Tuesday, May 26, 2020

Quinta da Bacalhôa 2009

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Introito

   Continuando na épica e inglória missão (sic! rs!) de acabar com meus portugueses um pouco mais antigos, ajustei a alça de mira para um Bacalhôa que estava de bobeira, andando sossegado de um lado para outro na prateleira como se o final dos tempos fosse um gabinete em Brasília um conto de fadas. Não viu o que o abateu...
   Gosto dos Bacalhôas desde sempre. Até promovi uma degustação de 5 ou 6 safras certa vez... não sei onde foram parar as fotos... nunca postei... tenho até o final dos (meus) tempos para isso... se a roda-viva não aparecer e levar o destino o vinho para lá. Voltando... comprei várias garrafas quando o vinho tinha melhor relação custo-benefício. Dias de um passado esquecido, o que não é surpresa para este povo sem noção nem memória que habita a Terra Brasilis...

 O Vinho Regional da Península de Setúbal

   A Península de Setúbal é uma região vitivinícola classificada como vinho regional. Proporcionalmente equivale à  vin de pays francesa, que por sua vez está abaixo da AoC (Appellation d'Origine Contrôlée). Isso pode levar o leitor desavisado a achar que tratam-se de vinhos muito simples, o que é o chamado ledo engano. Assim, os bebedores menos experientes do lado de baixo do equador seguem pensando que vinhos chilenos são bons - para os argentinos, temos ele próprios acreditando que seus vinhos são os melhores do universo, e que Maradona é melhor do que Pelé.
   Bem, Setúbal é mais conhecida pelo Moscatel que leva seu nome. O início da vinicultura na região, vai ver, vai ver (rs), teve influência grega e fenícia. Seu reconhecimento veio um pouco depois (rs), alí pelo século XIV. Seu grande mérito está na grande harmonia entre açúcar, álcool e um frescor que dura... por eras... Não eras geológicas(risos!), mas bebi um com 20 anos certa feita, e estava naquele conceito que me é caro, o de felicidade engarrafada.
   Os vinhos da Península de Setúbal estão representados por diversos bons produtores, como Quinta da Bacalhôa, DJF, José Maria da Fonseca, Quinta do Piloto e outros. Tem uma vasta gama de cepas - autóctones e internacionais - permitidas, o que acrescenta uma boa gama de combinações sobre o já extenso leque composto pelas características Aragonez, Periquita, Tinta Amarela, Touriga Nacional, Alfrocheiro, Alicante Bouschet e outras tantas.

A Quinta da Bacalhôa

   Sediado inicialmente no Palácio dos Albuquerques, depois Palácio da Bacalhôa, a Quinta da Bacalhôa foi a primeira vinícola de Portugal a plantar Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot - combinação semelhante à do Médoc em Bordeaux. O Quinta da Bacalhôa tornou-se, então, o primeiro Cabernet Sauvignon português. Na verdade, trata-se de um corte 90% CS 10% Merlot. Lançado somente nas melhores colheiras, o Palácio da Bacalhôa é um corte 60% Cabernet Sauvignon, 36% Merlot e 4% Petit Verdot.
   Quinta da Bacalhôa 2009 estagiou 12 meses em carvalho, e 6 meses em garrafa. Neste exemplar bebido agora, nota-se um pouco menos da pimenta típica da Cabernet - sinal de já estar descendo um pouco a ladeira? Bebi uma safra mais nova no ano passado, e lembro-me bem da pimenta bem marcada. Não atijolou, mas também não recomendaria a guarda por mais tempo. Mesmo safras um pouco mais recentes (10, 11) podem ser consumidas agora. No mais, acidez presente, média permanência, bom final. Com 11 anos, não é um bom exemplo de felicidade engarrafada, mas o bebedor também não ficará triste. Só não pode mesmo marcar toca...

Saturday, May 23, 2020

A Carol, o camarão, o Borgonha... e eu!

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Introito

   Outro dia estava no uatizapi reclamando com a Carol que não bebia um vinho bom há algum tempo. Mentira, claro 🤣😂, que tenho (sic) bebido algo melhor para compensar o isolamento, mas precisava de uma abordagem convincente.
   - Eu cozinho - ofereceu-se ela.
   Estava feita a armadilha. Ela é uma boa moça... mas tão ingênua...
   - Quero camarão. Claro, eu compro. E tenho um vinho para combinar.
   - Imagino... - mas ela não imaginava nada 😂🤣😂🤣.
   Não precisei descer na adega para escolher. Da última vez já olhara aquele par de garrafas e decretara que uma iria para o sacrifício. Escolhido o dia e hora, só restou esperar por mais uma ligeira pulada de cerca sobre as medidas de isolamento em tempos de pandemia. Ninguém é de ferro. Andamos ambos suficiente isolados: eu em home office desde sempre, ela atendendo pacientes pela internet. Não é sequer um risco calculado, porque para tal é preciso haver risco...

O Domaine des Comtes Lafon e os vinhos da Borgonha

   Este produtor estabeleceu-se nos idos de '64. Não 1964, cara pálida! Foi em 1864...
   Para um produtor importante que planta em metade da Borgonha - na verdade, em toda ela! - e tem em sua carta alguns dos vinhos mais valorizados da região, seu sítio é chinfrim. Na verdadeira acepção da palavra... E, de um produtor desse calibre, a este pobre enochato só resta a oportunidade de provar seus exemplares mais modestos.
   A classificação dos vinhos da Borgonha é um tanto confusa, ao menos para mim. Parece, em primeira aproximação, que é mais ou menos assim (qualquer reparo será mais do que bem-vindo!):
   De maneira geral, o tipo de terreno e sua orientação contam muito na classificação dos vinhedos. Se ele está inclinado para o norte, sul, leste, oeste, se é plano, se está em um encosta (no começo, no meio, no topo), tudo isso é levado em conta e define (além de outras qualidades) um determinado climat. Quanto à qualidade, os vinhos dividem-se assim:
   1. No nível mais básico estão os Bourgogne Blanc e Ruge (Borgonha Branco e Tinto). São vinhos genéricos, regionais, o mais simples que a região oferece.
   2. Village são vinhos cujo rótulo indica apenas o nome da comuna onde é feito. E aí é preciso conhecer as comunas... Fica mais complicado logo adiante (rs).
   3. Premier Cru: é um passo acima dos Village, e já imperam regulamentações específicas. E tais regulamentações parecem variar de região para região... daí também é necessário conhecer as regiões e suas regras...
   4. Grand Cru: representa a elite dos terrenos borgonheses. Os mínimos detalhes são levados em conta. Simplesmente não existem Grand Crus voltados para certas direções. As regulamentações são mais específicas. Podem abranger descarte mínimo de uvas, de acordo com a safra, por exemplo. Parece que Grand Crus, quando nas encostas, ocupam-nas do meio para cima. Abaixo, ficam os Premier Crus. Motivo: quando chove, o sopé da encosta recebe muito mais água. Se a chuva acontece na hora errada (próxima à colheita), isso pode fazer muita diferença na qualidade final das uvas. Daí que a drenagem do terreno também é muito importante. Wow! Esse negócio é detalhado mesmo...

   Voltando ao Comte Lafon: produz principalmente vinhos brancos (Chardonnay, claro...) distribuídos em... 16 hectares(!), incluindo no Le Montrachet, considerado o terreno mais nobre do mundo para plantio da Chardonnay. Não é à toa que o custo dos vinhos da Borgonha são altos... as regiões são minúsculas. Seus vinhos mais simples, comprados em queimas nos tempos de 'dóla' a valor razoável (menor do que R$ 4,00), saíam a R$ 180,00. Com 'dóla' a R$ 6,00 e sem promoção, custam R$ 400,00... 😖 não dá... Claro, será necessário aguardarmos o 'dóla' voltar a patamares razoáveis para aventar outra compra, mesmo que arriscando um Premier Cru no exterior. Com um pouco de fé, acredito que até 2060 será possível considerar uma viagem e consequentemente a compra de uma garrafa melhor. Até lá, resta-nos aguardar algum amigo generoso convidar-nos para algum aniversário, batizado, crisma, primeira comunhão ou, com alguma sorte (sic), 'descasamento'...

Mâcon-Villages Les Héritiers du Comte Lafon Récolte 2011

   Bom... nesses preços fica tudo chique... tão chique que até 'safra' vira Récolte...
   Uma boa combinação com Borgonhas brancos, principalmente com Mâcons, é o camarão. E a Carol se esmerou... apesar de eu ter oferecido os camarões em troca de seus préstimos culinários, ela ainda foi atrás do mesmo ingrediente para fazer um pirão a acompanhar o arroz. Quanto ao vinho: bem floral, boa acidez e um fundo de manteiga não foram suficientes para fazer de Les Héritiers um vinho marcante, mas... claro, é apenas um Village... Comte Lafon é um grande produtor, e se comparado taça a taça, deverá bater exemplares similares. Mas esta é uma declaração um tanto 'aberta', dadas minhas poucas experiências. Fico em dúvida se, mesmo na 'promo', acaba sendo uma compra tão boa. Existem opções de vinhos um tanto simples mas mais 'frescos', mais novos e - aí sim - bem mais em conta. Uma safra mais nova de Les Héritiers faria diferença?  Não sou um conhecedor de Borgonha para afirmar, mas no final acho que sim... De qualquer maneira, valeu experimentar; foi uma boa experiência. Só não sei se compraria novamente safras relativamente antigas desse vinho simples.

Sunday, May 17, 2020

Postagem dois em uma: o bebido Roquette e Cazes 2006 e bebendo o Clos Floridène 2009

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Introito

   Estou com muita 'meda', estes dias. Alguns vinhos nos quais apostei maior longevidade, estão descendo a ladeira. Ô tristeza! Precisarei acelerar um pouco o consumo. E, com o advento desse odioso Corola vírus, preciso comentar com a caterva que consumirei as garrafas sozinho. A 'menas' que alguém se candidate a vestir aquelas roupas de segurança de laboratórios de pesquisa genética e vir para cá ajudar na tarefa. 'Tejem' avisados.

Roquette e Cazes 2006

   Andava bebendo coisas em setembro de 2017 quando experimentei um Roquette 2006, e estava bom. Depois do pega pá capá à portuguesa, fiquei um pouco preocupado com a longevidade desses e de outros vinhos mais simples de Crasto/Esporão. Andei conversando com Don Flavitxo a respeito, e ele apontou que vinhos mais icônicos dessas casas são mais longevos. Pow (rs), pelo que custam o Vinhas Velhas e o Xisto Roquette eu esperaria mais... Mas aí vi que tinha um Roquette e Cazes 2006, mas simples que o Vinhas Velhas. Sem muita dúvida, 'chamei' uma pizza, a Carol, e mandei ver...
   A rolha não sobreviveu bem - não fotografei. Precisei retirar com o saca rolhas de 'garfo', pois logo no começo notei que ela cedeu ao ser puxada. O vinho estava bom, mas claramente seus melhores dias haviam passado. Muito bebível, ainda com fruta, aquela goiaba de fundo, acompanhou bem a pizza de pepperoni, mas a borda atijolada testemunhava a terceira idade. Certo, cada garrafa é uma garrafa, como costuma dizer Don Flávio. Mas eu não apostaria mais fichas em Roquette e Cazes na safra 2006. Você tem? Vou citar outra que Don Flávio adora comentar: melhor um ano antes do que um dia depois. Saca-rolhas em punho, taça na mesa, e... garganta nele! Vá com tudo! Safras mais recentes, claro, teje frio (sic), e guarde mais um pouco. Eu compraria... se não fosse tão caro. O mercado tem opções melhores pela faixa de preço, ou opções similares bem mais baratas. Basta procurar - ou morrer de ler as postagens já cometidas (sic) por este travesti de analista.

Clos Floridène 2009

   Esse Graves 72% Cabernet Sauvignon e 28% Merlot foi minha primeira queima impulsionada pelo susto acima. É um vinho relativamente simples, mas é um Graves. Mas é relativamente simples (risos!). E, sendo assim (um Graves!), foi um tiro n'água. Estava muito bom: 'na fruta' (vermelha), algo na direção de chocolate aparecendo com algum respiro. Boa boca: acidez presente, bons taninos, madeira discreta. O final não é longo. Mas ei (rs), você aí que pensa que vinhos sul americano têm final longo... aprenda a beber (risos!); pegue um Clos Floridène e se desespere (gargalhadas; vá para 1:50 e recorde... porque esquecer-se é a perdição do homem...). Vinho é comparação. Uma vez acostumado aos europeus - e à acidez - é isso o que esperamos. Então, se não é um final longo para o padrão do bom vinho europeu, é bom o suficiente para destroçar sul americanos nessa faixa de preço (R$ 200,00) e mesmo além. Digo e repito: chilenos estão caros. Se (quando) abaixarem de preço, vou dizer. Se melhorar a qualidade, vou falar, também.
   Lembro que paguei uns R$ 65,00  no evento; era a comemoração de 50 anos da Mercearia 3M, há muito tempo. Outro dóla, como costumo dizer... Aliás, junto do Silicum, um toscaninho muito ajeitado, ele foi considerado por respeitado júri de experts como o vinho do evento. Alguém me perguntou quais eram os melhores vinhos, e dei como opinião justamente esses dois, antes da opinião cicular. É esses júris até que sabem de alguma coisa - embora eu ache mesmo que não. Mas preciso alimentar meus detratores com algum motivo para me detestarem, certo? É esse, aí acima... 🤣😂

Conclusão

   Não há muito o que concluir (risos!). Como primeira tentativa de reorganizar a adega, consumindo algo mais antigo, falhei fragorosamente. E olha que tenho aqui um Graves 2001. Acho que não foi exatamente uma tentativa de reorganizar a adega... foi mesmo uma tentativa de beber um vinho bom. Aí sim... 😄 acertei em cheio. O vinho ainda está a menos da metade, e chegou a pizza quentinha. Fui.

Thursday, May 14, 2020

Mais um vinho improvável

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Introito

   Esta aconteceu no ano retrasado, 2018. Foi uma safadeza sem tamanho do Akira. E calou a boca de todo mundo. Afinal, quem pensaria em beber um vinho peruano se pudesse trocá-lo por chilenos ou argentinos, tão bons...? A estória começou assim: a mãe do Jorge venceu uma edição do Master Chef Peru. Como 'brinde', recebeu de Gastón Acurio em pessoa uma garrafa de vinho. Mas a nobre senhora não bebe... então deu a garrafa de presente para seu amado filho, o Jorge. Mas o Jorge também não bebe...então fez da garrafa um presente para o Akira. E o Akira não se fez de rogado, e jogou a garrafa na mesa, devidamente embrulhada. Resumo: das nobres mãos de Gastón Acurio para a mais nobre ainda garganta deste Enochato (risos), um belo exemplar de vinho peruano.

Tacama: a primeira vinícola do Peru

   Na verdade, segundo comenta o sítio do produtor, trata-se da primeira vinha da América do Sul. Foi de lá que as videiras seguiram para o Chile e Argentina. Fundada na década de 1540 por Francisco de Carabantes, está hoje representada em países como França, Itália e Espanha - grandes produtores de vinho. Não está representado no Brasil. Faz todo sentido: nossos bebedores bocas-tortas veneram os demais sul americanos e coisas estranhas como o Sassicaia, e - conhecedores de Toda a Verdade - desprezam o ilustre vizinho. Ah, desprezamos também os sul-africanos, como comentou Don Flávio Vinhobão, em comentário recente neste blog.
   Tacama produz uma gama relativamente variada de vinhos: Linea de la Viña, Linea Clasica, Linea Selección e Linea Alta Gama. O que degustamos pertence à Linea Selección; portanto, nem é a melhor.

Tacama Linea Selección

   Em sua linha Selección, Tacama produz diversos vinhos: um rosé corte de Nielluccio (já ouviu falar?!), Malbec e Viognier, um corte meio a meio de Petit Verdot-Tannat, um Petit Verdot 100%, um Malbec 100%, um Carmenère 100% (quero experimentar esse Carmenère!), e um 100% Alicante Bouschet, com cepas importadas diretamente da França.
   Experimentamos o Alicante Bouschet. Fruta bem presente, causou perplexidade ao ser servido às cegas. Alguéns (sic) disse(ram) sul americano, passando por chileno e argentino. Chutei italiano(!), pela presença de acidez e pelo estranhamento. Outro(a) chutou "europeu", sem conseguir ir mais longe. A revelação de um vinho peruano surpreendeu a todos. Gratamente, na opinião geral. Foi mesmo uma quebra de paradigma. Bons taninos, álcool a 14,5% bem integrado, pouco açúcar - o que me sugeriu a procedência italiana (não me pergunte de onde - rs - apenas foi assim). Se a linha Selleción apresenta tudo isso... fico curiosíssimo para experimentar um Alta Gama. Jorgeeeeeee! (risos)

Tuesday, May 12, 2020

Vinho 'velho'

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Introito

   O dito popular diz que quanto mais velho, melhor o vinho. Respeito a sabedoria popular, mas neste caso nada poderia estar mais errado. Acontece que a maior parte dos vinhos não sobrevive muito mais do que cinco, sete anos. Vinhos sem estrutura não conseguem 'envelhecer' bem. E, no caso deles, envelhecer limita-se a meia década, não mais. Já outros, com maior estrutura, podem durar cinquenta, sessenta anos. O leitor que duvidar, olhe aqui, quando Don Flávitxo relata a degustação de um Petrus 1953. Então com 61 anos, estava excelente.
   Às vezes tropeço com postagens falando da longevidade de vinhos sul-americanos - chilenos e até brasileiros - com 10, 15 anos, e que estariam bons. Abrimos há algum tempo um Dal Pizzol 2001. Eu tinha a garrafa como "estimação", mas alguém sugeriu sua abertura, 'só de sarro'. Para uns, estava passado mas bebível. Para outros, estava apenas passado mesmo. Cheirava à metacrilato. Sabe assim (rs), quando lembra esmalte? (de unha). Exatamente... Bom, não sei onde foi parar a foto da parte da frente do rótulo (rs), mas está aí o registro.
      Voltando, o que dá então estrutura para certos vinhos envelhecerem (tão) mais tempo do que outros? Não tenho tanta certeza, e se alguém puder ajudar, só diminuirá meu desconhecimento. Claro que a combinação de acidez e tanino são importantes. O álcool, por incrível que pareça, não. Vemos exemplares antigos de Borgonha com 12% de álcool que são disputados a tapas nos leilões...
   Combinado à acidez e ao tanino, creio que a vinificação, com menor importância do que os dois primeiros. Mas esse é um assunto sobre o qual sei menos ainda. O importante é saber quais são as características de um 'vinho velho'. E, para a devida correção na linguagem, observemos que ao dizer 'vinho velho' estamos invocando, na verdade, o vinho oxidado que não desceu ao vinagre. Alguns aromas imediatos vão na direção de compota. Mas um vinho envelhecido pode mostrar compota e não chegado ao estágio de oxidado. Um estágio além da compota chegam os aromas de frutas secas, mais notadamente - parece-me - o de amêndoa.
   Um vinho mais fácil de encontrarmos envelhecido, oxidado, sobrevivente à oxidação e quase sempre exibindo amêndoa, é o vinho do Porto, de qualidade 'razoável'. Os de baixa qualidade, claro, não... Visualmente, o tinto envelhecido é fácil de reconhecer: sua cor tende a ficar atijolada, ou alaranjada.
   O mais impressionante é que um vinho que sobreviveu à oxidação pode estar planamente bebível - dentro de suas características, muito diferentes do vinho 'novo'. A fruta foi embora. O tanino arredonda-se até transformar-se em bolinhas de gude (risos!). Não, não, nem tanto. Continua lá, só que mais suave. Não me pergunte por que. Um vinho oxidado é um vinho sutil. O degustador iniciante seguramente o achará 'sem graça'. O primeiro que experimentei foi um Porto meu mesmo, um 6 anos que guardara por outros 20. Não gostei. O Akira o consumiu quase sozinho ao longo de meses, à medida que passava para uma conversa e um vinho nos finais de semana e às vezes dava um incerta no Porto. Às vezes eu bebia, sem gostar. Só lá pelo final da garrafa é que nos entendemos um ao outro (risos!), e percebi o que perdera. O Akira conta a estória em tom de chacota até hoje. Só o perdoo porque ele generosamente proporcionou-me diversas outras experiências similares depois dessa. E não com Portos...
   Vinhos oxidados costumam custar pequenas fortunas. Vá ver no wine-searcher o preço de vinhos com 40, 50 anos. E no caso de diversos Bordeaux eles sequer oxidaram...
   Um Biondi Santi dos anos 50 é avaliado em uns USD 4.000,00. Um Petrus com 100 anos, pode custar USD 20.000,00. Com 70 anos, uns USD 5.000,00. Bordeaux menos cotados podem ser encontrados por USD 1.000,00. Felizmente nem tudo é desespero...

Um exemplo 'barato'

Alguns vinhos portugueses têm a fama de envelhecer bem. "Mas quais?", perguntará o leitor mais entusiasmado. "Eu não sei quais" - respondo - "Mas sei que esses envelhecem bem: os da Caves Frei João". A informação veio em meio a uma conversa com o Flavitxo, e por obra do acaso o Akira conseguiu algumas garrafas de vinhos 'antigos' de Portugal. Tinha um Frei João no meio.
Freio João é um vinho da Bairrada. Em sua safra 1975 o teor de álcool foi 12,5% (eh! lembra o que falei de Borgonhas antigos nessa graduação alcoólica? Pois é, chupa - risos!). A ilustração do rótulo, comparando com a safra de 2011, não mudou. A apresentação, um pouco. Mas só. A safra 1975 custo algo como 60,00 Euros. É uma fração dos preços comentados acima. A safra 2011 paguei cerca de R$ 100,00 em alguma queima. Poder experimentar o mesmo vinho, em safras separadas por 36 anos, a mais velha então com cerca de 42 ou 43 anos, foi arrebatador. Uma taça com a compota, a amêndoa. Outra, com a fruta, o tanino vivo. Nada a ver com os vinhos nacionais descritos em minha postagem O dia em que a noite não foi boa (sic), de 2012...
   Conseguir esse tipo de vinho é difícil. Mas o leitor que tiver a oportunidade, não deve desprezar esse vinho levianamente. Esteja certo de que, na dúvida, entre não gostar e não 'entender' o vinho, você não o terá entendido.

Thursday, May 7, 2020

Quando o vinho é Babel

Introito

   Comecemos a falar da inesperada Babel deste título temendo a célebre frase
De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo
do Barão de Itararé.

Assim, espremerei os neurônios na esperança (rs) de tirar alguma informação útil para o leitor e depois, com a ajuda das Ninfas do Tejo - e sem a menor vergonha em plagiar Camões -, fazer a conexão entre o título e o vinho.
Fonte: Wikipedia.
   A Torre de Babel é um mito descrito no livro do Gênesis (11:1-9).  Os temas bíblicos - e Gênesis não foge à regra - sempre foram fonte de inspiração para todos os ramos da arte. Um dos primeiros a retratá-lo foi a pintura. Dentre tantas manifestações, podemos destacar obras-primas como A Torre de Babel, por Pieter Bruegel (o pai), e A Criação de Adão, na Capela Sistina, por Michelangelo. Na literatura, é óbvia a lembrança de A Biblioteca de Babel, de Borges. Mas o leitor que desejar conhecer uma abordagem mais nova e muito original, deve ler A Torre da Babilônia, de Ted Chiang. Integrante de História da Sua Vida e Outros Contos (Intrínseca), narra a estória de um minerador que chega à torre quando a construção está próxima de seu final. Tento atingido a abóbada celeste, sua missão é começar a cavá-la para buscar... o que estiver lá! O livro apresenta, de quebra, o conto-título História da Sua Vida que inspirou o filme A Chegada. Infelizmente o filme é linear demais, e sequer chega aos pés do conto - então leia! Todos os contos são muito bons. Chiang é um autor muito pouco prolífico, mas o que sai de sua pena costuma ter excelente qualidade. Não perca; não estou me repetindo; estou reforçando... Na história em quadrinhos, impossível deixar de citar A Torre, parte de Les Cités Obscures, de François Schuiten e Benoît Peeters. Entre os livros (e HQ) citados e os vinhos, se o leitor puder, fique com os dois. Se não puder, os livros são a escolha imediata, é claro... vinhos à altura dessas obras custariam 'milhares' em qualquer câmbio como 'real', 'dóla', euro ou libra; os livros, só umas poucas moedas...

Vinhos e Babel

   Acontece que rolou uma noite com exemplares da África (do Sul, onde fala-se inglês, dentre outros), Espanha, Itália e França. Taí o porque da Babel... A presença africana em nosso país tem algo de profundamente triste pela forma como aconteceu. Um exemplo do quão trágico foi a escravidão é descrito por Gaiman em Deuses Americanos. Machado também denunciou a degradação da escravidão. Mas o fez com o pudor de sua época. Gaiman o faz com o (des)pudor da nossa. Então, já adianto: que o leitor de estômago mais frágil não leia. O começo do livro já é marcante. Depois só faz piorar, justamente com abordagens como a da escravidão. É um ótimo livro. Não sei se a mini-série tá fazendo sucesso. Não é enredo para tando... Voltando, as influências dessa cultura em nosso povo são marcantes: música, folclore, dança... e a beleza da mulher africana é inefável no cenário do século XXI tanto quanto o será nos séculos vindouros - as gerações futuras concordarão comigo. Espanha e Itália são etnias muito presentes em nossa cultura. Os franceses, menos, mas ninguém discorda de sua influência até o primeiro quarto do século passado.
   Aos atores, então.
   Paul Sauer 2008, produzido pela Kanonkop Estate Wine, que é considerado o melhor produtor Sul-africano. Conheça O Verbo (imprecações deste Enochato ao establishment) na próxima seção, Perguntas que não se calam. Por enquanto, o vinho. É um corte tipicamente bordalês, 69% Cabernet Sauvignon, 22% Cabernet Franc e 9% Merlot. Tem 13.5% de álcool. Foi levado pelo Flávio Vinhobão. Boa fruta, boa acidez, boa presença na boa, é escola bordalesa bem representada no além-mar. A pergunta é por que não bate um Don Melchor (cito esse por ter sido o ícone chileno que mais bebi safras diferentes. Poderia comparar também com o Errazuriz Don Maximiano Founder's Reserve, o Santa Rita Casa Real ou o Tarapacá Milenium, dentre outros). A safra 2008 de Paul Sauer ainda é uma das mais fracas, segundo o sítio do produtor. Não conheço muito dos vinhos sul-africanos. Parece que Kanonkop é melhor produtor 'tipo assim'... disparado. Mas apesar de existirem outros bons representantes, parece que falta ao país maior constância em qualidade. E mais produtores de destaque. Se pagassem um James Sucks da vida, e encomendassem uns 'notões', talvez pudessem ser mais respeitados. Enquanto forem mais ou menos honestos e inocentes (como parecem), ficarão nessa espécie de limbo. Nós, consumidores, precisamos dar-lhes mais chances, deixando de lado nossas 'certezas' tão absolutas... Mas também precisamos de melhores opções, principalmente de importadores.
   Vall Llach 2000 foi produzido no Priorat, por sua vez localizado na Catalunha. Seu sítio é bem organizado, mas não traz maiores informações sobre safras mais antigas. Classicamente é um corte Carinena e Garnacha. Mesmo com 20 anos nas costas exibiu fruta bem presente, algo de chocolate - ou café... - com boa acidez e boca muito agradável. Os avaliadores deram 'notões' - tipo 96 ou 98 - para essa safra. Não o James Sucks - não teria comprado (rs). Pedi o celular do Jacimon e escrevi um número, que mostrei só para ele. Virei para o Flávio e perguntei que nota ele daria para o vinho. Ele pensou um pouco antes de responder:
   - Daria uns 93...
   Na outra ponta, o Jaci soltou uma risada. O número do Flávio bateu com o meu. Ter batido assim, tão na lata, até a quarta casa decimal - rs - foi uma clara coincidência. Mas mostra que ambos estamos 'algo sintonizados' na qualidade de um vinho. E convenhamos, entre esses avaliadores e nós, sou mais nós...certo, Flavitxo?
   O Brunello di Montalcino 2010 da Mocalli foi bem recebido. É um Brunello mais moderno, no meu parco entender. Não tem no buquê aquela 'água de riacho depois da chuva' que encontrei algumas vezes em exemplares mais antigos. Mas é um bom vinho. 100% Sangiovese, tinha boa fruta, bom corpo, boa acidez, bom final... felicidade engarrafada, como costumo dizer. Seu Rosso já é muito bom, a um preço relativamente acessível. Comprado no lugar certo - no importador - há bastante tempo, deixou todos felizes. Não lembro-me o preço da época. Hoje, uns R$ 400,00. O Rosso, R$ 150,00. Na época da compra, o preço estava melhor. O leitor mais frequente destas páginas já sabe: wine-searcher é a fonte para dizer se a compra é boa ou não. Claro, levando-se em conta as variáveis - preço atual do dóla (sic), talvez um pouco alto, qualidade da safra, etc.
 
   Château Pradeaux 2007 veio andando desde Bandol, uma minúscula apelação da Provença, mais ou menos entre a Côte d'Azur e Marselha, a principal cidade da região. Fica ao lado de Toulon, para quem conhece bem... Seus vinhos à base principalmente de Mourvèdre e Grenache são respeitados pela longevidade. Portanto esse 2007 era... um 'moço'. E ficou claro que era mesmo. Bons taninos, boa fruta e bela acidez, atestavam que o vinho tinha muito tempo para frente, embora estivesse bom para beber. Flávio chamou atenção para seu aspecto metálico, e tinha razão: mineralidade de fazer inveja e escola (rs). Bem, o vinhedo está com a família Portalis desde... meros 1752... Passou por altos e baixos, foi parcialmente destruído pela phylloxera, para então sim, serviço completo, ser completamente devastado pelos alemães na Segunda Grande Guerra. Com persistência, recuperou a glória. Provença é, talvez, a quarta região em importância na França. Quinta?  Não sei da sua importância com comparação com o Loire. Vale mesmo que pode-se comprar seus ícones - como Pradeaux - por algo como USD 100,00, incomparavelmente muito mais barato do que os ícones da Borgonha, 1X.000,00, Bordeaux, X.000,00 e Rhone, X00,00 (mas X >> 1 neste caso). Essa região mediterrânea da França já foi conhecida como o lar do Le Vin de Merde (vinho de merda, literalmente). O Languedoc, vizinho de Bandol, era conhecida pelos péssimos vinhos, até há uns 30 anos. Nem por isso deixava de ser o lar de produtores sérios. Mas a má fama da região espantava os consumidores. Até que um desses produtores honestos colocou o fatídico nome em seu vinho. E funcionou como um marketing inesperado. Muito esforço foi feito depois, e hoje o Languedoc começa a ter vinhos respeitáveis. Veja essa postagem, já antiga... Mas voltando... Château Pradeaux é outro exemplo de felicidade engarrafada. Precisa de tempo respirando - umas 4 horas. Para mim foi o vinho da noite. Notemos que custa bem mais que o Brunello, o mesmo que o Vall Llach e muito mais que o Paul Sauer. Pela faixa de preço de cada um, não houve demérito para ninguém (preço 'lá'). Gostei pelo estilo diferente mas surpreendente, pela complexidade, boca, nariz, final... Bilbo Baggins já dizia (clique), uma noite memorável... e estava corretíssimo.
 

Perguntas que não se calam

 1) Por que - se é que - Paul Sauer 2008 não bate um Don Melchor? Falta de publicidade? Talvez. Outro problema é o preço. Exemplares de Don Melchor em S. Carlos custam menos do que Paul Sauer no importador. Sem saber o que tem em mãos, o consumidor olha e pensa: pelo menos os chilenos são nossos fregueses no futebol... Se nos esquecermos do preço e colocar um e outro lado a lado, complica. Kanonkop domina um pequeno 'detalhe' ao qual sempre me refiro: a acidez, que é bem presente em Paul Sauer mas falta a vários outros sul-americanos. E, quando comparamos preço a preço... na África, Paul Sauer custa em média USD 32,00, enquanto Don Melchor no Chile começa custando USD 80,00 (em lugar desconhecido para mim), atingindo os usuais USD 130,00 nos lugares mais comuns.

   2) O leitor que seguiu o vínculo daquela degustação antiga, de título um tanto viciado, Chileno bate franceses em degustação às cegas!, leu o comentário sobre o Paul Sauer, onde cito que ele bateria ícones chilenos, e depois notou que gostei mais do Pradeaux, pode então perguntar:
   - E como ficaria o Pradeaux face a esses mesmos ícones?
   Ao que respondo:
   - Vixe, aí é surra de paulada 😔.
   Preciso concordar que "puxar pela memória" é, para mim, complicado. O reconhecimento reside no fato de que não sou bom nisso, mas defendo que pessoas mais competentes possam fazê-lo. E que não bebi safras mais recentes desses ícones. As últimas safras foram em torno de 2005 e 2006, bebidas em 2013, 2014. Agora... a acidez desses vinhos é de 'baixa' a 'muito-baixa'. No vínculo mencionado, vemos o segundo vinho da Concha y Toro (o Terrunyo) ser destroçado por um vinho "comum" do Languedoc, a terra do vinho de merda, enquanto Bandol é a denominação mais séria da região, e Pradeaux um de seus clássicos representantes. Tá, tá, o Chateau Camplazens Reserve vem de La Clape, uma das regiões com denominação no Languedoc, e é um pouco melhor do que a média. Isso, e bateu o segundo vinho da CyT, custando no país de origem (França) a metade do preço de Terrunyo no Chile. Tá percebendo onde quero chegar? É só mais uma forma de dizer que os vinhos sul-americanos já não são competitivos como eram há tempos. Os chilenos estão achando que sabe jogar futebol e fazer vinho, enquanto os argentinos acreditam que Maradona foi melhor que Pelé. É tudo tão docemente risível...

   3) Por qual motivo as safras que chegam ao Brasil, via de regra, são as piores? Não basta custar uma exorbitância, ainda 'precisam' ser as piores? É claro, alguns vinhos muito tradicionais (portugueses, chilenos, argentinos, italianos) estão aqui quase sempre. Quero dizer, em todas as safras. Mas dê um passo mais fundo - Bordeaux, Rhone, Borgonha - e depois me diga. Claro que alguma coisa de boa safra chega, mas uma relação 'o que chega' versus 'o que falta' é descomunal.
   É um assunto que discuti outro dia com o Flávio. A conclusão foi que nossos bebedores "orelhudos" pouco sabem do que estão bebendo, o que abre a janela para que muitos desovem por aqui suas safras menos importantes. Nossos importadores parecem ávidos por comprar uma safra inferior por... "deiz dolá" (sic) mais barato, e aumentar ainda mais suas margens. Isso tem sido comum envolvendo produtores de  Africa do Sul, Austrália e Nova Zelândia, e, 'desde sempre', Bordaux. Veja o que tem no mercado de safras 2004, 2008 e 2011. Não é que sejam safras 'desgraçadas'... é que são as menos valorizadas do início do século. Isso apenas torna os preços aqui no Brasil algo mais escorchante ainda.

   Ufa... essa postagem deu trabalho...

Tuesday, May 5, 2020

Hacienda de Arínzano branco 2018

   Estou com uma postagem encalacrada - dando trabalho - de maneira que esta, mais fresca, vai sem introdução.
   Fazia tempo que não bebia um branquim. Já sabia que branquim normalmente vai bem com peixe, ou frango. Ou massa com molho branco. Até aí, óbvio. Já tinha experimentado desse mesmo vinho anteriormente, e notara sua acidez pronunciada. Apostei que casaria bem com um Prato Sunty do Sun City daqui de S. Carlos. Mosca. Vamos por partes...

   Arínzano

   A propriedade situa-se no noroeste espanhol, entre Rioja e Bordeaux, e é a primeira na região a alcançar a denominação de Pago, segundo o sítio do produtor. Produz uma gama modesta de vinhos, apenas sete, e sua linha de entrada conta com um branco, um tinto e um rosé, que chamam-se justamente Hacienda de Arínzano.
   Já experimentei o tinto também. Ambos são bons. O branco é 100% Chardonnay que descansa em madeira por 12 meses. Tem bom nariz, mas cuidado!, não gele; sirva apenas frio. Nessa safra recente ele está bastante vivo, e a acidez pega um pouco. Com um prato de arroz e pequenos camarões, frango e lascas de toucinho, caiu muito bem. Mas tem que misturar tudo na boca e mastigar - que é a ideia do 'casamento'. Se usar o vinho para 'lavar a boca', a acidez estará lá, pegando.
   Quanto ao preço: nesses tempos de dóla (sic) descontrolado, para um vinho que quase não é encontrado fora da importadora (Clarets), fica sem sentido fazer muitas comparações.
   Lá fora (Espanha) custa uns USD 15,00. Aqui, está R$ 160,00, mas - olhalá (rs), atenção - se pegar uma promo, fica em R$ 100,00. Aí sim, gostei... É um bom Chardonnay, mas no preço cheio dá de encontro com borgoinhas (sic) sem madeira mas muito melhor equilibrados. Aí fica ruim para ele... mas por R$ 100,00, é uma comprona. Interessou? Faça assim: não compre direto do sítio; ligue para lá e fale com o vendedor. Diga (risos!) que o Enochato comprou por R$ 100,00, e você também quer. Ameace matar o presidente. Vai que são bolsonaristas... Claro, se na conversa você perceber que são, uma alternativa menos agressiva é ameaçar votar no PT... fica a gosto. Acho que para negociar um desconto, vale tudo. Se não colar, sua alternativa pode ser esta aqui, mas o Les Cras, um pouco mais em conta e um tanto inferior, também o deixará feliz.
   Bons goles. Se precisar de uma boa música para acompanhar, aqui.