um vinho típico de dia a dia; é um vinho fácil, que agrada a qualquer consumidor. Pela acidez, apesar de baixa, parece ser melhor do que sulamericanos simples. Seu preço também agrada o consumidor (lá...). Na região, é vendido por meros 5 dóla. Aqui, preço cheio, R$ 105,00 (Vinho e Ponto). A safra é relativamente antiga, mas como dito mantém bom frescor. Acho que comprei em uma 'promo' a uns 80,00. Esse vinho parece ser remanescente da época em que V&P tinha poucas lojas e (supostos) custos fixos um tanto altos. Importadores contam qualquer mentira história aos lojistas, que as passam incontinenti aos consumidores. Eles também não hesitam em contar as mesmas mentiras diretamente aos consumidores, claro. Algumas são palatáveis, outras sequer fazem sentido - se você pensar um pouco: 5 milissegundos, com algum senso crítico, claro. Não estou dizendo que exista uma mentira no caso em pauta. Digo apenas que o preço está muito alto. Se o importador aceita que está, então apenas está; não há mentira envolvida. E depois que eu digo que importadores são energúmenos, os que são vêm reclamar aqui no blog! A R$ 50,00, seria um 'chilean-killer' (sic). Como por exemplo era o Lavradores de Feitoria Cheda Tinto, quando disponível em Enoeventos... Asssim caminha o mercado: as boas ofertas vão (para nossas gargantas). Uma promo urgente, por favor...

Saturday, December 26, 2020

O meu vinho foi melhor!

Introito

   - O que você acha do Erasmo Carlos? - perguntei a certa altura.
   - Vôzão... - li a resposta no uatizápi
   - Tá certo, você é da geração ABBA, e sua grand trip é 'Dancing Queen'... combina mesmo... sou fã do Tremendão, e minha música é 'Pode vir quente que eu estou fervendo'...
   Recebi uma imprecação - seguramente mais pelo 'Dancing Queen' - enquanto o Akira mandava um emoji de sorriso escancarado. Estava lançada a provocação e com certeza Don Flavitxo a comprara. Agora eu precisava me cuidar... Don Flavitxo quando impreca (sic! rs!) é osso duro... Desci para adega, comecei a olhar até bater o olho nele. Estava fechado o meu representante no combate. Horas depois, mas antes do encontro, lançaria a provocação final, na forma de uma foto.
   - Hi, tem até cristais... - veio com a conversa Don Flavitxo.
   - Não são cristais, estúpido. São diamantes! 😂 - Fiquei sem resposta... não entendi porque...

Produtores, safras...

   Bebedores de vinho são gente boa. Ou costumam ser. Flavitxo e eu, decididamente não. Um olho no produtor, outro na safra, outro no preço(!😶) sempre tentamos - ele consegue com mais sucesso - maximizar a qualidade das compras, aqui ou . Pseudocolunistas nacionais pretendem que você não olhe a safra de uma garrafa de vinho. Dizem que uma safra pior não necessariamente produz vinhos ruins, apenas faz com que o vinho fique pronto para o consumo mais cedo. É verdade. Só não te contam que o importador compra o lote por um punhado de dóla a menos (sic), e quer vender aqui, já com a margem exorbitante, ao preço de uma boa safra . Vivo dizendo que importadores são energúmenos. Cuidado com eles; não pensam duas vezes para tentar tirar seu couro. E riem amistosos para você. Apenas ria de volta, e não permita... Voltando... Algumas safras são melhores. Produzem vinhos que precisam de mais tempo para se desenvolver. E, claro, além de gerar vinhos mais longevos, os geram melhores. É preciso ter paciência para esperar o vinho atingir sua idade madura, ou pagar mais caro e comprá-lo amadurecido. Os avaliadores produzem e publicam tabelas de safras aos montes. Uma googada pode apresentar as principais do mercado. Uma que gosto está aqui. Outra opção, até mais completa, está aqui.
   'Produtores' são mais complicados. Porque existem aos milhares, dos bons aos ruins. Como reconhecê-los? Indo a degustações - daí a importância que sempre prego do lojista local, que promove degustações para o cliente conhecer os vinhos, principalmente os mais caros, antes de comprá-los. Tá certo, muitas degustações limitam o preço dos vinhos ofertados. Já fiz milhares de sugestões (sic) com fórmulas mirabolantes onde as pessoas teriam a oportunidade de experimentar algo melhor em algum encontro. A Mercearia 3M chegou a adotar a proposta, uma vez... Voltando (rs)... a outra maneira é acompanhar de perto seu blog preferido, ler e tirar as conclusões. Bem vindo, amado leitor, a estas humildes páginas que o recebem de braços abertos...
Don Flavitxo chegou com um produto das Bodegas Muga. Sediada em Haro, La Rioja, Espanha, é um produtor conhecido e respeitado. Produz boa gama de vinhos, tintos, brancos, rosés e cavas, e os tintos são variações do corte riojano. Em sua safra 2014 (única disponível no sítio do produtor), Prado Enea Gran Reserva é composta por Tempranillo, Grenache, Mazuelo (Carignan) e Graciano. Até onde saiba, a Grenache não participa do corte riojano típico. Seu exemplar era da safra 2005, muito boa na região. E, como tal, a sugestão de guarda por mais tempo é óbvia. Tinha cor escura, não denotava a idade; nariz com excelente fruta negra, muito marcante, algum tostado. Boa complexidade. Em boca (gostou? última vez...), acidez média, compatível com o corpo, muito equilíbrio com os taninos. É um vinho multicamadas, bebi poucos assim ao longo da vida. Evoluiu no tempo em que ficamos a degustá-lo. Achei melhor que o Torre Muga, que também experimentei nessa mesma safra, algum tempo atrás. Seu preço é um pouco alto lá (80 dóla) e pouco convidativo aqui (1000lão). Por 80tinha, é boa compra - nem tanto com o dóla salgado atualmente.
   Do meu lado, compareci com Podere San Luigi Fidenzio 2001, um supertoscano bordalês corte Cabernet Sauvignon-Cabernet Franc. Nariz com muita fruta - vermelha, sem dúvida... negra também? -, e mais complexidade. Anda tem um belo frescor. Chocolate ou café? Baunilha? Não consegui distinguir, mas percebe-se que existem camadas e camadas de toques que um bom nariz poderia desvendar. Boca bem agradável: com 19 anos, os taninos estavam devidamente amaciados, muito integrados ao conjunto da obra. Corpo médio, acidez presente, bom retrogosto, persistente. Comprova (mais uma vez) que a Itália não está restrita às suas (dezenas) de cepas autóctones, produzindo também ótimos vinhos de cepas internacionais e reforçando assim sua posição como o segundo melhor produtor de vinhos do mundo. Pelo que custa lá fora (cerca de USD 55,00 para safras mais novas, e USD 120,00 para esta safra 2001), é uma ótima opção em safras novas, principalmente por não ter representante por aqui. Quando comprei, paguei por volta de USD 50,00... 10 anos atrás...
   Don Flavitxo passou um bom tempo falando de Podere San Luigi Fidenzio: a cada rodada, novos comentários. Por minha vez, teci rasgados elogios a Prado Enea Gran Reserva. Merecidos, diga-se. Corria tudo bem, até o inevitável. Akira vira e pergunta, de supetão: - Mas qual vinho é o melhor? Foi a deixa para Don Flavitxo encarar-me nervoso e receber um olhar fulminante de volta. Cada um pegou sua taça com o vinho que oferecera, ergueu-a acima da cabeça e bradou em alto e bom som:
   - O meu vinho foi o melhor!

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🐭 Rata!
Alertado por Don Flavitxo, escrevi que 
   Até onde saiba, a Grenache não participa do corte riojano típico.
Ledo engano. Só poderia estar bêbado - o que, em se tratando de postagens, não é novidade nem surpreendente. É justamente o contrário, participa sim! Mas não explica nem justifica tamanha rata. Peço humildes desculpas ao leitor por tão descabido erro.

Friday, December 25, 2020

Domaine de la Janasse Chaupin 2009

Introito: um brinde de Natal

   Já escrevi em algum lugar: um vinho abrilhanta a boa conversa (ditado popular). Mas um vinho suficiente bom (ditado deste Enochato) você bebe sozinho, ri, curte, viaja e dorme feliz. Principalmente se, em sua solitude, é chegado a pensar em simplezas como vida, deus, universofuturo da humanidade... essas 'coisas' que, acompanhadas de Zé Geraldo - poderiam ser outros, mas quis o destino que desta vez fosse ele - às vezes tomam uma importância singular. Quem pensa, sabe... Assim - e cansado de muito 'xupa' vindos do Flavito nestes últimos tempos - resolvi dar o troco. Em Don Flavitxo? Qual! Dei o troco no Covid! Mostrei-lhe que seu domínio é ilusório, não nos atinge, é nada, como diria o Zé. A música fala de outras coisas, mas o refrão se aplica...
   Sei que corria o ano de 2010. A recessão mundial corria solta. Os produtores franceses cofiaram confiantes seus bigodes antes de sentarem-se na mesa com importadores chineses. Julgavam-se espertos. Logo eles, que promoveram a Linha Maginot... Bem, sentaram-se à mesa certos de que espetariam os compradores. Afinal, seus vinhos eram os melhores, sua safra era excelente... Os chineses - todos dizem - não são imediatistas. A presente safra é boa, mas outras também serão. Ante os preços escorchantes, sugeriram, gentilmente, que os franceses fossem vender para os americanos - que estavam em franca recessão. O cenário que minha irmã encontrou na América em 2011 continha promoções assim: - Vinhos 99 pontos a 98 dóla! (ou o contrário, não lembro. Faz diferença?)

Domaine de la Janasse

O Domaine de la Janasse é um produtor do Rhone. Produz Xatefênis (brancos e tintos), conhecidos em algumas quebradas como Châteauneuf-du-Pape, além de Côtes-du-Rhône e IGP's.  Dentre seus Xatenêfis está o Chaupin, um 100% Grenache. Normalmente os Xatenêfis são cortes. Até 13 uvas são permitidas na denominação que leva o mesmo nome - Châteauneuf-du-Pape, e não Xatenêfi... -, embora muito poucos produtores cultivem todas elas. E, a despeito dessa 'regra', vários produtores - ainda que apenas em anos especiais - produzem Xatenêfis 100% Granache. Na safra 2009, Chaupin apresentou no nariz - depois de 3 horas da abertura - muita fruta, vermelha e negra, chocolate (café?), madeira. Boca complexa, tânico- Grenache costuma ser... - corpo médio, final longo, permanece mesmo na boca... depois de engolir, o utente vai fazendo movimento de mastigação com a boca vazia e nota que ele está lá... Com um bifão, mastigando tudo, faz um ótimo par. Pelo preço à época - uns 80 dóla, dóla de R$ 2,00 - é um vinhão. Não é representado no Brasil, até onde saiba - ótima notícia, não passamos raiva ao comparar seu 'preço cá'. Se tiver oportunidade, avance nele. Felicidade engarrafada.

Thursday, December 24, 2020

Sordo Barbaresco 2014

Sordo Barbaresco 2014

Sem muito inspiração nem introito... Sordo Barbaresco 2014 é vinho do Piemonte. Todo Barbaresco é um 100% Nebbiolo, e é tido como o 'irmão menor' do Barolo. Claro que nas mãos de bons produtores Barbarescos são vinhos melhores do que outros Barolos. Assim como muitos Rossos di Montalcino acabam sendo melhores do que tantos Brunellos... Não sei classificar a qualidade dos vinhos de Giovanni Sordo no contexto dos produtores piemonteses. Nas festividades em volta do dia 31 de outubro, tentei brincar - postagem ainda por fazer - com um Barolo e o EPU. Infelizmente o Barolo 'faiô', não estava bom senão no dia seguinte 😟. Não era para tanto, já experimentara um exemplar. Coisas da vida... mas Sordo teria - no mínimo - dado muito trabalho para EPU. Para não dizer que teria quebrado com EPU no meio, com uma só machadada. O detalhe: Sordo Barbaresco custa a metade... e parece ser o mais reba dentre os Barbarescos do produtor. O fiel da balança é, como sempre, a boa acidez - o que os chilenos ainda não aprenderam a trabalhar. Bem, eles têm a eternidade para tal... eu é que não! 😂 Devagar: Sordo tem nariz à fruta vermelha bem marcada. Algum chocolate, ou tostado. Boca redonda - Barbarescos ficam 'prontos' para o consumo bem mais cedo do que o irmãozão. A tal da acidez dá o ar da graça com boa presença. Final médio, corpo médio, o álcool pega um pouquinho - não compromete, mas aparece. Para constar, EPU a R$ 850,00 e Sordo a R$ 400,00, atualmente com algum desconto a R$ 290,00. Sem muita paciência - traindo os ensinamentos declarados na última postagem - para publicar os preços. Não é que Sordo não mereça. EPU é quem não...

Saturday, December 19, 2020

Elegia

Introito

   Este final de semana, dia 12, falece-me o Wilson, um maravilhoso confrade com quem dividi a mesa nos últimos anos. Uma pessoa com quem aprendi pouco sobre vinho - mais ensinei, não há dúvida, mas de que servem o conhecimento e o vinho, senão para compartilhar? E se não ensinou-me sobre vinho, com seu exemplo e estórias iluminou-me em muitas outras direções: relacionamentos inter-pessoais, paciência com determinação, respeito ao próximo, filosofia, vida... esses assuntos pelos quais a maioria das pessoas se interessa aquém do necessário.
   O Wilson foi muito, mas muito cedo, para todos os que dele gostavam... aprendi ainda significados mais profundos de amizade e de generosidade, assim como todos que usufruíram dos bons momentos que sua presença naturalmente exalava para todos os cantos a cada encontro. Infelizmente foi vítima de um quase-infarto há 10 meses, situação que levou-o à mesa de cirurgia e à luta pela vida durante toda a pandemia. Faleceu - provavelmente - vítima de outro infarto.
   O Wilson deve estar em um lugar bem legal neste momento. Um lugar onde Romanée Conti corre pelos riachos nos arredores e ele desfruta de companhia bem melhor do que a nossa... uma companhia Divina, sem dúvida... Pressinto ainda que ele agora está bebendo vinho de verdade. E rindo para nós. Ou de nós, vai saber... ele não está preocupado, nós é que estamos. Vá lá, meu amigo, tenha conosco um pouco da paciência que nos ensinou. Nós insistimos em ficar por aqui mais um tanto achando que sabemos de tudo, quando na verdade sabemos de nada.

Figure Libre 2009

Um (ao que tudo indica) 100% Macabeo produzido pela vinícola Gayda, da região do Languedoc. Havia justamente sentado para jantar quando recebi a notícia. O leitor pode imaginar que predominou o bouquet da tristeza, por mais que algum mel e notas cítricas lutassem para chegar à tona. A boca mostrou-se equilibrada mesmo com os 11 anos, corpo médio, 13% de álcool, bom conjunto. Já havia experimentado o tinto, e gostado. Foi há muito tempo. Infelizmente esse vinho por aqui ficou subitamente caro, quando o dóla começou a subir e a importadora manteve (como de hábito) o sítio atualizadíssimo com as variações dessa moeda no mercado. É um bom vinho, que ficou 'não tão bom' por causa das circunstâncias. Até a próxima. Se fosse algo melhor do que um escritor de meia-pataca, teria escrito a elegia do título. Ficou parecendo um resmungo...

Sunday, December 6, 2020

Quando as coisas ficam Rosso

Introito

   Na postagem de ontem mencionei escolher um vinho mais direto, de serviço menos complexo, e dei um xô nos italianos. Tem coisas que ficamos ensaiando e nunca ganham luz em meio a tantas divagações. Vai agora: nada é absoluto no mundo do vinho. Vejamos: A uva tinta da Borgonha é a Pinot Noir. Mas tem a Gamay ali em Beaujolais. As cepas brancas da Borgonha são a Aligoté e a Chardonnay. Pois na AoC de Saint-Bris produzem bons Sauvignon Blancs. Tomei dois exemplos da Borgonha de propósito: já é uma região minúscula, e ainda assim as generalizações não se aplicam. Mais uma: Os vinhos da América do Sul não prestam. Principalmente os do Brasil. Pois é, toda, mas toda mesmo, toda regra tem exceção! E atualmente outra regra tem valido para a região: proporcionalmente, são os vinhos mais caros do mundo. É assunto para outra hora.

Rosso de Montalcino

   Voltando ao foco, o serviço dos italianos. Eles são os que mais surpreendem, e a Noite dos Barolos Sanguinolentos (sic) demonstrou isso. Não com os Barolos, que foram devidamente aerados, mas com o Nemorino, vinho mais simples da I Giusti & Zanza. Muitos Chiantis são vinhos bem diretos. E, também da Toscana, o Rosso di Montalcino, tido como irmão menor do Brunello, costuma ser (olha o grifo...). Ambos são 100% Sangiovese, mas o tempo para envelhecimento tanto em barrica como em garrafa é menor no Rosso. Não sei se o processo difere. Muitas vezes, em safras difíceis, produtores preferem lançar apenas o Rosso. Note-se que isso vai do produtor. Existem casos em que o produtor iniciou o processo como Brunello, mas ao perceber que o produto final ficaria aquém da expectativa, acabou por lançá-lo como Rosso. Isso pode fazer-nos supor que um Rosso será sempre inferior a um Brunello. Só que não (rs). Novamente, vai do produtor (claro, da qualidade do vinhedo, do processo, etc.). Um bom produtor que faça seleção das uvas destinadas ao Rosso, cuide do processo, capriche mesmo, pode  produzir um vinho melhor do que muitos Brunellos. Como sair dessa sinuca de bico, digo, como saber se um Rosso é um bom vinho? Conhecendo os produtores. Confiando no vendedor (aqui na Latrinamérica (sic), esquece). Acompanhando seu bloge(iro) do coração e ficando atento às maravilhosas dicas que ele possa te passar... 😎 sim, é a melhor opção...😂

Mocali Rosso di Montalcino 2013

Mocali é um produtor com vinhedos nas colinas centrais da Toscana e também na região costeira, em Maremma. Seu Rosso, claro, é produzido na primeira zona. Aerado por meia hora, acompanhou um bifão e as impressões são de duas horas depois de aberto. Nariz com boa fruta vermelha - não costumo pegar, mas deu a impressão de cereja. Algo na direção de couro. Ainda sou verde para reconhecer Sangiovese. Mocali tem acidez bem presente, bons taninos, 13,5% de álcool bem integrados. Marca a boca toda; tem um leve dulçor, o final é um pouco curto. Para o padrão europeu, claro. Mas também queria o quê? Por um preço médio (EUA) de USD 18,00, é uma ótima compra; se o final fosse longo, pelo conjunto da obra valeria o dobro... A safra 13, mais rara, sai por USD 22,00. Por aqui, está esgotado na Casa do Vinho, onde a safra '14 (última disponível) foi vendida a R$ 164,00. Por estar bem representado aqui, notamos que é(era) uma ótima compra. Destroçaria sul-americanos do dobro do preço sem muito esforço. Não porque seja um vinhão (que é), mas porque de fato os sul-americanos estão muito, muito caros. Olhando o nosso consumidor pagando o que paga por certos vinhos, e transpondo essa idiotia para o campo político, consigo entender como mediocridades supremas foram e continuam sendo eleitas. É um desapontamento duplo. Claro, muito menos com o vinho, mais com o eleitorado. Que o bebedor ainda não tenha percebido as diferenças que sempre comento aqui, de certa maneira é bom: o dia em que todos eles conhecerem de vinho, os sul-americanos deixarão de ser consumidos - até que seus preços sanfonem e o exemplar mais caro venha a custar USD 40,00. Claro que na sequência haverá uma pressão enorme sobre o preço dos europeus, e isso sim será complicado. Melhor que fiquem na ignorância... Mas que o eleitor ainda não tenha percebido o peso de sua responsabilidade, e os problemas que isso nos acarreta, é verdadeiramente decepcionante.

Saturday, December 5, 2020

Desejo de frutinha...

Introito

   Os preços dos vinhos estão pela hora da morte💀.  Faz tempo. E faz mais tempo que falo nisso, ameaçando lançar mão dos estoques reguladores. Hoje estava a fim de uma frutinha... Quer dizer, um vinho fácil de beber, com fruta mais imediata, que não precisasse caprichar tanto no serviço - xô, italianos! - e pudesse entregar um pouco de felicidade engarrafada sem muita delonga. Acertei na pedida. Não acertei no preço/valor...

O Alentejo e a safra 2011

Já falei do Alentejo e alentejanos. Bebi vários, postei poucos. A safra 2011 parece que foi muito boa, em Portugal. Confluência de acasos: calor na hora certa com chuvas na hora mais certa ainda, e na medida mais 'certa-certa-ainda'... dizem que o Universo conjuminou as probabilidades num mesmo lugar e momento, e bum! Aconteceu a safra 2011. Aí, num belo dia dois anos depois, passei na Mercearia 3M e o Idinir recebera caixas e caixas da safra 2001 do Esporão Private Selection. Talvez estivesse apavorado com a fatura que viria no final do mês, ou teve um ataque de 'irmanidade' (sic), oferecemdo-me uma caixa (3 garrafas) a cerca de R$ 220,00 a unidade. Lembro-me como se fosse hoje: ainda segurou o cheque 30 dias, e voltou 100zão para o buzanfa - verdade, eu estava à pé. Lembro de ter dado uma garrafa de presente pro Flavitz. Há algum tempo, por graça da Senhora N, experimentei uma garrafa dessa mesma safra. Já estava muito boa. Das que ficaram comigo, a primeira delas abro agora, em 2020: Paciência é a arte de esperar (Luc de Clapiers Vauvenargues). E convenhamos, nem foi necessário esperar tanto... Esporão Private Selection estagia 18 meses em barricas - daqui que, até seu lançamento e distribuição no Brasil, é razoável que a safra 2011 tenha chegado em 2013 - e é um corte de  Alicante Bouschet, Aragonês e Syrah. Acho que o emprego da Syrah nesse corte é 'culpa' (rs) e graça do David Baverstock, Australiano que resolveu circunavegar o mundo e perdeu-se em Portugal, onde abriu uma barraquinha de cachorro quente tornou-se o principal enólogo da vinícola Herdade do Esporão. Conheci o David em 2012. Uma figuraça: bem humorado, acessível, sempre aberto para falar de processo, contar causos envolvendo a produção, falar com entusiasmo das praias brasileiras... Esporão Private Selection 2011: 14,5% de álcool que não aparecem - tem integrados no conjunto da obra. Apesar de algum precipitado, está 'novo'. Mantém fruta bem evidente. Vermelha? Negra? Ambas? A vermelha está lá... junto de chocolate - café? - nem importa, está 'bom'. Tem um pouco daquele açúcar que aprendi a conectar com bons portugueses. Ele também se repete na boca, reforçando a origem. Conjunto tanino-acidez muito bom; corpo médio, boa persistência, bom final. É um vinho alegre, como diria o Akira. Lembro-me de ter comparado o preço antes de comprar - para o preço da época versus o dóla da época estava muito bom. Hoje é um vinho na faixa de US$D 50,00 lá fora... Era um pouco menos, quando comprei. Comparando com meu dóla irreal de R$ 4,50, daria grosso modo os mesmos R$ 220,00 que paguei naquela época. Ao dóla real, de R$ 6,00, a preço de hoje, seu custo lá seria então R$ 300,00. Seu preço 'cá' oscila atualmente entre R$ 500,00-R$ 700,00. Aí não... 😖
   No preço 'lá', vale quanto pesa? Nessa safra, vale. 





   Na safra atual (2018), custa 'lá'... 27 dóla...
aí fica matador! Não sei como foi a safra 18 em Portugal, e parece que não está disponível no Brasil. Se fosse vendido por aqui na proporção, seria uma ótima aquisição. Não sei se estou pecando pelo otimismo. Tudo indica que sim. Os preços não caem, no Brasil... 😫

Tuesday, December 1, 2020

Perbruno, Perbacco, Percristina... Pela Madona...

Introito

   Vivo a denunciar as bizarrices do nosso mercado. Invariavelmente, o preço praticado por alguns energúmenos importadores é o arroz-com-feijão, o dia-a-dia. Não pense o leitor que tenho algum prazer mórbido nisso. Jamais. Chamo de exercício da cidadania. Vou apontar outro detalhe. Vamos lá, leitor, faça um esforço e responda: quantas mensagens de 'pré-bléqui-fraidi', 'esquenta', 'bléqui antecipada' e que tais você recebeu... desde outubro?(!) Não bastasse, quantas você ainda recebeu depois da bléqui, com os títulos 'úrtima xanxe' (sic) 'prorrogou!', 'extensão', e outras? É assim que os calhordas de sempre vão tirando uma da cara do tolo consumidor brasileiro (é tolo porque não aprende): vão dando algum desconto reba para o que está absurdamente caro, esticando a 'oferta', ameaçando que vai acabar (e olha que nunca acaba...), avisando da última oportunidade, etc., literalmente ad nauseam. Aí, em dezembro, por causa do Natal, começa tudo novamente...
   O leitor sabe como é 'la'? Eu conto. Tem 'bléqui'? Em vinho?(!). Olha, até tem. Tipo... o frete é 'di grátis' (para pedidos acima de 300 dóla, claro. Se a 'promo' é boa mesmo, vale para qualquer valor. E convenhamos que 300tão dá pra comprar umas 4 caixas de vinhos algo razoáveis. Haja frete!). Acabou a sexta-feira-bléqui? Acabou as promo (sic). Não comprou? Sifu... sábado voltou tudo ao normal. Vejamos... compare o teor das msgs enviadas pelos gringos e aquelas enviadas pelos vendedores nacionais. Havia feito uma seleção inicial, mas a coisa continuou na sequência, então fiz uma colagem. E olha que sem querer descartei algumas propagandas.
   Viu? Enquanto lá fora as coisas voltam ao normal, aqui continua a festa. É um desdém. Vai continuar, enquanto os tolos derem trela pra essa turma.

* * *
   Sobre minhas impressão das 'bléqui', escreveu-me o Jairo, personagem regular em postagens desde algum tempo (recente). Acho que disse aqui: conheci-o por um interesse momentâneo em café, quando ele 'só' tinha as lojas do Shot Café. Bom tempo depois, ele comprou - mais pela localização, parece-me - a loja onde já estava instalada a Vinho e Ponto, abrindo outra loja do Shot, e agregando também chocolates finos e vinhos. Bem, ele escreveu para comentar minha percepção dos preços da Vinho e Ponto. Está nos comentários da última postagem, mas achei por bem trazer o assunto à seção principal nesta postagem por dois motivos:
   1. Uma questão de honestidade para com o leitor. É uma loja que tenho frequentado e participado de confraria. Para os detratores, pode parecer que isso talvez influencie em meu julgamento. Ledo engano, nada mais errado.
   2. Mais importante, o comentário dele traz argumentos que explicam os bons preços dos vinhos atualmente - a loja ainda tem pecha de careira. Não é que todos os vinhos estejam com ótimos preços - alguns não mesmo(!), e até comentei aqui - mas diversos preços 'regulares' são ótimas compras em suas respectivas faixas. Os Torre Oria tintos, por exemplo, estão a preços bem justos. Não comprei uma caixa nesta bléqui porque estou com muitas garrafas na adega. Mas comprei um exemplar em outra promoção recente - não foi 'esquenta' nem nada, foi parte das promoções mensais da loja  - e, para não deixar passar em branco, a título de bléqui arrematei duas garrafas de Porto que saíram a... R$ 65,00 cada. Portos simples. Mas a R$ 65,00? São meus...

   Estendendo este ponto 2: o argumento apresentado é que a franquia Vinho e Ponto passou de 10 lojas há 4 ou 5 anos para mais de 30 lojas atualmente, diluindo custos operacionais e aumentando o fluxo de vendas. Se for assim, isso não é apenas ótimo, é muito bem vindo. Já escrevi em algum lugar: sempre apoio o lojista local, porque é ele quem pode prover-nos degustações e a tão desejada interação entre interessados pelo vinho (não em época de pandemia, claro). Mas o lojista local também precisa fazer a parte dele, oferecendo vinhos interessantes a preços atraentes. Já fui a degustações em outras cidades - e continuarei indo, quando possível - mas bolas, onde é mais fácil degustar um vinho? Na sua cidade ou viajando para outro lugar, nem que a 'apenas' 40 km de distância? Tem que pegar uma van, pagar motorista, ficar à mercê do grupo... não é uma chatice, é apenas o 'custo' de fazer dessa maneira. A outra é ir por conta, ficar em hotel, arcar com esses custos.
   Continuo sendo fiel a meu leitor e digo que, tendo a franquia Vinho e Ponto alcançado um número significativo de lojas - é a segunda maior cadeia de vinhos da América do Sul(!) - passa a ser sua obrigação o oferecimento de boas oportunidades para os clientes. Já não é possível contestar ou argumentar o contrário, uma vez que a tão almejada escala parece ter sido alcançada. Preciso fazer uma pausa e aplaudir os clientes fieis de Vinho e Ponto de todas as cidades ao longo dos anos - fui apenas um cliente eventual, comprando praticamente nas ofertas - que permitiram à franquia chegar a essa posição de destaque. E agora, com o direito do cidadão, venho cobrar a manutenção desse estado de coisas. Menos, não será aceitável. Desculpas, o tal do 'mercado' consegue gerar, às miríades. Desculpas, como tais, serão sempre rebatidas. É fácil, basta argumentar... mas o que espero, mesmo, é trazer boas notícias da franquia em eventuais postagens. Como sempre, vou pagar por todos os vinhos apreciados ou degustações das quais possa participar. É um ponto de honra, sem o qual o leitor não pode tomar este blog com a seriedade pretendida.

Vietti Perbacco 2007

   Vietti é um produtor do Piemonte. Suas raízes remontam ao Século 19, embora tenha despontado na segunda década do Século 20. É mais conhecido por uma gama de diferentes Barolos provenientes de vinhedos únicos (Castiglione, Lazzarito, Brunate, Ravera, Riserva Villero), além de Barberas, Arnéis (branco) e um 'modesto' Nebiollo. Normalmente um vinho mais simples da vinícola é dito 'Nebiolo', a indicar que é feito com a mesma uva dos Barolos. Não surpreenderia se suas uvas forem o descarte das uvas usadas para produzir seus 'barolões' - tudo que é uva vira vinho, assim como tudo que é sólido desmancha no ar... Aí você escolhe entre pagar '80,00' por um barolão ou menos de 30,00 por um vinho que sim, é inferior, mas está entre uma das melhores relações custo-benefício do produtor. E 2007 parece que foi uma boa safra...
 
Vietti Perbacco 2007 abriu fechado (sic), e com evolução apresentou fruta um pouco discreta, atropelada (depois que abriu) por couro e algo tostado, como bem disse o Ghidelli. Boa boca, alguma especiaria, flertando com chocolate/café/couro (qual deles? - rs), taninos bem presentes, acidez marcada, bom final, boa permanência. Curiosamente seu preço por aqui está bom - precisa procurar, mas encontra, e por 25 dóla é felicidade engarrafada na certa. Casou bem com a tradicional pizza de pepperoni - a picância desse potencializou bem o tanino e a acidez do vinho, fazendo bom par. Até que durou bem: foi degustado ao longo de quase três horas - abrimos apenas uma garrafa, e foi a conta: com 14% de álcool, deixou-nos alegres o suficientes para um domingo à noite. Vinhos italianos muitas vezes trazem esses nomes estranhos: Perbacco, Perbruno, Percristina... Baco sabemos quem foi. Mas e o Bruno? E a Cristina? Quem são, ou foram? Pela Madona...

Resenha de filme

Dei muita sorte, ao assistir dois filmes de boa qualidade praticamente em sequência. Após The Blackout, veio Suspect X (2008). Exemplar do cinema japonês, e não é da minha vertente preferida, a ficção científica, Suspect X é um policial com trama digna de Hitchcock (para quem sabe quem ele foi...). Embora seja uma estória independente, está no contexto do seriado Galileo. Essa estória está bem explicada aqui. O cartaz entrega um pouco a trama: Detetive Galileo versus o Gênio Matemático (sic). Um recatado professor de matemática, com uma quedinha pela linda vizinha Kô Shibasaki, resolve ajudá-la quando ela, em legítima defesa, mata seu ex-marido que um dia aparece para extorqui-la. No direito ocidental legítima defesa é um motivo que conduziria à absolvição. Não sei como é no Japão, porque a preocupação de Kô é com sua praticamente certa condenação. A trama segue, e algo começa a dar errado quando o detetive encarregado de um assassinato conecta o corpo desfigurado, sem impressões digitais, justamente com o marido de Kô, e chega a ela, levando-a a depor assistida por um detector de mentiras. Como ela vai passar pelo interrogatório, e qual o desfecho do filme, é o que convido o leitor a descobrir por si, assistindo a esse bom drama e ótimo policial.