Thursday, March 21, 2013

O Château Guiraud 2006

   Ontem experimentamos dois vinhos antes de chegarmos a este. Mas como a estrela era, desde o início, a sobremesa (e seu acompanhamento), vou comentar apenas este, por enquanto.

A região de Sauternais

   Segundo a Wikipedia, Sauternais é uma região de Graves, que por sua vez é uma seção de Bordeaux. Château Guiraud é um corte de Sémillon (65%)-Sauvignon Blanc (35%). A safra de 2006 não foi tão boa quanto as de 2005 e 2007; isso talvez tenha incidido diretamente no preço da garrafa de 750 mL (U$ 50,00). Sua fermentação é feita em barricas novas e pode durar até dois meses; depois disso o envelhecimento acontece também em barricas, por 24 meses.

O vinho

Château Guiraud 2006 tem corpo médio, assim como seu retrogosto, mas a persistência surpreende por ser longa, o que confere-lhe um bom final. Pera evidente (para mim...), bem frutado, deverá melhorar com mais alguns dias (e meses) na geladeira - até o Tarapacá Colheita Tardia consumido antes dele estava interessante em seu final após um ano de espera, também na geladeira.

Château Guiraud 2006: Sémillon (65%)-Sauvignon Blanc (35%), 13,5% de álcool: um tanto acima do Tarapacá Colheita Tardia (13%) e do Tokaji Aszý 5 Puttonyos (12,5%). Pode parecer aquém deste último, na primeira impressão. Contudo, sua elegância, persistência e bom final atestam ampla superioridade.

Sunday, March 10, 2013

Dona Maria Tequila Tremendo de Graça 2000-2013

   Todos sabemos que a vida não nos poupa infortúnios, enquanto a bem-aventurança costuma resumir-se a momentos fugidios que nos iluminam aqui e ali. Durante os últimos treze anos - treze! Quanta sorte! - fui agraciado com a companhia de um bichinho que nunca conheceu tempo ruim; boa de garfo, recusou somente quatro refeições em toda sua vida. Em duas ocasiões, acabou operada no mesmo dia; a terceira foi apenas por muito doente, e a última, ontem, sábado. Dona Tequila tinha várias alcunhas: Tête, Tetê, Terrorzinho... mas nada disso importa muito. Importa a mensagem que ela nos deixou antes de partir:
Não chorem por mim; eu não chorarei por vocês. Se chorarem, que não sejam lágrimas de tristeza, mas de saudades antecipadas. E ainda assim, não sintam-se saudosos; eu estou levando comigo todas as boas lembranças que partilhamos juntos, e, de quebra, um pedacinho do coração de cada um que me amou. Tudo isso eu mandarei de volta em pequenas porções, quando vocês sonharem comigo. E estejam certos de que eu também sonharei com vocês, até o momento em que nos juntaremos em novas brincadeiras. Só não tenham pressa, porque, apesar de todos sabermos que agora o meu mundo é melhor que o de vocês, cada coisa acontece a seu tempo. Assim como o bom vinho tem que ser maturado, vocês ainda têm suas jornadas. Meus queridos amigos, foi bom ter passado estes treze anos na companhia de pessoas tão nobres e carinhosas como vocês. Haverão outros encontros, em algum lugar deste universo. Boa sorte a todos.


Wednesday, March 6, 2013

Física, cozinha e vinho

O detestável copiar-colar

   Nunca fui fã (sequer usuário) da técnica (rs) de copiar-colar na produção de texto. Tá, certa vez a tarefa muito fraca de uma disciplina pediu esse recurso, mas é outra estória. Dito isso, vai um copiar-colar, do qual preservo a fonte. Preparem-se para arrepiar os cabelos.

O melhor conselho de todos, porém, foi o método de Myhrvold para decantar vinho (em linguaguem não enochata: oxigenar a bebida para melhorar seu sabor). Em restaurantes finos, normalmente, os garçons usam um decânter, uma garrafa larga feita especialmente para circular o vinho, num ritual que costuma ser cheio de pompa. O cientista, porém, aplicou seus conhecimentos de físico-química para criar um método muito mais eficiente (e menos elegante) de decantar a bebida: bater o vinho no liquidificador, não importa quão caro seja.“Isso faz melhorar drasticamente o sabor de vinhos tintos jovens”, disse o cientista, recomendando o método à plateia. “Mas minha parte preferida é olhar para a cara de horror das pessoas quando eu ponho um Bordeaux no liquidificador.”

   Saiu em uma matéria do jornalista Rafael Garcia em um blog do UOL. O final trata de vinho, como o leitor já leu, mas recomendo a leitura do texto completo. A pergunta que não quer calar é: quem será o primeiro a testar esse método de aeração? (risos!)