Monday, April 24, 2023

Um Chablis para desopilar

Introito

Na postagem anterior recobramos - alguns finalmente conheceram - a verdadeira face de Ali Lulá. Nenhum outro mandatário havia alguma vez sido julgado em todas as instâncias do judiciário. Depois houve uma suspeição no mínimo muitíssimo estranha sobre a competência do foro, a qual, parece-me, foi arguida pela própria defesa várias vezes e não encontrou consonância junto ao Judiciário... para então ser tomada como verdadeira! Voltemos; precisamos conhecer mais da alma mais honesta deste país. Lembra desta, não é mesmo? Explícita manifestação de sua misoginia convicta:
   Dirão aos brados, é uma imitação da voz do Nosso Guia. Claro, claro. Fiquem com esta, cujos comentários podem ser dispensados; a grosseria explícita fala por si. E não podemos dizer ser esta uma simples imitação de voz:
   Manifestação de ilusionismo das massas mais recente aconteceu durante a campanha eleitoral:


Tudo é sigilo, tudo é sigilo, tudo é sigilo, disse, prometendo acabar com segredos incômodos de seu adversário. Mal assumiu, decretou sigilo sobre os gastos da própria posse (fonte aqui, esperamos que esses sacanas não mudem; mas sendo safados comprovados, esta aí o cabeçalho da matéria. Prova de como alteram deliberadamente o sentido de matérias antigas está aqui). 


Não bastasse, logo depois conferia o mesmo sigilo às imagens da invasão da Praça dos Três Poderes. Como é o ditado, quem não deve não teme, certo? A condição de sigilo, importantíssima para proteger interesses de estado e segurança de seus líderes, literalmente virou brasil, usada como desculpa para acobertar qualquer safadeza desagradável. Agora estamos sabendo de fatos profundamente estarrecedores: o general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, órgão responsável pelo assessoramento em assuntos de segurança do Presidente da República, é flagrado em cenas até então sigilosas interagindo amistosamente com invasores do Palácio do Planalto. Sua missão seria a de proteger - inclusive com sua vida em risco, afinal ele é um militar - o centro do governo; jamais confraternizar com o inimigo. Isso é coisa de traidor da Pátria. Por que não estava uniformizado? Porque era domingo? Mas por qual propósito estava ali? Teria associação direta com os manifestantes? Em alguns momentos, parece mesmo orientá-los... 

Resta saber se Gonçalves Dias aceitará tornar-se o Oliver North de Ali Lulá, defendendo-o cega e caninamente. Na época do escândalo da administração Reagan, ninguém do governo saiu fritando o tenente coronel como PTlhos hoje fazem com o general. A fonte completa do assunto está aqui. bolsonésio quase teve seu Oliver North; condições semelhantes repetem-se, com budum à impeachment. Claro, este não existe sem claras manifestações populares. Mas, ao contrário das ocorrências anteriores, começava-se pelos protestos e encontrava-se o motivo. Desta vez, já temos o motivo. Em suma: PTlhos e bolsonésios nunca se pareceram tanto.

Domaine Maurice Lecestre Chablis AOC 2021

Peguei dois exemplares na 'promo' de abril da Chez France sabendo ser uma boa oferta - não se pode vacilar! Wine Searcher neles! - e logo resolvi experimentar uma garrafa. As melhores combinações para Chablis são frutos do mar e peixes, mas o ditado quem não tem cão caça com gato levou-me a preparar um frango com purê de batatas para não complicar muito o meio de campo. Se combinou? Necas... É um Chablis típico, aromas cítricos - possivelmente seja pera na frente, mas tem mais complexidade - boca bem mineral, toques cítricos, alta acidez, até de incomodar um pouco, e com nítida permanência. As arestas estão um pouco evidentes: a acidez é marcada e falta algum dulçor para contrabalançá-la; depois de engolir, ele tem persistência mas o retrogosto é fraco. Penso se notaria esse último detalhe se estivesse degustando dele numa conversa mais animada. Naqueles momentos de introspecção, se alcançamos esse grau de compenetração em um encontro, sim; já numa 'conversa mais animada', como proposto, talvez não. Daí recobro o assunto repetido com diversos grupos de confrades acerca da necessidade de alguma atenção mesmo em reuniões mais alegres. O bom em degustações de pequenos grupos acontece quando um fala e os demais escutam. Conversas paralelas tendem a tirar a concentração, e deixamos passar os detalhes. Depois ficamos reclamando da falta de memória e do nosso pouco conhecimento sobre vinhos... Tratando-se de um vinho AoC certos detalhes podem parecer desabonadores mas estão perfeitamente dentro do esperado e considero um bom vinho dentro da classificação. Deseja menos arestas? Simples, vá para um Premier Cru, ao preço desse tipo de vinho.

Adquiri na 'promo' de abril a R$ 197,00. Observe o preço regular a R$ 329,00. Atualmente a 'promo' está em R$ 230,00 (30% 'aff' - sic! rs! vide imagem abaixo). Tem preço médio de USD 24,00, o que dá uns R$ 120,00. O preço mínimo encontrado (USD 17,00) sugere melhor margem para o importador. Mas tenhamos claro, é difícil para o comprador comum adquirir um produto pelo seu preço mínimo; a média talvez reflita uma medida mais justa. Talvez. Portanto mesmo a 'promo' de R$ 230,00 não está fora, e a oferta a R$ 197,00 para comprar meia dúzia torna a proposta melhor ainda. Agora... os R$ 329,00 sem 'promo' revela o lado tubarão adotado pela Chez France de algum tempo para cá. O resultado líquido é óbvio para este Enochato: não vou porque não vou pagar R$ 230,00 da 'promo' regular. Paguei R$ 196,00, mesmo sendo meia dúzia; com o dóla em queda, é valor máximo a se pagar por ele. Com absoluta certeza 🤣😂, estivesse o preço a R$ 197,00 após esta matéria, haveria filas quilométricas de compradores esmurrando a porta deles para adquirir meia dúzia de garrafas. Com essa diferença de 15%, recomendo ao leitor uma atitude mais conservadora. Já já tem mais promo, basta ficar atento.




Tuesday, April 18, 2023

Sem dias de governo

Introito

   Não temos governo. Certo, temos uma chapa presidencial eleita, encabeçada por um sujeito cuja soltura deu-se por mudança da lei, não porque ele tenha provado sua inocência, mas não há 'governo'. Estamos sem dias de governo, ao contrário da época de Temer, quando essa situação existia - com bolsonésio não tivemos muito, não. E é-nos vedado comparar qualquer governo com o pior governo da história. Não é justo, então sem bolsonésio na estória. Por coincidência também acabamos por completar cem dias de governo, período algo mágico - dizem todos os analistas políticos mundo afora - época propícia para um governante aproveitar a popularidade (de 50.3%) e socar no Congresso as medidas necessárias para tocar a gestão com confiança do eleitor e do 'mercado'. Ali Lulá deveria ter chegado e proposto algo do tipo: 1. os funcionários públicos federais com ganhos superiores a 5 mínimos ficarão sem aumento nos próximos 20 anos. 2. O salário do Presidente é o teto do funcionalismo público no Brasil - estados, ajeitem-se. 3. É preciso tomar vergonha na cara. Seria justo, pois os descontentes poderiam começar a se reciclar e deixar seus cargos em algum período razoável enquanto seus salários ainda tiverem bom poder aquisitivo. Ele fez isso? Ah, qualé... deu aumento de 20% ao topo do funcionalismo, detonando ainda mais as contas estatais... similar a seu ano de estreia no primeiro governo: subsídios de 2 bi para os pobres, e de 96 bi para os bancos. Depois só piorou.
   Agora as pessoas estão alvoroçadas com diversas atitudes recentes de Ali Lulá. Peralá, vamos relembrar o histórico do danado:

   Se quiseram matar a Jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo.
   
Todos sabem da simbologia envolvendo a cobra: como a maior predadora dos primatas - nós! - temos dela um medo atávico. Na fé cristã - a nossa! - ela é identificada como a língua do Diabo, promovendo a expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Existem outros símbolos menos comprometedores, é verdade, mas sente, óh leitor, como Ali Lulá está perfeitamente integrado aos significados comentados?

   Seus rompantes antidemocráticos não são de hoje.
   Eu espero que a Polícia Militar tenha a responsabilidade de entrar naquela casa, pegar esse canalha e dar um corretivo nele que ele precisa ter... (uma versão mais completa está aqui).
   Ou seja: em uma frase o sujeito quebrou três preceitos constitucionais básicos, 1. a polícia entrar em domicílio sem mandado. 2. a própria polícia julgar sumariamente. 3. a polícia aplicar a pena. Lembra quais polícias faziam isso? A Stasi, a KGB, a Gestapo... Mas voltando ao começo do parágrafo... afrontar a constituição é mesmo coisa de bandido, não? Portanto nada surpreende.

   Então pergunto: Por que as pessoas estão chocadas, surpresas ou atônitas com Ali Lulá dizendo-se desejoso de f0d#r um ex-juiz cumpridor do dever, e cuja sentença contra o ex-presidente foi confirmada por outros 25 (ou 30) magistrados de todas, absolutamente todas as cortes superiores à primeira instância? E, como sabemos, não para por aí: quando a Polícia Federal desbaratou esquema para assassinar o hoje Senador, Ali Lulá ainda ousou colocar dúvidas sobre investigações oficiais! Se fossem apenas suspeitas, já seria grave... 

   No plano administrativo, nem um único projeto de lei foi enviado para a Câmara. As tentativas de reinserir o país nas discussões mundiais fizeram-nos passar mais vergonha: A decisão da guerra foi tomada por dois países...  ara, safado sem noção! E, para compensar o aumento de gastos comentado no primeiro parágrafo, aguardamos mais impostos para a já sufocada classe média. Vivendo sem dias de governo, urge mandar esse vagabundo embora para começarmos a ter dias de alguma administração.

Vinha da Defesa branco 2018

O Gustavo tem operado suas mandracarias dentro da Toca. Especialmente desejoso por experimentar seu polvo a provençal na brasa, peguei um Esporão Vinha da Defesa branco 2018 e fui para lá no último domingo. Quem encontro? Os confrades Mário (dir) e Eduardo (centro), com quem tive o prazer de repartir algumas taças. É um vinho simples mas bem saboroso, nariz com notas cítricas evidentes e algo mais... alguém apontou, mas não guardei... tem boa acidez, boca frutada, mineral, e não bastasse surpreende pela persistência e final. Dentro da 'proposta' (cerca de 7 Euros lá fora), é uma experiência agradável e combinou com o prato. Comprado em 'promo' na rede Savegnago a R$ 58,00, contra os 7 Euros 'lá' tem boa relação custo-benefício. Claramente não vale os R$ 95,00 sem promo - ponho mais um pouco e tenho algo melhor, como um Passeri 2018 da Enoeventos, por exemplo. Então fico de tocaia com a espingarda na mão e quando o preço desce, chegam lá duas garrafas para a adega. Para outras oportunidades, tenho duas garrafas do Passeri. Num domingo descompromissado, foi bom.

Saturday, April 1, 2023

Última postagem do bog

Introito

Regozigem-se detratores, alegrem-se picaretas, comprazam-se importadoras tubaronas; entregarei os pontos com esta postagem. Mas não sem antes disparar a última saraivada de flechas, o último tiro e promover a derradeira comparação de má prática em nosso mercado.

Na postagem passada comentei a sanha dos compradores por descontos de 40%, 50%, ilustrando como um preço devidamente alto pode passar por um desconto de 50% e ainda propiciar um ganho de 3x para o importador. Aqui vão exemplos de descontos de até 40%, trazendo o custo para a razoável média de duas vezes o valor do produto lá fora. A Chez France, importadora da qual já falei muito bem em diversas oportunidades tem trilhado esse caminho: aumenta o preço dos vinhos para então oferecer descontos de até 50%, e fazendo a devida comparação com o Wine Searcher descobrimos ser um ajuste para margens anteriormente praticadas por ela própria. O hábito de descontos quase semanais da importadora vicia o comércio, prejudica o comprador de boa fé mais desatento e afasta o lojista experiente de representar seus produtos: como um empresário pode comprar um estoque e de repente encontrar um desconto desse tamanho na própria importadora? O problema não acaba aí...


De repente a Chez tem seu Clube do Vinho. Supõe-se o membro fiel receber regalias outras além do consumidor comum, não é mesmo? Veja a roubada: ao participar do plano elegante desembolsamos 400tão por duas garrafas, o que dá 200tão, porcada (sic! rs!). Aí vem a promo acima, e o comprador eventual paga R$ 188,30 pelo Château du Retout Haut Médoc 2018. Tá, se comprar meia dúzia. Faço assim: junto mais dois, ficamos com duas garrafas cada por um valor menor ao cobrado do fiel participante do Clube. Belo negócio, para o clubista, heim? E sim, esse vinho entrou na entrega do plano mais caro da Chez France, conforme atesta a confrade Luciana. Ela até deixou sua garrafa em minha adega n'algum encontro daqueles onde o Ghidelli bradava É muito vinho! 🤣


Nada é tão ruim a ponto de não poder piorar... nesta semana aparentemente o Château du Retout está em 'promo' com 30% de desconto, a R$ 188,30 a unidade, independente da caixa anteriormente ofertada. Quer dizer, o pessoal da importadora se perde tanto na pilantragem a ponto de criar incongruências sem conta: a opção mais dispendiosa do Clube do Vinho tem seu produto vendido posteriormente a valor inferior para o público em geral! Se parassem de forçar a barra nessas promoções sem muito sentido e se concentrassem em vender a bons preços - como faziam antes! - não passariam por esse carão. Luciana, já alertei: ser membro do Clube da Chez deixou de fazer sentido! 

Se o vinho é bom? Se vale quanto pesa? Ainda não bebi. Mas é um Cru Bourgeois, indicativo de qualidade superior aos Bordeaux comuns. Seu preço nos EUA - embora em apenas uma cadeia, não encontrei em mais lojas - é USD 20,00. Ora, grosso modo, USD 20 x R$ 5,00 = R$ R$ 100,00 x 2 = R$ 200,00. O custo tanto em Chez France quanto em Enoeventos, abaixo de 2x, indica boa compra. Certo, certo, Enoeventos vende a R$ 190,00 no Enoclube deles. Compre uma caixa sortida e negocie. Se o Oscar não te vender, compre lá na Chez. Ou adquira outro vinho bem comprado em outro lugar, que o mar não está para peixe. Conforme já comentei, o membro do Clube da Enoeventos tem a vantagem de pagar o valor de membro comprando uma única garrafa, e pode parcelar. Se o importador não vê como bom negócio conceder o mesmo desconto para a compra de uma caixa, à vista, garanto para você: tem oferta sobrando por aí.


Reunião com as Moiras

As Moiras Renata, Dayane e Luciana e Nix, este a vos escrever, encontramo-nos há algum tempo. Apresentei três garrafas às cegas, para protesto das meninas em não poderem colaborar senão bebendo, e felizmente a reunião esteve tão animada a ponto de ninguém ter fotografado nós mesmos ou as garrafas... Foram servidos, por ordem, o Bota Velha Vinhas Antigas 2018, do Douro, R$ 102,00; o Cinco Forais Reserva 2017, do Alentejo, R$ 77,11, ambos comprados junto à Chez France em 'promo' de 50%, e o Vinha da Defesa 2018, do Alentejo, R$ 60,00, comprado também em 'promo', sem a qual o preço chega a R$ 96,00. Vinhos alegres, fruta presente, o Bota Velha manifestou-se com mais álcool, taninos mais adstringentes e um dulçor maior, na opinião geral. Estava mais desequilibrado. O Cinco Forais denotou melhor equilibrado, acidez um pouco mais presente, final mais atraente, e o Defesa não estava ruim, apenas evidenciou-se com menor qualidade dentre os três. A partir de algum momento os vinhos foram mostrados e o resultado esperado por este Enochato - deixados livres e às cegas os melhores vinhos sempre encontram as boas taças primeiro - fez-se valer: Cinco Forais foi bem consumido, Bota Vela sobrou um tanto e Defesa estava acima de meia garrafa. Até achei ter pago R$ 60,00 no Bota Velha, e conferindo a nota para a postagem veio a surpresa, de R$ 102,00. O Cinco Forais acertei melhor, disse estar na faixa de R$ 75,00, e valeu a pena. O Defesa, já meu conhecido de muito tempo, é aquilo mesmo: importado por tubarona no mercado, é um vinho de 50tinha. Por 60tão, é o limite da compra. Seria legal compará-lo com sul-americanos de 60tão, qualquer hora... Como dica, creio ser o Defesa branco bem melhor. Apresentei-o a outra confraria - As Meninas - e elas amaram. Fui 'obrigado' por elas a capinar o Defesa branco em 'promo', e tive ajuda da Moira Renata. As Meninas agradecem...




   Bem, chego ao final da postagem. Nos últimos tempos participei de diversos outros encontros, não postados. Até teve vinho interessante, mas como lamentei na postagem anterior o ímpeto de escrever foi-me sugado pelos passamentos de pessoas próximas e queridas. Preciso passar a régua nisso tudo, e seguir em frente. Digo, preciso passar a régua nos vinhos degustados e desistir de correr atrás para postá-los; será muito esforço. A detratoria pensou ser esta a última postagem geral do blog? Sabi di nada, inocenti! Foi a última postagem atrasada de vinhos, somente. Até porque, leitor, hoje é primeiro de abril, e não resisti a uma brincadeira assim pelo menos uma vez ao longo dos mais de 10 anos escrevendo neste. Até a próxima!