Thursday, June 29, 2023

O terceiro dia dos Duluc de Branaire-Ducru

Direto ao assunto

   O Ghidelli saiu da reunião da terça-feira bradando seu conhecido bordão, É muito vinho... tá, já escrevi neste espaço: vinho não é para fracos; sendo amigo de longa data, não podemos deixá-lo de fora só por não beber em nosso ritmo. E, melhor, quando recebemos a reunião em casa o tantinho de fundo de garrafa fica para o anfitrião 😀. Certo, deveria tê-lo bebido no dia seguinte mesmo, mas os preparativos para viajem no domingo fizeram-me sisquecer. Ficou para hoje, depois do evento da Mercearia 3M - aguardem...
   Neste terceiro dia de aberto, se ambos decaíram um pouco, chegaram e ele bem bebíveis. Duluc de Branaire-Ducru 2010 mostrou o café/chocolate da abertura, a acidez continuou presente e só um pouco apagada, afetando de leve o final. Mas ainda tinha persistência, e após engolir o último gole, escrevendo, consigo senti-lo na boca enquanto salivo. Duluc de Branaire-Ducru 2018 manteve um tanto da fruta no nariz, e na boca apareceu algo como cereja, melhor definido do que anteriormente. A acidez também estava lá, preenchendo bem a boca e a composição final/retrogosto bem marcadas e presentes, embora com menos intensidade se comparada ao 2010. 
   O leitor tem paciência? As safras 2017 e 2018 foram boa e muito boa, respectivamente, e podem ser encontradas por preços mais ou menos razoáveis (R$ 400,00 'menos'). Nos Estados Unidos elas custam cerca de USD 45,00 e USD 40,00, respectivamente - curiosamente a melhor safra está mais barata. Uma conta de padeiro, USD 40,00 x R$ 5,00 = R$ 200,00, então R$ 400,00 'menos' está em margem inferior a 2x. Sim, é bastante dinheiro; quem puder comprar e guardar para 2030 talvez possa comprar ainda uma garrafa no meio do caminho (2025 ou 2026) e tentar a mesma comparação. O pecado é pegar uma safra agora e acreditá-la em momento de consumo. Olha, dá para beber, mas consumir um bom vinho fora de seu auge não é apreciar sua melhor expressão, concorda? Tem Cru Bourgeois de safras 2016 e 2017 no mercado, seguramente mais prontos, e a preços bem menores. Experimente deles enquanto faz um aquecimento (risos!) para 2030.

Wednesday, June 28, 2023

Duas safras do mesmo Bordeaux

Introito: Zanin, nosso eroe

Agora nós estamos em guerra com a Eurásia.
O inimigo sempre foi a Eurásia.
Lestásia é uma nação aliada.
1984, de George Orwell


Reflexão: quantas pessoas frequentam os corredores da justiça sendo acusadas injustamente? Para quem assistiu ao excelente The Shawshank Redemption, a resposta é rápida e imediata, e veio na língua do personagem Ellis, interpretado pelo Morgan Freeman: todas! Mas vamos lá... em um sistema minimamente competente - o norte-americano definitivamente não parece sê-lo, mas o nosso é! - quantos peregrinos do sistema judiciário o leitor considera de fato inocentes, vítimas de erro grosseiro no processamento de pistas ou mera perseguição? Sessenta por cento? Setenta? Pois é... ficamos com trinta por cento de bandidos contumazes. Estatisticamente, se um advogado defendeu dez pessoas, temos então três delas quase certamente bandidas de fato. Para os sete inocentes, não deve haver muita dificuldade em comprovar alguma inocência do acusado; na defesa dos outros três o périplo do advogado - ele atua apenas cumprindo seu papel - deve ser um pouco mais difícil. Por esse raciocínio, torna-se muito difícil atribuir ao Zanin algum notável saber jurídico ao encarar suas causas. Sua taxa de inocentação (sic!) precisa ser registro perfeito para, então sim, a proposição passar incólume à menor dúvida. Pergunta: qual a taxa de inocentação (sic!) de Zanin? Pelos comentários da sabatina, acredito ser mesmo de 100%. O cara é bom! Aliás, quando tudo começou, um amigo bolsonésio chegou para falar do indicado. Disse-lhe tranquilamente: bastaria os senadores da oposição chegarem constrangendo-o com perguntas de outras áreas diferentes de sua atuação. Ele não tendo o tal do notável saber jurídico  se embananaria e pegaria muito mal. E os senadores tiveram lá coragem para tal? Vieram, olharam o homem, nosso eroe da nação, e fizeram nas calças o que os invasores fizeram na mesa do Xandão - esse sim, o do STF. Compressor Lira? Ara, deem passagem... compressor NAP! Nosso Amado Presidente mostrou como se faz: indicou para o STF um cara de tamanhas qualidades a ponto de virar o jogo e constranger a oposição. Chupem, bolsonéios! Rumo à posição de potência! Com Ortega, Maduro e Putin! Abaixo aos colonialistas europeus! Fora União Europeia! Yankees, go home! Dilma 2026! (com sua permissão, claro, Madame Janja). Só mais um detalhe (para quem era fã da série Columbo...): a oposição elegeu um grande grupo de senadores supostamente contrários à atual ideologia, e muitos em primeira viagem, como o ex-vice-presidente Mourão e o Astronauta. Não deveriam ter rabo preso, portanto não deveriam temer reprovar um indicado deste lado ou daquele a cargo tão importante. Por que aprovaram Zanin com ampla margem, sem maiores constrangimentos na forma de perguntas sobre como aplicar a Constituição em determinadas situações? Está aí, comprovado por outra via: Zanin é mesmo 'o cara'; fez a pelegada tremer nas bases. Palmas para ele! Palmadas para os senadores! Bando de zés-ninguéns! Que as urnas cobrem-lhes a própria mediocridade.

A Classificação Oficial de Bordeaux de 1855

   Corria o ano de1854 (provavelmente) e o Imperador Napoleão preocupava-se com a Exposição Mundial do ano seguinte. A brilhante ideia apareceu na forma de categorizar os melhores produtores de vinho para mostrá-los aos visitantes do mundo todo. Assim, os principais artífices do Médoc (e um de Graves) receberam títulos entre Primeiro e Quinto Vinhedos; com apenas três mudanças desde então, a lista seguramente não acompanhou a evolução (ou ocaso) das casas ao longo do tempo, eventualmente com suas respetivas recuperações e novas recaídas. Mas é fato: hoje temos Quintos Vinhedos vendidos a preços próximos a Segundos Vinhedos, por exemplo. Os Primeiros Vinhedos continuam isolados no valor de face. Quanto o marketing e a compra de notas influenciou isso? O marketing, muito - marketing é o coração de qualquer indústria. Compra de notas seguramente não, pois nem os avaliadores se venderiam nem os produtores promoveriam tal falcatrua. Exatamente como vimos na sabatina do Zanin. A qualidade sempre vence, vide nosso futebol. A relação dos Châteaus classificados está aqui.

Château Branaire-Ducru

   O Château Branaire-Ducru é um Quarto Vinhedo estabelecido em Saint-Julien plantando Cabernet Sauvignon (70%), Merlot (22%), Cabernet Franc (4%) e Petit Verdot (4%). Veja mais informações aqui. Seu segundo vinho, o Duluc de Branaire-Ducru, tem produção estimada em 7.000 caixas por ano. Por ocasião de alguma ida ao Chile, trouxe por cerca de R$ 200,00 uma garrafa do Duluc em sua safra 2010 - possivelmente a melhor do século, até agora. Então notei uma safra mais recente (2018, outra safrona) em 'promo' com 40% de desconto na Chez France a R$ 320,00, e tive a brilhante ideia de convocar uma das confrarias para racharmos ambas. De repente chamei uma reunião para degustar vinhos do mesmo produtor e o pessoal pareceu não ter se ligado ao tema. Vejamos...

Servidos em suas taças, passou-se a primeira rodada e pedi opiniões aos convivas. Romeu não soube opinar, e sob pressão chutou para fora (risos). Dona Neusa notou característica leve de Cabernet Sauvignon em um deles, mas não em outro (não lembro-me qual). Ghidelli chutou corte GSM - escandalosamente por cima da trave; o saudoso Akira ensinou, e o Romeu estava presente - a combinação Grenache, Syrah e Mourvèdre normalmente exibe um doce à melaço, claramente não existente nas provas de hoje. Minha reflexão - novamente - é a diferença de expressão da Cabernet nos bons franceses e o quanto ela é diversa da expressão mais conhecida por nós aqui no Brasil, a chilena. É tão diferente a ponto de tornar-se muito difícil de reconhecê-la. O resultado foi similar àquele de 2020 quando degustamos Cabernets de primeira linha - o Romeu também esteve presente - e países diferentes. Desta vez, com duas safras do mesmo vinho, uma madura e outra relativamente jovem, os bebedores não vingaram identificar a cepa. A 'vantagem' sobre a experiência de 2020 está no preço relativamente razoável deste vinho e a possibilidade de compará-lo, por exemplo, a um chileno de valor similar. Ambos os vinhos foram aerados por cerca de uma hora. Duluc de Branaire-Ducru 2010 apresentava - impressões certeiras do Ghidelli - muito couro, café e chocolate. Boca com ótima acidez, taninos arredondados, álcool muito bem integrado, com corpo médio e final médio a longo, além de retrogosto bem presente. Notei a falta de fruta mais imediata no nariz. Mas então... ela estava todinha na taça do Duluc de Branaire-Ducru 2018. D. Neusa apontou ainda um toque herbáceo, e mais notas. O herbáceo estava marcado, mesmo... a boca mostrou algum frescor mas com taninos mais pegados, denunciando estar um pouco jovem, ainda. A sugestão discutida foi a compra de outra garrafa para guardar por mais alguns anos, talvez na proporção daquela do 2010. Madeira e álcool muito bem integrados, também com boa acidez, final e persistência bons, mas um pouco abaixo da safra mais antiga. O encontro acabou e vim escrever a postagem... o momento ornitológico fica para a próxima vez...
   Como podemos ver das imagens abaixo, o valor de Duluc por aqui anda variando bastante. Há boas oportunidades para um vinho de USD 40,00 lá fora, mas há autênticas tubaronices também. A Mistral, recordo-me, vendia esse vinho pela bagatela de USD 180,00, ou próximo a isso.

Vários preços do Duluc por aqui:









Valor do Duluc 'lá':

Tuesday, June 20, 2023

Shot 'Café e Vinho' em junho

Introito

Apareceu por aí um meme do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Dino... Dino... Dino... Sauro? Bem, o Dino, creio-todos-sabem-quem... O meme seria produzido pelo próprio e a respeito de certa discussão entre o Ministro e um Senador da República. Tentando reduzir o último a algum grau de energuminice, o primeiro comparou-se a algum supereróe (sic) desses enlatados americanos produzidos para crianças sem juízo e adultos sem miolos. Ele deve ter lá seus motivos. O cérebro (ou o meu, pelo menos), sempre funcionando de maneira aleatória e desorganizada, remeteu-me a outro ícone da nossa cultura - esse sim um super-herói. Resolver bate-bocas não é um caso para o Super Dino, é um caso para...


   O país atravessa uma de suas fases mais difíceis. Muitos garantem: deixamos de ser um estado democrático. As pessoas, bovinamente, continuam em suas casas sem o menor protesto e vemos um monte de gente idiota dizendo bobagens por aí. Cansa, viu... mas cansa mesmo é ver pessoas de ambos os lados do espectro político defendendo o indefensável, perpetrando mentiras e recorrendo à repetição para torná-las verdades, na sanha mórbida em tornar suas ilusões no bem estar de todas as pessoas. Desde que, claro, não precisem abrir mão de metade de seus salários para tal.

Confraria Vinho e Turismo

A confraria Vinho e Turismo, patrocinada pelo Shot Café/Vinho e Ponto São Carlos e pela agência Caminhos do Turismo realizou outro encontro mensal na última quinta-feira. Foram degustados 3 tintinhos nojentos (risos!), como este Enochato referencia quaisquer vinhos algumas vezes - mais para contribuir com o aumento do vocabulário da área para os iniciantes nas lides da enofilia. A confraria é composta de pessoas em vários níveis de conhecimento e experiência, que compartilham o mesmo gosto pelo vinho. Na foto, o Eduardo à frente da trupe que capitaneia. Este Enochato (ao fundo) sempre colabora com opiniões e informações francamente mentirosas.

René Barbier: um bom produtor espanhol

A marca René Barbier pertence ao grupo Freixenet, veja aqui. O sítio da sociedade remete à página do produtor, aqui, onde misteriosamente não encontramos seus vinhos mais conceituados, como o Clos Mogador, degustado aqui, e cuja página está separada das anteriores, aqui. Seu outro grande vinho, Espectacle del Montsant, tem ainda outra página, com endereço diferente, aqui(!). Ouvi sobre René 'emprestar' seu nome para linhas simples, concentrando-se na produção dos melhores produtos, mas não posso confirmar. Alguém poderia lançar mais luz à questão?

Iniciamos os trabalhos com um René Barbier Crianza 2010: o vinho em pauta não é encontrado no sítio original do René... uma confusão... Este Crianza é um corte 70% Tempranillo, 20% Cabernet Sauvignon e 10% Merlot. Segundo a legislação, Crianzas são envelhecidos por um ano, com passagem em madeira por 6 meses. Não notei madeira nesse Crianza, o que não é demérito, poderia estar bem discreta e escapar a este deficiente. Tinha sua fruta - o debate entre os bebedores foi rico - e tanino, mas pouca acidez, resultando em rápida passagem pela língua e garganta, sem marcar como esperamos de um Crianza de bom berço. Renê Bercier, digo, Barbier, quem te viu (com o Clos Mogador), quem te vê (com seu Crianza)... Como sabido, prefiro vinhos de acidez mais pronunciada, sobretudo se oriundos do Velho Mundo. De bons produtores, nem se fale; fiquei aguardando melhores taças.

Marcolino Sebo: um bom produtor português

Já escrevi sobre Marcolino Sebo, está aqui, quando comentei o bom Visconde de Borba, e provei dele o interessante QP Chardonnay, aqui. São vinhos que oscilam entre boa compra e não tão boa compra, conforme houver ou não um desconto atraente. Problema típico de vinho vendido em franquia ou por importadora tubarona.

Desta vez provamos dois produtos de Marcolino: primeiro o Colheita Seleccionada 2010, do Alentejo, movido a 14,5% de arco (sic! Bem aparentes) e possivelmente uns 85,5% de frexas (sic!), reunidos para acertar o bebedor direto na fuça. Sério, o álcool estava aparente para mim, principalmente na boca, até queimando um pouco. É um problema sério para vinhos, quando o álcool queima. Talvez esteja sendo severo demais... também tinha fruta, mais acidez quando comparado ao Crianza, e, consequência direta da acidez, melhores final e permanência. O QP Premium Tannat 2017 mostrou-se mais redondo e ajustado, mesmo com seus 15% de arco (risos). O nariz tinha boa fruta e mais complexidade, mas não consegui discernir bem; boca mais harmoniosa e equilibrada, com fruta e algum chocolate/café. Não é a expressão rascante do Tannat uruguaio, e por isso achei a boca mais cativante que o nariz. Ambos QP apresentaram o dulçor característico de Portugal. Particularmente preferi o surpreendente Tannat - não conhecia qualquer expressão dessa cepa na península - pela simetria do conjunto. Houve quem preferiu o Crianza do Barbier. Tirando a acidez um pouco baixa, nada contra tais opiniões. Não anotei os preços, desta vez. Seguramente ficam atraentes com um bom desconto - quer apostar? Beber vinhos até um pouco desarmonizados às vezes não é ruim: serve para conferir se estamos mantendo o senso crítico. Pra você tudo está sempre bom? Desentorte sua boca, lave o nariz, refaça seus conceitos. Como na arte de maneira geral, aliás... ou você acabará amando Os Vingadores, Transfomers e outras porcarias. Como resumo da linha QP, digo preferir mais o Chardonnay. Do Marcolino em geral, fico com o Visconde de Borba.

   Por aniversário do Jairo, fomos brindados com um Encruzilhada Brut, espumante nacional feito pelo método Charmat, 12% de álcool, e produzido - se não estou enganado - pelo proprietário da Vinho e Ponto. Em respeito à comemoração da data, como poderia ser simpático em meus comentários? 🙄 Bem, é superior - levemente superior - ao espumante da linha (não) Vin (nho) - ou algo assim - do Galvão Bueno. Não conheço muito espumantes, mas sempre sinto faltar algo neles quando não consigo notar algo na direção de fermento de pão... fico com a sensação de ser o mordomo da estória, mas logo recordo-me de onde estou - ou do que provo. Acidez muito baixa, rápido e rasteiro (rs), final curto... a característica de muitos e muitos espumantes nacionais. Claro, nossos melhores exemplares já desbancaram algumas xampas em testes cegos, então devemos estar no caminho correto. É tudo questão de tempo; a próxima gestão do Senhor está logo ali (apenas alguns pentilhões de anos).

Momento ornitológico

No momento ornitológico de hoje seguiremos a verve da Introdução e recuperaremos outra criação do célebre Jô Soares, o Corrupto, (Corruptus) e  posteriormente minha descoberta pessoal de seu parente próximo, o Currupto mórbido (Corruptus morbidus). O primeiro é ave solitária e vive notadamente no Planalto Central, de onde sai todo primeiro dia da lua cheia não para virar lobisomem, mas a sobrevoar toda a nação e adentrando sem a menor cerimônia as terras dos vizinhos Paraguai, Argentina, Bolívia e, principalmente, Venezuela. É bem sabido pela comunidade acadêmica: o Corrupto não conhece fronteiras. Diz a crença popular que o simples sobrevoo de Corrupto em uma região pode causar deslizamentos, inundações, pestes e toda uma sorte de desgraças naturais advindas de erros de projetos e contenção de custos em empresas estatais. Teóricos da conspiração garantem ser o Corrupto causador de estranhas transferência de fundos de contas governamentais para prefixos corporativos, mas não há provas disso. Suspeito serem tais teóricos apenas paspalhos sem melhor ocupação, ou estou completamente errado sobre tudo. Pássaro pequeno, o Corrupto desenvolve velocidade supersônica - não explicado pela Ciência -, e retorna ao Planalto Central no raiar do dia posterior à sua partida. O Corrupto não perde uma singela oportunidade de... mostrar todo seu esplendor aos moradores da região.

Friday, June 9, 2023

Primitivos... vinhos e instintos

Introito

   Discutia com amigo de longa data a questão de educação. Não a formal, a escolar, tão em falta nos dias de hoje, mas aquela dita de berço. Filho de vidraceiro e professora nos anos '60 em um estado machista e patriarcal, adivinhe qual vertente prevaleceu na minha... busco desde então corrigir esse problema pessoal em que a dúvida em esfarelar argumentos idiotas em vez de flertar com as boas maneiras e fraqueza de caráter me dura menos de um segundo no cérebro. Junto de toda uma geração, sou fruto de meu tempo e preciso (com todos os nascidos como eu) ir de encontro ao Criador para a próxima descendência assumir. Certo, existem outras formas de resolver a questão e a história mostra-nos estados totalitários deliberando e fechando a querela com rapidez. Mas sobre a tal da educação, meu interlocutor sacou o celular e recordou-me a memória (sic!), perguntando se não é similar a linguajar de bandido (produção do UOL, com vídeo copiado para não se perder o vínculo e deixar a discussão sem sentido):


   Oral leitor, e meu debatedor-amigo... um estadista do quilate de Nosso Amado Presidente (NAP) jamais diria algo tão selvagem, desrespeitoso e egoísta a troco de nada. Sua intenção foi claramente capturar a atenção popular - dos mais deseducados, como eu - usando palavras duras para ministrar as gotas de sabedoria e lucidez cuja distribuição para a sociedade faz de maneira tanto generosa quanto frequente, enquanto guia os destinos da Nação para acima, e avante! Creia-me, não é seu desejo proceder dessa maneira contra um senador da República. Foi tudo força de expressão... e quanta força, NAP! Isso mesmo! Experiência de 80, entusiasmo de 40, tesão de 20! Pátria Amanda, Brasil! 💪

O marvado Primitivo

   Certa vez ouvi estória sobre a introdução da casta Primitivo no Brasil. E aqui temos introdução em dois sentidos: sua apresentação como cepa e a acepção fálica. Do ponto de vista freudiano - o relato é de segunda mão, então omitirei nomes - foi por eminente sommelier, seguramente após análise com toques de profundo conhecimento da psique e libido humanas dignas de autoridade nas lides da fisiologia também. Ora, o sabor doce está ligado à tenra infância; exerce fascínio e satisfação nos cérebros mais facilmente impressionáveis e propensos aos instintos mais deliciosamente primitivos... Então - voilà - nessa terra de bocas tortas uma cepa com sabor doce agrada, liberta e satisfaz. Vitimados por produtos sul-americanos de baixa qualidade, repudiamos a acidez como o capiroto odeia a cruz; o bolsonésio, ao PTelho; o Coríntias, (sic) ao Parmeras (rs!), o CAASO, ao DCE... Nas palavras do Renê, esse vinho é... marvado! Pena não sê-lo no sentido mais corriqueiramente empregado por ele...

Concura Primitivo di Manduria Riserva a6mani (não registrei a safra! Creio que 2013) foi servido com pizza em degustação promovida pela Vinho e Ponto de S. Carlos. Aconteceu há algum tempo, não guardei bem as notas; tem sim sua fruta, mas o dulçor é pronunciado, no nariz e em boca. Esse excesso impede melhor harmonização com pizza, mesmo de carne, embora não se contraponha. Prefiro vinhos marcando a boca por alguma outra característica, pode ser acidez combinada ou não com tanino; o dulçor deve ser marginal, e o álcool apenas estar presente. Álcool sobressaindo - não foi o caso - é típico de vinho ruim, e açúcar sobrando não é característica das mais desejadas. Quando cito o dulçor de muitos (bons) portugueses, refiro-me ao equilíbrio, jamais a uma sensação enjoativa; nos bons exemplares desse país, ele está... na medida. O sul da Itália tem vinhos muito melhores para nos agraciar; a Campania, só para citar essa, não vai decepcionar o bebedor mais exigente. Sempre cito o Terra di Lavoro produzido pela Fattoria Galardi, do qual bebi duas vezes e numa delas transformou Brunelões de primeira em menininhas mimadas (walew, Don Flavitxo). PS: o André da postagem é amigo homônimo. PS2: os vinhos foram ofertados por ele e pelo Akira, participei como convidado. PS3: Terra di Lavoro volta ao mercado brasileiro depois de algum tempo fora de catálogo, nas mãos de importadora tubarona. Traga de fora. Por sobremesa, acompanhado de... de.. de... um docinho (rs), tivemos um Moscatel Rosé produzido na Encruzilhada do Sul. Baixa acidez, rápido, sem muito diferencial, mas seu açúcar muito menos presente combinou melhor com o quitute.

   Experiências quaisquer são sempre necessárias. Para o iniciante, servem como mostra do panorama geral. Para o mais experiente, vale a recordação. O bom leitor não consome apenas obras-primas; ele também precisa do medíocre para balancear seu senso do bom, do ótimo e do perfeito. Sem o padrão de comparação, até o mais arguto leitor cairá na mesmice, ainda sendo ela de muito alto nível. Vale ressaltar o ponto de alguns participantes do evento: gostaram, mas sem a certeza de que beberiam uma garrafa inteira de Primitivo, mesmo em duas pessoas. Se o vinho for apenas bom, seguramente chegaremos ao final da garrafa bebendo sozinhos - garanto!

   Por conclusão: o bom bebedor precisa conhecer a acidez e depois resolver se reforma ou não sua opinião acerca dos outros vinhos onde ela falta. O problema é desconhecê-la e achar um Primitivo tudo de bom... a maior parte dos apreciadores da primeira (acidez) abomina o segundo (doce). Não pretendo fazer disso uma regra, mas é um fato cujo sentido chega de forma indelével para os mais experientes. De outra maneira: é normal rir com Os Três Patetas, mas só nos deliciamos verdadeiramente com Monty Python. Se ficou alguma dúvida acerta da qualidade dos Primitivos, convido o leitor a citar qualquer lista dos 10 maiores vinhos italianos contendo um Primitivo. Se 10 vinhos forem poucos, então dos 20. Ainda é pouco? Dos melhores 30 vinhos? Dos... não! Façamos assim: apresente-me uma lista de todos os grandes vinhos e vejamos onde aparece um Primitivo. Taí a tragédia...

Saturday, June 3, 2023

Espanholetos

Introito

O que está comprado,
não se vende.
Dito d'Oenochato

   Dizem por aí que Nosso Amado Presidente (NAP) projeta transformar o Brasil em uma Venezuela. Como já vimos, a situação Bolivariana abraça a normalidade, com economia pujante, inflação sob controle e instituições funcionando plenamente; parearmos com o vizinho deveria mesmo estar entre nossos sonhos de consumo. Os quais, aliás, devem ser mais modestos, conforme ensina Nosso Guia:


   Ouviram? Uma televisão já está bom! Não precisa ter uma em cada sala! Nem no quarto! Uma só! O que mais quer? Trezentas garrafas de vinho na adega? A classe média precisa aprender a não ostentar. Veja aí (vínculo comprova a imagem abaixo): ao encontrar móveis em péssimo estado de conservação no Alvorada, NAP precisou improvisar, para não ser obrigado a dormir ao relento; deu mostra cabal de parcimônia e economia:
   Uma cama! Um sofá! E mais uns poucos - pouquíssimos! - itens. Quer ter sofá até na cozinha, agora?!
   E a nova mania é atacar o indicado de NAP à Suprema Corte. Invejosos! Indica quem pode, quem não pode baixa a orelha! Acerca do contemplado, Zanin:
   * É maior e vacinado - é maior de 35 e menor de 75 anos.
   * Tem notável saber jurídico comprovado - inocentou completamente Lula em todos os seus processos. Até a torcida do Coríntias (sic) sabe disso. Eu mesmo já comentei isso anteriormente, basta conferir!
   * Tem reputação ilibada - defender bandido não suja o bom nome dos advogados; e qual profissional do direito nunca defendeu um bandidozinho pelo menos, na vida inteira? 
   * Tem fidelidade canina. - Nada a acrescentar sobre esse ponto. Senão, quero porque quero - exijo! - perguntar-lhe diretamente...
   Portanto, ele está apto a ser indicado e desempenhará - não possuo a menor dúvida, um único resquício de incerteza, a menor insegurança - suas funções da maneira mais digna, honesta e desinteressada jamais vista desde a indicação do Visconde de Sabará como primeiro presidente da impoluta Casa. Tenho fé! Tamanha fé a ponto de conclamar os leitores a juntarmos nossas fezes em coro de apoio à indicação! Deus acima de tudo, Brasil acima de todos!

Espanholetos à mão cheia

   - Vamos de espanhóis hoje! - provocou a sra. N, ao telefone. Ao desligar, pensei ter ouvido o Capitão Nascimento soprando-me seu provérbio nos ouvidos; Missão dada, missão cumprida! Desci para a adega - apenas 299 garrafas, agora - e escolhi um representante na certeza de não fazer feio sob qualquer circunstância. Cheguei lá e a garrafa dela estava em cima da mesa, aguardando ser aberta. Per Bacco! Pela Madona! Mas devagar, suspense antes! A Elvia e a Margarida andaram saracoteando pelas Európias no início do ano; cismada com uma beberagem degustada há priscas eras na mesma Alemanha do roteiro desta vez, a Elvira esforçou-se até encontrá-la novamente: um Aperitivo Balsâmico cujo nome do meio poderia ser Majestoso: Aperitivo Balsâmico Emma Erdbeere. Não duvido de sua utilidade como tempero para salada também, mas a proposta - está no rótulo! - é ser aperitivo... degustamos os 100 mL em quatro, e surpreendeu a todos pela nota de azeitona bem marcada e ótima harmonização com gorgonzola - italiana, mesmo. Nariz mais complexo além da mera azeitona, mas ela vem na frente, bem definida. Boca agradável, ácida, permanência longa, diria... um must! Precisei fotografar o rótulo traseiro em duas partes separadas. Consultando o Google, erdbeere é morango, então Emma deve ser o produtor. Se alguém for mais iniciado em alemão, pode dar pitaco!


   Taí uma sugestão para os importadores. Sem tubaronices, por favor!


Enquanto apreciávamos o aperitivo, fui servindo meu Valduero Crianza 2016, um Ribera del Duero degustado pela primeira vez há um ano. Mostrou-se redondo e mais pronto; entre conversa inicial, prova do aperitivo e serviço da primeira taça não foi uma hora, e manifestou nariz rico em frutas e outros aromas - café? chocolate? Mais alguma coisa... Taninos bem redondos, integrados com álcool e madeira; acidez bastante digna (rs), combinando com entradas de embutidos mas sem uma harmonização com "H". Bom final, agradável, macio em todos os momentos, desde a entrada em boca. Um bom vinho, e se comprado a preço honesto fica imbatível. Reputo estar pronto, mas pode ser guardado. Ao lado dele - e para meu desespero - veio um Marquês de Murrieta Reserva 2016. Marquês de Murrieta é um grande produtor de Rioja. Já provei dele o branco Capellania Reserva 2006 e o Castillo Ygay Gran Reserva Especial 2004, não postados mas registrados com fidelidade pelo Don Flavitxo aqui e aqui. Para estabelecer a hierarquia, o Castillo Ygay é 'irmão' do Dalmau e ambos estão acima do Reserva. Murrieta Reserva chegou às taças junto dos bifins, diligentemente preparados pela Dona Neusa...e não estava pronto... 🙄 Tinha todos os predicados de um excelente vinho, mas parecia um Porsche preso por correntes de titânio a um transatlântico. Muito fruta, mas um tanto dura; mais notas, também presas. Boca um pouco pesada, onde notava-se boa acidez, taninos densos e madeira evidente. Foi abrir cerca de duas horas depois, com uma explosão de frutas; a boca encontrou o nariz e milagre da transmutação aconteceu, mas estávamos na última taça. O Wine Sercher dá como janela de beberagem (sic) 2020 a 2026, e digo sem medo: mentira! Valduero - coincidentemente na mesma safra - está pronto sim. Note, é um crianza! Alguém comentaria: está pronto, mas faltou aeração... Talvez. Espanhóis - mesmo vinhões - muitas vezes são mais diretos: Vega Sicília Único (aqui), La Rioja Alta 904 (aqui e aqui), Emilio Moro Malleolus de Sanchomartin (aqui, thanks again, DonFlavitxo), claro, com ligeira aeração, e algum envelhecimento, mas você abre e bebe. Não foi nem um pouco o caso de Murrieta Reserva. Inconformada, dona Neusa jurou voltar lá no Canadá e pegar mais algumas garrafas. Embarca quinta-feira!

Friday, June 2, 2023

Dois vinhos brasileiros

Introito

Alguns leitores perguntaram-me, sobre a postagem passada, acerca da correção dos dados apresentados ao lerem as loas traçadas para o estadista Maduro. Reclamo meus 12 anos de fidelidade à verdade diligentemente plantadas neste blog e questiono a habilidade em lermos um simples gráfico. Ora, se a curva está subindo, as coisas (sic) estão indo bem. Ao contrário, indo mal. Aproveito a questão de 'leitura de gráficos' para desmistificar mais uma falácia contra o estadista Maduro, acerca da suposta hiperinflação em seu país. Lendo o gráfico abaixo - e é de fonte claramente detratacionista (sic), o FMI, veja informações completas aqui -, observamos uma inflação de praticamente zero se comparada ao ligeiro pico registrado em 2018, perigoso ano pré-pandemia


   A questão de educação é profundamente importante para o cidadão de bem não se deixar enganar por conversas mentirosas ou preparadas para desviar o assunto mais importante da pauta. Nesse ponto a companheira Luciana Genro dá exemplo de firme determinação ao lutar contra propostas vazias e sem a menor importância para o dia a dia da população.


   Afinal, responda: por qual motivo nossas crianças devem ser ensinadas acerca de educação financeira se dinheiro é algo quimérico e inexistente para elas, seus pais e seus avós? Soa ridículo, assim como a outra proposta dos detratores do governo Bolivariano, quando pretendem comparar o tanto de dinheiro necessário para comprar algum produto básico naquele país antes do corte de uns 300 zeros na moeda local.


   Será possível?! Nunca ouviram falar de cartão de crédito? - outra invenção imperialista cuja invocação apenas ajuda a desmentir os detratores de Maduro e seu regime. De seu trono, digo, de sua cadeira presidencial, Nosso Guia faz sinal de positivo-operante e manda um abraço a todos.

Duas ocasiões, dois vinhos nacionais

Encontrei-me com as confrades Renata e Dayane duas vezes, nos últimos dois finais de semana. Como as postagens andam atrasadas! Digo, como as últimas semanas foram.. foram... foram... produtivas! A primeira ocasião aconteceu em minha humilde choupana, quando reunimo-nos para um bifim ao molho gorgo - única especialidade da casa - com vinhos trazidos pelas meninas. O Chianti Podere Primo já provado não apresentou muita novidade - não anotei a safra. Fácil de beber, fruta imediata, acidez presente sem marcar tanto, não fez feio com o bifim. O segundo foi servido às cegas e fui convidado a avaliá-lo. Notas de fruta bem claras, fáceis de pegar. Boca com acidez baixa mas presente, sem dulçor. Final sem comprometer. A falta de dulçor fez-me descartar Portugal. Italiano, não seria. Achei poder ser um espanhol desses mais simples a inundar nossos supermercados e cuja degustação não refugo quando alguém põe na mesa. Ledo engano, era um vinho nacional, o Família Carra Linha Prime Tannat! Não anotei a safra. Ver alguma acidez - mesmo baixa - em um vinho nacional, depois de experimentar os não-Vin(nhos) do Bueno, algum Encruzilhada mundo afora e outros exemplares de não-vinho soou como uma grata surpresa. O preço - comparado ao valor mais comum de muitos nã-vinhos segundo ouvimos por aí, R$ 200,00 ou mais, surpreendeu pelos modestos R$ 50,00. Ainda é muito por um produto nacional, se comparado aos similares em outros países, 3 ou 4 moedas. Agora sim, convertendo, estamos entre 15 e 20 'moedas nacionais'. Esse teria de ser o preço. Certo, o imposto pega. Mas o imposto deve incidir sobre o valor inicial. Reajustando, estaríamos entre 22 e 30 moedas. Nossa população não é rica, e mesmo nesse patamar o montante ainda está alto. Ora, se uma Brahma duplo malte está, digamos, R$ 8,00, dá para comprar 3 garrafas de 600 mL e sobre para o buzanfa. E, para quem conta moedas para chegar ao final do mês, uma garrafa de cerveja já basta... dessa maneira, a conclusão é rápida e imediata: o vinho nunca será popularizado por aqui.

A segunda garrafa foi provada uma semana depois, no salão de degustações onde moram as meninas. Família Carra Linha Prime Merlot não surpreendeu tanto - nem a mim, nem a elas. Tem lá sua fruta no nariz, mas em boca é mais ligeiro, tem acidez muito baixa e final curto. Não notei o álcool - o Tannat tinha 12,5% - mas não sobressaiu e ficou bem abaixo do Tannat. Podem detratar este Enochato dizendo-o gostar de apelar de vez em quando, mas levei um Pago de los Capellanes Joven 2019, de Ribera del Duero, com nariz algo complexo a muita fruta e mais notas - chocolate? Alguém teria sugerido couro, estrebaria? Pois é. Boca onde os 15% de álcool apresentam-se balanceados, madeira muito contida - não percebi mas tem, segundo o sítio da importadora, a Enoeventos -, acidez e final médios, bem saborosos. Não harmonizou mesmo com a pizza de calabresa porque sua estrutura passou por cima da carne e ele reinou sozinho na boca. Parece que bati um pouco forte... Custa USD 20,00 por aí, mundo afora, e está por R$ 200,00 (preço cheio, ou R$ 170,00 no Enoclube); dá 2x. Pechinche, comprando uma caixa de vinhos e negociando desconto. Coloque uma ou duas garrafas dele na sua dúzia e saia para o abraço.

   Então uma reflexão sobre as cepas: elas pouco dizem, se pensarmos em comparar, por exemplo, com o Tannat típico do Uruguai, todo pegado, com o Tannat do Família Carra. Todas as cepas possuem expressões diferentes de acordo com o terroir onde são cultivadas, e o bebedor não pode comparar a 'força' de um Shiraz da África do Sul com aquela apresentada por exemplares da Austrália. Um bom vinho sul africano deve conseguir defender-se contra um australiano, em uma degustação. Mas terá de fazê-lo via qualidades fundamentais do vinho, via... sua estrutura: balanço entre álcool, acidez, açúcar e tanino. Além disso, o sul africano deste caso deve ter a classe dos bons vinhos, dada pela força - ou graça - de seus componentes. E a graça funciona sim; veja como um Borgonha 12,5% de álcool defende-se de Brunelões amparado em sua magnífica acidez, mesmo com seus taninos não indo além de médios. O assunto é complexo, apenas acredite o leitor que é como descrevo. Voltando dessa digressão, temos de aceitar o vinho nacional com suas características expressas por nossas terras e condições climáticas - nosso terroir. Estamos condenados à baixa acidez por causa de acidentes geográficos, e poderemos fazer pouco contra isso. Querer cultivar vinhas em lugares onde a chuva excessiva leva os bagos a apresentarem-se inchados de tanta água na colheita é uma condenação a vinhos de pouco álcool também. Falta álcool, falta acidez... resta-nos competir no preço. É onde estamos afundando.