Monday, May 30, 2022

Intenções de voto a 147%

Introito

Mesmo que você não saiba matemática, reflita um pouco:
Em pesquisa do início de abril do Idea Big Data, 57% dos entrevistados disseram que Jair Bolsonaro não merece ser reeleito e 52% responderam que Luiz Inácio Lula da Silva não merece voltar à Presidência.
A notícia é do IG e a fonte está aqui.

   Em pesquisa recente do DataFolha, Lula aparece com 48% das intenções de voto, Bolsonaro 27% e Ciro 7%. Da primeira notícia, tiramos uma média de 55% - eram 45 no ano passado. Vamos supor que nada tenha mudado muito desde o início de Abril.

   Então 55% dos eleitores descartam ambos. Mas um tem 48% e outro tem 27%. Somando tudo (Cirão da Galera também!), temos 137%(😣). Ah, os brancos e nulos em eleições somam, aproximadamente, 10%. É um percentual mais ou menos fixo, mas neste pleito está bem mais alto Fiquemos como os 10% originais, a título de compensação. Então temos 147%... faz sentido para alguém? Enquanto isso a desconhecida Simone Palíndromo diz considerar Tasso-alguma-coisa para a vice presidência de sua eventual chapa. É o que sobrou da terceira via pavimentando o caminho para o precipício. Da minha parte, sigo impassível embalado na máxima segundo a qual o cidadão de bem torna-se bandido quando associa-se a bandidos.

Sentia-me o último homem na face da Terra. Então alguém bateu à minha porta.

   Foi na última segunda-feira. Ao atender encontrei o Luciano Osório, depois de uns 10 anos sem vê-lo pessoalmente. Sabia que você bateria nessa porta algum dia, disse-lhe. Ele trazia debaixo do braço um pão e carregava uma sacola, de onde sacaria queijos e Sardela. Perguntou de sua maneira singela se tinha algum vinho. Afastei a porta e ele entrou. Devo ter algum..., disse-lhe.
   Instalados, recobramos algumas memórias e ele contou-me um pouco mais sobre sua trajetória. Saiu da gigante Accenture, onde pensava que chegaria a gerente em 5 anos (promessa de entrevista quando candidatou-se a trainee; eu avisei que não daria certo...) para ser fotógrafo. Também não deu certo - não cheguei a dizer algo, mas sabia que a profissão tem muito pouco reconhecimento. Ultimamente está tentando a sorte trabalhando em uma empresa de App's para o mercado 'triplo A'. Parece que acertou a mão...

Puxei - afinal, sentindo-me o último homem sobre a Terra resolvera brindar-me com um tintinho nojento - o Leone Rosso Orcia DOC 2018 - que deixara aerando havia cerca de uma hora. O Luciano cafungou e adorou: observou a fruta vermelha, não lembro de ameixa ou cereja, e algo herbáceo, se não me engano. A fruta era evidente, e pensei ter notado algo como café ou couro. Especiaria, também. Boca com algum dulçor de fruta, bem balanceada, com acidez e taninos médios. A persistência marcou presença, com final médio. O Luciano ressaltou o equilíbrio do conjunto, perguntando entusiasmado onde conseguira um vinho com aquelas qualidades. Mostrei-lhe pelo laptop - onde tocava uma sequência de músicas que ele declarou serem bem do meu gosto desde quando conheceu-me - o sítio da Enoeventos, e ele também encontrou-o pelo celular. Em comparação com os últimos vinhos que andei provando, Leone mostrou-se mesmo superlativo. Claro que tem muito de comparação e memória nessa conversa, mas quando o bebedor vem vindo (sic) de uma sequência de vinhos mais simples até pelas complicações da Covid, é um prazer ver a boca mais preenchida com potência e sabores. Por um instante senti-me como o rei Theoden ao ser convidado por Gandalf a pegar sua espada e assim lembrar-se de como ele era forte.
   Embalados nesses sabores ao final choramos, trocamos abraços e uatizáppis, com a promessa de mais encontros em um futuro próximo. Sua enteada passou no vestibular da Universidade Federal, e a perspectiva de visitas mais frequentes a S. Carlos é agora uma realidade. Baco gostará disso.

Friday, May 27, 2022

Da Tcheka aos dias de hoje

Introito

A Tcheka foi instaurada em '17, pelo Vlad. Não o Drácula; o Lênin. Em '27, sob o regime de Mussolini estabelecia-se a Organizzazione per la Vigilanza e la Repressione dell'Antifascismo, cujos métodos foram repassados a Himmler em '33, quando os nazistas concederam à SS o poder de “custódia preventiva”. O métodos dessas instituições eram os mesmos: prisão arbitrária, julgamento viciado e condenação sumária. Por aqui, um século depois, a julgar por acontecimento recente o nome da polícia do estado parece ser Polícia Rodoviária Federal. É assim: aparelhados e sem um líder que os inspire convenientemente, órgãos de estado espelham-se em seu chefe máximo para escalar o Monte Evereste da barbárie. Genivaldo de Jesus Santos, assassinado por método que lembra as câmaras de gás nazistas, foi a nova vítima de um governo que desconhece as regras básicas da democracia e, instaurando o reinado da impunidade, abre portas para o pequeno ditador que existe em cada repartição pública, quiçá em cada lar. Poderíamos ter nos livrado dele há tempos, se as instituições tivessem o mínimo de amor ao país e às próprias leis. Certo, Maia? Certo, PTlhos? Apenas para citar os mais culpados. Eles estão vindo aí.

Confraria em baixa

O confrade Gustavo fez sua parte: alardeou a plenos pulmões a degustação gratuita da Gran Cru, quarta-feira da semana passada. Sugeriu que depois poderíamos escolher algum outro vinho e esticar a hora feliz (sic) até umas 20:00 😃... e... fui o único a comparecer...🙄 A loja ofertou um Ricossa Barbera D'Asti 2019, vinho piemontês cuja ficha resumida no convite dizia ...a acidez acompanha os taninos..., e devo dizer: é absoluta verdade. Pena que ambos sejam muito discretos, principalmente para o que se espera de um vinho europeu na faixa de R$ 130,00. O nariz expressava sim fruta madura e algo mais com um travo doce que não consegui decifrar, enquanto a boca mostrou-se muito rápida e com final curto. Às cegas não saberia dizer jamais tratar-se de um italiano. Poderia ser uma transição para o bebedor começar a apreciar vinhos europeus com acidez mais pronunciada, mas não nesse valor. Para piorar tudo, encontrei por USD 6,05 em alguma loja da Alemanha... Seu preço médio nessa safra é USD 11,00, mas parece que entram nessa conta as lojas brasileiras, onde chega a até USD 25,00. Ou seja: lá fora o valor é realmente baixo. 😑


Escolhemos depois um Palagetto 2020, vinho de Chianti Colli Senesi. Da região da Toscana, Colli Senesi está encostada em Siena, enquanto a região mais tradicional (Classico) pertence aos domínios de Florença. É um corte 85% Sangiovese, 5% Merlot, 5% Canaiolo e 5% Colorino, muito leve e frutado, com um frescor que o torna bastante fácil de beber, à semelhança do Ricossa. Perguntei ao Gustavo se ele pegava cereja, e depois dele provar com mais atenção disse que sim, 'no fundo'. Uma das assinaturas da Sangiovese é justamente a cereja, que fica mais fácil de pegar no Chianti Classico Coli, já referido aqui diversas vezes e apesar da suspeição sobre a última garrafa. Palagetto  tem um pouco mais de estrutura do que Ricossa, mas também e um tanto rápido no final. A acidez está mais presente, os taninos são leves e a madeira - que tem, segundo o sítio do importador - não peguei. É um vinho dos seus USD 10,00 que está aqui por USD 20,00 (R$ 106,00). Esse sim, fica na margem de 2x, o que é aceitável. Particularmente não gostei, embora não seja - nem um pouco - ruim. Meu estilo vai para um vinho com melhor corpo e acidez. Mas novamente pode ser uma boa entrada para vinhos do Velho Mundo, e agora a um preço condizente. Walew, Gustavo!

Ricossa 'lá'.

Ricossa 'cá'.



Sunday, May 22, 2022

As ilusões que adoramos acreditar

Introito

Ninguém até hoje perdeu dinheiro por subestimar a inteligência 
do povo norte-americano
Henry Louis Mencken

Corria o sossegado ano de '76. Sossegado para mim, claro. A Cray lançava o primeiro supercomputador comercial do mundo, enquanto, de olho no micro - literalmente - Steve Jobs fundava a Apple. Os Estados Unidos comemoravam os 200 anos de sua independência em grande estilo. Por aqui... O Julgamento de Paris deixava produtores franceses vermelhos de raiva e brancos de susto no confronto às cegas com vinhos americanos. Reproduzi a ideia do evento, está aqui. A Viking 1 pousava em Marte. Ainda em órbita, enviava-nos uma imagem que mexeu com o imaginário popular à época. Foram necessários 25 anos para 'comprovar' o que cientistas já sabiam à época: o suposto rosto era uma combinação de luz e sombras. Agora tem uma tal de porta, com 30 x 40 cm. Na trilha dos Homens de Preto já tem gente acreditando em marcianos com 25 centímetros de altura. Gostamos de nos iludir. E, sabendo disso, estão todos aí, mídia, PTlhos e hordas bolsonésias querendo nos fazer crer que a eleição será decidida entre eles. O futuro é uma estrada em aberto; não sabemos onde ela vai dar. Desconhecemos quem ganha na véspera, mas sabemos muito bem quem morre...

Mob Lote 3

Degustei o Mob Lote 3 safra 2017 há coisa de um ano. Esse nome vem das iniciais dos conhecidos produtores portugueses que juntaram-se em um projeto conjunto, Moreira, Olazabal e Borges; é um vinho do Dão, mais precisamente da Serra da Estrela, corte de Touriga Nacional, Jaen e Alfrocheiro. Escrevi então que o vinho parecia fechado, e talvez precisasse de trê ou quatro anos para desabrochar. Por conta de tê-lo visto em algum comentário, resolvi conferir seu estado atual.  Abri na sexta-feira, degustando-o ainda sábado e hoje. Na sexta apresentou-se realmente fechado, a fruta parece segurar-se no fundo da garrafa sem querer sair. Estava lá, mas como uma massa pouco compreensível, de acidez média, boa persistência mas com taninos pegados. No sábado a frua apresentou-se mais claramente, com melhor integração nariz-boca. O domingo perdeu um tanto da força, mas a fruta melhorou no nariz e boca arredondou, mas claramente não passa disso. Seu estado requer tempo em garrafa, precisa de mais um pouco de guarda; a simples aeração não vai adiantar. É surpreendente para um vinho simples, de USD 11,00. Anda em oferta por aí, e talvez valha a pena comprar uma ou duas garrafas e sisquecer delas por um tempo. A safra '17 é dita como excepcional segundo alguns avaliadores. Acredite ou não, encontrei a R$ 80,00. 

A culpa é minha, coloco em quem eu quiser

Introito

A culpa é minha, coloco em quem eu quiser.

   Nando Moura é um músico com canal no Youtube que acabou envolvendo-se em política e outros assuntos - mas atualmente anda mais focado em política. Tem 3 milhões de seguidores e vídeo-postagens que chegam a 100 mil visualizações em 24 horas. Não é pouca coisa. Para promover seu curso online Mestres do Capitalismo fez uma propaganda estrelada por ele mesmo como contraponto ilustrativo à corrente oposta, o Mestres do Çossialismo (sic), espinafrando os esquerdopatas que acreditam ser lulalelé algo (sic) digno de atenção, importância ou crédito. O vídeo é muito engraçado, embora perca-se um pouco em variações do mesmo tema por ser algo longo (12:30 min), mas recomendo a primeira metade. 

   Sobre a última postagem, o Jairo da Vinho e Ponto contribui com uma notícia para aprofundarmos a reflexão sobre a situação da camada mais baixa de nossa população:

Consumidor deixa de pagar conta de luz para comprar alimentos
Por Márcia De Chiara, para o Terra.
Em fevereiro passado, Viviane da Silva Rocha, de 36 anos, mãe de um menino de 6 e há quatro meses desempregada, teve de fazer uma escolha: ou pagava a conta de luz - que subiu repentinamente de R$ 80 para R$ 300 - ou fazia as compras de alimentos no supermercado. "A minha opção foi comer", disse.
Fonte completa aqui.

   A culpa não é inteiramente do bolsonésio; só uns 80%. O desastre começou com lalelelé, e foi piorado pela estúpida da Dilma - já já ela também voltará à cena para pedir seu voto. Vejamos quem serão os estúpidos. Resumidamente, lulalelé cometeu a troca da nossa externa, em dóla e com juros de 1,25% ao ano, por uma dúvida interna com juros a 25% ao ano. Ainda, como já comentado, em seu primeiro ano de governo pagou aos bancos 145 bilhões de Reais em juros e destinou 1.8 bilhão a programas sociais. E dizem-no Pai dos Pobres. É mesmo! Nunca a pátria pariu tantos! Seu modelo econômico baseou-se no consumo enquanto surfava no aumento de valor das commodities, e ao final apenas aprontou a cama para a sucessora. Como ela nada tinha de esperta, seguiu-se a tempestade perfeita. Isso não sintetiza bem o conjunto da obra, mas dá um esboço da estória toda. Paremos por aqui.

Encontro Vinho e Turismo na Vinho e Ponto

Na semana passada realizamos o encontro mensal do grupo Vinho e Turismo. A ideia era degustar duas safras do mesmo vinho. O escolhido foi o Floral de Lisboa, em suas safras 2015 e 2018. É produzido pela Casa Santos Lima, situada a 45 km ao norte de Lisboa, pertencendo a essa região vitivinícola; produz uma extensa gama de vinhos, dos quais a V&P representa o bom Colossal e o mais simples Cabra Cega. Lembro de ter experimentado há muito tempo o Azulejo e o Quinta de Bons Ventos, que já foram comercializados aqui em S. Carlos por outras lojas. Eram simples, mas à época não bebia nada diferente de chinelos chilenos, de modo que lembro de ter gostado. Floral de Lisboa é um corte Touriga Nacional, Syrah e Castelão. A primeira é sempre majoritária, mas a proporção das outras duas varia de acordo com a safra. 

Florais de Lisboa apresentaram-se com bastante fruta, corpo leve a médio, assim como sua acidez. Não consegui separar alguma fruta, mas as confrades opinaram em peso e houve quem acertasse na mosca. Não tem muita persistência e o final é curto, bem típico de vinho para o dia-a-dia. Tem taninos médios, acho que alguém comentou sobre um pouco de álcool numa das garrafas, e fiquei em dúvida se são vinhos para envelhecer mais. Acho que não. Bem, a missão era acertar a safra a partir das informações das fichas técnicas, que exibiam características olfativas diferentes. Quase todo mundo - senão todo mundo mesmo! - acertou. Desprovido de olfato à altura dos demais, este Enochato foi por outra direção. Ora, a composição de Floral de Lisboa passa pela Syrah, uva conhecida pela cor intensa. Bastou prestar atenção para descobrir qual taça estava mais escura... e ficamos assim: enquanto todos os demais cumpriram a missão com graça e esforço, este Enochato pegou o atalho mais rápido e acabou ganhando - como todos os que acertaram - o livro eletrônico Viajando com Edu - Portugal, do Eduardo, nosso palestrante e proprietário da empresa Caminhos do Turismo.
   A experiência teve seu mérito, embora as safras fossem algo próximas. Melhor experiência seria escolher safras mais separadas no tempo e em boas condições de prova, o que sugeriria vinhos de maior guarda para que o mais novo já tivesse alcançado uma boa evolução. Às vezes encontrar duas garrafas assim é mais complicado...
   Esta postagem, que começou a ser escrita ontem, foi tocada a um MOB Lote 3, degustado pela primeira vez em maio de 2021. Ainda ficará um tantinho para amanhã, quando colocarei a impressão dele na frente de outros vinhos degustados recentemente.
   Obrigado pela leitura!

Sunday, May 15, 2022

Alerta geral sobre o Chianti Classico Colli 2016

Introito


Como atualização ao leitor esporádico, a situação do país desde há muito não mais nos permite falar apenas de vinho como se vivêssemos em uma normalidade mínima. Proceder assim significa deixar na História o testemunho de um desprezo indesculpável para com o restante da população e desconsiderar tudo o que vem acontecendo dos últimos tempos para cá - entenda-se desde a eleição do governante mais idiota da história deste país em 2018 contando todos os governos desde as Capitanias Hereditárias. Bolsonaro é seu nome, e de messias ele nada tem. De messiânico talvez, e faz sentido: basta notar a horda de otários que o segue. Tenho dito nestas páginas que empobrecemos. Dados do Banco Mundial (veja lá embaixo) mostram que tínhamos um PIB por habitante de USD 13.245,00 em 2011, justamente antes da estúpida da Dilma implementar sua Nova Matriz Econômica. Dados de 2020 indicam que nossa renda caiu para USD 6.800,00. É claro que a variação do dóla afeta esses valores, mas como era, mesmo? Se o governo fizer muita besteira o dóla (sic) chega a R$ 5,00. Quando bolsonésio assumiu, o dóla estava cerca de R$ 3,80. Grosso modo, creditamos a diferença do que perdemos à disparada do dóla. Mas isso não cobre tudo. Também significa que nada agregamos de novos ganhos na última década. E a inflação da moeda americana foi de 30% entre 2011 e 2021. Ou, no limite, no limite, além de nada agregar a nossos ganhos enfrentamos preços 30% mais caros mundo afora. O energúmeno já aviou: e pode piorar. Depois virá pediu seu voto, e os trouxas acudirão.

Chianti Classico Colli 2016

A semana foi muito corrida; não consegui postar o encontro com o Romeu na sexta-feira dia 6. Sentamo-nos depois de um bom tempo, culpa principalmente da Covid, mas não apenas. Como persistia meu estado calamitoso, peguei um rótulo simples, até para mostrá-lo ao Romeu, bebedor de sul-americanos. Quem não tem no vinho uma fonte de curiosidade acaba por acostumar-se com um padrão e com ele se contenta; celebra o melhor da vida com aquela mesma medida e a graça está na celebração em si. É o perfil da maioria das pessoas, e não há mal nisso. Da minha parte, segui o ritual das outras vezes: cerca de duas horas de aeração e quando o Romeu chegou a garrafa aguardava no balde havia pouco; o suficiente para estar fresco. Bebemos um ou dois goles e ele matou a charada: o exemplar tinha com quê de envelhecido. Não estava ruim, mas mostrava algo a passado. Bem diferente do que experimentei com o Akira no final de abril, quando a fruta estava bem presente - não bebeu, como de costume. Tinha alguma fruta, mas um tanto simples. Boca ligeira, sem o frescor habitual; acidez muito baixa, o que não seria seu usual. Como comentei, a safra '16 é muito  boa, e esperaria que esse vinho durasse mais. Fica a dúvida de quem estaria fora da curva: se a garrafa do final de abril ou se esta. Ainda acho que é esta, mas o leitor que leu as postagens antigas e comprou Coli talvez deva testar uma garrafa também. Ao Romeu, desculpas e a promessa de uma compensação no próximo encontro. Registro ainda que, a despeito do vinho, a troca de ideias - por mais divergentes - foi estimulante. Nem foto da garrafa tirei, e isso confirma a premissa. Reutilizo a da última postagem desse vinho.

PIB per capita do Brasil. Fonte: Banco Mundial.


Tuesday, May 10, 2022

A ingenuidade é a forma mais acabada da estupidez

Introito

A ingenuidade é a forma mais acabada da estupidez
Máxima do Enochato

   
Comentei outra hora que somos uma nação de pulhas. Não me custa admitir erros ou mudar de posição se percebo minha incongruência. Se eu estiver errado, deixemos isso bem claro. As erratas do blog, ainda que apegadas a detalhes mínimos, sempre atestaram isso. Tal conduta tem nome: honestidade intelectual. E não a estou a invocá-la - quem precisa disso invariavelmente não a tem -; estou chamando atenção para exemplos pretéritos que a confirmam. Se alguém desejar confrontar minha posição, teje à vontade (sic). Mas sobre a nação de pulhas, sobre a qual fui contestado recentemente, não vejo motivo para mudar. Isso nos descreve. Falando disso e de honestidade intelectual, veja aí a participação popular no primeiro de Maio. Muita gente? Bom... essa foto é do primeiro de maio de 2018...

Aí, neste primeiro de maio de 2022, toca pseudojornalistas realizarem o exercício hercúleo de construir a realidade que desejam veicular. Uma foto convenientemente posicionada pode perfeitamente passar para o desavisado - o ingênuo da máxima - a impressão do sucesso que se pretende mas que na verdade não se alcança. Cada canalha tentou passar-lhe, leitor, uma impressão (imprecisão?) dos eventos. Não é seu direito se passar por inocente, por mais que no meme fique muito engraçado. E olhe que fica mesmo...

Como comentado por ocasião do Nobel, esse quarto poder, no qual não votamos nem nos presta qualquer conta, derruba prefeitos, ministros e presidentes; atores, desportistas e cantores, inventores, acadêmicos e escultores, se algum deles desafiar a peleguice que serve ao status quo. E isso não é novo. Ditadores - sempre eles - usam da imprensa e seus recursos conexos para enganar a sociedade de alguma maneira passando às pessoas uma imagem distorcida de seus líderes

Não creia que apenas um lado do espectro faz isso; a canalhice é ambidestra. Mussolini foi o primeiro grande ditador do século passado, e fez escola para todo mundo que veio depois dela. Hitler o admirava - sabia? - por sua habilidade em mobilizar as massas e sua astúcia política, além de ter conseguido em tão pouco tempo o que os nazistas precisaram de mais de uma década para realizar. Mas está aí a prova de que os esquerdopatas também se aproveitavam dos recursos tecnológicos da época para resolver seus incômodos. Apenas parecem não ter retocado o olhar do Molotov, que parecia estar olhando o pobre Nikolai Yezhov, vítima de acusações nefastas em 1939.

Às vezes a sociedade está um pouco esclarecida e zomba de si mesma. Outras, quer acreditar no que deseja. Exemplos? E... se ninguém descobriu - ou pelo menos mencionou - de onde retiraram a foto para a falsificação dessa capa - você ouviu algum comentário sobre a origem dela? - fica a pergunta: bolsonésio posou de exclusivamente para ela? Isso o tornaria parte do embuste...

   

   
A imagem ao lado, do portal de notícias Metrópoles, mostra uma Avenida Paulista com alguns bolsonésios e um Pacaembu praticamente esvaziado onde PTelhos fizeram sua concentração. E ainda pretendem nos convencer de que a eleição está definida. Lulalelé e bolsonésio podem sim estar no segundo turno das eleições, mas nesse futuro só acreditarei depois de apurados os votos do dia 2 de outubro. Se tais movimentos tiveram tão pouca adesão, onde estão os supostos, mais ou menos, 30% e 40% de bolsonésios e lulalelés? Como ficam os 45% de nem um e nem outro? Fora os nulos e brancos... já já vamos totalizar 140% de votos, e o populacho continuará a acreditando que seu candidato predileto estará no segundo turno. Incluam-me fora dessa...

   Enquanto essa turba espalha confusão por atacado, no varejo nosso detrator-mor não deu mais as caras. Chamou-me de esnobe e ostentador por comprar (em 3 confrades) vinhos de R$ 400,00 lá fora, sem dar-se conta de que seu preço aqui é o triplo - o valor que em seu ato falho ele usou para atacar-me pessoalmente pelos adjetivos pouco lisonjeiros. É essa a ideia que ele faz de quem compra os vinhos aqui: ostentam. Esnobam. Mas ele defende as margens que nos conduzem a esse abuso com unhas e dentes. Qual a diferença dele e dos safados que já já virão pedir seu voto? A menos da quantidade de zeros envolvidos nas tramoias, nenhuma...

Quarta com Baco

   O Renê passou por aqui na quarta-feira passada. Trouxe o bom humor de sempre, o jeito bonachão ao falar e suas análises certeiras sobre a bagunça que estamos vivendo, nacionais ou internacionais. Só sisqueceu (sic) de trazer um vinho à altura de suas ideias 🙄. Está intimado a fazer isso da próxima vez 😏, e quero ver como vai se sair... 🤣. Resolvi levar um vinhos simples, tanto pelo meu estado nasal quanto para mostrar para ele um tintinho bom e barato (em promo), o já conhecido Villa Blanche Syrah 2019. Bebi dele bem recentemente, mas a ideia ao comprar esses vinhos mais baratos em 'promo' é divulgá-los para as pessoas, se forem no mínimo razoáveis. Novamente percebi a massa de frutas que notara antes, sem conseguir discernir alguma fruta com precisão. O Renê ficou em dúvida. O Akira identificou - não lembro-me o que - mas seu comentário seguinte nos surpreendeu:
   - Esse buquê é artificial...
   Além do bom nariz, o Akira trabalha na área de fermentação. Contam uma estória - nunca acreditei 😮 - que certa vez um representante comercial de insumos para o setor sucroalcooleiro chegou na usina onde ele dava consultoria com uma maleta de odores à tiracolo. Seriam 180 aromas artificiais distintos. Caiu na besteira de apostar com o Akira que este acertaria às cegas 10 aromas que ele selecionasse. Perdeu a maleta. Akira ainda arrematou:
   - Claro, isso não é falar mal do vinho. Apenas, às vezes, fazem isso para acertar o vinho, ou esconder algum defeito. Parte considerável dos produtores adota esse procedimento.
   E é verdade. A tal era comercial do vinho (anos 90 para cá) veio acompanhada de evoluções tecnológicas de ponta, como leveduras geneticamente modificadas, e outras soluções menos... puritanas...
   Da minha parte, ainda não consegui acertar a boca muito bem. Novamente não peguei muita acidez - fã de sul-americanos, o Renê ainda não encontra tão bem essa característica quando prova vinhos do Velho Mundo. Acho que já disse aqui algo mais ou menos assim, sobre alguns vinhos da Chez France, de onde comprei esse Villa Blanche (e outros): se tivesse pago o preço cheio, teria ficado triste. Mas na promo seus vinhos não estão ruins. É a velha e eterna relação preço x qualidade. Infelizmente a conversa no restaurante estava embalada, e sequer nos lembramos de eternizar o momento com uma foto...