Sunday, July 31, 2022

A sorte está no ar

Introito

   Estava pensando em deslocar os comentários cidadãos (sic) para o final das postagens e assim priorizar o vinho, mas melhor não. Tenho reiterado: nossa situação, da pátria e das pessoas em geral, há muito deixou a normalidade tranquila para adentrar o caos e a desesperança. Ao cidadão de bem não é mais permitido o silêncio. Aos covardes... bem, os covardes fogem; ou os buscamos ou ficamos para lutar. Principalmente para nós que estudamos à custa de 100% de uma população onde agora talvez 70% dela esteja flertando com a pobreza, é momento de discutir, pensar e debater.

   Alea jacta est. A sorte está no ar, uma vez que os dados foram lançados. Uma facada garantiu a eleição bolsonésia. Um diagnóstico de câncer dizem que fraudado garantiu o segundo mandato da presidenta-elefanta (refiro-me ao QI, não à memória). Sem algum fator extraordinário, as pesquisas praticamente definiram o segundo turno.
   Os tolos e os esquerdopatas precisam de uma desculpa para votar em lulelelé. Bem, os esquerdopatas, não. Os estúpidos e os bolsonéisos precisam de um motivo para votar em bolsonésio em pessoa. Novamente, os bolsonéios, não. No meio dos estúpidos e dos idotas, os cidadãos de bem pensam no que fazer. Ouvi a consideração de muitos - bem abalizada - que em primeiro turno votarão no terceiro, não importa quem. Em 2018 tinha meu candidato bem definido. Contra todas as enganações que a esquerda perpetrou-nos desde 2003 anos, eu, sempre eleitor de esquerda (e até 2002), fui de Amoedo. No segundo turno, e pela primeira vez em várias eleições, fiz voto útil para tirar do poder uma quadrilha que assaltava a todos nós e nos hipnotizava ao som de uma farsesca melodia muito das sem-vergonhas. Desta vez, não tenho voto em primeiro turno; o melhor candidato é um celerado.
O cidadão de bem torna-se bandido quando associa-se a bandidos.
Máxima do Enochato já publicada aqui.
   À medida em que gente de bem apresenta sua alternativa - votar no terceiro, seja quem for - apresento a minha. Vai parecer arrivista e sem sentido, mas leia tudo. Precisa ser uma ação em dois turnos também, e não dois turnos eleitorais. O primeiro é na eleição (ambos os turnos), o segundo, no começo do próximo governo. Portanto, vai exigir, mais do que antes, o exercício da cidadania, algo que não vi até o momento. Vote bolsonésio. Depois, se ele ganhar, vá para oposição e cobre dos canalhas PTlhos, PSDBelhos, PSBelhos engrossados pelas viúvas do Alckmin e esquerdalhas em geral, o impeachment que nos negaram até agora! 
O impeachment nos primeiros dois anos de governo obriga a uma nova eleição.
   Talvez você não goste dessa proposta. Eu também não - no mínimo nos põe na berlinda até 2024, mas é nossa melhor cartada. Aliás, eu não seguirei minha própria ideia, mas apresento-a como reflexão para aqueles cuja participação no pleito passe pelo voto não nulo. Da minha parte, seguirei fiel à proposição inicial. Mas lembre-se: votar em bolsonésio será apenas a primeira parte da missão. E, se pudermos levantar uma faixa para os canalhas esquerdopatas já depois do primeiro turno, melhor. Chame-os (xingue-os) do que são: ladrões e corruptos. A redenção deles não começa pela próxima eleição. Começa pelo próximo impeachment - com os cumprimentos do Eduardo Cunha. A nossa melhor chance é detonar lulalelé agora encapaçar bolsonésio depois. Claro, os PTelhos se acharão redimidos. É quando poderemos botar uma banana neles.
   Tem mais. Depois.

I Giusti & Zanza Dulcamara 2011

Bebi um Dulcamara '11 há quase um ano. Lembra da estória, ter algumas garrafas e bebê-las de tempos em tempos? Pois é... como só tinha duas (tá uma terceira é '13), ficamos um tanto... abreviados... Talvez pudesse tê-la guardado um pouco mais, mas bolas, essas garrafas querendo viver para sempre... se nem as estrelas, supostamente imortais, não o são, o que dizer de meras garrafas na prateleira de um bebedor... Aqui acredito ser uma questão de garrafa: às vezes uma pode miar, não estar boa, mas outras o acaso nos beneficia. E esta parece de fato melhor do que a anterior. Aquela sensação aprazível do vinho em camadas no nariz estava lá. Escrevo na quinta hora desde a abertura. Tem muita fruta diferente, vermelha e negra; tem especiaria, mas não é só à la pimenta; tem um toque doce, tem algo de terroso no meio disso tudo, e não é sutil não... Boca: a picada da Cabernet está lá, logo na ponta da língua, e tem madeira, toques de chocolate-café-couro que sempre confundo mas estão bem presentes, mas de um. Como disse, camadas... posso não saber distinguir tão bem, mas é claramente perceptível pela complexidade do conjunto; passemos o vinho pela boca quase a mastigá-lo e ela (a complexidade) se apresenta. Álcool um pouco pegado, taninos ainda não se afinaram tanto, percebo agora. Pode ser degustado com muito prazer em 5 anos, seguramente; é claro que dura mais. A acidez está bem presente, mais para média, ajudando a promover uma permanência marcante e final um pouco além de médio, o que, convenhamos, perfaz um conjunto maravilhoso. Ao som de Dulce Pontes e Banda da Armada com O Amor a Portugal neste final, a noite ficou estupendamente bela. Guardarei um tanto para o segundo tempo. Amanhã será (mais) um dia feliz.

Tuesday, July 26, 2022

Estamos bem. O inferno fica logo ali.

Vacância de segundona

Infelizmente não pude voltar ao posto de bebedor nem ao Arínzano ontem, segunda-feira; o dia foi pesado, e mesmo nesta terça-feira estiquei até perto das 19:30. Cá estamos, e o buquê sobreviveu pouco: fruta de leve e alguma sugestão esmaecida de couro ou chocolate. Tanto como na nariz, na boca o dulçor quase sumiu; os taninos permanecem, a acidez mais equilibrada de antes deu lugar a um leve amargor. Sentimos que ainda pica na boca (🤣), e a presença da Cabernet Sauvignon talvez seja a qualidade que melhor persistiu. Parece que ficou mais ligeiro no final, também. Acho que estaria relativamente bom ontem, mas para hoje nota-se que decaiu. Dá para beber descompromissadamente , dá pra pra embebedar (rs), mas não para degustar, no sentido baconiano da coisa. Não costumo beber de dia de semana, mas a vida é assim, feita de pequenos deslizes e excessos.

Falando em deslizes e excessos...

   Desta vez o blog recebeu a furiosa visita de um energúmeno PTlho. Na verdade aposto que seja o  bolsonésico detrator de sempre, agora fazendo-se de bandido zangadinho. Não há problema, nosso esporte é rebater. Vejamos a lenga-lenga: o sujeito dotado de grau máximo de estupidez e nó-ceguice (sic). com com a primeira declaração:
O presidente Lulla vai voltar, e os burgueses ostentadores bebedores de vinhos caros vão dançar.
   Foi contestado, e considerei que se considerava-me um bebedor de vinhos caros, era mesmo um estúpido. Saiu-se com esta:
Ele foi absorvido pelo supremo. Quer mais o quê? Ele vai voltar. E os vinhos que você compra são caros sim. 100 para cima é caro para mim e os seus são mais caros. As mãos da burguesia tem sangue da classe proletrariada. (sic)
   Isso porque bebo vinhos que, declaradamente (basta ler postagens antigas!), paguei até R$ 250,00 lá fora, outros tempos, outros dóla (sic), como já escrevi sobre uma época em que comprava vinhos de USD 100,00 com cotação da moeda gringa a R$ 2,20-R$ 2,50. E acha-me um burguês enquanto lulalelé bebeu um vinho que hoje deve custar... R$ 50.000,00! Mas lulalelé pode... E não fico por aqui!
   Pabllo Vittar levanta bandeira de Lula e grita "Fora, Bolsonaro" em show no Lollapalooza. Esse cidadão tem fortuna estimada em 8 milhões de dólas! (sic), o que dá R$ 40.000.000,00. Não há o que reclamar: o dinheiro foi conquistado graças à colaboração de incontáveis utentes despidos de qualquer capacidade de avaliação artística, mas foi ganho honestamente. E são 8 milhas.
   Após declarar voto em Lula, Anitta diz que não autoriza uso de sua imagem pelo PT. Apesar de não autorizar o uso de imagem, seu voto está declarado, e é no maior ladrão da estória deste país, que transformou seu antes inimigo e depois apoiador Paulo Maluf em trombadinha de esquina. E a fortuna da moça está estimada em R$ 550 milhões.
   Então - só para citar dois exemplos - o pessoal que apoia lulalelé e literalmente nada em milhões feito Tio Patinhas é bacana. Eles não têm nas mãos o sangue do proletariado. Eu, que às vezes bebo um vinho que as importadoras tubaronas vendem caro, é que tenho! Parabéns, OTÁRIO! Bela percepção de classes, a sua. E pulemos as menções a apoiadores mais clássicos, como Chico e Caetano, tá?

   Agora, quando digo que lulalelé é o maior ladrão da República, não é minha simples opinião. Tem muita gente falando isso. Basta conferir... mas ei!... quem é esse? 😲 é o Gê(!), vice-presidente de lulalelé! Vejamos sua opinião sobre o atual titular...


vexatório, né?

Bolsonésio não fica atrás

Bolsonésio é outro mau-caráter em quem muita gente boa votou (em segundo turno!) para retirar uma quadrilha de tranqueiras do comando do país. Tentou passar-se por pessoa simples, do povo, sujando-se de farofa e apenas conseguiu outra alcunha, a de porco. O pior, é que desnuda sua concepção de gente mais humilde: todos porcos. Só que não! Porco é ele, e vara é sua turma. Sucessivos ataques às urnas eletrônicas colocaram-no (até aí tudo apenas mal) e a nós também (é onde o caldo entorna de vez!) na posição de estúpidos completos. Sua última tolice deu-se por ocasião da convenção partidária, no último final de semana, no Maracanãzinho. Numa cidade como o Rio de Janeiro, população de 6.750.000 habitantes, não encontrou 12.000 entusiastas (capacidade do estádio) para acompanhá-lo no lançamento de sua candidatura. Veja a foto, leitor. Quantos OTÁRIOS você acha que se acotovelavam lá, para aplaudir o 'minto'? Esse é o sujeito que tudo indica enfrentará em segundo turno eleitoral o maior ladrão da história deste país. Estamos bem. O inferno fica logo ali.

Sunday, July 24, 2022

Hacienda de Arínzano tinto 2017

Introito

A crença é livre.
Recusar o fato é idiotia completa.
Ditado d'Oenochato

Nesta semana testemunhamos os momentos mais negros da República incluindo aí (sic) aqueles produzidos pela ditadura: bolsonésio e lulalelé foram oficialmente alçados a candidatos à presidência. O primeiro, pelo partido daquele que no passado apoiou o segundo. Existe algo mais fétido do que essa gente? Importadoras tubaronas!, bradará meu público em coro, ao melhor estilo de Madagascar. Discordo. Asseclas de importadoras tubaronas!, voltarão a gritar. Aí sim! 🤣, porque para superar essa gente o caboclo precisa estar abaixo de toda a escala ética e moral. Os estúpidos acreditam que lulalelé foi inocentado; não foi. O juiz da ação é que foi considerado parcial, depois de todas as instâncias acima dele terem dito, dezenas de vezes, que não era. 

Já os imbecis acreditam que bolsonésio não fez rachadinha (foram os filhos), que a Covid era só uma gripezinha (foram os médicos quem disseram), e assim ad nauseam encontramos explicações para tudo, menos para aquilo que ele mesmo fez e não pode ser negado (é onde entra a recusa do fato!): sancionou o juiz de garantias e limitações à delação premiada (foi sansão presidencial); nomeiou Augusto Aras, PTlho conhecido e reconhecido, para a AGU; indicou André Mendonça para o STF, pessoa sabidamente ligada a Toffoli, que por sua vez tem profundas conexões com uma organização criminosa cuja principal cor é o vermelho, cujo símbolo é uma estrela e cuja última letra do nome é T. Além de centenas de outras atrocidades, recentemente mentiu descaradamente para 50 representantes de outros Estados, após todos nós passarmos vergonha por causa (não apenas!) do brienfing como cereja de um bolo onde nada se festejou. E, se existe algo que todos sabem, é: quem mente para nós, não nos respeita. Algum bolsonésio pode se dizer inocente - não aceito nem acredito. Mas inocente é o que seguramente não existia naquela reunião com embaixadores. Crédito da foto aqui.

Hacienda de Arínzano tinto 2017

Já bebi desse vinho muitas vezes, mas jamais o postei! 😱 Ou pelo menos não encontrei as postagens... 🙄 O branco, homônimo, comentei diversas vezes, com breve nota do produtor aqui. As safras do tinto variaram bastante, e uma delas achei muito calcada na baunilha, com excessivo dulçor de nariz e boca. Tanto que na última 'promo' peguei apenas um exemplar do tinto e um tanto a mais do branco, que nunca desapontou. Este 2017 mostrou-se equilibrado, sem ser enjoativo. Corte Tempranillo, Merlot e Cabernet Sauvignon, a baunilha está lá, mas contida: não se derrama por cima da fruta (vermelha?), dá espaço a alguns toques à couro ou chocolate em um conjunto mais agradável. A boca pica um pouco, menos na língua, mais no palato - será especiaria da madeira, então? Também não tem o doce enjoativo característico da safra anterior; seus 14,5% de álcool pegam bem de leve, a madeira é discreta, os taninos estão arredondados e presentes. Tem acidez média, e o final é um pouco rápido. É equilibrado como um todo, faz boa figura. Na opinião do leitor Dionisio, há muito produtor na classificação Vino de Pago - elite dos vinhateiros espanhóis - que não merece a posição, e se não estou enganado Arínzano seria um deles. Conheço alguns bons Vinos de Pago, e creio que esteja de fato o mais fraco. Portanto não tenho conhecimento para refutar o julgamento, que aliás é bem vindo.

   No quesito preço, vemos que é vendido na página da vinícola a 18 euros. Em diversas lojas da Espanha varia entre USD 13,00 e USD 17,00 (aqui são dolas! - sic! - conforme costumo usar no Wine Searcher). Já nos EUA, outras safras são vendidas entre USD 16,00 e USD 24,00. Portanto o valor no sítio do produtor está alto. Em outras palavras: tem margem pra todo mundo! Pergunto-me se ele leva um Chocapalha, ou um Quinta do Noval, vinhos de uns USD 12,00. Talvez, e só talvez. Seus 50% a mais estão portanto sobre precificados. Aqui, estava uns R$ 130,00 na 'promo', e uns R$ 220,00 no preço normal. Está esgotado, agora. Não sei se volto a comprar, mesmo a preços 'convidativos'... O branco, sim. Na 'promo', claro.





Saturday, July 23, 2022

Eu sou você, amanhã

Introito

O pateta-presidente Alberto Fernández explica o descontrole cambial de seu país: o problema é que a Argentina cresceu demais, exportou demais e agora faltam dólares para comprar insumos e continuar o crescimento. É isso mesmo 😨, não há erro na frase, veja aqui. Esse energúmeno acredita que a ciência argentina será a mola propulsora para sair da crise. Veja aqui, entre 2:00 e 2:10 (mas é importante ouvir tudo). Um país que no final dos anos '80, importava vassouras não do brasio, não da China, mas dos EUA! quer agora usar sua tecnologia para tirar o pé da lama, ao contrário do que a desindustrialização patente há 30 anos nos diz sobre a real capacidade produtiva Argentina. Tá. Ministro de C&T bolsonésio desde o primeiro dia do (des)governo até março passado, o primeiro astronauta da nação foi outro que escolheu a vilania ao posto de herói nacional. Sua administração assistiu inerte as verbas sofrerem cortes e mais cortes, e agora ele é virtual candidato ao senado pelo estado de São Paulo. Só falta propalar a luta por mais verbas para C&T como meta de seu mandato. Quanto ao brasio como um todo, com inflação a 10% começamos a reviver o famoso “efeito Orloff”, eu sou você, amanhã. Idiotas com todo tipo de desculpa, já os temos à direita e à esquerda.

Château Teyssier 2011

Já bebi alguns exemplares desse vinho, vai-se a última garrafa. Ontem, por conta de entregar minha parte em compra que rachamos, o Ghidelli passou aqui com uma pizza debaixo do braço. Servi-lhe o Château Teyssier 2011 sem lembrar que lá atrás havíamos comprado juntos, também. Para meu convidado o buquê mostrou fruta, alcaçuz e âmbar, como aquela resina de árvores. Para mim, fruta e couro (ou chocolate). Ele ainda lembrou alguma decepção com a boca, algo rala para seu gosto. Não conheço tanto das grandes expressões de Saint-Emilion a menos de alguma experiência separada aqui e ali, mas sei que é um estilo menos pegado. Acho que o Ghidelli prefere os Graves - sua comparação com o Château Magence foi quase imediata, e ele sempre cita este último como um Bordeaux de seu agrado. A boca apresentou um pouco de especiaria, característica da Cabernet Franc, fruta, dulçor discreto, acidez e final médios. Para um vinho de safra mediana, sobreviveu bem. Continua disponível nessa mesma safra na Lovino, agora a R$ 270,00. Existem comprar melhores, nesse preço. Está no ponto para ser consumido; não desafiaria muitos anos mais. Na foto, tentei cortar a cabeça a cabeça do pobre Ghidelli, mas fui apenas parcialmente bem sucedido. Teremos outras oportunidades...

Monday, July 18, 2022

Imbelicidade infinita no segundo dia do Domínio de Atauta

Introito

Crédito da foto, aqui. Presidentes ruins acabam com a economia de um país. Collor, Dilma, bolsonésio. Mas apenas um verdadeiro imbecil consegue, acima disso, comprometer nossa paz de espírito quando degustamos meia garrafa de vinho restante do dia anterior. Na última vez de bolsonésio nos EUA, chovia. Mais jeca impossível, à porta do hotel subiu a barra da calça para entrar na limo que o levaria à Casa Branca. Ao descer, já na sede do governo do Tio Sam, o marine a recebê-lo arranhou no português: - O senhôr não vai baixár a calça? Ao que bolsonésio respondeu, impávido: - Vou tentar conversar com o Biden antes... E lá, fez pior: depois, subindo a calça - literalmente! - ainda pediu para o Joe dar uma forcinha nas nossas eleições. Poucas coisas nos envergonharam mais; alguém poderia me ajudar? O 7 x 1? Alguém vai gritar: - Mas não foi 12 x 0! Nesta segunda-feira, bolsonésio supera-se: chama embaixadores de dezenas de países para mentir-lhes na cara, dizendo-lhes que as urnas eletrônicas não são confiáveis. As mesmas urnas que garantiram-lhe 8 eleições, or so. As regras da diplomacia precisam ser entendidas: embaixadas não costumam recusar convites. Mas, claro, reportam-se ao poder central. E não duvide, todas elas receberam a mesma orientação: entrar mudo, sair calado. Lulalelé pode ter-se emporcalhado até o pescoço, mas lá fora pelo menos ele era o cara. E bolsonésio, o que é? Ele envergonha-nos sucessivas vezes, deixou até mesmo a Dilma para trás. Como é mesmo a estória daquela música do Falcão sobre a Hebe e o Francisco Cuoco?

O segundo dia do Domínio de Atauta

No segundo dia  a fruta continuava lá, mas cedeu espaço às notas terrosas, agora bem expressas. Não havia notado antes. O couro também continua presente, o álcool desceu um tanto e a acidez continua ótima. A impressão de que a permanência em boca cresceu chama a atenção, e um final marcado (chocolate? café?), com um pouco de Skank e sua Canção Noturna põe-nos a tentar descobrir qual deles seria. Tem algum precipitado, que ficará ótimo com uma miolo de pão. Bons vinhos - e olhe que nem tão caros assim em seus países de origem, pelo número de moedas - trazem-nos essas surpresas, de ainda estarem bons - e mesmo com características novas - no dia seguinte. Não sei se Domínio de Atauta continua sem representante oficial no país, mas está aí uma ótima oportunidade para importadores honestos e que não tenham o consumidor como um estúpido tão grande quanto bolsonésio é um mentiroso.

Três dedos e um fundilho

Introito

Lulalelé com as suas: diz que o orçamento secreto é “a maior bandidagem que já fizeram em 200 anos de República” (fonte da foto e crédito da informação no vínculo!). Mas que memória curta, heim? Não saber o que os outros fizeram pode ser dito ignorância, mas sisquecer do próprio passado sem estar caduco tem outro nome: cinismo. Certo, o Orçamento é uma bandidagem tal que de fato eclipsa o Mensalão, o Petrolão e os 500 milhões devolvidos por diversos diretores da Petrobrás que, mesmo ganhando altos salários teriam de trabalhar 100 anos para amealhar tal montante. Mas não precisa forçar... Enquanto três dedos em riste preparam-se para cravar fundo um acesso forçado pelo fundilho já carcomido do leitor desavisado, o foguete sem rabo - ou sem ré, não sei direito - vai se ajeitando esperançoso no que acredita será uma votação expressiva. Eu mesmo votei nele, mais como protesto. E Merlin avisou: never! never again! Motivo? Ora, o cidadão de bem torna-se bandido quando associa-se a bandidos. Pobre da borboleta que considera-se foguete.

Desforra do sábado

Tivesse bebido o último vinho no dia de hoje, estaria bom. Algo leve para fechar o domingo, encarar a segundona de cara lavada e olhar esperto, e pronto. Mas acordar no domingo lembrando de experiência tão fraca teve efeitos secundários. Tipo descer para a adega logo de manhãzinha disposto a escolher algo para reparar o equívoco. E já estava de olho nele. Domínio de Atauta 2006 é um Ribera del Duero produzido com 100% da cepa Tinto Fino (nome local da Tempranillo) em alta altitude. Alta para o padrão europeu, claro; são cerca de 970 metros, bem pouco quando comparados aos 2 mil metros de vários vinhedos sul-americanos. Bem... vemos que altitude sozinha não faz milagres... aberto um pouco antes de começar a cozinhar, o primeiro buquê já mostrou fruta generosa, principalmente vermelha, toques de carne e couro e possivelmente chocolate (café?). Envelheceu bem e ficou deliciosamente complexo; se não do tipo que nos faça transcender os tempos difíceis pelos quais passamos, pelo menos o suficiente para projetar-nos acima da nuvens escuras que nos assolam. A fruta também aparece na boca, junto de bons taninos já amaciados, álcool pegando de leve (14%), acidez elegante e madeira presente. Boa permanência, final agradável de média duração. Acompanhou bem o filé ao molho gorgo ao som, dentre outros, de The House of the Rising Sun, dos Animals (sic) e Dust In The Wind do Kansas, que ouvi justamente em uma execução de 2006. É um vinho de USD 30,00 lá fora. Felicidade engarrafada. Esteve à venda por aqui nas mãos das tubaronas de sempre, ao mórbido preço de USD 117,50. E não adianta falar que viu no Enochato e tentar levar por USD 117,00; lá não gostam de mim. Na verdade, também acabou... de repente volta nas mãos de alguma importadora honesta.


Fonte aqui.


Sunday, July 17, 2022

O vinho das multidões

Introito

Tudo no brasio tem um quê de colossal: o ʻesporte das multidõesʼ, e no meio deste, o ʻclássico das multidõesʼ. Nossas emissoras de rádio e televisão são as mais importantes e criativas do planeta. Nossos políticos são os mais honestos do mundo, nosso Merlot é o melhor do que existe - Pétrus que se cuide! - e nosso espumante só perde para alguns Champagnes, e olhe lá. Ah, claro: nossos importadores são os mais desinteressados do universo - a própria Via Láctea ficou pequena - e sacrificam-se para que os melhores vinhos cheguem a você a preços extremamente honestos e com modestas margens. Aí chega a detratoria (sic! rs!) toda ofendidinha e joga água no meu Romanée Conti, depois sou grosseiro e mal educado. Vejam aí, importadores em momento de puro desapego: à esquerda, um desconto de 35%, plus (sic) desconto suplementar de 15% para o tonto ʻconfradeʼ. Preço final: R$ 585,60. À direita, preço regular de R$ 563,00. Se for ʻconfradeʼ, ainda sai R$ 478,55. E se disser que viu no Enochato, sai R$ 478,00!


   Claro, a detratoria dirá que são safras diferentes, e toda aquela conversa mole. Tá.
Vemos que as safras, além de excelentes, são do mesmo nível. E alto. Com a vantagem de que a safra '16 talvez - apenas talvez - esteja pronta; a '18, seguramente não. Se você é jovem, aproveite e compre a '18; de repente pode bebê-la quando souber algo de vinho 😂. Assim são nossos candidatos a presidente nesta eleição: por excelência, a definição de fraude; o exemplo acabado da enganação; o mais puro escarro da hipocrisia.

200 anos de Independência

Alguém aí viu o anúncio de qualquer celebração dos 200 anos de nossa Independência, vinda de produtores de vinho nacionais? Não vi; se alguém souber, agradeço a indicação. E do (des)governo federal? Lembra das comemorações dos 500 anos do Descobrimento? Parei de acompanhar quando a estória da construção da caravela começou a fazer água (sic!). 

Por outro lado, nosso eterno parceiro de todas as horas, Portugal, brindou-nos com pelo menos esta simpática homenagem: da Cooperativa Penalva do Castelo, no Dão, chega-nos o Penalva Edição Comemorativa 200 Anos da Independência do Brasil, embora a safra, claro, seja anterior... é 2018. O preço antecipa que deve ser um vinho simples, e é: nariz com dulçor típico, alguma fruta vermelha, fácil, e um toque terroso discreto. Corte Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro, tem breve passagem por carvalho francês (6 meses), que francamente não notei. Seus 13,% de álcool são equilibrados, a boca mantém o dulçor do nariz misturado a frutas. É rápido, curto, com acidez baixa a média e taninos leves. Tudo o que não gosto, mas o suficiente para tornar-se um verdadeiro ʻvinho das multidõesʼ, por ser fácil de beber. Falando de outra maneira: acho que daria trabalho, taça a taça, para vinhos brasileiros de R$ 150,00. Lá, deve custar umas 4 moedas, se tanto. Feito para agradar o gosto do brasileiro, como aliás outros produtos do mercado - de origem portuguesa ou mesmo chilenos/argentinos. Não há problema - o que você queria por 60tinha? - o importante é não deixar a data em branco. Certo, bolsonésio?

Sunday, July 10, 2022

A novas marvadezas do Renê

Introito

O Governo Federal prepara-se para tacar a mão em mais 3 bilhas do orçamento da pesquisa. A fonte é a Academia Brasileira de Ciências. Um presidente cujo nome do meio não fosse Estúpido desceria a mão na cara do pai dessa ideia cretina. 😔 Não, parece que o pai é ele mesmo... Reformando: um Ministro da economia cujo nome do meio não fosse Idiota desceria a mão na cara do pai de tal ideia imbecil. 😣 Não, parece que nosso Ministro é a mãe da ideia. Nunca desejei que uma criança caísse de cara no chão logo ao nascer. Agora desejo.

As novas marvadezas do Renê

As marvadezas do Renê vêm de longe, e sempre crescem. Alguma proposta dele pode até não ter saído como esperado - afinal, a troco de quê arriscamos? - mas seus alertas causam apreensão. Explico: gosto de comprar uma briga; dou uma boiada por qualquer uma (😱) apenas pelo prazer da argumentação. Daí o desafio soou à provocação e desci para a adega onde parei a pensar. Esta,  e subi avisar o Ghidelli. Na quarta-feira a reunião aconteceu no Barone. Em 'u' pela esquerda, Ghidelli, Renê, Akira e este Enocato. Tentei aplicar um filtro embelezador em mim mesmo, e além de não produzir efeito algum, deixou-me mais gordo... filtros, nunca mais...

Início descompromissado: prenúncio de um final igualmente descompromissado...

O vinho do Renê estava preparado para serviço às cegas, ainda arrolhado. Não tive o mesmo cuidado com o meu; a ideia era chegar arrepiando 😂. Ninguém reparou nele... 🙄 e sedentos que estávamos, começamos por ele mesmo. O Akira pronunciou-se logo, com as orelhas em riste: - Mesmo aberto agora, tem nariz muito bom. Esse vinho está em seu melhor momento... Eu sabia, pois experimentara dele havia um ano, e estava ótimo. Pela cara do Akira, tive certeza de que enfrentaria tranquilamente o que o Renê jogasse para cima de mim - ele tem queda por Sul-americanos. Em frente, marche! Boa fruta, algo herbáceo, chocolate/fumo - acho que o Akira ainda falou 'violetas' - nunca consegui pegar isso! Boca com boa acidez, taninos bem amaciados, álcool sem aparecer, madeira discreta. Ferraton Crozes-Ermitage Le Grand Courtil 2009 mostrou as armas e ainda brindou-nos com boa persistência e final agradável. Não é longo, mas é marcado. Paguei menos de R$ 300,00 na Enoeventos, mas infelizmente mudou de casa, e seu preço anda um pouco alto. Se lembro-me bem, seria um vinho de USD 50,00 lá fora. Antes do clímax fomos para o branquinho nojento do Ghidelli, então aberto e resfriado: muito cítrico - lichia (disseram, e também não consigo identificar algo assim!), pêssego ou pera, sempre confundo, e limão. Boca muito agradável com mineralidade presente e ótima acidez, além da madeira entrosada ao conjunto da obra. Falcoaria Vinhas Velhas 2016, com seu bom final e persistência, já foi postado aqui diversas vezes e é um bom vinho para amantes desse estilo 'branco amadeirado'. Infelizmente só está disponível no Verdemar de Minas - desde que acabei com os estoques de S. Carlos e de Araraquara. Pelos R$ 99,00 pagos, é um preção. 

Então chegou terceiro. Cafunguei. Cafunguei e cafunguei... O buquê pareceu bom, mas não marcante. Senti que talvez ele quisesse sair, mas não saía... baunilha sem duvida, e fruta, para mim algo discreto. O Akira achou baunilha em excesso, muito pronunciada. Pronunciado não é marcante, note bem! Abordagens diferentes da mesma propriedade. Passa longe daquilo que menciono como 'tridimensional'. Boca com um arremedo da elegância dos bons bordaleses e similares (refiro-me aos cortes onde impera a Cabernet Sauvignon). Boca também frutada, com travo doce, taninos muito leves e quase sem acidez. Não deixou saudades nem lembrança no final; passou feito um escorregador pela garganta. Ainda assim, tem a virtude de fugir dos travos dulcíssimos, desbalanceados e enjoativos do que costumamos ver por aí - e que levou-me a parar de comprar vinhos Sul-americanos. Na consideração do Akira - que não bebeu - a receita baunilha, travo doce e baixo tanino/acidez remete ao paladar infantil, fácil de beber e de gostar. O Akira ainda comentou que o buquê podia ser de vinho chipado - não envelhecido em barrica. Os chips, lascas de madeira mergulhadas nos tonéis de inox, conferem leve caráter de madeira ao vinho, e não devemos encarar isso necessariamente como um defeito ou economia! Pode sim ser uma proposta. As cepas - quaisquer umas! - expressam na América do Sul características diferentes daquelas da Europa materna. Novas abordagens devem ser respeitadas. Mas ao fim achei o vinho um pouco decepcionante pela aura - e preço! e notas(!) que ganhou. O Ghidelli acompanhou meu voto (sic! rs!), ponderando que ele ofereceu muito pouco pelo valor. Comentei que não notava a picância da Cabernet Franc como a percebo nos Loire - não conheço bem sua proeminência nos Bordeaux -, e por uma exclusão bem simplista - o máximo que posso propor em uma discussão - optei por Malbec. Claro, era um Cabernet Franc... 🤨 Gran Enemigo Gualtallary  2017 é um single vineyard - feito de um único vinhedo - onde cultiva-se ambas as variedades de seu corte 85% Cabernet Franc e 15% Malbec. Recebeu notas do tipo 98+ em várias safras, com as quais não consigo concordar nem um pouco. Também recebeu boas 'pauladas' (90/91) com as quais tendo a concordar. É um vinho de cerca de R$ 300,00/USD 60,00 na Argentina e USD 90,00 nos EUA (vide abaixo), o que sempre evoca a pergunta, saiu (da Argentina) por quanto?! Aqui custa a bagatela de R$ 800tão, o que também levanta a questão: Mercosul onde? Só se for no meio da taça da mãe de alguém que, lucrando muito, acha graça de tudo. Certo, está por R$ 360,00 em loja concorrente, mas não posso deixar de expressar uma surpresa infinita quando o 'importador oficial' da marca apresenta-nos um produto com tamanha disparidade de preço.

Os pés pelas mãos, Vigil?!

Alexandre Vigil ganhou a alcunha de enfant terrible quando apresentou ao mundo sua linha El Enemigo. Mal tinha 30 anos, e recém passara a comandar a produção dos vinhos topo de linha da Catena Zapata. Dois mestrados nas costas, competente, é inegável que saiba o rumo pretendido para suas crias: Creio que o desafio nas próximas décadas será comunicar como a Malbec (e a Cabernet Franc, claro!) se identifica com cada zona... Estamos falando de um trabalho de muitos nos, mas que deve ser feito. A fonte é a revista diVino, ed. 18, ano 3, julho de 2011. É claro que ele sabe o que está fazendo, e qual a meta pretendida. O problema é o resultado insatisfatório apresentado no momento para tal ambição. E não é o único ponto. Como apontou a confrade Liane certa feita, por que eu é que tenho que pagar desde já para a consolidação desse projeto? Porque USD 60,0 é preço de vinhão, não duvidem! Claro, quem faz o preço (sic) do produto não é o Vigil. Voltando: chegar a 40% de qualquer resultado é estupidamente fácil; chegar a 60% é ridiculamente fácil; chegar a 80% é bastante fácil, e chegar a 90% é apenas fácil... o problema é chegar os 99%, aí vou querer ver se tem macho! (rs!) Talvez nem seja ele quem o faça - como latino-americano que sou, até torço para que sim! - e é inegável que o pontapé pode estar dado. Mas não estas primeiras safras de El Enemigo... E, Vigil, aceitar essa ovação toda tem um toque de quem está deixando-se levar por algo que nada ou pouco tem a ver com mérito. Isso preocupa.









Sunday, July 3, 2022

O senso do maravilhoso e os segundos vinhos

Introito

   Tenho escrito repetidas vezes que hoje em dia o cidadão de bem com intenção de comunicar algo regularmente não pode abster-se em desmascarar a desinformação e muito menos tem o direito de supor que o país anda às maravilhas. Não podemos nos calar. Claro, é uma opinião. Os covardes, os tolos e até gente boa pode ter visão diferente. Resta saber a proporção de um, de outro e de outro; suponho que gente boa discorde na proporção inversa dos primeiros. 
   Percebeu como as últimas semanas foram uma evolução desmedida de podriqueiras e idiotices? Ao abordar aqui um assunto recente, ele já envelhecera há muito. Bastava parar para refletir um ou dois dias e pronto, algo novo tornava envelhecido o foco de meu pensamento. Ao fim e ao cabo, preciso de um período sabático para recuperar o fôlego. Quiçá a esperança.

O senso do maravilhoso


O senso do maravilhoso é algo como uma epifania notadamente causada pela surpresa da descoberta no campo da ciência, filosofia ou ficção científica. Defenderei que também na prova de um bom vinho bem servido, mas não agora. Na ficção científica dos primeiros tempos - anos 30, depois do termo ser efetivamente cunhado na década anterior - a sensação de admiração quando a pequenez humana era confrontada com a vastidão do espaço ou do tempo conduzia o leitor a uma admiração e êxtase desencadeada pela súbita expansão de sua própria percepção do mundo/universo ao seu redor. Lembra dos anos 60, libertadoras experiências com LSD, novas portas do eu, amplificação da sensibilidade, enfim, toda aquela conversa mole? O leitor de Ficção Científica já se acostumara havia 30 anos... Quem conhece as boas obras do gênero sabe: um orgasmo mental comparável ao experimentado pelas grandes mentes ao deparar-se com pungentes descobertas. Os Cientistas (com 'C') que experimentaram, sabem. Degustar um bom vinho bem servido é uma viagem interior: o bebedor descobre a si mesmo, à medida em que percebe quanta fruição pode existir em uma simples taça: desvendar as camadas de frutas e outras percepções olfativas; comparar com as sensações da boca; apreciar os taninos, contrapô-los ao álcool e à acidez; notar a persistência e o retrogosto. Isso não vem fácil. É-me muito complicado, mas advirto o leitor que nos grandes vinhos torna-se mais factível para quem está treinado - para quem está treinado! O degustador deve estar acostumado às características do vinho, pronto a perceber suas principais qualidades, dadas pela tão falada mas pouco compreendida estrutura do vinho: um delicado equilíbrio entre álcool, açúcar, taninos e... minha sempre referida acidez. Sinta-se livre e goste do que for: Carménères, Primitivos, Lambruscos (os que renderam a péssima reputação do estilo) ou mesmo Borgonhas (poucos gostam, felizmente). Seu gosto é inquestionável. Sua boca torta é que é lamentável... 🤣

Segundos vinhos

   Muitos produtores possuem o segundo - e terceiro - vinho produzidos a partir de seu único terreiro (rs! Terroir também...). Ele até planta várias cepas no mesmo espaço para promover um corte, vinificando tudo junto ou separadamente. A depender da safra, se boa, ele lança seu vinho principal. Se as condições não são favoráveis à produção de um vinho digno do primeiro rótulo, ele apresenta-o como segundo, ou mesmo terceiro selo. Outros produtores fazem uso dos rótulos intermediários a partir da seleção mais ou menos apurada dos cachos, também conforme a safra: para uma boa safra, ele usará mais cachos no primeiro vinho; em colheitas inferiores, usará menos, e destinará mais cachos para os demais vinhos. Ao final a quantidade de garrafas produzidas pode ser mais ou menos a mesma, mas a composição entre primeiro, segundo ou terceiro rótulos pode variar bastante de ano para ano. Sinta-se livre para imaginar as combinações possíveis entre rótulos e safras. Não sei dar algum exemplo real disso tudo, embora já tenha ouvido de importadores estórias da cerimônia de avaliação de um Grand Vin no Château, e do choro contido de alguns (rs) quando o proprietário declarou que lançaria apenas o terceiro rótulo da casa. Isso pode significar para os importadores alguns milhões em receita a menos no fluxo de caixa. Para conhecer alguns segundos (e terceiros) rótulos famosos, o leitor iniciante poderá... expandir sua mente (risos) aqui.

O vinho do Prelado

Guardei este vinho por tempo demais - pela minha perspectiva, claro. Embalado pelas sábias palavras do Armando durante o almoço de hoje, 'seus melhores, beba sozinho', resolvi apunhalar pelas costas vários possíveis confrades. Aberto às 20:00, escrevo a partir das 23:00. Le Prélat de Pape Clément 2007 é um Graves, região que, venho percebendo, gosto muito. Os vinhos dalí são expressões mais musculares da Cabernet Sauvignon, na esteira do que aprendi a gostar nos tempos de boca torta, confundindo madeira com potência nos chilenos. Prélat tem clara especiaria já no buquê, misturada a frutas, couro ou defumado com um toque terroso. Boca com pegada leve mas presente da Cabernet e madeira, corpo médio com acidez bem marcante, embalado a modestos 13% de álcool. Pode chamar sul-americanos com 14,5%, 15% de álcool, e eles não vão sobrepujar Prélat: a acidez comanda esse meio de campo. É muito arredondado, provavelmente pela quantidade generosa de Merlot; não tem grande persistência em boca, mas o retrogosto é gracioso. Um vinho que remete à sensação de felicidade engarrafada e quase acomete-nos ao maravilhoso, mas falta algo, uma pitada de personalidade. Entristece que, sendo um vinho de USD 25,00, custe aqui uns R$ 700,00. Paguei preço razoável em uma queima, quando ainda comprava em 'promos' das importadoras tubaronas. O que não entendi é que Prélat e Le Clémentin du Pape Clément são apresentados ambos como segundos rótulos, em algumas páginas. Não tive muita paciência para procurar mais. Esta safra 2007 parece ser um corte de 46% Cabernet Sauvignon, 49% Merlot, 3% Cabernet Franc e 2% Petit Verdot. Há algum tempo bebi seu irmão maior, notas acima deste. E foi-me impossível, degustando este exemplar mais simples, deixar de relembrar aquela outra experiência - aí sim, um senso do maravilhoso completo e acabado.

Friday, July 1, 2022

Sessão descarrego: Chianti Classico Coli... again...

Introito

O Bolsa-farelo (família) vai manter esta turma no Poder.

Os estúpidos ainda acreditam que este ou aquele presidente tirou milhões da miséria. Nenhum presidente jamais fez isso. Pode ter criado condições - mínimas - para as pessoas terem emprego, mas foram elas próprias quem se tiraram dessa incômoda posição. De outra maneira, fomos eu, o eventual leitor e toda a classe média pagadora de impostos quem financiou programas sociais que proveram um minúsculo sustento aos descamisados. Estúpidos detratores infestam a página do blog dizendo que seu presidente, magnanimamente, tirou milhões da miséria. Mas não corajosos para nomeá-lo. A idiotia mais que perfeita caminha entre nós. O problema é que presidentes podem  acabar com empregos, e, por conseguinte, atirar milhões na miséria. Haja visto os governos da dilma e do bolsonésio. A estúpida da dilma apenas pagou o pato - porque tola que é, nunca pressentiu a jamanta carregada que se aproximava em rota de colisão com seu fusca. O criador dessa situação não foi outro senão o flautista de Hamelin moderno, que continua a encantar idiotas. Veja na foto o que meu professor de literatura Deonísio da Silva costuma chamar de olhar baço da ignorância. radolfe é senador da República - certo, por um estado obscuro - e agora terá que explicar a ligação do partido controlado por seu ídolo com a facção criminosa PCC. Com esse olhar de idiota, você acha que ele consegue? Apenas não entendo a surpresa manifestada por alguns ditos influenciadores. Segundo Alckmin,
a ligação com bandidos vem de longe. Tente convencer-me de algum é pior do que outro, lulalelé, bolsonésio, dilma, Hitler e o Diabo.

Chianti Classico Coli 2016

Minha última postagem sobre Chianti Classico Coli 2016 deixou alguns leitores de cabelo em pé - investiram em quase um container do vinho cada um 🤣. Aquela garrafa de fato não estava boa, conforme comentei com todas as letras: fica a dúvida de quem estaria fora da curva: se a garrafa do final de abril ou se esta. Ainda acho que é esta. Depois de idas e vindas, testei novamente, abrindo uma garrafa ao final da tarde (18:00). Experimentei um teco às 18:30 e depois apaguei até pouco depois das 20:00; escrevo às 23:30. Mencionei em postagens antigas a necessidade de duas horas de aeração para Coli abrir. Esta garrafa já apresentava fruta após meia hora. É um vinho simples e nos seus seis anos vem se mostrando pronto cada vez mais cedo, parece-me. Sinal de estar atingindo sua evolução máxima; em mais algum tempo vai estabilizar e depois começar a descer. Falamos em algo como um a dois anos. Voltando: a fruta está bem presente no nariz - para mim a tal cereja vem na frente de tudo, e não consigo pegar o que mais - mas tem. A acidez está presente, os taninos estão redondos, ao sorver um pouco de ar para a boca achei que o álcool pegou um pouco - bem de leve - e a persistência é média. Faça um teste simples: com sua confraria, pegue uma garrafa de Coli e uma garrafa de qualquer sul-americano na mesma faixa de preço e abra ambas. Teste a acidez e a permanência, depois diga-me. Se você tem condições de beber coisa melhor, parabéns. Para mim, numa sexta-feira arrastada como esta, foi um luxo.