Monday, July 27, 2020

Barbaresco Terre Dei Savoia 2010

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Introito

   - Seu destino é vender as uvas para nós. - o latifundiário virou o cavalo e começou a descer a encosta com cuidado. Face banhada pelo sol, escorrendo suor, o jovem agrônomo Domizio Cavazza olhou suas costas enquanto jurava para si que aquilo não ficaria de graça. Corria o Ano de Graça de Nosso Senhor de 1880 e guaraná com rolha. Sem entregar os pontos, em 1886 Domizio comprou um vinhedo para cultivar sua amada Nebbiolo, então utilizada pelos produtores de Barolo na produção daqueles vinhos tão característicos. Somando esforços a outros oito produtores, fundou a Cantina Sociale di Barbaresco, comprando barricas e equipamentos de vinificação para, em 1894, produzir o primeiro Barbaresco. Infelizmente eram tempos de muita incerteza na Europa. Domizio morreu precocemente durante a Primeira Guerra; nos anos 30 a empresa foifechada por causa de leis fascistas, e a região adormeceu... Somente em 1958 o padre Don Fiorino Marengo apoiou um novo grupo de produtores na fundação da Società Agricola Cooperativa Produttori el Barbaresco, e iniciou o caminho da região para a glória definitiva.
   Barbaresco DOCG é composta, não apenas, pelos municípios de Barbaresco, Neive e Treiso. Mais próxima ao mar, permite que a Nebbiolo amadureça mais cedo. A vinificação de um Barbaresco é diferente da de um Barolo. Por exemplo, o tempo de maceração (contato do mosto com a pele das uvas) é menor. No final, um Barbaresco amadurece mais cedo do que um Barolo. Mas nem por isso os bons exemplares deixam de ter corpo, boa complexidade e longevidade. Sua área plantada é menor que a de Barolo, o que o torna um vinho mais raro. Você, curioso de plantão, preste atenção ao serviço do vinho. Alguns italianos, mesmo mais simples, requerem algumas horas de aeração.

Terre Dei Savoia

   Taí um produtor que parece uma autêntica bola dividida. Não tem sítio próprio (pelo menos não encontrei), e seus vinhos são comercializados pela Italyswine, um conglomerado que tem por missão divulgar e servir de plataforma de negócios para produtores de toda a Itália. Seu custo lá fora - poucas fontes disponíveis - é da ordem de USD 12,00-14,00. Evidencia que não seja um grande vinho; por outro lado, sabemos que vinhos em torno de USD 10,00 já devem possuir um bom padrão. Lembro que seu preço era atraente quando comprei. Terre Dei Savoia entrega, na minha concepção, o que promete: um vinho de bom corpo, acidez média, álcool e taninos equilibrados. Nesse contexto, falta sim um pouco de acidez, para participar mais ativamente da estrutura do vinho. Pelo preço - principalmente 'lá' - é um bom produto. Vejamos... um Tarapacá Etiqueta Negra - outrora um dos meus preferidos - custa entre USD 20,00-30,00 nos EUA. E entre USD 30,00-50,00 aqui, com esse dóla acima de R$ 5,00. Alguma coisa está errada, não? Bem, um Tarapacá apanha feito dele, embora apresente taninos mais marcados e talvez álcool.
   Escrevo no segundo dia dessa garrafa. Tem algum chocolate - café? - fruta vermelha, paladar agradável, redondo, persistência média. Do tipo... dá pra se lembrar dele depois de engolir, enquanto acompanhamos um clipe do Oswaldo Montenegro no Youtube. Se você encontrar, e o preço estiver convidativo, não perca tempo. Apenas lembre-se que essa safra está pronta para beber. Ainda dura um pouco sem a menor dúvida, mas não perca uma oportunidade para acabar com sua garrafa.

Sunday, July 26, 2020

Aberta a temporada de caça aos brancos

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Introito

   Já experimentei alguns bons brancos, mas considero-me um neófito. Durante muito tempo bebi vinhos mais modestos - tintos e brancos - e achava que os tintos eram bons, mas os brancos... 'não davam'. Acabou que durante anos releguei-os ao completo esquecimento, e levou tempo para alguma iluminação atingir-me. Depois ficou mais fácil. Um belo dia Don Flavitxo presenteou a mim e ao Akira com meia garrafa de algo estranho (rs): um Condrieu. Experimentá-lo algum tempo depois foi um daqueles momentos de virada, quando percebemos sutis complexidades remetendo-nos a outro patamar de sensações. Desde então, com alguma parcimônia, venho experimentando um borgoinha daqui, um Heredia dali, e mais uma e outra degustação interessante. Chegou um dia em meio a esta pandemia de mais um pulada de cerca e, todos cansados de tintos, as meninas gostaram da ideia de preparar um franguinho à guisa de acompanhar brancos.

Brancos, brancos à mão cheia

Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
Castro Alves
 Espumas Flutuantes, 1870

Condrieu

   AOC do norte do Rhône baseada na cepa Viognier, abrange 200 hectares com uma produção de aproximadamente 30 mil caixas por safra. Com números tão baixos o Condrieu acaba sendo um vinho difícil de encontrar, e um tanto caro. Caro é relativo. Não se equipara sequer a alguns brancos de Bordaux - quanto mais aos da Borgonha - mas também não se encontra com facilidade exemplares abaixo de USD 50,00.

Saint-Véran

   Outra AOC, desta vez localizada em Mâconnais, subdistrito da Borgonha, produz brancos de Chardonnay, uva típica da região. Declarada AOC há apenas 50 anos, luta para conseguir status de Premier-Cru. Sem tanto reconhecimento, sem um grande produtor para dar-lhe peso, e com produção bem maior do que Condrieu (cerca de 700 hectares), seus vinhos até podem ser localmente subvalorizados. Mas falando em Brazio, depende muito de quem importa. Não é difícil pagar-se uma exorbitância por vinhos de mesma procedência e qualidade relativamente baixa.

D.O. Casablanca

   (rindo) Desculpe-me o leitor menos humorado, mas de uns tempos para cá o Chile vem com essa estória de D.O., Cru, Parcela, Cuartel, etc. Não surpreende: eles acham que até sabem jogar futebol... Mas atenção, atenção. O risível da estória não é um produtor (ou um país-produtor) ansiar por localizações demarcadas, melhor qualidade, equiparar-se aos melhores. Não, não, reconheçamos: isso não é risível, isso é um mérito. Ridículo, sem noção e fora da realidade é querer, somente por ter adotado tais denominações, achar-se pronto para cobrar por seu produto o mesmo preço - ou mais! - que regiões muito melhor estruturadas cobram. Bom, à medida em que tantos consumidores são estúpidos o suficiente para aceitar o acinte, os produtores não estão errados... estão? 🙄 Estão... estão sim... sabem que estão... O inferno há brotar sob seus pés, no dia do Juízo Final...

Os atores

Os detratores podem dizer que encontraram o Redentor.
Não é bem assim...
Terrunyo Sauvignon Blanc é produto da gigante chilena Concha y Toro. Pertence à linha Fine Wine, que está abaixo apenas do ícone da casa, o Don Melchor. Se tivesse experimentado um vinho como esse quando tinha preconceito por brancos - e só bebia sul americanos, com ênfase em chilenos - teria atingido a iluminação há mais tempo. Apesar de agradável, nem tudo é céu azul, porque os vinhos sul-americanos possuem um e apenas um problema: o resto da concorrência... Os Vignerons des Terres Secrètes são uma cooperativa que produz limitada gama de brancos e tintos e tem em Les Cras um de seus vinhos mais simples. Novamente, 'mais simples', é relativo. No dia e que produzirmos algo assim no Brazio, poderemos escrever "Vinho" no rótulo sem o risco de passar vergonha. Clos Boucher é produzido pela Delas Frères, uma das casas mais respeitadas do norte do Rhône. Embora produza também um Xatenêfi (sic) e outros vinhos no sul, está calcada mais nas AoC do  norte: Hermitage, Crozes-Hermitage, Cornas, Saint Joseph e Côte-Rôtie. E, claro, em Condrieu, onde produz o mais simples La Galopine e o Clos Boucher. Condrieu é um vinho feito para ser bebido jovem. Esse 2014 já estava passado da hora. Em meio à pandemia, que parece só acaba (sic) em 2023 a depender dos esforços governamentais, resolvi decretar sua hora.

   Terrunyo Sauvignon Blanc 2011, Saint Véran Terres Secretes Les Cras 2015 e Condrieu Delas Frères Clos Boucher 2014 foram servidos nessa ordem. Cepas Sauvignon Blanc, Chardonnay e Viognier, foram harmonizados com peito de peru, salsicha de vitela, queijos Gruyère e Bri e peito de frango com creme de milho, arroz e batatas souté. Verdade seja dita, harmonizações de favorecem francamente Chardonnay e Viognier... mas a primeira rodada foi sem acompanhamento...
   Terrunyo Sauvignon Blanc tem bom corpo. Melhorou depois da segunda hora. Bem cítrico, algo floral, boa acidez, persistência não tão grande. Sinal da idade? Não sei dizer... Les Cras mostrou-se mais fresco, também cítrico, mineral, acidez mais presente, conjunto da obra melhor acabado. Clos Boucher desapareceu... Mea culpa, mea maxima culpa. É assim (rs): o leitor 'pega' um pinozinho razoável da Borgonha, tipo 13% de álcool, contra uns bordozões, americanões, australianões, chilenões cheios de goiaba (rs!), e acha que o pinozinho vai desaparecer frente aos outros "ões". E dá com os burros n'agua; o borgoinha distribui chineladas até todos se cansarem de apanhar. Boa parte pela acidez característica desses vinhos. Acontece que Condrieus são vinhos de acidez mais baixa... daí que Clos Boucher foi atropelado pelos outros. As meninas riram um pouco amarelo dele... Melhorou bem mais para frente, e até surpreendeu um pouco. Mas as bocas já estavam acostumadas aos outros.

   O dia seguinte...

   Na hora do almoço desci novamente para a adega com cara de que nada tinha acontecido, levando as três garrafas para o derradeiro embate. E, claro, comecei pelo Clos Boucher. Aí sim... (rs): mel, damasco - já notara damasco na evolução de Clos Boucher na noite anterior. Ainda com o frescor de um Condrieu (apesar da idade), acidez equilibrada mas não tão marcante, alguma manteiga. Com o frango e creme de milho, ficou muito bom. Antes de terminar com Clos Boucher caí na besteira de provar Terrunyo. Acabou o Clos Boucher... Trágica lição: se tiver Condrieu na mesa, comece por ele. E acabe ele (sic) antes de começar nos demais. Passei de Terrunyo para Les Cras. Olha, Terrunyo estava bom. Les Cras é no mínimo equivalente - pesando as características diferentes de cada um. Terrunyo é uma linha Fine Wine. Les Cras é a bem dizer um genérico, vinho de entrada do produtor... Seria no mínimo equivalente? 😮sem sombra de dúvida... Com um empate técnico, nada como comparar os preços para traçarmos um diferencial...

Preços

   Terrunyo tem sido em nosso mercado - infelizmente - o exemplo acabado do blefe. É o sujeito que vai um truco-fecha com um dois quatros. Há tempos - e por muito tempo -, os tintos eram apresentados com preço a R$ 220,00-240,00 e promoção de R$ 160,00-180,00. Agora, o preço é R$ 280,00 com 'promo' a R$ 220,00-240,00. O branco é ofertado entre R$ 200,00-R$ 280,00 (melhor preço promocional e preço 'cheio'). Na noite da degustação, sem pesquisar bem, comentei que seu custo seria R$ 280,00, para completo horror das meninas. Devo reconhecer que a informação não estava completa. Mas é aquela estória: em vez de ficar forçando o preço, por que não o colocam em um patamar 'decente' e sem a 'enganação' de ficar eternamente em promoção? Acham que o público não está atento? Não, não está mesmo... 😑. Poderiam fazer (sic) um preço honesto. Aí venderia bem. R$ 90,00, de boa fé, sem marvadeza (sic), talvez até competisse bem.
   Les Cras custava R$ 130,00 e pouco na importadora Enoeventos, saindo por R$ 110,00 e pouco para membros do Enoclube. Custava, porque consta que a Salete acabou com o estoque de uma vez só. A Carol comentou que iria pedir um garrafa para ela...não sei se terá sucesso, dado o entusiasmo da primeira com Les Cras.
   Clos Boucher custa USD 90,00 lá fora. E vai achar (sic). Ponto.

Saturday, July 11, 2020

Vencido pela pandemia: Camille Giroud Côte de Beaune-Villages 2008

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Introito

   A pandemia está vencendo-me, confesso... Sucumbo a desejos mundanos com facilidade... Estava olhando para o céu no final de tarde e pensando em... bem, o leitor já desconfia... e o sol se pondo, eu deixando-me levar pelo momento, quando... dei-me conta de que...
Tudo era apenas uma brincadeira
E foi crescendo, crescendo
Me absorvendo
E de repente eu me vi assim
Completamente seu...
   Lá do fundo da adega, um borgoinha primeiro enviava chamados quase como sussurros. Frente à minha resistência, os sussurros viraram convites mais doces, não atendidos, e evoluíram para evocações mais fortes, e para uma ordem final. Perdendo o controle dos membros inferiores, desci hesitantemente a escada, estiquei o braço e a garrafa quase pulou em minha mão. Era a última da espécie, olhei para o rótulo em tom ligeiramente amarelado, mais pela cor do papel do que pela idade, a fina camada de poeira a recobri-la...
Mas não tem revolta, não
Eu só quero que você se encontre...
   Quer saber? Deixei que o momento me enebriasse, e meti-lhe o saca-rolhas...

Camille Giroud

   A Maison Camille Giroud foi fundada em 1865. É um négociant baseada no Beaune, produzindo vinhos de vários vinhedos importantes como  Corton, Echezeaux, Clos de Vougeot e Chambertin, dentre outros. No alvorecer do século XXI, foi adquirido por um consórcio liderado pela  Colgin Cellars, estalecida no Nappa. Seu Côte de Beaune-Villages é um dos vinhos 'de entrada' da casa (quero dizer, um dos mais simples). É preciso dizer que a região não é adequada à produção de tintos de qualidade... e ainda assim esse exemplar já é bom. Claro, para os padrões da Borgonha não é aquelas coisas. Mas pensando no bolso e principalmente na qualidade do que se bebe e produz por aqui... bom, aí começamos a nos aproximar do conceito de felicidade engarrafada. Deixemos claro que esse conceito é um tanto volúvel (rs) e elástico. Ele compreende não somente a qualidade intrínseca do vinho, mas de sua disponibilidade, preço e, por tabela, da comparação com o que podemos beber por aqui. E depende também do bebedor. Ara, como o conceito é meu, faço dele o que quero. As garrafas que experimentei - branco e tinto - foram comprados em regime de queima, em situação bem compensadora. Não guarde por mais tempo, se tiver alguma por aí (rs). Está muito bom agora. É daqueles Borgonhas quase transparentes (rs), com buquê à fruta vermelha, acidez viva e  um toque metálico, o que dá um 'quê' a mais. Madeira discreta, álcool não aparece. O final é um pouco curto - e isso precisa ser relativizado! - assim como a persistência. Mas duvido que não destroce sul americanos do triplo do valor (em comparação com o preço da queima). Não quero dizer que seja um vinho excepcional... o bom entendedor de nível médio já entendeu... os mais espertos, então... e isso apenas comprova como os sul-americanos estão caros, 'reclamação velha' deste Enochato. Como sempre, a pergunta que não cala: doze anos nas costas, 12,5% de álcool (quase 'nada') e não estraga. Acidez, a misteriosa acidez... Amanhã tentarei o final com alguma comida... se não der a louca (rs) e acabar com ele hoje mesmo...

Tuesday, July 7, 2020

Portugal vs. Itália

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Introito

   Itália e Portugal são dois grandes produtores de vinhos de altíssima qualidade. Por maior que seja minha simpatia pelos vinhos portugueses, há um consenso de que a Bota produz o segundo melhor vinho do mundo. Claro, os estilos são bem diferentes, assim como o são as uvas mais características de cada país. Nesse contexto, comparar uma garrafa de cada nacionalidade soa algo difícil... só que não (rs). O que deve ser comparado entre dois vinhos são suas características mais básicas - aquelas que formam sua estrutura. O quanto seus itens fundamentais estão presentes, em qual proporção e equilíbrio. Claro que não é fácil. Apenas não é impossível 😂🤣. Este enochato tem condições de fazê-lo? Nope...

A Quinta da Romaneira

A Quinta da Romaneira remonta ao século XVII. Estabelecida no Douro, produz tintos, brancos, rosés, Portos e azeites. Para tintos, aparecem nos tradicionais cortes portugueses, cortes com Syrah e até mesmo varietais de Syrah e Petit Verdot. O sítio é bem produzido, tem belas imagens dos 3 km de vinhas às margens do Douro pertencentes à vinícola, mas as fichas técnicas deixam a desejar - só estão disponíveis as mais recentes.

Fattoria Castello di Starda

   Desse produtor já falei, a estória está aqui. Essa degustação aconteceu há pouco, em abril passado, com o Chianti Clássico Riserva. Repeti em período tão curto porque é assim (risos): costumo comprar entre duas e três garrafas dos vinhos em que decido 'apostar' uma compra, se ele estiver na faixa de preço que compense. Se a primeira garrafa passa no teste, posso mostrá-la a outros bebedores, confrades, lojistas - quando eles se dignam a frequentar minha humilde adega. Nunca acontece (gargalhadas!). A bem da verdade, a primeira das garrafas até comprei de lojista da cidade, e foi uma boa descoberta ver um vinho italiano por aqui a preço razoável na comparação com o Wine-searcher. As outras duas, comprei em uma Black Friday do importador. Acabou que achei interessante mostrá-lo para a Bete e para a Salete.

Os atores

Malaspina Chianti Clássico Riserva 2013: como já dito, é um vinho fácil, direto: boa fruta, acidez presente, dessa vez, com mais aeração, mostrou um chocolate (fumo? café? - rs - pois é, minha eterna dificuldade) um tanto melhor marcado. Salame foi um bom acompanhamento. Comprado em promoção, na faixa de R$ 80,00, valeu a pena. Quinta da Romaneira Reserva 2008: duriense com provável corte de Tourigas Nacional e Franca, esbanjou fruta vermelha, café (chocolate? - rs), madeira comportada (rs - bem integrada), boa acidez, final mais marcante e bem persistente. Ainda pode guardar, mas está pronto para consumo, se o feliz proprietário tiver algum desejo incontido 😁. Seu preço anda proibitivo com o atual 'dóla' - e variou muito nas lojas, entre R$ 420,00 e R$ 800,00 😨. Comprei em outros tempos, outros 'dóla' (sic), em meio a diversas garrafas do produtor, e saiu a preço muito bom. Nunca experimentei um Romaneira ruim - embora, verdade seja dita, não tenha bebido tantos (uma caixa?). O preço é que não anda tão bom... uma pena. Bem, nesse caso o português claramente derrubou o italianinho, mas a diferença de preço entre ambos também é flagrante. Mesmo lá fora, estamos falando em um Malaspina em torno de USD 25,00 contra um Romaneira Reserva de € 50,00. E mais do dobro, e nessas condições o italiano pelo menos foi 'valente', proporcionando bons momentos em meio à conversa animada.

Sunday, July 5, 2020

Mais um pega-pá-capá à portuguesa

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Introito

   O leitor atento lembra do Jairo. Empresário do ramo de café, em dado momento comprou um ponto que também tem duas franquias, uma de chocolates e outra de vinhos. O pessoal (conhecedor) do café, quando bem orientado, tem uma vantagem grande sobre o pessoal do vinho. Aquela estória da acidez, que é-me tão cara. Em seu curso para amantes de café, o Jairo apresenta como 'lição' a brincadeira de desenhar uma língua e começar a notar as diferentes percepções para diferentes preparos do mesmo café. A acidez despertada pelos diferentes preparos toca diferentes pontos da  língua do degustador. Acho que o curso dele seria indicado para a maioria dos sommerdiers (sic! rs!) da região. Num raio de 200 km, daria Bauru de um lado e Campinas do outro. Um dos vinhos degustados vem da loja do Jairo, que é representante da Vinho e Ponto em S. Carlos.

Os vinhos

Cabra Cega 2017. Produzido pela Casa Santos Lima, o maior produtor do Vinho Regional Lisboa segundo dados do sítio. Mistura de Touriga Franca, Castelão e Syrah, mostrou fruta vermelha bem marcada, taninos, acidez presente. Para meu gosto, um pouco de extração em excesso retirou o caráter mais facilmente reconhecível de um vinho português. Isso não é um defeito, é uma característica desse vinho. Santos Lima produz ainda uma grande quantidade de rótulos, dentre eles o Azulejo e o Quinta de Bons Ventos, que já apareceram por S. Carlos via outros importadores. Hoje são vinho mais encontráveis em supermercados. Com este 'dóla' a R$ 6,00, Cabra Cega custa lá fora R$ 50,00. Conta de padeiro, esse 'dóla' está 30% mais caro do que o 'usual'. Recalculando, preço lá = R$ 35,00. Preço cá, uns R$ 80,00. Dá uns 130% de margem. Acho que não dá para colocar no time dos mocinhos. Tem bandido mais malvado? Puuuuu... um monte. Só não estou certo que de que isso seja desculpa...
Cheda Lavradores da Feitoria 2016 e Cheda Lavradores da Feitoria Reserva 2015. Já comentei sobre estes produtor, o Lavradores da Feitoria, ao falar do Quinta da Costa das Aguaneiras 2011. Está aqui. Vinhos do Douro, ambos os Cheda são uma mistura de Touriga Franca,  Tinta Roriz e Touriga Nacional. Parece que o Reserva estagia mais tempo em barrica. Vinhos jovens mas prontos para beber ou mesmo guardar (o Reserva mais tempo, claro), apresentaram fruta, taninos mais leves, bom equilíbrio, final um tanto curto, o que deve ser relativizado. Em comparação com sul americanos, e na faixa de preço, são 'matadores'. O Reserva é mais marcado na boca, pela boa madeira. É mais o tipo que vinho que eu gosto, e que aprendi a reconhecer mais facilmente como português. Tem aquela pontinha doce que não enjoa, tão... tão... tão... patrícia! Para desespero de uns, o Ceda mais simples esgotou... Na faixa de R$ 50,00, estou satisfeito em ter comprado meia caixa: como vinho de 'entrada', é uma ótima opção. Já o Reserva, na faixa de R$ 100,00 por aqui, custa, lá fora, com o mesmo 'dóla' de R$ 6,00, a bagatela de R$ 75,00(!) - e faz jus ao preço ligeiramente maior. Aí sim... Para mim, mais vinho do que Cabra Cega por praticamente o mesmo preço; se você for sócio do Enoclube (quando sai por R$ 88,00), fica ainda melhor. O Jairo achou o Cabra Cega melhor. Cabra macho, ele... (risos!). Para mim, o melhor foi o Cheda Reserva. Viva a diversidade.