Friday, March 25, 2022

Château de Beaucastel Roussanne Vieilles Vignes Blanc 2007

Introito

O cidadão de bem torna-se bandido quando associa-se a bandidos.
Máxima do Enochato

   Chuto que a esquerdalha inunda a universidade pública na área de humanas e não há qualquer contribuição significativa registada nos Anais da Boa Ciência ou similar. Você conhece alguma contribuição valiosa nesse campo? Pode indicar-me algum prêmio internacional na área de atuação do(a) sujeito(a)? Gostaria de saber, porque desconheço. Depois que me indicar um - se houver - ainda me sairei com essa: mas apenas um em 70 anos? Bola cantada, não banque o idiota para depois não ser denunciado como tal.
   Uma das áreas caras a essa turma é a tal da Análise do Discurso, aquilo que víamos no colégio como interpretação de texto (notou a variação das maiúsculas/minúsculas? Começa por ai... 🙄). Agora que o assunto esfriou, aproveito para perguntar: cadê os analistas esquerdalhas para fazer a tal Análise sobre os áudios do Arthur do Val? Transcrevo dois trechos

(o Renan chama a viagem de) ...Tour de blonde, ele viaja os países e vai só para pegar loiras, mas ele tem técnicas, está avançado, para começar que ele fala sueco... o cara é viciado nisso (sic) ele me deu umas dicas, por exemplo, ... você vai para as cidades normais, você não pega a mina na balada você pega assim, não pega na balada, não pega na praia, você pega no mercado, na padaria... e essas cidades mais pobres são as melhores...

E detalhe... detalhe... elas olham. Elas olham e vou te dizer, são fáceis porque são pobres.. essas minas aqui em São Paulo, você dá bom dia ela ia cuspir na sua cara, e elas são supersimpáticas, super gente boa.

   Em primeiro, algumas premissas: turismo sexual é condenável sempre! Mas você sair para caçar mulher (ou mulheres caçando homens, ou tudo junto e misturado), não tem nada de mais. É o mesmo que solteiros (e mesmo casados!) fazem às claras (ou à socapa) em todas as sociedades ocidentais. Vai acusar o Arthur do que não, canalha?! Enquanto liberdade sexual, cada um faz o que deseja em suas férias. Bom moço que sou, visito museus. Igrejas também, apenas pelo aspecto histórico. Sabemos que Renan morou ali pelos lados da Suécia - fala Sueco - e não pelos lados da Ucrânia. Está claro que suas eventuais aventuras dão-se por aqueles lados. Portanto o segundo trecho - por si podre e de péssimo gosto - diz respeito apenas à Ucrânia! Os lugares que Renan frequenta são outros! Obvio que na Suécia existem prostitutas, mas o áudio não dá a menor deixa de que ele paga; ele pega. Não é turismo sexual! Ele até deu técnicas de azaração, para o Arthur, coisa que encontramos até no Youtube

  Fica exposto, portanto - e sem usar qualquer técnica de Análise do Discurso - que jamais tratou-se de turismo sexual.  A petralhada e os bolsonésios querem seu gado acreditando em mentiras as mais mirabolantes. Essa nem soa tão grande assim. Assombra, de qualquer maneira, a percepção tão falha das pessoas que não conseguem interpretar um simples texto e fazerem de uma zoação entre amigos - com toques de grande tolice - a proposta do fim do mandato de um deputado estadual que, a meu ver, vem honrando sobremaneira sua atuação parlamentar. Não? Pode dar-me algum exemplo onde ele a desonrou? Porque posso dar-lhe muitos exemplos de discussões significativamente importantes que ele trouxe à mesa (meia entrada, plano diretor da cidade de São Paulo, Pacto Federativo), fora as leis que conseguiu aprovar ou rejeitar. Vamos lá, sou todo ouvidos... Encerro com a reflexão de que o cidadão de bem não pode entregar-se gratuitamente a tais pulhas sob pena de tornar-se o bandido da máxima de abertura.

Degustação de há muito

Ando Putin da vida 😂. No último encontro da turma Vinho e Turismo fui rolar a picareta e de repente vi-me pego com a mão na botija. Confesso, faltou presença de espírito para retrucar: Jesus transformou água em vinho também durante o Sermão da Montanha. Não está devidamente registrado na Santa Bíblia (o texto já estava grande, e algumas partes foram cortadas), mas consta de textos apócrifos tão antigos que ninguém tem noção de sua existência. A menos deste Enochato, claro... Bem, passou. Estou duplamente Putin da vida porque, com uma gripe forte (não é Covício!), nariz trancado, passo esta sexta-feira sem vinho. Então vou resgatar a degustação de um branquinho nojento (😂) que aconteceu há muito e cujos comentários vão elucidar um suposto desencontro do último evento. Dei notas bem baixas para os vinhos degustados nos quesitos acidez, permanência, retrogosto etc. Ou algo assim. Minha justificativa para os presentes - alguns marinheiros de primeira viagem no evento - foi que já tivera a oportunidade de experimentar alguns vinhos fora da curva, então meu espectro de comparação tinha alcance maior. Recobro um vinho que degustei há tempos, vejam: quase nem tinha cabelos grisalhos. Deve ter rolado ali por '17 ou '18 (🤣, como se não estivesse grisalho já nos 30). Châteauneuf du Pape Château de Beaucastel Roussanne Vieilles Vignes Blanc 2007 é, segundo o Akira, considerado O xatenêfi branco. A safra 2007 foi muito boa, e com cerca de 10 anos ele estava vivíssimo. Não lembro-me das notas exatas, e não vou rolar a picareta agora. Mas recordo bem que nada sobrava ou abundava; seu nome do meio (sic) era Equilíbrio. Poderia ser Elegância, também: preenchia o nariz e a boca, perfeita expressão do vinho tridimensional, como costumo dizer. Completava a boca e após engolir seu gosto não ia embora: salivava, salivava e ele estava lá. É nessas horas que faz sentido quando ouvimos alguém dizer ficar de joelhos (e agradecer a Baco, claro) ao provar certos vinhos. Espero que a Senhora N consiga trazer uma garrafa desse branco em sua versão 'reba' (não Vinhas Vilhas) na viajem que faz ao Canadá. Para a confraria Vinho e Turismo, uma proposta a se pensar é pagarmos um pouco a mais em um ou outro encontro - não precisa ser sempre! - e dar-nos o prazer de degustar vinhos um pouco melhores, para escalarmos um pouco dessa montanha que é o universo vitivinícola. Aposto que após uma ou duas experiências as pessoas não se contentarão em permanecer no térreo. Com produção anual de 6.000 garrafas, Beaucastel Vinhas Velhas branco é muito difícil de encontrar. Paguei à época USD 125,00, o que talvez desse uns R$ 250,00. Subiu bem. Safra nova (2019), custa lá USD 170,00, e aqui está R$ 2.800,00. Empobreci... 😭

Essa postagem foi tocada a uns goles de Chivas 12 anos. Os bichinhos estavam-me incomodando na garganta. Matei todos eles com requintes de crueldade, ao degustar vagarosamente cada gole. Dava para sentir a baixa velocidade com que a bebida descia pela garganta... 😈

Monday, March 21, 2022

O segundo dia do Mamertino di Milazzo

   Sem introito nem mais comentários, vamos, em nome da curiosidade e da ciência, à apreciação do Mamertino di Milazzo Vasari 2008 em seu segundo dia.

   Certa vez abri um chileno (ou argentino, não estou certo) que estava morto mas não sabia (nem ele, nem eu...). Guardara um pouco mais do que deveria (na época da prova deveria ter uns 5 anos) quando o abri e servi de imediato. Apresentou boa fruta, e eu estava acompanhado de bons bebedores, que acharam-no interessante - para sua faixa de preço, claro. Fomos aos outros vinhos (estávamos com três taças cada), e a surpresa aconteceu quando voltamos para o segundo gole: mudara tanto que se não fedia a defunto prenunciava esse destino. A experiência interessante consistiu de ver o vinho morrer lentamente, enquanto conversávamos. Ao final de mais uns 15 minutos, estava intragável.

   No presente caso Mamertino não desceu muito mais, mesmo de um dia para o outro. A leve sugestão de avinagrado estava só um pouco mais prenunciada, se é que estava mesmo. O nariz manteve o quê de oxidado, também sem novidades. Apesar disso aquela nota de chocolate (café?) ainda persistia. Sempre acharei que a maior acidez do vinho europeu é a responsável pela sua sobrevida no segundo e terceiro dias após aberta a garrafa. Bem, não adianta chorar sobre o leite derramado... ou sobre o vinho oxidado... Mamertino não suporta a oxidação tão bem quanto aquele 1% dos bons vinhos suporta... Pia!

Mamertino di Milazzo

Introito

Torcedores de algum time inglês, gente de primeiro mundo, estudada, orgulhosa de suas raízes, vão como carneirinhos tremular suas cores no estádio mesmo após a compra de sua bandeira por um mafioso estrangeiro travestido de empresário. Lembro de um documentário sobre a Segunda Guerra (creio ser The World at War) onde uma mulher perguntava como povo alemão, considerado por ela o mais estudado da Europa, deixara-se iludir por Hitler de maneira tão bisonha. Oitenta anos separam as duas considerações, e parece que nada mudou... Enquanto isso Putin continua em sua campanha desastrada - não tenho acompanhado. Até onde sei, está no ar sua 'proposta' onde a Ucrânia ficaria fora da zona do Euro e da Otan. Claro, ele só a quer fora da Otan. Mas precisa de algo mais para barganhar, caso contrário passará por intransigente. Alguém deve avisar aquele comediante sem graça qual é a saída. Por óbvio a conversa é um pouco mais complexa, existem arestas a aparar. A pergunta que ninguém fez ainda é: quem vai pagar o prejola todo? Escrevam aí: a comunidade europeia, depois que a Ucrânia for aceita como estado membro. Sendo assim, Putin continuará a destruir o que puder, motivo pelo qual o ideal seria alcançar a paz o mais rapidamente possível. Ou não... quem pagará será a população (por meio de impostos), não a banca. Sob essa ótica, a guerra pode demorar mais, já que o Ocidente pode tentar fazer Putin gastar mais de seus recursos.

Mamertino di Milazzo Vasari 2008

Já escrevi sobre esse vinho há dois anos, e chegou a vez de invocar a tão falada frase de Don Flavitxo: melhor um ano antes do que um dia depois, significando ser melhor abrir o vinho mais jovem a arriscar o envelhecimento e ele passar do ponto. O Mamertino estava bem oxidado. Por trás da fruta muito discreta, bem lá no fundo, parece dar mostras de começar a descida para o metacrilato, segundo o Akira (não sei de onde veio essa estranha comparação, mas quem trabalha com química pesada é ele). Para surpresa, prestando atenção, nota-se um fundo herbáceo com chocolate (café?) e fumo. Ainda apresentou alguma acidez, mas a boca mostrou-se bastante rápida, sem persistência. Tem uma pegada ligeiramente balsâmica, indicando que está indo mesmo ao vinagre.  Mesmo tendo começado a bebericá-lo por volta das 21:30 (quase 0:00 agora), não degringolou nem deu dor de cabeça - ainda (risos). Bebi nem um terço da garrafa, evidência de não estar tão apetitoso ou convidativo. Talvez prove um pouco amanhã, em nome da ciência. Ou não... 😑

Detratores

   Nosso amigo detrator apareceu na última postagem para comentar a parte política, inicialmente - então não percebi que poderia ser ele. Não costumo estender esses comentários, mas é incrível: disse defender o melhor presidente do Brasil, sem a devida coragem de identificá-lo! bolsonésios diriam ser bolsonésio (sic); petralhas diriam ser lulalelé... o caboclo não disse quem! Talvez se referisse à Dilma. Quando coloquei fim à discussão - afinal, as regras deste espaço são as minhas! - em mensagem não publicada saiu-se com essa: E devo dizer que você não é dono do blog. É apenas um usuário... continue vangloriando estes seus ídolos e bebendo seus vinhos ruins. Fim da discussão. Observem a quantidade ilimitada de tolices: de onde ele tirou que eu seria dono da plataforma? Sou dono d'Oenochato, óbvio, então aqui, óbvio também, mando eu. É justificável essa tola confusão? Claro que não! Depois, dei por encerrado o assunto e ele escreve como se o fechamento fosse dele! Nada mais patético. Quem tem a decisão de publicar (ou não) um comentário ou seu. Quem então determina sua conclusão? Além de tudo, demonstra não aceitar as regras e usa como último recurso a volta à conhecida tática do ataque pessoal na falta de argumentos: continue... bebendo seus vinhos ruins. Poderia até dizer que esse de hoje seria em homenagem a ele, mas não é verdade. Tamanha estupidez não merece respeito e menos consideração. O vinho estava apenas passado. Acontece, em meio a 300 garrafas. Possivelmente nenhuma comprada na importadora dele.
   O leitor notou a mudança de posição desse tópico, sobre detratores. Não mais abrirei uma postagem falando deles - quaisquer um. Nunca aparece um comentário digno, e as réplicas são cunhadas no túmulo da lógica. Talvez ainda publique algum comentário, como exercício argumentativo e para mostrar que no fundo estou mesmo correto. É mais do que esses pseudo-argumentadores merecem. Obrigado pela leitura!

Wednesday, March 16, 2022

Os três mosqueteiros e D'Artagnan

Introito 

 Internamente, estamos gastando tempo (e tempo é dinheiro...) à toa e por nada. Arthur do Val tentou trazer à tona a discussão do Plano Diretor enquanto candidato à prefeitura paulistana. Recentemente veio falando de Pacto Federativo. Sabe o que é isso? É uma confabulação onde o estado de São Paulo envia dois caminhões de dinheiro para a União e recebe em troca uma carriola de balas Chita. Aí não temos como pagar melhor os professores, policiais e outros agentes do estado. Recentemente Arthur foi cancelado (rio disso, cancelamento) assim como Danilo Gentili, Kim Kataguiri, o rapá da bicicleta e quaisquer outros que não falam bem da esquerda tola ou da direita estúpida. O que ninguém comenta é que a próxima legislatura, mais uma vez, caminhará de braços dados com o presidente eleito  até o final de seus mandatos. Em diversos países (EUA, Inglaterra), há uma eleição dois anos após o pleito presidencial que renova um terço do congresso. Se o governo da vez está derrapando, corre o risco de perder a maioria nas casas legislativas. Se a oposição está derrapando, corre o risco de tomar uma carraspana dos eleitores. Só aqui temos que aturar um presidente idiota e um congresso canalha caminhando lado a lado e de mãos dadas enquanto nós é que ficamos na berlinda.
*   *   *

   Externamente, o quarto poder vai ganhando a Guerra da Ucrânia. Esse pessoal em quem não votamos nem nos presta contas vai cavando a caveira do Putin. A direita mundial condena Putin, mas aqui ele é apoiado pela esquerda e pela direita. Ponha a mão na cabeça - ou em outra parte de seu corpo, alguns pensam com outros órgãos - e pergunte-se se isso está correto. Nessa guerra nenhuma potência é mocinho. Nem bandido. São todos patriotas e lutam pelas suas doutrinas. Que doutrinas? De conquistar o mundo, claro. Conquistar, não. Dominá-lo, no médio prazo. Porque no longo prazo os chineses levarão, e isso são favas contadas. Eles nos conquistarão, seja em 200 ou 300 anos; seus planos não são imediatistas. Quem viver, verá... 😝 

Os três mosqueteiros - e  D'Artagnan

O Duílio é um caboclo com quem viajei para o Hawaii, nos idos de '08. Mergulhos com arraias, Pearl Harbor, mergulho com tartarugas em Molokini, uma rodovia cortando a rota da lava (sic) - sem qualquer vegetação, quilômetros e quilômetros de uma aterradora paisagem de rocha solidificada que remete-nos ao inferno - jantar em alto mar para ver o pôr do sol no mar (era um jantar romântico, para casais, entramos de gaiatos e gerou na turma a famosa frase do Duílio, Larga da minha mão, Carlos André!), praia de areia negra (há havia visto no Chile), a Pipeline e 300 revistas pelas autoridades aeroportuárias, enquanto íamos de uma ilha para outra. Um dos oficiais foi extremamente simpático. Visitara o Brasil - Rio - e gostara muito. Os outros, apenas profissionalíssimos. O Paulão, tirando a foto, é um amigo de mais de 20 anos. Conheci-o após sua separação e quando ele estava cheio de interesses pela Dona Cláudia; a galera toda olhava com um sorriso de satisfação, Isso vai dar casamento. Tanto deu que fui o padrinho do noivo. Acompanhei o crescimento das duas crianças do primeiro casamento, e agora vejo o Chiquinho querendo virar homem. O Vinícius já tornou-se; à minha esquerda, é o D'Artagnan dessa estória.

Paduca e seus vinhos

Essa confraria existe há tempos, com reuniões muito incertas. Tentamos tornar os encontros regulares. Paduca - Paulão, Duílio e Carlos - reuniu-se algumas vezes mas nunca teve uma postagem a altura. Agora vai! De reunião anterior, sobrara um Casillero del Diablo 2011(!) Cabernet Sauvignon, que foi trazido pelo Duílio e ficou para trás. Não que esse último encontro tenha sido há um quinquênio(!), ele apenas tinha esse vinho por lá e resolvemos ver como estaria. Não estragou, mas perdeu o pouco que um dia teve (rs!). Sem nariz, sem acidez, sobrou o álcool e um pouco da picância típica da cepa na ponta da língua. Ainda assim fomos carcando pra dentro até acabar, pois meu candidato ficou de lado para respirar e depois precisou ser resfriado. Já na temperatura apropriada tivemos o Carmim Reguengos 2018, vinho de cooperativa produzido em Reguengos de Monsara, cidade próxima a Évora. É um corte de 40%  Trincadeira, 40% Aragonez e 20% Castelão, que mostrou boa fruta vermelha, cacau (café?), corpo e acidez médios e bem integrados, malvadeza tocada a 14,5% de álcool com alguma persistência. Pagou na faixa de R$ 50,00, e preciso dizer que é uma ótima compra. É um vinho de 3 a 4 dólares em Portugal, e seu preço dá um pouco mais de 2x. Queria ver esse vinho servido às cegas em meios a nossos vinhos de R$ 150,00-R$ 300,00. Neguin ia chamar o Putin com seus tanques... Servido por último, após serviço cuidadoso, apresentei aos confrades o Quinta de Chocapalha 2016, Vinho Regional de Lisboa corte de 45% Touriga Nacional, 20% Tinta Roriz, 15% Touriga Franca, 10% Castelão e 10% Alicante Bouschet e 14% de álcool. Por obra de Don Flavitz conhecia sua versão Reserva, comprado em 'promo' há muito tempo. Vinho de importadora tubarona, encontrei a R$ 97,00 (4 garrafas, somente), mas depois a R$ 120,00. É um vinho de USD 12,00 lá fora, então pelos R$ 120,00 ficou subitamente bom. Curiosamente, em outra loja, havia encontrado o Vinha-Mãe, superior ao Reserva, a preço pouco maior que o próprio Chocapalha comum (usualmente R$ 180,00). A fruta é bem mais presente e mais ampla do que em Reguengos, acompanhada de chocolate e especiaria; a madeira dá um toque elegante, a acidez é muito boa, os taninos convergiram e o álcool não escapa. Está ótimo, e pode ser guardado. Esse é o vinho que entra naquela estória do bebedor ter  uma caixa (ainda que de meia dúzia), provar uma garrafa de tempos em tempos e ser feliz. Na foto, consegui caçar o Paulão entre as garrafas. Fez boa figura.

Sunday, March 13, 2022

Na Espanha, Valduero. Aqui, patetas.

Introito

Em notícia recente, a Polícia Federal afirma que não vê sinais de adulteração no vídeo com cenas de orgia envolvendo o governador João Doria. Circulado em 2018, ficou até agora sob investigação, aberta a pedido do então candidato. Na nossa cara passou a troca de aproximadamente 20 delegados nos mais diversos postos da PF até 2021. Deixando o flanco aberto até agora, Doria vem reclamar que a investigação é ressuscitada em ano eleitoral. Por que ele não pediu arquivamento? Analistas (sic) dizem por aí que os grandes políticos jogam uma espécie de xadrez eleitoral. Nada entendem o que acontece. Longe de xadrez. No máximo, é um jogo de Damas. Mas acho mesmo que é Róba-Monti (sic), como eu mesmo dizia em criança. Se jogasse xadrez, Doria teria antecipado esse movimento. E veja bem... o nome Rouba Monte não parece combinar melhor com as aspirações de boa parte dos candidatos? Isso aconteceu há quatro dias. Cadê o Villa pedindo a cassação do governador? Assim fará por merecer o apelido de Palhacinho da Justiça, em oposição ao do Batman, Paladino da Justiça. É o que parecem-me ser a maior parte desses políticos: jogadores de Rouba Monte, pelas táticas sempre óbvias. O problema, como sempre, são as tenebrosas negociações que levam, por exemplo, a debates onde sem a menor vergonha candidatos-bananas nada mais fazem do que levantar a bola para aliados na hora de fazer perguntas previamente combinadas.


Valduero Crianza 2016

A Bodega Valduero está estabelecida em Ribera del Duero, na região de Castilla y León. Sua cepa por excelência é a Tinto Fino (outro nome da Tempranillo), embora Cabernet Savignon e Merlot sejam cultivadas por lá. Ainda, é lar de vários dos melhores produtores espanhóis, como Vega Sicilia, Emilio Moro, Dominio de Pingus e Abadia Retuerta, dentre muitos outros. Produz vinhos premium em safras específicas que envelhecem quatro anos em barrica e outros oito em garrafa antes da distribuição a preços salgados, e linhas intermediária e mais simples. Seu Crianza, claro, está nesta última. Conforme ficamos sabendo na loja virtual da bodega, o Valduero Crianza foi batizado, em 2018, como Valduero 2 Maderas. No primeiro dia achei ter encontrado no nariz algo à caramelo. Não pergunte, foi uma impressão que bateu. Tinha ainda boa fruta mas não consegui identificar se negra ou vermelha, e algo herbáceo. Boca com especiaria - provavelmente da madeira - chocolate (couro?) e fruta, com um leve dulçor. Acidez média ou um pouco mais, bons taninos, 14% de álcool um pouco presente mas sem incomodar. No segundo dia, nem traço do suposto caramelo. A fruta continuou bem perceptível, o álcool em excesso sumiu. A boca pareceu mais marcada à chocolate, com o dulçor mais discreto. A permanência e final foram o ponto alto até no segundo dia, evidenciando um vinho de boa qualidade. Para servir, aeração de duas horas é muito bem vinda. Seu preço 'lá' é 22,50 Euros, o que dá uns R$ 125,00, ao câmbio de hoje. Aqui, às vezes entra em 'promo' de R$ 400,00 (3x+!) por ótimos R$ 210,00. É quanto Enochato de plantão aproveita e compra uma ou duas garrafas.

Saturday, March 12, 2022

Vinho e burgue de Carnaval 3 - Final

Introito

   Este Enochato não tem compromisso com qualquer pessoa, instituição ou crença. Concepção que desacredito - p. ex., seres de outro planeta visitando a Terra - será posta de lado imediatamente após o pouso de uma espaçonave no Planalto Central. Aquilo no que acredito - uma civilização extraterreste extremamente benigna - tenho fé que só pousaria lá para mandar o pessoal fazer fila para fuzilamento por arma de raios laser. Imagino o Lira recomendando:
   - Lasers em tonteio...
   Sendo cortado pelo comandante alienígena:
   - Não! Lasers em modo de fritar gordura!
   Alguém duvida que essa civilização seria benigna? 🤣 Lembrem-se do posto vago para nosso maior herói desde Caxias...

   Voltando à motivação inicial: pesa sobre mim a maldição de reter certas coisas na memória. Discursos (conversas, digo), no mais das vezes. Datas, nomes, números, não. Mas pareço ter uma capacidade para pegar no pulo quando alguém está alterando seu discurso para mudar de opinião, coisa muito comum nestes tempos! Aliado a isso, meu desapego a tudo o que não parece-me bom e certo dá-me a completa liberdade de, no próximo segundo, abandonar minha crença no que antes achava correto. Deixei de seguir comentaristas políticos em seu primeiro deslize mais grave. Normalmente isso acontece depois de pequenos deslizes, momentos que antecedem a virada de mão desses pulhas. Isso posto, preciso arrepender-me de um comentário recente: ...nas palavras de Marco Villa, um analista fraco mas lúcido... Suas sucessivas críticas a Arthur do Val - praticamente diárias nos últimos dias - dizem muito a respeito de sua falta de lucidez. Ele tem pedido a cassação do deputado. OK. Quem se lembra de Fernando Cury, deputado que bolinou, ao vivo e a cores, sua colega de casa, a Isa Penna? Pesquisei no canal do Villa no Youtube suas citações ao deputado Cury. Nenhuma. Ele deve ter comentado, mas seguramente sem a devida veemência. Vá lá você mesmo(a), e pesquise por ambos os nomes. Em todas as críticas que ele fez a Arthur - que achei desproporcionais, lembrando-nos dos contextos Arthur x Cury - deixei meus comentários. Nem precisa procurar muito, as minhas normalmente são as últimas, posto que sempre chego atrasado para ouvir as postagens. A pergunta é: se Arthur tivesse de ser cassado pelas atrocidades que disse, o que deveríamos - por coerência - esperar para Cury? No mínimo, que fizesse companhia para o Lira, na primeira fila de execução pelos alienígenas, em Brasília. Ou não? 
   Observe a técnica: Villa diz muitas verdades (óbvias, no mais das vezes) para então perpetrar opiniões tortas e incongruentes. Maliciosas, até. Observe-se a personalidade (tem comentários ácidos meus bem antigos): ele jacta-se de ter desenterrado algumas palavras pouco usadas do dicionário. Ele não nos apresenta um neologismo; apenas recupera algumas palavras de pouco uso! Sua caterva (sic) delira... Insiste em repetir um bordão Você ouviu primeiro aqui, para algumas previsões acertadas. Para as erradas, claro... nenhuma citação. Ele previu, por exemplo, 800 mil mortos por Covid no ano passado e a quebra da bolsa (começou a falar nela em novembro ou dezembro de '20; só aconteceu no final de '21), apenas para ficar nesses exemplos.
   Por último - já me estiquei demais... - escrevi minha opinião sobre Villa (vínculo acima) no dia 26 de fevereiro, muito, mas muito antes dele começar a criticar Arthur. Espero que fique claro, portanto, que não faço uma defesa apaixonada do deputado. Faço uma crítica ao suposto analista. Villa transformou-se em um idiota. Digo isso com tranquilidade porque eu o ouço praticamente todo dia. Em sua última postagem - de hoje - ele demonstra que Arthur é um pelego desde sempre. Mas por qual motivo começou a desancá-lo somente agora?! Você, se o segue/escuta, fique atento; ele está ludibriando-o com uma conversa muito bem articulada. Vem ao ar uma pergunta, estando ele lúcido: a quem Villa serviria?

Ter confraria é padecer no paraíso

A prova definitiva dessa máxima (rs!) veio quando, na reunião relatada como Uma Piaba no Putin, lancei no uáti(zapi) a provocação na forma de pergunta: Quem levaria o Dolcetão? Todos seus felizes proprietários (Ghidelli e Sra. N) fizeram-se de desentendidos. Compareceram com vinhos até mais caros, mas abrir mão do Dolcetão - do qual cada um comprara apenas uma garrafa - ninguém. Vai que no encontro da última terça-feira resolvi que eu mesmo desapegaria de meu exemplar.

Reunião em uma terça-feira tranquila

Aconteceu que a Sra. N. resolveu viajar para o Canadá, e nos reunimos para escolher alguns vinhos que ela quem sabe traga na mala. Como seu valoroso rebento de 34 anos irá junto, temos $teto$ para trazer alguns bons rótulos e um homem para carregar tudo. Prenúncio de uma tempestade perfeita. Começamos provando um Hacienda de Arínzano branco 2018, vinho que o Akira nunca bebeu mas gostou desde a primeira cafungada. Claramente cítrico - acreditei ser limão, e ainda chutei damasco - ele opinou abacaxi, pescou toques florais e minerais. Só no nariz. Na boca é mesmo bem mineral, o caráter cítrico também está bem presente, acompanhado por ótima acidez. Madeira discreta, álcool (14,5%!) contido, está ótimo para ser bebido, mas pode ser guardado por mais tempo. Tem bom final e persistência, é um ótimo Chardonnay. Fica claro que seu irmão maior não vale 4 vezes seu preço; mas esse é uma boa compra. Eis que servi às cegas o Dolcetão: Pecchenino Bricco Botti 2012. Pecchenino produz uma gama relativamente grande de vinhos, de 'simples' Pinot Nero e Nebiollo (bem grosso modo, versão mais modesta do Barolo) a Barberas, Dolcettos e Barolos do excepcional vinhedo de Bussia. Dogliani é a DOCG tida como o lar da Dolcetto, cujo nome, Docinha, erroneamente sugere vinhos doces. Uma baita pegadinha, e nada além disso: fruta muito marcada - o Akira disse groselha - e para mim ficou no 'fruta negra', algo como chocolate e borracha, indicando algum toque vulcânico. Boca ótima, corpo médio, acidez bem presente, seus 14,5% de álcool não aparecem; a madeira, muito de leve. Parece - além da fruta - ter algo como café. Boa persistência e final médio. Ambos os vinhos não fizeram feio com o Quiche de queijo levado pela Dona Neusa, embora não tenham encontrado um bom pareamento. Ora, a degustação foi às cegas, e foi coincidência ela comparecer com esse prato. Mas teve bão... 😋
   Não copiei os preços, mas Pecchenino custa 'lá' (EUA; safra antiga, 2012 esgotada) USD 27,00 + taxas = USD 30,00. Aqui, pagamos cerca de R$ 230,00. Excelente compra. Dolcetos devem ser consumidos jovens, mas este ainda está muito bom; compre para beber nos próximos 2 anos sem medo. Arínzano custa 'lá' uns USD 20,00, e aqui cerca de R$ 200,00. Um pelo outro, Pecchenino ainda é melhor compra...

   Esta postagem foi tocada (rs) a um Valduero Crianza 2016. Os comentários de hoje estão anotados, e amanhã publico um resumo.

Wednesday, March 9, 2022

Vinho e burgue de Carnaval 2

Introito

   Putin vem metendo os pés pelas mãos. Não torço por ele. Torço por uma situação de equilíbrio na região. Com uma invasão atrapalhada, perdendo 'moral', não conseguirá formar o escudo de proteção entre os mísseis da Otan e sua capital. O tempo de resposta russo face a um ataque ficará curto. Essa é a situação que poderá levar, até por causa de algum mal-entendido, a uma guerra nuclear de fato. Não agora, nem na semana que vem, mas depois que tudo se acalmar, com a poeira baixa e a Rússia devidamente enquadrada pelos 'mocinhos'. Será como em The Day After (O Dia Seguinte, 1983): ninguém jamais soube quem tinha disparado primeiro. 

Burgue e vinho II - A continuação

Quando do primeiro encontro para degustação de burgue (sic) dos membros do grupo Vinho e Turismo, várias pessoas não puderam participar, por agenda cheia. Mas algumas ainda combinaram um encontro para o final de semana no pós-Carnaval. Eis que para não perder a oportunidade este Enochato imiscuiu-se em mais este evento, para não perder o hábito de louvar a Baco, prática levada a cabo com fervor e dedicação sempre que possível. Assim reuniram-se as vestais Luciana, Dayane e Renata, a Sofia filha da Renata e este que vos escreve. Tínhamos comprado um vinho juntos há certo tempo, e eu ainda pensava em conferir uma opinião que ouvira certa vez. Na foto, eu com a mão na massa e as meninas felizes pelo encontro, fomos todos noite adentro sob recepção da Luciana (esq.) e selfie da Dayane (dir).

Um espumante e dois tintinhos

Como do encontro passado, levei meu já popular Bacio Della Luna Cuvée Brut. A exemplo das degustadoras da postagem anterior, elas acharam-no mais atraente do que nosso conhecido Blanc de Blancs Bacio Della Luna, degustado outras vezes por aqui. Opinaram ainda que seria melhor do que vários espumantes nacionais e, conforme apuramos depois, pelo preço consideraram-no muito interessante. Infelizmente está esgotado... Não repetirei as impressões, que estão aqui. Na sequência nos alegramos com o Château Haut Queyran 2016, um Cru Bourgeois (Médoc, portanto), comprado em uma 'promo' da Vinho e Ponto. Já comentei sobre os Cru Bourgeois aqui. Queyran mostrou nariz com fruta vermelha e especiaria. Discutimos ainda sobre algum café ou couro, se não me engano. Boca com fruta, taninos mais salientes do que a acidez - esta, achei faltar um pouco. Álcool e madeira sem comprometerem, equilibrados. É um corte 60% Cabernet Sauvignon e 40% Merlot com a especiaria da primeira presente. Pede acompanhamento com mais corpo, então não combinou tão bem com o burgue. Foi quando apresentei meu candidato. Ouvira falar que Beaujolais casariam bem com hambúrguer, então lá fui com o meu debaixo do braço. Domaine de Colette Fleurie 2014, 100% Gamay, também com fruta vermelha e para diferenciar-se um travo herbácio, se lembro-me bem. Corpo médio, 13% de álcool, boa acidez, creio ter mostrado fruta e alguém comentou... chocolate? Fumo? Algo nessa direção. Não passa por madeira, e, combinou muito bem com o burgue, para surpresa e felicidade geral. Esse e um dos problemas da harmonização: às vezes um vinho mais simples pode casar melhor do que um mais potente ou mesmo mais complexo. Não que Colette perca na complexidade - achei até mais elegante, pela acidez - mas no preço a diferença é grande. De qualquer maneira, não devemos usar um canhão para matar um passarinho. Sem copiar os preços, Queyran é um vinho de uns USD 20,00, pelo qual pagamos R$ 230,00. Colette vale uns USD 14,00, pelo qual paguei cerca de R$ 100,00. A relação é francamente favorável ao Beaujolais, mas são vinhos diferentes para situações diferentes. Queyran está no limite de 2x, boa compra para um vinho em nosso mercado.

Resenha

A Deliciosa História da França: As Origens, Fatos e Lendas por trás das Receitas, Vinhos e Pratos Franceses mais Populares de Todos os Tempos. Esse é o inusitado título de um livro que nos apresenta a história francesa conectada à evolução dos hábitos alimentares daquela que desde há muito é conhecida como a mais sofisticada cozinha do Velho Mundo. Fico pensando: qual seria o resultado dessa avaliação se tivéssemos à disposição o equivalente estudo realizado na Itália. É uma questão acadêmica, claro. A leitura de seus 52 capítulos é divertida, fluida, bem humorada a informativa. Fica mais instrutiva se o leitor tiver boa memória para guardar tantas datas e árvores genealógicas, o que não é meu caso, mas não torna o livro menos interessante. Sua pesquisa é ótima: as notas de cada capítulo apresentam-se ricas e os autores recuperam detalhes às vezes dramáticos sobre ingredientes tão banais: Tantas lágrimas foram derramadas pelo açúcar que, por direito, ele deveria ter perdido sua doçura (a respeito da conexão entre escravidão e produção açucareira). Partindo da Gália do século I a.C. até o pós-Segunda Guerra, vamos acompanhando como diversos ingredientes foram gradualmente sendo absorvidos pela culinária francesa sem o menor pudor ou preocupação. E, como os autores enfatizam diversas vezes sem a menor vergonha, a grande culinária francesa é uma mistura de influências distintas com os quais a nação teve contato durante toda sua história de 2000 anos. Os vinhos, claro, estão lá, em diversos capítulos. O vin du diable (vinho do diabo), acerca do Champagne, talvez seja o mais engraçado no tocante à nossa bebida predileta, embora outras estórias (Cognac, Absinto) apresentem-se igualmente envolventes. Uma leitura recomendada. Ganhei de presente da vestal Luciana, e foi um uma leitura prazerosa. Se o leitor dá-me licença, chegou o momento da minha hora verde... 

Esta postagem foi tocada (rs) aos restos de um Arínzano Chardonnay e um Pecchenino Dolcetto. Sinta-se ameaçado por eles, para uma próxima postagem...

Sunday, March 6, 2022

Vinho e burgue de Carnaval I

Introito

   A última postagem demorou um pouco para sair. Tive compromissos etílicos frequentes, e no único dia disponível (sexta) não consegui terminá-la. Então algo mais aconteceu com relação à guerra na Ucrânia e ficou para trás. Putin tem demorado a atingir seus objetivos. Por isso mesmo reforça, com certa histeria, o alerta em suas forças de ataque nuclear. Para o Ocidente (Otan), todos os cenários estão calculados. Se Putin perder força, terá menos 'moral' para sentar-se à mesa de negociação quando chegar a hora - as supostas negociações de agora são mero jogo de cena e não tenha esperança nelas. Putin não irá para a mesa sem 'moral' ou sem elevar mais ainda o tom das ameaças, e todos sabem disso. É apenas uma questão de sangue frio, de aguardar. O Ocidente 'está na sua', enquanto Putin segue como vilão - para quem acredita. Como tenho repetido, qualquer guerra é um ato criminoso; não apoio a invasão da Ucrânia mas a invadiria se estivesse no lugar do Putin. Quem aí está lembrado daquele índio estúpido (não refiro-me a todos os índios, mas àquele) invadindo nossas refinarias? E era amigão do lulalelé. A frase é velha, mas vale: nações não têm amigos, têm interesses. O interesse da Otan é encostar uma pistola na testa do Putin. Se ele deixar, não poderá reclamar quando puxarem o gatilho.

   Amigo bolsonésio envia-me vídeo de um pobre coitado sem senso crítico algum, um utente chamado Gustavo Gayer, que não conheço. Em sua peça publicitária ele, de maneira infantiloide, faz loas ao Nosso Presidente com argumentos que só idiotas podem aceitar. E vou provar!:
   1. Gaba-se do lucro da Petrobrás (106 bi), como se fosse mérito da atual administração. Apenas se esquece de que o preço do barril estava a USD 10,00 em abril de 2020, e saltou para USD 110,00 em fevereiro de 2022. Veja o impacto em 2021... Ademais - quem se lembra? - Se fizer muita besteira, o dólar pode ir a R$ 5,00. Está quase R$ 6,00! O dólar quase dobra, o preço do óleo se multiplica várias vezes gerando grande lucro à Petro, e isso é atribuído ao Nosso Presidente... Diga se é ou não é uma ideia idiota. O lucro adveio de condições internacionais favoráveis (alta do preço do petróleo) e da claramente desastrada política econômica interna. 2. Aventa que No meio de uma pandemia, o mundo inteiro encolhendo, o bolsonésio vai lá (sic) e gera quase 3 milhões de empregos... Ah, sim. No meio da pandemia os EUA estão encolhendo... sei... A taxa de desemprego por lá é 3,9% da população e a criação de novos empregos é considerada decepcionante. Aqui, desemprego a 13,8%, é a maior taxa desde 2012. Nem durante a crise da Dilma o desemprego foi tão alto. Não satisfeito, 3. Regozija-se do lucro da Caixa Econômica Federal: 13.7 bilhões em 2021. O lucro dos 4 maiores bancos - só os 4 maiores, Brasil, Bradesco, Itaú, Santander - foi de 90,5 bilhões. Com os 13.7 bi da CEF, dá  R$ 104 bi. Isso significa uma população empobrecida desse mesmo montante, que foi transferido para o sistema bancário na forma de lucro. A sequência de ideias estúpidas (não acaba nisso!), permite-nos nomear estúpido o seu próprio proponente. É um prêmio para o conjunto da obra. E também nos permite nomear estúpidos aos que acreditam em tão desoladora sequência de má informação. Estúpidos, sem noção e sem o menor senso crítico. Se oferecem-lhes merda em seus pratos, comerão merda! Lamento o excesso, mas a clareza faz-se necessária.

   Estúpidos, vejam e aprendam. Não conseguem fazer uma básica pesquisa de Google para confrontar a informação que recebem. Depois pretendem sentir-se ofendidos quando digo que comem merda!




   Não comentarei as demais atrocidades do vídeo, estas poucas(!) dizem tudo. E do que adianta argumentar? Idiotas são idiotas, e acreditam nas idiotias que lhes contam. Quer mais idiotias? Procure o discurso dos PeTralhas e troque o sinal (sic).

Burgue e vinho I - O começo

Note que duas fotos estão deslocadas dos comentários. Coisas da vida. Rolou uma ideia de burgue de costela no grupo Vinho e Turismo. Alguns podiam num dia, outros podiam em outro, e outros não podiam dia algum... azar de quem não pôde... O engraçado foi o grupo a reunir-se na quinta-feira: Dani chegou dizendo que gostava de beber até mais tarde; Alice defendia que seu limite preferido (sic) eram duas garrafas, Dirlene afirmava que sua felicidade era beber quieta em vez de jogar conversa fora. Dani foi embora antes das 23:00; Alice bebeu meia garrafa e saiu tateando pelas paredes; Dirlene falou pelos cotovelos e bebeu menos que Alice (😱). Sobrou para este Enochato, que não mente nem aumenta... Recebi-as com um Bacio Della Luna Cuvée Brut, espumante leve, 11% de álcool, muito bem avaliado por todas. Delicado, um docinho a desmentir o Brut (rs), abacaxi (pera?) na frente de tudo (rs), acidez média, elegante, perlagem simpática (sic), um tanto rápido na boca, mas sendo um espumante simples, vai querer o quê? Ficou claro estar bem acima de nacionais que custam mais caro. Paguei R$ 60,00 na Bléqui, o preço normal era R$ 86,00, acho. Esgotou... e ficou sem foto... 


Casas del Toqui Syrah Gran Reserva 2018 (foto acima) veio em seguida. Ainda tem uma tal de Terroir Selection para enfeitar o nome, mas não consegue bom resultado. Tem nariz bom boa fruta, madeira e mais alguma nota a ser destacada - não peguei. Madeira discreta, álcool (14%) controlado. A decepção fica para a falta de acidez. É liso, não deixa lembrança nem saudades 🤣. Não sei como é para os bebedores de chinelos chilenos em geral, essa estória da acidez. É uma percepção comparativa. Para quem não está acostumado aos europeus, talvez até seja razoável; para todos os outros, é baixa. Não, não casou bem com o burgue. Para alegria de uns e decepção de outros (😂), apareceu um Prince de Saint Merac 2016 (ao lado). Bordeaux simples com alguma estrutura; nariz com fruta e especiaria, boca com a picada de Cabernet Sauvignon, taninos e corpo leves a médios, acidez presente - melhor do que Casas del Toqui - mas discreta, e um pouco ligeiro. É daqueles Bordeaux 'de entrada' que inundam o mercado. Valeu experimentar, mas não compraria outra garrafa. Neeeeext! Casou um pouco melhor com os burgue (sic), graças à acidez.

Por último chegou o Domaine la Bonnelière Saumur Champigny Tradition 2019, um Loire (Cabernet Franc, portanto) comparativamente muito mais rico, fruta vermelha evidente e especiaria no nariz, boca repetindo a fruta, acho que alguém comentou sobre couro, boa acidez, corpo médio, taninos muito bem 'comportados', final e permanência moderados, conjunto realmente agradável. Foi o que melhor combinou com o burgue, de longe. Ah, os lanches tiveram um preparo rápido e simples: pão com maionese e mostarda, burgue de costela e bacon. A combinação em boca harmonizou otimamente. A maior prova da qualidade superior do vinho foi confirmada pela velha máxima do Enochato, de que os melhores vinhos sempre secam primeiro. Faça a prova quando tiver mais de uma garrafa aberta. É tão inconsciente quanto evidente 😁. Aqui comparo o valor. Foi comprado em Bléqui de R$ 160,00 por R$ 96,00. Lá, é um vinho de 7,50 €, R$ 42,00, conversão da sexta-feira, após um mês de valorização do Real. Ei, isso dá um preço nominal de praticamente 4x ao valor sem promo! Ao preço 'promo' dá 2x, a indicar boa compra, mas fora da bléqui é um absurdo! A importadora, Chez France, de algum tempo para cá, entrou na estória de oferecer tudo quanto é vinho em preços promocionais, simplesmente aumentando descaradamente o valor de seu produto para então fazer a famosa oferta da metade do dobro. Isso é péssimo! É coisa de cara de pau! Estará ela competindo consigo mesma para transformar-se na mais nova tubarona do mercado? Bom, o indefectível Enochato está de olhos e a postos para denunciá-la como tal. Alguns de seus preços estão bons, mas vários outros nem um pouco. 'Promos' estão chegando e saindo. Usar o Wine Searcher para conferir o quanto os moradores do mundo civilizado estão pagando pela mercadoria é, cada vez, uma questão de cidadania. Não podemos aceitar a safadeza prosperar. Não podemos nos deixar enganar.

Uma piaba no Putin e mais um vinho antes do fim do mundo

Introito

   Não tenho acompanhado a guerra na Ucrânia como talvez devesse. Sei que um comboio gigantesco está parado próximo a Kiev, enfrentando graves problemas de logística. Parece que pneus foram enviados para Vladivostok (quem aí já jogou War?); uma quantidade imensa de plasma foi entregue em São Petersburgo e Novosibirsk recebeu um estoque estonteante de munições. Camarada Putin, saiba que nosso general Eduardo Pazuello, especialista em logística, passou para a reserva recentemente. E aposto que seu badalo de baixo ventre bolsonésio ficaria extremamente honrado em vê-lo assessorando a mãe-Rússia. 
   Está certo que Putin foi obrigado pela Otan a tomar as medidas que adotou. Não torço por ditadores nem apoio guerras, mas reconheço que ele não está errado, sob sua ótica defensiva. O mundo mudou com a derrocada da União Soviética. Para o Ocidente, foi mais fácil calar-se sobre a discussão da dita zona de influência definida na Segunda Guerra Mundial enquanto a URSS esfacelada tentava não cair no caos. Aguardaram que vários países da Cortina de Ferro migrassem para a Otan enquanto a Rússia carecia de poderio econômico para opor-se, e agora precisam enfrentar um Putin indo à forra. Esse contexto estava na conta; apenas talvez não acreditassem que pudesse acontecer - e foi um erro crasso. Só o Putin não precisava fazer uma campanha tão desastrada. As pessoas estão com medo de uma guerra nuclear? Já comentei os motivos pelos quais não a temo. Mas os líderes mundiais devem fazer a coisa certa: 1. Avisar o Putin bem avisado de que guerra nuclear é uma só, e 2. Ir atrás do dinheiro dos oligarcas e forçá-los a forçar (sic) Putin a uma solução menos tensa para o problema. Não adianta ficar com desculpas - um pobre infeliz d'O Antagonista relatou que os luxuosos iates (e outros ativos) dos magnatas russos estão em nomes de companhias em paraísos fiscais, que por suas vezes são controladas por testas de ferro, o que tornaria difícil suas apreensões... conversa. Em uma situação de guerra os países podem atropelar todas as regras estabelecidas, pronto-cabô (sic). E a senha está dada, pois o próprio Putin ordenou estado de alerta às forças nucleares de seu país. Se isso não é um prenúncio de guerra, do que mais precisa? Sinal de que o Ocidente vem falhando sucessivamente na análise estratégica da situação. Depois que der m... m... melindres aos quatro cantos do planeta, ficarei repetindo feito papagaio: 
   - Eu avisei, eu avisei, eu avisei...

Reunião (antes) do fim do mundo

   A senhora N. reclamou que não nos reuníamos há tempos. Verdade, este ano ainda nada. Mas teve minha Covid... Eis que na quarta passada aconteceu uma reunião na casa da Elvira. Acertado o cardápio - massa com molho vermelho, e antepastos - fui escolher alguns vinhos. Como sempre, e para diversão (garantida) da plateia, pegamos o Akira para analisar o primeiro vinho (branco). Ele cheirou e cheirou. Cheirou e cafungou. Cafungou e pensou. 
   - É europeu, mas não é francês... não é italiano... parece ser espanhol... a madeira deixa o nariz um pouco mas complexo, mas não é Viúra... não é Macabeo... parece ser Chardonnay... 
   Coloquei a mão na saia a vestir a garrafa desde seu gargalo, e soltei uma pista:
   - Você já cafungou o irmão menor dele.
   - É um Arínzano de Pago. - disse ele sem piscar, enquanto eu subia a saia da garrafa. A plateia foi ao delírio. Lembro que ele já havia nos brindado com uma matada similar a essa há não muito tempo, veja aqui.

Então o primeiro foi o Arínzano Gran Vino 2016, um Vino de Pago, indicativo de produtor pertencente à elite dos vinhateiros espanhóis. Mostrou bons aromas com toque claramente cítrico e mais, mas não consegui distinguir. Acho que alguém comentou 'damasco'; depois de apontado, ficou mais fácil perceber. A boca é igualmente boa, cítrica, mineral, com ótima acidez, o que proporciona final igualmente bom e longo, com persistência. Na sequência provamos um Patriarche Chassagne-Montrachet 2013, Borgonha bem estruturado (Chardonnay, claro), talvez um pouco oxidado, o que deixou os provadores confusos. Minha sugestão de 'amanteigado' foi bem aceita, e a estória se repete: a impressão bem dada de um acaba fazendo a cabeça dos demais. O Akira, adorador de Borgonhas, não acertou que fosse um. Mesmo assim, igualmente cítrico e mineral com boa acidez, mas não tão marcante na boca. Um degrau abaixo do Arínzano, que, convenhamos, é um ótimo vinho. Servido o Penne com um molho à base de carne (diversas), fomos para os tintos. O Poggio Le Volpi Baccarossa 2017, produzido na Lazio, é um  100% Nero Buono di Cori, cepa desconhecida para mim, que mostrou ótima fruta, chocolate ou fumo - o Ghidelli disse fumo, creio -, corpo médio para pegado, taninos muito redondos e acidez marcada, produzindo um conjunto harmônico com bom retrogosto e persistência. Achei que casou bem com o prato principal, mas não foi a melhor combinação. Tenuta di Capraia Chianti Classico Riserva 2013 apresentou nariz com ótima combinação de frutas, vermelhas mais nítidas, mas acho que negras também. A cereja clássica da Sanviogese estava lá. Especiado, chocolate/fumo, corpo médio, madeira, álcool e acidez integradas, para mim fez o melhor par com a massa. Repeti outras duas vezes sem o menor constrangimento (🙄), tanto que não sobrou espaço para a sobremesa. Seu bom final e persistência completaram para mim a melhor harmonização. Lamentei ter comprado apenas uma garrafa... O final ainda teve um Porto com torta, mas... este escriba estava devidamente adernado e não conseguiu provar...

Os felizes confrades Ghidelli (esq), Márcia, Margarida, Elvira, Oenochato, Akira e Neusa, a Sra. N.


Resenha 

Ainda hoje, em uma noite muito fria, quando vou deitar-me com minha esposa, a primeira coisa que digo comigo é que estou feliz por não estar em Bastogne.
Depoimento de um dos soldados da Easy Company, no início destes depoimentos.

Estes dias, um pouco por causa da guerra na Ucrânia, dei-me conta de que já se vão quase 21 anos da minissérie Band of Brothers, produção da BHO que estreou em setembro de 2001. Foi interessante reassistí-la novamente durante o Carnaval. Até onde lembro-me, essa série foi a primeira realizada com 'tecnologia' e 'cuidados' do cinema transplantados para a tv. O realismo das cenas de batalha são impressionantes. Choca ao vermos um soldado caminhando e no passo seguinte simplesmente cair morto enquanto um fio de sangue perde-se no ar. O enredo foi muito bem produzido e é em fechado. Depoimentos de ex-combatentes da Easy Company na abertura cada episódio trazem uma carga de confiabilidade e realismo ao que vamos assistir na sequência. Se sabemos que muitos fatos não são historicamente precisos, por outro lado não há patriotadas no meio da estória. Vemos a matança em escala industrial aplicada a uma companhia de homens e como esses fatos vão moldando cada um deles. Sabiamente, os diversos episódios vão focando um ou outro membro da companhia em vez de aterem-se a apenas um ou dois personagens principais. Assim, a exploração de diversos indivíduos distintos torna toda a trama mais coesa, crível e humana. Convido o leitor a assistir ou reassistir Band of Brothers para tomar ciência - ainda que de longe - dos horrores de uma guerra.

Rata! 🙈

   Alerta-nos o leitor Dionísio que Viura e Macabeo são a mesma uva. Eu não sabia, ou pelo menos não lembrava, o que não justifica o erro grosseiro. E, no afã de contar a estória envolvendo o Akira, posso ter trocado alguma outra cepa branca que ele tenha evocado. Desculpas ao Akira e agradecimento ao Dionísio pela observação.

Tuesday, March 1, 2022

A Lei de Murphy e o mal planejamento

Introito

Comunica-nos a Deutsche Welle que a Alemanha desligou três de suas últimas seis usinas nucleares em 31/12/2021. Acho que já existiram 17 por lá. O Greenpeace foi logo projetar em uma delas a frase "Por uma Europa sem energia nuclear", enquanto festejava a reafirmação de que até 2030 as fontes renováveis (eólica e solar) responderão por 80% da demanda energética alemã. Então eles fizeram assim: penduraram-se em um aumento momentâneo do consumo de carvão e gás natural enquanto prosseguem na renovação de sua matriz energética. Lembra daqueles filmes do Tarzan, quando ele se apinchava (rs) de um cipó para o outro? Sempre havia o próximo cipó parado à sua espera. Com a guerra na Ucrânia, a Alemanha apinchou-se do cipó anterior sem saber onde estava o próximo... cadê essa turma do Greenpeace agora, que não comparece para passar frio pela população? Cadê meu fio desencapado, mesmo? A Alemanha corre o risco de ficar na pindaíba por causa de seu erro grosseiro de planejamento, e aí o culpado é o Putin... Ah, tá... Curioso mesmo é que ninguém chamou essa turma para assumir o erro. Tá, ela não ficará na pindaíba. Mas o Putin será o culpado da mesma maneira.

Xisto Cru 2014

Havia experimentado o Xisto Cru pela primeira vez em abril de 2020, pouco antes da pandemia ficar séria, portanto. Daquela vez teve Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas, Quinta do Noval, Xisto Roquette e Cazes, dentre outros... uma esbórnia onde o principal da postagem foi comparar preço e a qualidade segundo os degustadores. Experimentei dele novamente no final do ano passado, quando havia pego Covid; a análise ficou comprometida. Agora vai... 😆. Apresentou nariz bem marcado à frutas vermelhas e algo mais, terroso, talvez, ou carne, quem sabe. Tem mais camadas, mas falta melhor provador para apreciar devidamente. Boca com alguma especiaria, aquele travo doce português bem leve, bons taninos, ótima acidez; tem intensidade, e ouso dizer que advém mais da acidez do que do tanino. Veja a diferença que pode fazer esse detalhe que sempre enfatizo quando existe e reclamo quando falta... Está ótimo para beber, mas pode ser guardado. Surpreende pelos 12% de álcool... tem boa persistência e final, e não notei madeira - mas parece que tem... Segundo o Wine-Searcher, é um corte Rufete, Touriga Franca, Malvasia Preta, Alicante Bouschet e Donzelinho Tinto. Custa suas 35 Libras 'lá' (35 x 7 = R$ 245,00), e R$ 566,00 'cá'. Para ser o dobro, custaria R$ 490,00. Diria que é o limite da compra. Mas se esperar uma 'promo', aí deve ficar bastante bom...