Tuesday, August 30, 2022

O níver do Ghidelli

Introito

   Na semana que passou fomos assolados com uma chuva de mentiras sem precedentes. Explica-se: foram sabatinados os principais candidatos à presidência e a chave de ouro aconteceu no debate de domingo. O show de horrores terminou segunda-feira com pseudoanalistas pretendendo (sic) quem teria ganho o debate. Ninguém ganhou, e, não bastasse, todos nós perdemos! Talvez não seja bem verdade. Ganhamos a exata noção do quanto são estúpidas todas as opções além dos dois ladrões e do mentecapto que ocupam as três primeiras posições nas pesquisas. Então talvez seja verdade... (que todos nós só perdemos 😣)...
   Bolsonésio - só não é mais idiota porque não voa - deixou passar uma grande oportunidade num dos embates com Cirão da Massa. O último falava de seu plano para tirar a população endividada do SPC. Se bolsonésio diz-lhe de supetão que a ideia é tão boa (não que seja...) que ele a implementaria em seu governo, e sugerisse um convite ao PDTista para comandar esse programa, teria desarmado o oponente e avançado com classe para cima do eleitorado de seu adversário, que parece dividido entre os dois primeiros. Seria a desidratação perfeita.
   Os pseudojornalistas em nada colaboraram para o debate, com perguntas estupida e propositadamente sem a menor importância para o momento histórico. O governo mais corrupto da história deste país querendo voltar à cena do crime - Auquimim quem disse! - e ninguém fala algo? O maior genocida sul-americano dos últimos 300 anos presente, e ninguém fala algo? Ponham essa no currículo! Já é uma m#rd@ mesmo, entendo, só não pensem que seus históricos não pode piorar, porque piorou. Bando de facínoras!, assassinam o futuro do povo brasileiro e pretendem sair de fininho.
   Simone Palíndromo, com toda sua capacidade nulidade resolve, quando teve oportunidade, emparedar o mito minto. Fez uma pergunta ruim e um tréplica pior. Dilma torce por ela.
   Fiquemos por aqui, com o PS: O Imperador japonês, visto pela população como um Deus, a despeito de sua posição divina curva-se a uma única classe no Império do Sol Nascente: a dos professores (e creio que apenas do ensino elementar). Ainda assim, os professores em todos os níveis pagam impostos como os demais japoneses...

O níver do Ghidelli

Confraria em festa, expectativa de lauto banquete, separei algo acreditando estar à altura do evento, dado o prato principal que foi-me antecipado. Aeração de 6 horas antes de seguir para o encontro. Lá, sessões de fotos, bom humor e apenas alguma lamentação mínima 😐 pelos confrades ausentes - sobraria mais para nós! 😃 Na foto, D. Neusa e Márcia não sabiam se olhavam para o bolo pelado (naked cake) (sic) ou para o Icewine canadense que andou de mão em mão. 
A primeira rodada teve início, e lá veio um branco. Nariz com abacaxi imediato e muito marcado, curiosamente desaparecendo com o tempo - após degustarmos o vinho seguinte. Boca muito mineral - nota-se até um salgadinho, com boa acidez, final não muito longo agradável. Tem suas complexidades, mas faltou capacidade a este analista. Não vi-me apto a chutar sua procedência. Era um alentejano, o Tapada do Chaves Branco 2018, corte Arinto, Antão Vaz, Assario, Tamarez e Roupeiro. Agradou a todos, mas por pouco tempo. 

Notado por alguém - inicialmente deixei passar - o branco seguinte apresentou-se com o famoso toque óleo Singer, sugerindo tratar-se de um Riesling. Para mim não estava na intensidade e pegada que aprendi (pouco) a identificar dessa uva em exemplares da Alsácia e da Nova Zelândia. Pensei ser mais próximo do que suponho seja o estilo dos Sauvignon Blanc do Loire; ledo engano. Bem complexo e aromático, não consegui identificar notas características - sinal da dificuldade em avaliar vinhos muito desconhecidos que expressem toques além de minha restrita gama de percepções. Mostrou boa estrutura, acidez média, boa persistência. A certa altura o Ghidelli deu uma das suas: Parece algo como aquelas uvas francesas estranhas, Roussanne e Marsanne... e... era sim um corte Borboulenc, Roussanne, Grenache Blanc e Clairette. O vinho: um Chateauneuf-du-Pape La Bernardine Blanc 2016, do Chapoutier. E, para quem não sabe, Roussanne e Marsanne são cepas muito usadas justamente em Chateauneufs... rapá, que tiro...
   Levei um baile, mas aprendi bastante. A postagem terá segunda parte, com os tintos.

Saturday, August 27, 2022

Um espanhol 'borgonhesco'

Introito

A imprensa pelega - cuidado com eles! Pena não existir lei decente para seus excessos, e não falamos em censura! - vem atacando com desinformação sobre desinformação. Inclusive principalmente aqueles que apregoam fazer conferência cuidadosa dos fatos. Importante canal pago - existe isso? 🙄, canal pago importante? - um fedelho explica didaticamente que votar nulo ou branco é jogar o voto no lixo. Isso é uma desfaçatez sem tamanho, e se podemos entender a visão míope dada a tenra idade da criança vestida a cueiro, os editores do canal são culpados sem atenuantes por jornalismo marrom. Ora, se votar branco e nulo significasse jogar o voto no lixo, não precisaríamos de duas modalidades diferentes! Simplificando bastante, o voto branco significa a aceitação formal da vertente vencedora seja ela qual for, enquanto o voto nulo significa exatamente o oposto, a recusa efetiva a qualquer das orientações em disputa majoritária. É isso o que os cidadãos de bem devem fazer no segundo turno caso nele encontrem-se lulalelé e bolsonésio: cravar nulo em a menor hesitação. Creio ainda ser nossa obrigação não votar nulo no primeiro turno, para não ajudarmos involuntariamente o pleito decidir-se logo de cara. Ah, sim: a urna é confiável. Mas eu não confio nela (sic!), apesar de desconhecer os processos de segurança do sistema. Apenas reflito que sistemas eletrônicos são fraudáveis - às vezes até de maneira prosaica.

Confraria em festa

A sra. N voltou (novamente) daquele país onde a cana mais dá, o Canadá 🤣, carregando algumas garrafinhas na mala. Então nos encontramos para comemorar o retorno dela e da Elvira, recém-chegada da Argentina. Acho que a Margarida não viajou... Ghidelli, Márcia e Takeshi deram o ar da graça. Cheguei atrasado com dois Borgonhas do grupo, e o pessoal se esbaldava com o Nativ Suadens Rosso 2018, um corte igualitário de Aglianico, Piedirosso e Sciacinoso com vinhas de 200 anos - portanto sobreviventes da devastação da filoxera. Tem boa fruta no nariz, um açucarado antecipando a boca, onde a fruta também está presente sem esconder o travo de ser meio seco. O pessoal estava gostando, enquanto para mim soou enjoativo; meio secos podem ser ótimos se devidamente harmonizados, conforme já comprovei, mas não caem-me bem sem um acompanhamento bem adequado, e nossas entradas não estavam à altura. Talvez o dulçor tenha-me impressionado mal, ou mesmo congestionado a boca, e não apreciei tanto a acidez - na opinião do Ghidelli estava ótima. Registre-se, agradou a todos, de onde sugeri, galhardamente, sua degustação até a última gota já movendo-me para o espanholeto oferecido pela senhora N., um Viña Bosconia 2010. Seu produtor, Lopes de Heredia, é conhecido por lançar seus vinhos prontos para beber - e podendo evoluir por muito tempo. A safra mais recente desse vinho é a 2011, de modo que a 2010 é recém-lançada. Nota-se que está novo, embora com cerca de meia hora de aeração já mostrasse ótimas frutas - é claramente bem complexo -, alguma especiaria e café/chocolate. Boca sempre elegante, ótima acidez, taninos pegando um pouco - precisa sim de alguns anos - e lembrando os vinhos da Borgonha. Vieram então um Domaine Joannet Vosne-Romanée 2018 e um Domaine Machard de Gramont Aloxe-Corton Les Morais 2018. Nunca havia bebido de um Vosne, e uns poucos Cortons. O primeiro fica na região de Côte de Nuits, tida como a melhor produtora de tintos da Borgonha. Mostrou fruta evidente, um pouco de especiaria e a madeira estava presente. Boca com boa acidez, mas faltando uma pegada para entusiasmar. Por outro lado, não mostrou uma elegância marcante - ou ninguém pegou - que compensasse a falta de potência. Boa persistência, final médio e segundo a literatura pronto para ser bebido. Não sei se a garrafa falhou ou o serviço foi errado, mas aerou por cerca de uma hora e meia, duas horas, e depois não apresentou tanta melhora. O Aloxe-Corton, da região de Côte de Beaune, provém de uma área onde os vinhos são mais pegados, mas tânicos - talvez não como os de Pommard (também de Beaune), mas Potência pode sim ser o nome do meio. Mostrou nariz mais complexo com frutas vermelhas, madeira, chocolate/café (qual?) e algo terroso. Fruta na boca também, taninos médios aliados a ótima acidez compondo bom final e permanência. Gostamos mais deste, embora a diferença de preço seja marcante a favor do Vosne. Faltou bebedor para o Vosne?

   A confraria pagou, em promo da Chez France, R$ 620,00 pelo Vosne, e R$ 344,00 pelo Aloxe-Corton. Seu preços lá fora estão em aproximadamente USD 55,00 e USD 35,00. Fazendo uma conta geral a R$ 6,00 por dóla, daria, 'lá', R$ 330,00 e R$ 210,00. Pagamos, então, 2x'menos' em cada um deles - o Corton foi na verdade uma ótima compra - e valeu a experiência.
   O Boscônia estava nas mãos de importadora tubarona, e o preço, nas nuvens. Parece que não está sendo trazido atualmente, o que abre a oportunidade para outras casas do ramo. É um vinho de uns USD 30,00 lá fora, e se chegasse aqui na faixa de R$ 200,00 (compare com a margem da Chez France) acho que venderia a rodo. Conheço uma dúzia de pessoas que compraria uma caixa só aqui em S. Carlos. Já deu uma grosa...
   O Nativ, vendido pela Enoeventos, custa aqui R$ 250,00/R$ 208,00 (enoclube) e tem um preço médio de USD 15,00 lá fora. R$ 15,00 x R$ 6,00 = R$ 90,00... Alô, alô, Oscar, está quase 3x sem enoclube! E mesmo no clube está mais de 2x! Eu sei que vários outros vinhos dessa importadora estão com margens menores - fique à vontade para ir lá e conferir - mas o consumidor não dá descanso e exige vinho a bom preço sempre. Como é mesmo aquela máxima? O preço da liberdade é a eterna vigilância!

Tuesday, August 16, 2022

O segundo dia do Pêra-Grave Reserva 2015

Introito

O jogo de mentiras, empurra-empurra e versões fantasiosas acirra-se. Já ouvi - por mais de uma fonte, e então comento aqui - estórias PTlhas sobre o voto útil. Voto útil?! 😡 Qual, cara-pálida? Aquele negado a Mário Covas pelos próprios PTlhos, quando da eleição de 1994, contra Francisco Rossi? Ou aquele outro negado também a Covas, em 1998, contra ninguém menos do que Paulo Maluf? Claro, os PTlhos já sabiam: Maluf seria o fiel da balança, anos depois, na eleição de Andrada à prefeitura da cidade de São Paulo, de onde sairia chutado nos fundilhos numa humilhante derrota em primeiro turno apesar de contar com a máquina pública a seu favor. Recordar é viver, não é mesmo? Do lado bolsonésio, a justificativa do voto no atual idiota-mor da República é impedir a vitória de lulalelé em primeiro turno. No segundo, a população de bem votaria nulo. Supostamente um número de votos nulos maior do que o número de votos do vencedor por si só já justificaria um impeachment. Não é verdade. Um impeachment é justificado por um motivo político, principalmente apoiado pela vontade popular. Sozinho, o congresso nada fará contra bolsonésio. Apostar nisso é indiretamente apostar na mansidão do povo brasileiro, torcendo para que ele deixe como está o próximo ciclo parlamentar. Não deixemos isso passar em brancas nuvens. Portanto, tenha claro para si, caro leitor: apoiar bolsonésio significa sair às ruas logo depois do primeiro turno apontando o dedo na cara dos lulalelés reclamando o impeachment que negaram-nos - como venho defendendo aqui. Novamente: os PTelhos não terão nada a perder; nova eleição será outra chance para eles. E mais uma vez: não deixemo-los conduzir o processo - até porque são incompetentes para tal; tentaram com todos os outros presidentes a quem fizeram oposição, sem conseguirem. Que apenas votem o que nos negaram antes!

Traidor da Constituição é traidor da Pátria!
Ulysses Guimarães, no discurso de promulgação da Constituição

Não pode haver dúvida: bolsonésio já afrontou não apenas a Constituição, mas a todos nós brasileiros. A lata do lixo da história será pouco. Para ele e para seus atuais apoiadores, principalmente para os candidatos à reeleição.

O segundo dia do Pêra-Grave

   Rapá, esse Pêra-Grave não cede. Manteve boa parte do buquê - a fruta continuou lá, um pouco decaída mas ainda bem presente - e a boca permaneceu pegada: especiaria, taninos, acidez, persistência - falei dela ontem? É muito marcante. Tem bom final, continua na boca depois de engolirmos; mastigamos para estimular a salivação e a sensação da presença do vinho mantém-se viva. De repente minha memória de vinhos passados pode não ser tão boa... mas sinto uma incontida vontade de rir às pencas quando leio de algum vinho médio sul-americano com final longo. Nos ícones já experimentados não recordo-me de serem assim, em comparação com Pêra-Grave... o que dizer dos médios. No... 🙄... degraus acima, ouso dizer que mesmo dos icônicos Dom Melchor, Don Maximiano Founder’s Reserve da Errazuriz, do Casa Real da Santa Rita e outros... e no preço cheio, pela metade do preço. Então, quando comento do sobrepreço dos vinhos chilenos, o leitor mais encasquetado pode pegar um Pêra-Grave Reserva no preço cheio e compará-lo com seu gran vin chileno predileto. Afinal, já jogou milão fora...os R$ 466,00 do preço cheio serão deveras reveladores. Se conseguir uma promo com uns 30%, pegue. Saindo por R$ 300,00 (USD 60,00, dará uns 2x), será felicidade engarrafada. No preço cheio, é meio salgadão.

Sunday, August 14, 2022

PTralhas em desespero

Introito

bordão ridículo encenado por praticantes

Esta semana presenciamos a leitura de alguma cartinha estúpida em nome da democracia. Sempre ela (a democracia) pagando o PaTo; estúpida for a tal da cartinha. Acompanhei (pouco) pelo canal G1, de onde tirei essa foto, e o que mais vi foram as cores de uma bandeira associada a conhecida facção criminosa em detrimento das cores nacionais. Pior, presenças de energúmenos apoiadores do partido que repudiou a Constituição, não assinando-a, assim como abjuraram o Plano Real, para depois valer-se dele sem tirar ou por uma vírgula nas diretrizes originais. E, quando a alteraram, sabemos no que deu. Agora querem dizer que bolsonésio usou sua bolsa farelo para comprar eleitores. Se assim é, ora, esses eleitores nunca foram da esquerda; votaram nela graças ao Bolsa Família - puxadinho de outros programas anteriores mais 20 merréis de lambugem a título de 'cala boca'. Até mesmo uma suspeitíssima urna gay (sic! veja a foto), reconhecida bandeira PTralha, confirmava o viés da manifestação.
   O que os principais candidatos à presidência têm em comum (e o que os diferencia)?
   1) Ambos refestelaram-se com o erário (mas só um foi a julgamento - até agora). 2) Ambos continuarão fazendo uso pouco republicano da máquina governamental (mas só um sabe fazê-lo de fato, como manda o figurino, elevando o rombo aos bilhões). 3) Ambos tentarão cooptar o Congresso - seja com emendas secretas ou com o Mensalão 2.0 (mas só um terá competência para escapar a um impeachment). Fiquemos por aqui.
    Quer votar sem anular o voto? Lembre-se: o cidadão de bem torna-se bandido quando associa-se a bandidos. Ainda assim, se discordar, não dê ao seu aloprado preferido a tão importante base congressual. Vote em candidatos comprometidos com o respeito geral ao cidadão. Como? Aqui tem uma boa aula - está mais para o final; o início é apenas uma bem humorada descrição de alguns candidatos folclóricos que já apareceram para enfeitar o pleito. Onde está Rodrigo Maia? Lembre-se disso ao defrontar-se com a urna; ele foi o principal ator a negar-nos o impeachment. E, depois do primeiro turno, se der bolsonésio versus PTralhas, e você for anti-PTralha, será hora de levantar a mão para esses adoidados e conclamá-los desde já ao impeachment. Claro, não com eles no comando, porque não sabem fazer isso. Será tarefa de gente competente. Que eles apenas votem, e basta. Canalhas. 

Pêra-Grave Reserva 2015

Bebi as safras '16 e '17 de Pêra-Grave na versão mais simples ('Colheita'), e agora chego às duas garrafas do Reserva 2015. Já comentei sobre o produtor, não vou repetir-me. Achei escura a cor - quase nunca presto atenção - e, ao conferir, o corte é predominantemente Touriga Nacional e Syrah. Essa última cepa costuma dar um tom mais escuro ao vinho, e é dica para encontrá-la na mistura começando pela análise visual. Não funciona sempre; na África do Sul, por exemplo, a Syrah muitas vezes tem tons claros. Pêra-Grave Reserva dá um susto logo nas primeiras cafungadas; tem pegada forte no nariz embalada a fruta vermelha e talvez a associação com aquele leve dulçor característico dos vinhos lusitanos sugira chocolate antes de café. Mas é um deles... Não consigo distinguir bem as frutas, mas tem várias, com segurança. E se disserem que são vermelhas e negras, quem sou eu para contradizer! Há uma sugestão de especiaria também, mas ela está mais manifesta na boca, com o mesmo (leve) dulçor, chocolate e principalmente taninos muito pegados, sugerindo maior guarda. Está bom para beber, se o leitor curte o estilo poderosão (sic), mas o conjunto seguramente ganhará muito em qualidade para quem tiver paciência. Tem madeira bem marcada, ótima acidez e 14% de álcool que pode escapar no começo, mas integra-se melhor depois da primeira hora - embora fique lá, ameaçando tocar fogo se o bebedor arriscar um cigarro (risos! menos...). Se soubesse teria comprado mais umas duas garrafas... 'promos' do importador são um tanto raras... mas se Pêra-Grave Reserva entrar em bléqui fraid, teje atento; os R$ 400tão do preço normal doem um pouco...

Sunday, August 7, 2022

Tempo demais

Introito

Preciso começar por um reparo na penúltima postagem. Escrevi assim: Sem algum fator extraordinário, as pesquisas praticamente definiram o segundo turno. A presença constante de energúmenos neste espaço fez-me proferir essa idiotice sem tamanho. É claro que as pesquisas nada definiram. Pesquisa nada define desde sempre. Sem entrar em absurdas teorias de conspiração, com a grande (e vendida) mídia mancomunada contra os brasileiros, torna-se claro que vaticinar um pleito já definido agrada a ambos os atuais primeiro e segundo candidatos nas pesquisas. Querem vender-nos a crença de que 80% dos votos já estão cristalizados, e isso seguramente é mentira. Vamos à tradução d'Oenochato dessa mentira: dos 25% que votarão em lulalelé de qualquer maneira, e dos 20% francos eleitores bolsonésios, 80% estão com os votos cristalizados. Só 80%... quer dizer, nem o suposto 'núcleo duro' desses canalhas está certo de que se renderá de quatro a seus senhores. Não se deixe enganar.
   Outra falácia diz respeito a um suposto protagonismo do Gê num governo PTralha. Na época do 'pró-mercado' do lulalelézinho-paz-e-amor, da carta aos brasileiros, o vice não era exatamente um político de carreira: Alencar ocupou um único cargo eletivo justamente antes de ser convidado a participar da eleição nacional. Seu posto era ornamental. Acreditar em Gê moderando lulalelé é esquecer o que os PTlhos fizeram com Temer após a eleição da presidAnta: ele ficou escanteado até começar a costurar o destino de seus detratores. Quando estava tudo certo, lançou a famosa carta Verba volant, scripta manent. Inês era morta e os estúpidos PTlhos sequer perceberam já terem ido. 

   Para aclarar a proposta do voto em bolsonésio para quem acha necessário participar com voto válido na eleição, é necessário enfatizar a escolha aos demais cargos. É óbvio que o eleitor precisa desancar os candidatos bolsonésios! Lembre-se, ele não governará. Até porque mesmo agora, com sua base inicialmente eleita, nada governou. Ele não sabe como deve fazer, percebe? Ademais - recorde-se daquela foto onde as raposas se cumprimentam - o grande risco será votar em deputados estaduais e federais cujo caminho natural será o colo do Nosso Guia. E ele próprio garante-nos: está com tesão de 20 anos! Finalizando: também de pouco adiantará votar em bolsonésio e ficar calado. Isso é desculpa para quem já está propenso a tal, mas precisa de uma justificativa. Para quem votará em bolsonésio, o caminho no dia seguinte será cobrar o impeachment sonegado de nós até agora. O eleitor precisa escolher deputados que combaterão com ele na trincheira de democracia em 2023. Observe que eleitor sozinho não faz verão. Ele precisa do parlamentar em consonância com sua aspiração para espalhar medo (sic) entre os demais que estão lá. Porque a maioria dessa caterva é composta de estúpidos de ocasião. Já para os próprios PTralhas a solução será convidativa: eles terão a segunda chance se aprovarem a deposição de bolsonésio em até dois anos. Com um pouco de sorte, sai em um ano, um ano e pouco.

Tempo demais

A Dayane me uátizappa comentando ter conversado com a Renata acerca do baixo nível de confraternização em suas correntes sanguíneas. Foi a senha para uma reunião de almoço no sábado, e lá se foi todo feliz e faceiro este Enochato estrada afora até Araraquara. Levei, para que elas conhecessem, meu vinho do momento, o Chocapalha 2016. A fruta estava lá, e a especiaria também, mas não peguei claramente o chocolate desta vez. Madeira presente, álcool sempre um pouco a mais, a acidez e os taninos como esperado fizeram, pelo que notei, o vinho preferido da Dayane. Também experimentamos um Delas Frères Côtes du Rhône Saint-Esprit 2018. Curiosamente o sítio do produtor indica um corte Syrah e Granache, embora tenha encontrado a segunda cepa como sendo principal em dos importadores brasileiros. Logo de cara notei a característica sempre comentada pelo Akira para essa região, um buquê adocicado na direção de melaço. Tinha nariz com fruta muito presente e agradável; especiaria, algo como couro/café, taninos e acidez médias com álcool discreto: elegante do começo ao fim, embora de final um pouco curto. Mas ótimo para um Côtes du Rhône. Foi o preferido da Renata. E meu.

Acho que como acompanhamento do cupim com arroz e mandioca cozida o Delas foi melhor, pelo conjunto. A Sofia, desta vez presente, acompanhou-nos degustando alguns goles sob supervisão cerrada da Renata, dizendo-nos ter gostado de ambos. E não caiu no sono como já vi muito marmanjo fazer, nem ficou reclamando que era muito vinho. Já está ameaçando o lugar de muito confrade mais tarimbado. Ainda tivemos, preparado pela Renata, um fondue de chocolate com morangos muito bom. Baco reclamou a falta de um vinho de sobremesa, falha indesculpável deste travesti de crítico. Teremos outras oportunidades...

Monday, August 1, 2022

Os oito anos da Enoeventos

Introito

A postagem de ontem foi extensa, e acabei por sisquecer (sic) de registrar efeméride importante. Comemorando oito anos de existência, Enoeventos promoveu boa oferta de vinhos que só foi crescendo durante... oito dias! Infelizmente acaba hoje. Escrevi para eles barganhando de alguma maneira a compra de uma caixa de vinhos com descontos de enoclube - afinal, seria uma caixa - mas não houve acordo. A recusa não altera a boa perspectiva que tenho da importadora, mas talvez tenha lhes faltado tino comercial; não é fácil encontrar consumidores com esse poder aquisitivo, principalmente hoje em dia. Acho. De qualquer maneira, desejo mais oito e mais 16 anos de existência a uma das importadoras com mais constância na boa relação custo-benefício em favor do consumidor que conheço.

O segundo dia do Dulcamara

O nariz continua poderoso. As camadas de buquês parecem ter passado por um ligeiro achatamento, mas estão lá. Este travesti de crítico passou quase toda a adolescência e quase toda a vida adulta em hiposmia, que é a perda parcial do olfato. Falta-me, portanto, a importantíssima memória olfativa para discernir melhor o que cafungo. Mas estou seguro para dizer que um bom bebedor pode reconhecer essas camadas mesmo como estão agora. Um detalhe raramente comentado por mim, a cor do vinho: veja ao lado como ele é escuro e repare a quase ausência de borda mais clara; após o halo ela vai quase para o petróleo direto, indicativo de ainda estar jovem. Ontem escrevi assim: Pode ser degustado com muito prazer em cinco anos. Preciso reformar a opinião: pode ser guardado sem medo por mais cinco anos e depois se pensa o que fazer: guardar mais um pouco ou começar a abrir uma garrafa de vez em quando, se tiver várias. A boca continua pegada, firme, ele se agarra na língua e ela fica bem marcada. O álcool pega um pouco, mas os taninos, a acidez e o restante do conjunto rapidamente escondem essa falha - precisa estar atento para pegar. Mantém o quê de chocolate, e por causa do dulçor percebe-se que tem mais coisa (sic) ali. De fato, perdeu bem pouco de um dia para o outro. De hoje, não passará - curiosidade há, mas este Enochato não tem o costume de beber tantos dias seguidos, a menos de épocas mais hedonistas, como quando em férias. Ainda tenho uma taça generosa, e no momento a companhia do Chris De Burgh provê um final de noite inspirador. Saúde!