Wednesday, February 28, 2024

Xisto Cru, entre idiotas e espertalhões

Introito. De idiotas e espertalhões.

Bolsonésio promoveu um encontro de idiotas e espertalhões na Paulista, estes dias. O roteiro era simples: idiotas aplaudiriam espertalhões, igualzinho ao que aconteceu pelo Nordeste inteiro nas últimas eleições presidenciais. Entre acompanhar os discursos ao vivo, via internet, e dedicar-me a alguma atividade produtiva, escolhi reassistir a alguns episódios de Vila Sésamo (anos '70!) disponíveis no Youtube - como era bela, a Sonia Braga. Mulheres tão belas normalmente envelhecem bem - como bons vinhos... Não sei como ela está agora, mas não de demovem: deve continuar bela. Voltando: as fotos abaixo mostram a movimentação em algum momento, não sei qual - a fonte está aqui, logo no minuto um, e a divulgação do vídeo é do Capitão Derrite, Secretário de Segurança Pública de São Paulo, bolsonésio assumido. Assumo que imagens não mintam. A polícia, sob controle do governador, presente ao evento, estimou os apoiadores em 750.000. Especialistas da USP - universidade onde estudei - valendo-se de um software para contar cabeças, em 185.000. Quem sabe fazer conta de vezes, e estimou a largura e comprimento da avenida, e a concentração das pessoas, riu de todas as estimativas. Em defesa da minha instituição - toca passar pano! - digo que o software contou apenas as cabeças, e devia mesmo ter muita mula sem cabeça presente, não sendo, portanto, contabilizadas. Quinhentos mil descabeçados concentrados em tão pouco espaço? Às vezes acontece... veja os jogos de futebol... nada, nada, dá uns 50 mil...
   Vemos abaixo um dos lados da Avenida bem congestionada por vários quarteirões, enquanto outro lado não estava tão movimentado, e tire suas conclusões. A minha é simples e direta: as mulas sem cabeça não se limitaram àquelas presentes na reunião.

   

Segundona da alegria e o Xisto Cru

A Liu - e outros compadres - estavam de malas prontas para ir conhecer algumas vinícolas da Serra Gaúcha e cercanias - saíram nesta noite de terça-feira. Ela comentou quais seriam visitadas, só não transcrevo para evitar ferir susceptibilidades mais aguçadas... Foi que ontem nos encontramos para um jantar de despedida. Recebi-a com um branquinho nojento, o Petit Chablis Pas Si Petit 2020, que, se encanta quem não está acostumado com a elegância de Chablis melhores, causa boa impressão a quem desconhece melhor a região. Não é ruim, em absoluto, principalmente se comprado a bom preço. Tem nariz com frutas brancas, tem a mineralidade tão característica da região, é equilibrado, a acidez está presente mas é um tanto ligeiro. Novamente: não pode ser comparado aos irmãos maiores, Premiers Crus, mas defende-se bem, na faixa de preço (uns R$ 130,00, mas já faz algum tempo). Meu indefectível filé ao molho gorgo foi acompanhado por um Xisto Cru 2014, o último dos moicanos.

Numa 'promo' espetacular comprei meia dúzia de Xisto Crus, e postei alguns. Não o tenho encontrado em 'promo' desde então, mas... tem Quinta do Noval rolando por aí. Tente os Syrah e Touriga Nacional, sem sisquecer do Petit Verdot. Não experimentei desse, mas Don Flavitxo falou muito bem - e é impossível desprezar uma sugestão dessa qualidade. Voltemos... a Liu cafungou e maravilhou-se: encontrou compota de ameixa, cereja, madeira e mais notas logo de cara. Safadinha... comentei algo como chocolate e/ou café, ela fez que não... 😣 Indócil (risos), procurou no Vivino e achou mesmo tais notas - o que significa pouco para este Enochato, posto Vivino estar cheio de bocas tortas. Acidez muito marcante, combinou com o bifim; tem boa permanência e final, e - não me lembrava - suportado por modestos 12% de álcool. Escrevo estas linhas junto da última taça de Xisto Cru: continua perfumado, ótima boca, bom final. Vai deixar saudades.

A Liu levou a garrafa do Chablis. Ela de saída, não resisti à provocação. Disse-lhe: Leve a garrafa amanhã, para comemorar a saída do passeio. Nem precisa de copo, chegue lá bebendo no bico. Ofereça aos confrades, e conte-lhes minha advertência: será o último gole de vinho bom durante toda se semana... Espero que depois me contem... 😂🤣

Thursday, February 22, 2024

Uma comparação inesperada

Introito

Dia de reunião com a Paduca, Paulão - o "Pa" da Paduca - avisa não poder participar. Os vinhos estavam por conta dele... 🙄 Corri para a adega e sem pensar pensei (sic) em promover mais uma daquelas provocações com as vítimas restantes. Às cegas, claro. Duílio chegou com o quibe - forno nele - e abrimos os vinhos. Mal experimentamos o primeiro, chega o Fernando. Ao longo do encontro fomos de um vinho ao outro, prestando atenção a cada nova taça, para nos perdermos em variados assuntos instantes depois. Carlos Basso Signature 2010, um corte 80% Malbec, 10% Cabernet Sauvignon e 10% Petit Verdot, mostrou nariz regado a boa mistura de frutas com alguma madeira, e impressionou o Duílio. Tinha sim mais complexidade, mas faltou bebedor para decifrar. Boca também rica, com bons taninos, 14,9% (!) de álcool bem integrados, pecou - como sempre - pela falta de acidez. Fica ali, de baixa a média, o que compromete um pouco o final: um tanto curto, bebeu, foi, escorrega pela garganta, sem muita persistência. Está bem no limite para ser bem degustado; não guarde por mais tempo. Aldeia de Irmãos Reserva 2019 já foi comentado no final de 22, aqui. Corte 60% Cabernet Sauvignon e 40% uma mescla não especificada de Alicante Bouschet e Castelão, aportou fruta generosa mas menos complexa, e boca algo mais ligeira do que Signature. Da outra vez fui mais generoso ao referir-me à acidez de Aldeia; nesta garrafa estava esforçando-se para sair de baixa e tender a média. Diria mesmo abaixo de Signature. Sim, é um vinho mais para ligeiro, sustentado pelo álcool (14,5%) que aliado aos taninos defende-se, para a faixa de preço. O Duílio gostou mais de Signature, o Fenando mais de Aldeia de Irmãos. No final, bem no final, Signature é superior. Ganha por meia cabeça. Vejamos onde o chão afunda.

Aldeia de Irmãos Reserva 2019 custa 7,50€, conforme pesquisa da época da primeira postagem.




Aqui, custava R$ 129,00, muito caro...

...mas quando ninguém espera...


Na bléqui ele cai para R$ 69,00... aí gostei... pena comprovar a tubaronice deslavada para onde anda caindo sua então importadora, a Chez France (atualmente o vinho não está mais em catálogo, nem como esgotado).

Carlos Basso Signature não tem pontos de venda apontados no Wine Searcher, embora exista uma sugestão de preço, a USD 60,00(!). Não encontrei o preço dele na Argentina, ofereço os valores daqui: de R$ 699,00, está na faixa dos R$ 430,00.
     


   Vamos lá: admiti, Carlos Basso Signature ganhou por uma cabeça de Aldeia de Irmãos. Mas a R$ 430,00 na 'promo' contra um adversário de R$ 70,00 também na 'promo'?! A diferença é de 6x... Fico repetindo, a cada postagem: vinho sul-americano está caro demais - o brasileiro inclusive, e principalmente. Ninguém me ouve... 😥

O bota fora da Mistral

   Comentei aqui, semana passada, sobre o bota fora da Mistral. Você comprou sem comparar preços, sem usar o Wine Searcher? Provavelmente foi mencionado na réxitégui #sifu. Olhei por cima, muito pouca coisa valia a pena. Os principais produtores não entraram, sequer com seus vinhos reba. Mistral preza seus vinhos, tá pensando o quê... mas pelas suas costas, numa galáxia distante...

 Bourgogne Blanc 2020 - JOSEPH DROUHIN - R$ 328,88 por R$ 259,99...

   


Mâcon-Villages 2020 - JOSEPH DROUHIN - R$ 290,19 por R$ 199,00.

   


   E veja... o preço do sítio da Mistral representa seu preço cheio: você compra de lá, o importador fica com 100% do 'lucro'. Nas 'promos', realizadas por outra loja, esta leva algum lucro. Ora, o lojista comum vai comprar da Mistral e recebe um desconto de 27% sobre o preço cheio. Duvido que esse lojista da 'promo' esteva trabalhando com menos de 20%. Quer dizer, o Mâcon está chegando ao lojista por uns R$ 150,00. Quanto ele custa para o consumidor lá fora?


   Meros 13 dólas, arredondando muito, R$ 70,00, a metade do suposto valor vendida para o lojista oferecer o produto na 'promo'! E olha, 2x = R$ 140,00. Admitindo um lucro mínimo de 20% para o lojista, vemos que sim, Mistral poderia vender esse vinho com margem menor de 2x, e beneficiar seus eventuais consumidores de maneira mais contundente. 

   Bem, eu não compro mais de Mistral - e outras tubaronas - principalmente em 'promo' - se não tiver cuidado nem é 'promo'. Compro de quem vende barato o ano inteiro. Se e quando sua política geral de preços mudar, mudarei de opinião, sem qualquer problema. Até lá trago Drouhins e Faiveleys de fora.

Tuesday, February 20, 2024

Dois eventos em uma postagem

Introito

No princípio Deus criou o céu e a Terra.
Gênesis, 1: 1

No princípio Deus criou o céu e a Terra, e o Chocapalha Reserva (tinto) já estava lá. Depois a Terra continuou, mas o Chocapalha Reserva (tinto) sumiu... Existe uma versão Reserva em branco (os vinhos produzidos pela Quinta estão aqui), e já faz um tempo temos o Vinha Mãe; o que se passou entre um sumir e o outro desabrochar, desconheço. Bebi do Reserva (tinto) certa vez, com Don Flavitxo; está aqui - ótimo vinho. E como o leitor atento sabe, provei algumas garrafas do Quinta de Chocapalha, um tintinho valente de USD 10,00 a USD 12,00, eventualmente comprado aqui por R$ 100- (observe o sinal de menos!). Não é o preço desejado pela importadora tubarona que representa a marca, mas parece ser uma exigência de mercado, atualmente. Na última reunião da Paduca lançamos mão de um Vinha Mãe, na safra 2016. Corte 65% Touriga Nacional e 35 % Tinta Roriz, aerei por umas boas três ou quatro horas na garrafa, e o buquê chegou rico em frutas - vermelhas e escuras? - e mais toques, algum couro ou chocolate. Boca pegada, taninos firmes, também algo à chocolate, mas acidez um pouco abaixo do esperado para quem conhece o Quinta de Chocapalha e, pelo preço, antevê um degrau acima para Vinha Mãe. Tem álcool (14%) contido, madeira presente mas discreta, bom final, persistência adequada para o conjunto da obra como se apresenta, e satisfaz. O problema foi termos recente na memória um Quinta do Noval Syrah 2016, que os Paduquentos, puxando pela memória, disseram ter gostado mais. Vinha Mãe beira dos 30 dólas em Portugal; seu preço aqui ultrapassava os R$ 300,00, mas atualmente pode ser encontrado a até R$ 199,00 - uma ótima compra. Ainda assim, os Quinta do Noval possuem preço similar lá e estão aqui na faixa de R$ 170,00; o pessoal insistiu preferir o Noval sem saber desse detalhe. Não sei se a garrafa poderia estar um tanto miada (rs) a ponto de não desenvolver seu potencial, e da minha parte concordei com eles. Tenho mais duas ou três garrafas, de diferentes safras, para tirar a teima. Tivemos concomitantemente um Argiano Non Confunditur 2020, supertoscano corte Cabernet Sauvignon, Merlot e Sangiovese, 14,5% de álcool um pouquinho saliente, aportando boa fruta no nariz mas boca mais simples pela acidez esforçando-se para alcançar Vinha Mãe - sem conseguir. Taninos ligeiros, final um pouco curto, madeira discreta tudo convergindo com alguma qualidade mas tendendo a mais simples - especialmente ao lado do português. Surpreendeu-me negativamente, quando tento puxar pela memória minhas impressões do I Love Italian Wines, de 2022. Certo, aquela safra era a 2019, mas a diferença pareceu-me grande. Não sei o quanto o Vinha Mãe pode tê-lo eclipsado, mas no evento eu também estava bebendo outros (bons) vinhos... Seu preço está na faixa de USD 15,00 'lá', e pode ser encontrado por R$ 115,00 aqui - outra boa compra, se alguém se dispuser a correr o risco. Seria ele páreo para um Quinta de Chocapalha? 🙄 quem entra com a garrafa no NC?

Encontro com a Ariane e turma

Há algum tempo a Ariane foi para a Argentina e trouxe algumas garrafinhas. Guardou uma delas por uns bons anos, jurando estar destinada a ser aberta junto deste Enochato - agradeço tanta atenção! Reunimo-nos no Barone com sua prima Simone e seu namorado, o Cláudio. Ela levou um Premier Rendez-Vous Cinsault Rosé 2021 para abertura dos trabalhos. É um languedoquês (rs) simples, 12% de álcool, frutado, refrescante, com baixa acidez, leve e bastante ligeiro, para ser bebido sem compromisso. Já disse, rosés não figuram entre meus preferidos muito mais pela dificuldade em entendê-los e menos por qualquer má vontade. Experimento, e pronto. A estória ficou mais séria quando fomos para o Quimera 2012, da Achaval Ferrer. Ela é uma das melhores vinícolas da Argentina - não conheço tanto, embora já tenha degustado de alguns bons produtores platinos, como diversos Cobos, Dona Paulas, Pulentas, Zuccardis, Trapiches e Colomés. Estava bastante bom para seus 12 anos: boa fruta vermelha, algo como couro e madeira; boca sem aquele doce que levou-me a desgostar dos argentinos mais simples - e mesmo alguns mais complexos de outros produtores - acidez tendendo a média, taninos redondos, álcool sem se notar, apesar dos 14,5%, boa permanência. É um vinho relativamente caro na Argentina - 24.000 Pesos, R$ 142,00, USD 29,00 no mercado local, embora a própria bodega venda a 35.000 Pesos, R$ 208,00, USD 42,00, protegendo demais os lojistas e distribuindo ótimas margens para todos. Curiosamente, nos EUA custa os mesmos 29,00 dólas, e fica a pergunta inescapável: saiu (da Argentina) por quanto?! Aqui anda na casa dos R$ 330,00, em 'promo', mas gostariam de vendê-lo para você a R$ 400,00. Sabe aquela cena dos desenhos animados, do sujeito que pega a vítima e a vira com as pernas para cima, chacoalhando até caírem-lhe os últimos centavos? Mesma coisa... Não bastasse, só reforça minha ladainha (risos) acerca do vinho sul-americano estar demasiadamente caro. Em minha defesa (risos) levei o Titular Edição Sem Nome 2015, do Dão; ele repetiu a ótima fruta, bons taninos, mas na primeira rodada não estava tão resfriado e valeu uma impressão inicial mais favorável para o Achaval. Foi realmente necessário deixá-lo na água com gelo para ele encontrar meu melhor momento, com acidez mais evidente e bom conjunto, como já descrito aqui. Achei que Titular esteve melhor, embora a Ariane talvez não. Já escrevi isso: ao final, cada um levantou sua taça acima da cabeça e bradou: 
   - O meu vinho foi o melhor! 
   Ganhamos todos...

Preço do Quimera na própria bodega e no mercado local: disparidade...



Quimera no Brasil

Quimera nos EUA


Thursday, February 15, 2024

O privilégio de um bom vinho - comprado com nosso suor, não 'redistribuído'

Introito

   No Egito Antigo (aproximadamente 3300 AC até 300 AC), era comum os novos faraós apagarem dos obeliscos o nome de predecessores, tomando para si realizações e conquistas. Isso pode ter complicado um pouco as pesquisas históricas dessa civilização, mas ora... o que é a vida, sem algumas incertezas? Contudo há uma diferença grande entre apagar um nome e não pronunciá-lo - n'Os Dez Mandamentos  (1956) o faraó Sethi diz

Que o nome de Moisés seja riscado de todos os livros e tábuas, riscado de todos os pilares e obeliscos, riscado de todos os monumentos do Egito. Que o nome de Moisés não seja ouvido nem falado, apagado da memória dos homens para sempre.

   É sábio não pronunciar os nomes de tolos. Certo, PTlhos tentaram referir-se a Moro como o juiz, e apenas exacerbaram o despautério pelo qual já são conhecidos. Voltando: para quê dar pelota aos tolos? Sei mesmo de um mané dizendo de uns terem de ganhar o triplo dos eles, como diria Ali Lulá, numa tal de nova matriz de privilégios. Essa redistribuição viria pela paz... ou vai ser (como na) Burkina Faso... (veja na íntegra aqui)


   Burkina tem IDH de 0,45. Por comparação, o nosso é 0,75, o mesmo de 10 anos atrás, no bem-vindo final antecipado da gestão dela, e mostra como ficamos estagnados desde seu genial plano econômico. Tudo estaria bem em citar um país menos desenvolvido para pintar um futuro negro para o nosso próprio - se alguns dados contrários não soassem tão assustadores. Veja o Índice de Percepção da Corrupção 2023 da Transparência Internacional e encontre o Brasio na centésima quarta posição, perdendo para a mesma Burkina Faso, na octogésima terceira! Um alienígena recém-chegado (claro, de uma civilização ética e moralmente honesta), olhando tais dados, colocaria mais fé no futuro de qual país, no nosso ou em Burkina Faso? 
   Um grande problema da idiotia é perder a noção do conjunto, e assim comparar mal. O sujeito acometido desse mal invariavelmente tem ideias fracas e espalha a besteira por onde passa, até sem dar-se conta. Pedir uma redistribuição de privilégios significa, nada mais, nada menos, pleitear a continuação do uns melhores que outros, apenas mudando o foco dos holofotes. Ô, mané, e quem é pobre e não for agraciado por uma réstia de luz, continuará como um necessitado até quando? Se queremos uma pátria igualitária, é necessário cortar os privilégios, não deslocá-los! Temos quem fale contra regalias no Congresso, veja aqui. E não é só gogó não, anta. Veja a página da Câmara dele, constate: não faz uso de imóvel funcional; não recebe auxílio moradia. Quer mais? Não faz uso de carro oficial - dá um pouco de trabalho para encontrar, mas o ponto é o seguinte: indique alguém da sua turma que dispensou um e apenas um desses privilégios, recentemente. E não para por aí! Na câmara estadual em S. Paulo repete-se o mesmo! Veja este rapá, quantos automóveis usa, na Alesp: zero! Por outro lado, PTlhos 1 e 2, e psolesmas 3 e 4, usam não apenas um, mas dois Corollas por gabinete. Já tem o vínculo, fuce um pouco mais e veja o tamanho de cada gabinete! Pautas que deveriam ser da esquerda foram tomadas de assalto pela direita! Como é que pode?! Como já disse para outro energúmeno, pare de ser problema, e torne-se solução!

Espanholetos na Paduca

Muitas postagens foram prejudicadas por falta de disposição deste Enochato. Vale a pena narrar esta, momento de virada na Paduca: Duílio oferece a opção de bebermos um Ramón Bilbao Gran Reserva 2001 de sua adega em troca de uma reposição. Bem nessa época, encontro uma oferta do Muga Reserva 2019, da mesma região do primeiro. Compramos duas garrafas, uma para a confraria e outra para trocar com o Bilbao dele. Aerei o Muga por umas quatro horas, e deixei o mais velho para abrir enquanto servíamos o vinho de entrada. Baron Guillot Classique é um francês genérico - não lembro bem, talvez não tivesse sequer região determinada(!) - vendido nessas bacias de 10 garrafas por R$ 300,00 - ou pior. Muito básico, sem acidez, sem final, sem permanência, sem eira nem beira. Passemos. Ramón Bilbao Gran Reserva 2001 tinha boa fruta e couro, levemente oxidado, um pouco herbáceo. Boca rica, com corpo médio, ótimos taninos fazendo bom volume e acidez excelente. Os confrades, todos eles, fizeram questão de apontar como a boca salivava a cada gole. O Muga Reserva 2019 mostrou-se mais austero, muito novo. Nariz com alguns toques de frutas escuras, mas claramente fechado. Taninos pegados, com arestas, precisando de mais tempo em garrafa. Bom volume de boca, boa persistência, mas tudo claramente novo. Até havia comentado com a confraria achá-lo novo, mas a ordem foi mandar ver. Estava em 'promo' a R$ 300,00 (seu preço médio lá fora é USD 30,00), e o pessoal achou que o sacrifício seria válido a título de comparação. Valeram os comentários sobre a acidez marcada do Ramón Bilbao, e alguns muxoxos sobre como este Enochato virou a boca dos confrades a ponto deles andarem pouco satisfeitos com vinhos que antes lhes eram peculiares. 😞 Seria mais um brilhante serviço deste colunista contra o boca-tortismo que grassa por estas terras?

Sarau na Salete

A Salete realizou mais um concorridíssimo sarau em sua humilde choupana. Convidado, este Enochato levou o vinho do Mário... mas o Mário não foi... Por partes. Liu na foto, e começando pela esquerda, em "U", Edu Viagens (rs), Miriam, Eustáquio, Bete, Ângela, Salete, Ana e este Enochato. As meninas gostam de entradas mais leves, então apareceu um Brut Rosé da Casa Perini - aquela do quinto melhor espumante do mundo. Perfumadinho (rs), sem corpo nem acidez, como é típico do produtor. Mas onde está escrito que precisa (ter)? Enochatos deveriam ser fuzilados. Também tinha um Frida Kahlo Reserva Rosé 2022, linha que homenageia a conhecida artista mexicana - surrealista por surrealista, prefiro a Remedios Varo, assim como vinho por vinho prefiro os europeus... Com um pouco mais de presença quando comparado ao Perini, principalmente no buquê, fiquei procurando pela acidez. Deve ter ficado nas primeiras taças... Pior mesmo, fiquei sem entender como um Rosé produzido em inox leva Reserva no rótulo. O Edu compareceu com um Syrah, Solo Fértil 2022, produzido em... Brasília! Só encontrei duas referências ao Vinhedo Lacustre e seu produto, uma no Correio Braziliense e outra no Instagram, página do próprio produtor. E o próximo a procurar só encontrará mesmo essas referências, porque também negarei dar-lhe alguma. Já fiz comentários nessa linha: está escrito Vinho no rótulo. Mas não é. Lembra. E nada mais. Recorda-se daquela máxima, melhor comprar vinho reba de produtor top ao vinho top de produtor reba? Pois é, cheguei um um Marius by Michel Chapoutier 2022. O Maison M. Chapoutier, estabelecido nos idos em 1800 e guaraná com rolha no Rhône, tem operações de norte a sul nessa região. No Languedoc-Roussillon, produz esse exemplar simples, corte Grenache e Syrah, rico em frutas, acidez condizente - quase média - para um custo de 8 Euros, agradável, fácil de beber. O problema e seu valor normal aqui, cerca de R$ 130,00... Claro, vinho de importadora tubarona só mesmo em 'promo', e das fortes.

   O Eustáquio mostrou seu Montepulciano d'Abruzzo Riparosso, da Illuminati. Usando os óculos para dirigir - se talvez estivesse sem eles no momento, daria no mesmo... -, li errado e supus tratar-se de um Ripasso 😖, produzido em Valpolicella. Pecado imperdoável, pois já havia bebido um Illuminati, e sabia da sua localização em Controguerra, do lado de dos Apeninos (rs), de frente para o Adriático. Educadamente, o Eustáquio deixou este Enochato afundar na lama sozinho. Bem rico em frutas - não guardei mais notas - mostrou a boca um pouco doce, creio uma característica dos da região vinhos de Montepulciano. É um doce algo peculiar como os portugueses também o têm, mas algo diferente. Acidez querendo encostar em média, persistência condizente. O preço não muito, chega a R$170,00 contra 8 ou 10 dólas lá fora, e nesse ponto não fica diferente do Marius. Claro, em 'promo' poderia ser mais palatável (sic) para o bolso.

   Se eu fosse um comunistinha barato desses que tem muito por aí, falaria em redistribuir os lucros das tubaronas, ou redistribuir os vinhos na fonte, ou ainda obrigá-las a vender seus produtos a preços razoáveis. Se... sou mesmo adepto do livre mercado - apesar de esquerdoso - e prefiro atitudes de livre mercado, como sugerir às tubaronas enfiarem seus vinhos caros no meio de suas taças. Mistral estará em 'promo' neste dia 15. Cuidado. Pode ter preço bom, mas também tem vinho cujo auge já passou há muito. Ainda, Wine Searcher nela!

Friday, February 9, 2024

Meleca, Melequetrefe (sic), Bicho dos Infernos, Cabeçudinha

Introito

A Mel atendia por várias alcunhas. Recebi-a quando tinha dois anos; dividia espaço exíguo com um carro, em garagem cujas dimensões mal davam para o automóvel. Para uma mistura de Pitbull com Boxer, cheia de energia, devia ser uma tortura ficar alguma parte do tempo tão confinada. Lembro-me de quando ela chegou aqui: desceu para o quintal e correu tanto entre duas árvores que desenhou um oito no chão de terra vermelha. Por ter sido criada com o filho pequeno do casal, serviu-lhe de brinquedo e companhia em seus primeiros dois anos, tornando-se extremamente dócil e companheira. E assim continuou pelos dez anos seguintes, enquanto convivemos juntos, inicialmente com o Caco e depois com o Lemão. 

Com alguma caída para modelo como mostra esta foto da Sônia, mas muito melhor anfitriã, junto do Lemão sempre recebeu os convidados da casa com seu rabinho atômico abanando o ar ou o chão, quando produzia um som de varrição muito característico. Caiu por câncer em múltiplos órgãos, depois de definhar por pouco mais de uma semana. Após alguns dias com pouquíssimo apetite, na terça à noite comeu dois filés, para recusar a mesma comida no dia seguinte. Seu olhar não negava mais, estava cansada.

   Nesta quarta-feira estava abraçado a ela quando num movimento de pés encontrei o Lemão. Levantei-me devagar e consegui tirar a foto acima, flagrando a solidariedade literalmente canina do pastorzinho. A eutanásia foi tranquila, e agora ela está no céu dos cachorros, com o Caco, que seguramente já apresentou-lhe a Tequila.

Dissabores de muitas beberagens

   Segundo o Caldas Aulete, beberagem é 1. Infusão caseira de ervas medicinais. 2. Bebida de gosto desconhecido e ruim. Convenhamos, o vinho aproxima-se bem da primeira acepção... e por dissabores, a bem da verdade apenas um, registro a falta de registro (sic! rs!) de alguns encontros. Um seguramente aconteceu com a Paduca. Foi quando toquei para cima deles buldogue raivoso... não! 😨, um Andeluna Raíces Malbec 2022, comprado num lote de três garrafas e tendo saído a R$ 50,00, contra um preço normal de R$ 70,00+ a R$ 80,00+. Na onda de 'O Carlão só oferece europeus', até o Duílio, fã de Malbec, deixou passar. Sempre digo: apreciem o vinho pelo vinho, jamais por quem o serve... Na presença de um portuguezinho com dulçor além do habitual, Raíces triunfou no dia, para desapontamento dos bebedores sempre ansiosos - nunca havia notado! - em suplantarem meus representantes nas reuniões. 

Triunfo num dia, queda no outro...

Passou um tempo, e mandei uma oferta para o Paulão, 3 garrafas por R$ 100,00, e tinha um Raíces no meio. Chegou o dia quando, artimanhoso (rs), ele adiantou-me que traria o argentino para nosso encontro. Meio de sacanagem, abri um portuga de R$ 80,00 (bem comprado). Ao final, duas garrafas em três, o pobre Paulão desatou a chorar: em minhas mãos Raíces fora o melhor da noite... nas mãos dele, tomara uma surra. Deus não era justo, o Universo conjuminara todas suas forças e acasos contra ele, e seu vinho nunca ficava em primeiro... pobre Paulão... 😢 senti a mais profunda comiseração pelo infortúnio do amigo tão querido... mas guerra é guerra, certo? 😜 Produzido na região de Mendoza, é um vinho fácil de beber: alegre, frutado, quase sem acidez e um pouco de açúcar, fórmula perfeita para neófitos desatentos. Tem final curto, bem ligeiro em boca, mas... por R$ 30tão (foram 3 garrafas por R$ 100,00, lembre-se), quer mais o quê? Cinco Forais Reserva 2017 tem mais presença de fruta no nariz, que repete-se na boca; taninos mais pegados, madeira, maior acidez, melhor persistência e final... é um vinho de praticamente 10,00 €, contra um pobre sul-americano de USD 5,00 em seu país de origem. A competição foi mesmo desigual. 

Raíces na Argentina: USD 5,00/R$ 25,00.

Cinco Forais Reserva, 'lá'e cá: 9,50 € (R$ 50,73)/ R$ 250,00. Atualmente dá 4,93x!


Mas não desanime: se não é a vez de Cinco Forais estar em 'promo', seu primo, Cinco Forais Arinto está, com 50%. Se um produto de R$ 250,00, mesmo preço e mesmo produtor, entra com 50%, o outro provavelmente entrará, em algum momento. Aí dá um valor de 2.46x, já tubaronesco. Lembre-se: comprei a R$ 77,00! Infelizmente a Chez France vem abandonando cada vez mais sua posição de boa importadora, embora uma ou outra ofertas possam estar boas. Wine Searcher neles! Retroceder nunca, render-se, jamais! Dá até nome de filme reba...

Outra beberagem

Os cuidados requeridos com a Mel atrapalharam muito as postagens - não que isso tenha me preocupado, postagens são apenas postagens... Entremos em modo resumo. Noutro encontro com o Paulão, para provar um pexim cru, levei o Moço Fidalgo branco, corte alentejano de Antão Vaz, Síria e Arinto, sem barrica. Provado em evento do Shot Café, ficara curioso sobre como se comportaria com sushi (veja aqui). Sua acidez não segurou o embate com o peixe. Sem muita certeza se fará diferença, arriscarei um branco português barricado qualquer hora. O palpite é da dona Neusa. O Paulão levou um Pé Branco 2022, produzido pela Herdade do Esporão. Também sem madeira, sua acidez não segurou qualquer harmonização com sushi. O nariz estava legal, frutas brancas, cítrico, final bom para um vinho simples. Só não acredite quando dizem final longo para vinhos abaixo de R$ 100,00; isso não existe. Pé Branco deu um couro no Moço Fidalgo, mas segundo o confrade seu custo é algo superior ao do primeiro. Faz sentido. No meio da degustação o Paulão virou-se sorridente para mim, e mandou confiante: 
- Finalmente o meu vinho foi melhor que o seu. 
Nem pude discordar...